Outros Tempos - Capítulo 13

segunda-feira, novembro 02, 2020

OUTROS TEMPOS


 Uma Novela Criada e Escrita por:
Raffa Lins

Apoio:
Web Novelas Channel (WNC)



CENA 01 / GRAVADORA RODRÍGUEZ / SALAS / INT. / NOITE /

Saindo do elevador, parando no andar da gravadora, Malu logo estranha ao ver todos as luzes apagadas, o ambiente todo escuro. Ela anda adiante, iluminando o local com o seu celular.

MALU: (estranha) O que tá acontecendo aqui? (T) Laerte?! (mais alto) LAERTE!!

Sem respostas, Malu continua a andar pelas salas da gravadora, chegando até a principal, abrindo.

MALU: Que breu todo é esse, posso saber?

Close em Laerte, sentado em sua mesa, no escuro, a observando, sério.

MALU: Dá pra acender a luz, ou vamos brincar de cobra cega?

LAERTE: (frio) O que eu tenho pra te mostrar, não precisa ver, apenas ouvir. Conhece essa gravação?

Abrindo um notebook que estava sobre a mesa, o ambiente é iluminado apenas por ele, deixando uma claridade no rosto de Malu. Clicando em um dos teclados, um áudio começa a tocar, podendo apenas ouvir o que é dito ali naquele ambiente silencioso.

INÍCIO DO ÁUDIO/GRAVAÇÃO:

DANTE: (sério) Olha, eu tenho que te dar os parabéns, acredita que eu fiquei mexido com esse relato? É triste demais saber que isso tudo, é mentira. 

ESTHER: (estranha) Mentira? (nervosa) Você acha mesmo que eu seria capaz de inventar uma história de horror como essa? 

DANTE: Claro que não, eu acredito que essa história existiu, e sei que é verdade. Mas sei também, que não foi você quem presenciou essa história... 

ESTHER: Como? 

Close em Malu, completamente espantada, apavorada, ouvindo a gravação que Laerte conseguiu.

DANTE: Meus parabéns é pelo seu bom trabalho, estudou muito bem o script, o roteiro tá na ponta da língua. Não deixou passar nenhum dos detalhes... aliás, apenas um. (duro) VOCÊ NÃO É ESTHER BRANDÃO!! 

ESTHER: (gagueja) Como... como... 

MALU: (fria) Tem razão, ela não é...  EU SOU ESTHER BRANDÃO!! Mas esse segredinho, não vai pra lugar algum...

FIM DO ÁUDIO/GRAVAÇÃO.

Fechando o notebook, é possível apenas ver a feição de assutada de Malu, sem reação com o que acabara de ouvir. Laerte curte a situação, se levantando da mesa, acendendo as luzes da sua sala, vendo o real desespero de Malu.

LAERTE: Ficou sem palavras, né? Mas eu até entendo. Imagina só, alguém pôr as mãos no seu maior segredo, que por causa dele, cometeu diversas atrocidades.

MALU: (em choque) Não pode ser...

LAERTE: Ah, mas pode sim. Sabe o que rola depois da sua chegada, Maluzinha? Este homem, o Dante, é assassinado, por você, vamos deixar isso bem explícito. Sabe se lá o que fizeram com o corpo, mas ficou bem claro o que realmente aconteceu ali. Sabe também qual é a minha parte favorita? Onde você confessa sua falsidade ideológica, o que também é crime. Ainda tem várias outras coisas que você já deve imaginar, onde confessa tudo o que você fez. Como você pôde ver, eu te peguei meu bem, mas é pra valer. (debocha) Uma péssima noite pra voltar pro trabalho, hein Malu Marinho... ou melhor, Esther Brandão!

Completamente perdida com o que ouve, pálida, Malu se afasta, tentando raciocinar, enquanto Laerte vai pra cima.

Fade In - Instrumental, Suspense.

LAERTE: Que foi? Não vai dizer nada? Ou tá pensando em como me tirar da jogada?

MALU: (gagueja) Como... como... (incisiva) como você conseguiu essa porcaria de áudio? Foi destruído, a... ela acertou em cheio o celular dele/

LAERTE: (por cima) Que burrice é essa, Malu? Esqueceu em que ano estamos? 2020 meu amor, a era digital. Olha, eu tava caçando um jeito de te pegar, a oportunidade surgiu quando advinha quem veio aqui, me dizer algo que ficou impregnado na minha cabeça? (T) O Aloísio. É, ele mesmo, veio até aqui pra dizer que a Liz estava investigando sua vida. Pensei comigo: que caralhos ele iria dizer isso pra mim, que o odeia? Até que ele me veio com papo de incriminar o Otávio, pra eu ser o fofoqueiro da vez.

MALU: (nervosa) Filha da puta, desgraçado, ele fez o mesmo comigo, aquele porra não devia ter feito isso...

LAERTE: Mas fez, o coitado só queria arrumar um jeito de ter a Liz de volta, meteu os pés pela cabeça, porque era claro que eu não iria fazer o correio. Mas foi partir daí, que eu soube que você estava escondendo algo. Não foi difícil achar o Dante, investigador particular, né? Foi quando eu fui no prédio dele, foi fácil entrar, só molhar a mão do síndico com uns trocados e ainda ouvir ele dizer que o Dante não aparece faz um bom tempo. Peguei o notebook precioso dentro do apart, levei na primeira lan houve aí, pra desbloquear. (T) Não sei se você conhece e-mail, nuvem, mas se ele estiver logado em um celular e ao mesmo tempo em outro aparelho, tudo que um fizer, salvando, o outro armazena, independente se vai estar destruído ou não. Ainda bem que a moça, Olívia, se não me engano, finalizou a gravação pra depois meter uma bala nela. (cínico) Complicado, né?

Se sentando, colocando as mãos na cabeça, Malu se desespera.

MALU: (abismada) Eu fiz tudo nas entrelinhas, nada explícito, não deixei passar nada. Isso não pode tá acontecendo, não pode. Eu tô delirando, não tô?!

LAERTE: Imagina eu, que só enxergava você como uma cretina invejosa, que tirou a Liz do lugar dela pra usufruir. Mas na verdade, você é pior que isso, não é quem diz ser, não é Malu Marinho, é uma assassina!!

MALU: (fria) Assassina? Eu? O que me impede de fazer o mesmo com você?

LAERTE: Seria só mais um crime pra sua lista extensa. Só que eu fui ainda mais rápido, gerei cópias dessa gravação, não só dela, porque aí também tem as fotos que o Dante tirou, de um reformatório, mostrando o seu portfólio de quando entrou lá, como Esther. Tá com várias outras pessoas de confiança minha, se acontecer algo comigo, você se ferra. Não vai querer perder a fama que você conseguiu, né?

Malu fica ainda mais atordoada, espantada.

MALU: Esses cara aí, que cê deixou as cópias, eles sabem?

LAERTE: Não, claro que não. Pra eu dividir meu pote de ouro? São bem sigilosos, pode ficar tranquila. Nessa história, é só eu e você.

MALU: (apreensiva) O que você quer de mim?

Close em Laerte, com um sorriso maléfico, encarando Malu.

Fade Out - Instrumental, Suspense.

Corte para:

CENA 02 / MANSÃO RODRÍGUEZ / QUARTO DE HÓSPEDES / INT. / NOITE /

Iara ajeita o quarto para Gláucia, que entra junto com Liz, olhando para todos os lados, incomodada.

LIZ: O que foi, mãe?

GLÁUCIA: Eu não acredito que você vai me colocar no quarto do fundo, Liz.

LIZ: Quarto do fundo não, o de hóspedes.

GLÁUCIA: Eu sou hóspede?

LIZ: O que você tava esperando, mãe? Que eu saísse do meu quarto pra você ficar com ele? Claro que não, né.

GLÁUCIA: (bufando) É né... melhor que a rua!

IARA: Prontinho dona Gláucia, já tá arrumado.

LIZ: Obrigado Iara.

Iara sai do quarto, Liz olha pra sua mãe, que ignora.

LIZ: Poderia ter agredicido a Iara. O horário dela acabou, mas ficou aqui pra te ajudar.

GLÁUCIA: Ela recebe pra isso, não?

LIZ: É, recebe. Mas se a senhora continuar pensando assim, seremos nós duas na rua, porque se não percebeu, a vida não tá fácil, a grana não entra, e se nada mudar, eu vou declarar falência. Então mãe, trate de ser gentil e faça um esforço maior pra ser uma boa pessoa aqui, tá bom? (T) Não é possível, a senhora acaba de falar que tá doente, mas continua sendo a mesma megera de sempre. Achei que algo mudou...

Deixando sua mãe sozinha, Liz sai do quarto, fechando a porta. Gláucia observa a saída de Liz, aos poucos, caminhando em direção da cama, se sentando. Abaixando sua cabeça, ela lacrimeja, apreensiva.

Corte para:

CENA 03 / RUA - CARRO / EXT. / NOITE /

Dentro do seu carro, impaciente, André abre a porta, saindo. Parado de frente ao prédio da gravadora, ele olha para o andar que se localiza, vendo as luzes acesas. Ele anda de um lado para o outro.

ANDRÉ: Quem faz a porra de uma reunião logo agora? (T) Cadê você, Malu? Desce logo!

André volta novamente pro carro, batendo a porta. Ele começa a buzinar, nervoso.

Corte rápido para:

CENA 04 / GRAVADORA RODRÍGUEZ / SALAS / INT. / NOITE /

Momento exato em que o som da buzina que André faz ao lado de fora transcende para a sala de Laerte, que vai até a janela, olhando o carro parado, com André dentro.

LAERTE: (observando André) Parece que tem um louco lá em baixo num carrão buzinando.

MALU: (nervosa) Esquece esse cara e fala logo, o que você quer comigo?

LAERTE: (ignora/olhando pela janela) Sei não, mas deve ser algum perturbado. (T) Ah claro, já sei quem é. O seu gigolô, não? André, eu acho.

MALU: (espanta) Você conhece o André?

LAERTE: Eu não te disse, Esther/

MALU: (por cima) É MALU!!

LAERTE: Como queira, Malu. (T) Eu não te disse que eu fui fundo pra saber exatamente de tudo? Então, eu andei te vigiando esses dias, soube por aí que esse cara morava com você. Acredita que ele também tem um ficha criminal? Claro, não tão podre e extensa igual a sua, mas contém roubos de carro, multas não paga, assalto a mão armada... parece até bobeirinha, mas o gigolô ali é foragido, não? Não compareceu ao último julgamento faz uns dois anos já. Aposto que vai ser uma multa gravíssima, ou até prisão.

MALU: Deixa o André fora disso, ele não tem nada a ver com isso, nem do meu passado ele sabe. Eu quero o André fora desse teu joguinho.

LAERTE: Você não tem que querer nada, apenas ouvir calada. (T) Mas vamos ao que realmente interessa, o motivo que eu te trouxe aqui.

MALU: Eu não vou/

LAERTE: (corta/rude) CALA ESSA BOCA!! CALA A MERDA DA TUA BOCA!! (T) Quando eu disser que você tem que falar, aí sim, você fala! (descontraído) Nossa, cê me deixa até confuso, esqueci de novo o que eu ia fazer... ah, lembrei.

Se distanciando de Malu, que fica paralisada, Laerte vai até sua mesa, abrindo sua gaveta, retirando da mesma uma pequena caixinha preta. Malu o olha, estranhando. Laerte novamente se aproxima, agora, se abaixando em sua frente, abrindo a caixinha, mostrando um anel brilhante, de diamante.

LAERTE: Vamos fazer do jeito tradicional, sem errar os nomes. (sorri) Esther Brandão, você aceita se casar comigo?

MALU: (assustada) Casar? Com você?

LAERTE: Você tem duas respostas, o sim e o aceito. Fica a critério seu.

Malu fica surpresa com o pedido de Laerte, estranhando.

MALU: O que cê tá querendo de verdade, hein? Tá querendo me fazer de palhaça, ou tá preparando alguma coisinha pra isso?

LAERTE: No momento, a única preparação que tem é o meu pedido, sério e verdadeiro. Eu quero me casar com você, Malu. Quero você pra mim!

MALU: Eu não vou aceitar, eu não sou louca de aceitar uma presepada dessas. Isso é insano.

LAERTE: Isso é o que vai acontecer, querendo você ou não. Sua saída é esse casamento, ou a prisão, e te garanto, que o seu próximo show vai ser exclusivamente pras presidiárias de São Paulo, ingresso único, pro resto da vida.

MALU: (confusa) Eu tô perdida...

LAERTE: Mas eu te achei. (T) A mão, por favor!

Fade In - Sign Of The Times, Harry Styles.

MALU: (marejada) Por favor, não faz isso comigo...

LAERTE: (incisivo) Sua mão esquerda, agora!

Derrubando algumas lágrimas, Malu lentamente estica sua mão esquerda até Laerte, que pega o anel de noivado, colocando em seu dedo anelar. Em seguida, ele dá um beijo no anel já no dedo de Malu.

Se levantando, Laerte fica de frente para Malu, que o encara, com os olhos cheios d'água.

LAERTE: Agora você vai lá em baixo, vai dispensar o gigolô do André, inventar qualquer desculpa, que não o quer mais.

O choro de Malu se intensifica após ouvir o que Laerte quer.

MALU: (chora) Eu não posso fazer isso com ele.

LAERTE: (frio) Mas vai, agora. Eu nem vou mandar você esconder o anel pra ele não tirar conclusões precipitadas, porque deve ser uma porta, um animal que deve nem saber o que é um anel de noivado.

MALU: (em prantos) Por que você não quer me entregar pra polícia? O que eu tenho que você quer?

LAERTE: Você vai saber, mas só quando oficializarmos o nosso casamento, o que não vai demorar muito, marquei já pra uma data próxima.

MALU: Quando?

LAERTE: Quando for, será. (T) Agora, você vai descer lá em baixo e fazer o que eu tô mandando. Eu vou ver tudo daqui, e espero que faça direitinho.

Tentando se acalmar, Malu limpa suas lágrimas, se afastando de Laerte, saindo de sua sala.

Close em Laerte, respirando fundo, indo em direção da janela, vendo André, ainda dentro do carro.

Corte rápido para:

CENA 05 / RUA - CARRO / EXT. / NOITE /

Novamente buzinando o carro, André se irrita com a demora de Malu. Pronto pra descer do carro novamente, ele vê de longe Malu saindo do prédio da gravdora, se aliviando.

Close em Malu, se aproximando aos poucos, segurando o choro, limpando o restante de suas lágrimas.

ANDRÉ: Se fosse pra demorar tanto, avisasse. Tava parecendo uma patinho aqui, sem ter pra onde ir.

Malu não responde, se aproximando de André, que estranha o silêncio da mesma.

ANDRÉ: (intrigado) Que foi, cretina? Que cara é essa?

MALU: (voz embargada) Por favor, não fala nada, nem demonstra nenhuma reação. Apenas sai daqui, volta pro nosso quartinho no kitnet, passe a noite lá, eu entro em contato com você.

ANDRÉ: (estranha) Malu, o que tá/

MALU: (por cima) Agora, André. Apenas vai, rápido.

ANDRÉ: Aquele desgraçado fez alguma coisa com você? Hein? Se ele fez, me fala agora que eu arrebento a cara desse palhaço.

MALU: (marejada) Ele vai fazer se você não sair daqui agora. Por favor, me ouça, eu vou atrás de você... mas só vai... VAI!!

Confuso, André não entende nada, olhando para cima, encarando o andar da gravadora.

ANDRÉ: Eu vou... mas eu volto. E você vai me dizer o que tá acontecendo, cretina.

Nervoso, André entra novamente no carro, dando partida, saindo em alta velocidade, se distanciando de Malu, virando a primeira esquina.

Momento exato em que Malu desaba a chorar, olhando para cima, vendo Laerte na janela de sua sala, sorrindo.

O celular de Malu toca, ela o pega em sua bolsa, vendo ser uma ligação de Laerte. Ainda encarando o mesmo pela janela, ela atende.

LAERTE: (cel./cínico) Boa garota. Pode ir pra casa descansar um pouco, mas sozinha. Se eu souber que você se encontrou com o gigolô, eu destruo sua vida!

Close em Laerte, desligando o celular, vendo Malu no meio da rua, perdida, completamente desolada.

Corte rápido para: 

ABERTURA:


CENA 06 / MANSÃO MARINHO / QUARTO PRINCIPAL / INT. / NOITE /

Entrando bruscamente em seu quarto, Malu bate a porta com toda sua força ao entrar. Completamente irada, ele começa a jogar todos seus móveis no chão, transtornada.

MALU: (grita/apavorada) DESGRAÇADO, FILHO DA PUTA... isso não tá acontecendo, não tá... NÃO!! INFERNO!! (chora) Minha vida tá perdida...

Chorando, Malu encosta seu corpo na parede, deslizando lentamente até o chão, deitando-se. Ela dá um alto grito, misturado com o seu choro, descontrolada.

MALU: (berra/em prantos) AAAAAAAAAAAAAAAA!! (T) André...

Fade Out - Sign Of The Times, Harry  Styles.

Corte para:

CENA 07 / MANSÃO RODRÍGUEZ / COZINHA / INT. / MANHÃ /

Iara serve um suco de laranja para Liz, bebendo. Se servindo, Liz olha o tempo todo para a escada, aflita.

LIZ: A minha mãe ainda não acordou?

IARA: Não senhora, fui verificar, e ainda está dormindo.

LIZ: Na hora que ela acordar, serve um café preto bem forte, só assim pra ela dar uma animada. Ah, sabe/

Liz é interrompida pelo interfone da casa. Iara vai até o telefone da parede, pegando.

IARA: Pois não? (T) Aloísio?

Ao ver se tratar de Aloísio, Liz arregala os olhos, incomodada com a aparição do mesmo.

LIZ: (nervosa) O Aloísio tá lá fora? Ah, mas ele me paga!

Se levantando da mesa, furiosa, Liz se dirige pra fora de casa, enquanto Iara observa, tensa.

IARA: FUDEU!

Corte rápido para:

CENA 08 / MANSÃO RODRÍGUEZ / PORTÃO DE ENTRADA / EXT. / MANHÃ /

Ainda no interfone, Aloísio vê de longe Liz saindo de sua casa. O portão da casa se abre, ele pensa que está tudo bem, já entrando, indo de encontro com Liz.

ALOÍSIO: Oi Liz, acho que precisamos conversar. O Laerte/

Sem esperar que Aloísio termine de falar, Liz acerta um forte tapa em seu rosto, que se assusta com a agressividade de Liz, colocando a mão no rosto, aparentando dor.

Fade In - Instrumental, Tensão.

LIZ: (nervosa) Seu covarde, nojento. Como ousa vir até a minha casa e querer falar comigo como se nada tivesse acontecido?

ALOÍSIO: Eu não tô entendendo...

LIZ: Eu já sei que você foi atrás da Malu, contar pra ela sobre a investigação. Você foi podre, um falso, que na primeira oportunidade virou as costas pra mim.

ALOÍSIO: Eu não contei nada, foi o Otávio!

Liz acerta outro tapa no rosto de Aloísio, enojada com suas mentiras. Ele a encara, tenso, com seu rosto avermelhado.

LIZ: Como você ainda tem a coragem de mentir? Mesmo sendo uma mau-caráter, a Malu fez questão de dizer o seu planinho sórdido de acusar o Otávio, na esperança que eu corra pro seus braços. (T) Foi tentar se juntar com uma pessoa pior que você, mas se deu mal, muito mal. (dura) É melhor você sair, antes que eu faça alguma merda, e acabo com você!

ALOÍSIO: (emocionado) Liz... eu te amo!

LIZ: Ama nada, se me amasse, entenderia o meu lado, saberia exatamente o que fazer. Mas não, foi atrás dela, pra me ferrar, pra você se vangloriar com isso. (T) Você não é homem de verdade, é uma criança que quando não tem o que quer, faz birra. (grita) FORA DA MINHA CASA!!

Empurrando Aloísio até a saída, Liz fecha o portão com força, batendo na frente de Aloísio, ficando ao lado de fora da casa.

LIZ: Esse é o seu verdadeiro lugar aqui... A RUA!!

Liz volta novamente para dentro de sua casa. Aloísio dá pequenos passos para trás, atordoado com a ferocidade de Liz, que à essa altura, fora de cena.

ALOÍSIO: (pensativo) Meu Deus, eu sou burro demais... (abalado) o que eu fui fazer?!

Corte para:

CENA 09 / CASA DE JOANA / QUARTO PRINCIPAL / INT. / MANHÃ /

Fechando a porta do quarto, Laerte segura uma pasta, onde ele não solta por nada. Close em Joana, sentada em sua cama, confusa.

JOANA: Vai me explicar o que tá acontecendo pra você vir aqui assim, de uma hora pra outra?

LAERTE: Eu preciso falar com você antes de fazer o que eu tenho que fazer. (T) Joana, eu vou me casar.

JOANA: (surpresa) Casar? Como assim?

LAERTE: Você precisava saber disso.

JOANA: (inconformada) Saber porque, Laerte? Veio até aqui me humilhar? Dizer que eu sempre vou ser a amante? Mas saiba que dessa vez não. NÃO! (T) Eu não vou me prestar a esse papel ridículo novamente.

LAERTE: Não é isso, Joana, não é nada disso. Eu vou me casar com a Malu Marinho, mas é por você, por nós.

JOANA: Por nós?

LAERTE: Foi a Malu quem planejou o flagra, que te expôs pro país inteiro, foi ela junto com o Marcel Macedo.

JOANA: (perplexa) Então foi aquela cretina? Ela fez isso por quê?!

LAERTE: Pra tirar a Liz da jogada, pra pegar o lugar dela. Só que fazendo isso, ela fez você ser humilhada em rede nacional, como uma prostituta. Eu quero concertar isso, por você.

JOANA: Concertar o que, Laerte? Você é a pessoa que mais me humilhou, me fez de capacho, e eu ainda beijava seus pés. Você não é digno pra crucificar alguém pelos os mesmos erros que você também cometeu. Eu perdi a amizade da Liz...

LAERTE: Eu sei disso tudo, já to até cansado. Mas eu não vou deixar a Malu impune, não vou. Eu quero revidar, do mesmo jeito que ela fez com a Liz, só que agora com ela.

JOANA: Revidar? Como?

LAERTE: Na hora certa você vai saber. (T) Por enquanto, eu só vim aqui pra deixar isso com você.

Soltando da pasta, Laerte entrega a mesma para Joana, que a pega, pronta pra abrir.

LAERTE: (incisivo) NÃO ABRE! (T) Apenas não abre essa pasta, você não precisa saber o que tem aí dentro, só preciso que você guarde onde ninguém vá saber, apenas você, nem o Valentin. O que tem aí dentro é a minha vida, literalmente. Então, se um dia algo acontecer comigo... você entregue nas mãos da polícia, exatamente tudo o que tiver aí.

JOANA: Laerte, você tá me assustando.

LAERTE: É sério, não abra. Só guarde, por favor. Se um dia eu pedir, você me entrega, se eu sumir, você já sabe o que fazer.

Respirando fundo, Joana fica apreensiva, segurando a pasta. A imagem fica ampla, mostrando Valentin em off, atrás da porta do quarto, ouvindo toda a conversa de Joana e Laerte.

JOANA: (off) Tá certo, se não é pra ninguém saber, nem eu, eu escondo ela. Só não me diz que é algo que possa me ferrar, pelo amor de Deus...

LAERTE: (off) Ninguém vai saber... ninguém.

Valentin sai da porta, intrigado com tudo o que ouviu.

Fade Out - Instrumental, Tensão.

Corte para:

CENA 10 / PLANOS GERAIS / EXTERNAS / DIAS - NOITES /

Fade In - Killing Me Softly With His Song, Fugees.

A cidade de São Paulo em movimento, passam-se dias e noites, climas de chuva, sol, frio, calor.

Passam-se inserts de Malu, apreensiva, andando de um lado para o outro, incomodada;

Gláucia e Liz se interagem, ambas ríspidas, tentando se acertar;

Joana e Valentin continuam em uma relação nada favorável, permanecendo as brigas;

André de volta para o kitnet, sozinho, angustiado;

Laerte conversa pelo celular, planejando o casamento.

Close no letreiro a seguir:

Fade Out - Killing Me Softly With His Song, Fugees.

CENA 11 / GRAVADORA RODRÍGUEZ / ESTÚDIO / INT. / MANHÃ /

No estúdio, Malu continua na gravação de uma música. Um dos produtores, Giovani (Dan Stulbach, 50 anos) lhe faz sair pra fora.

MALU: Algum problema dessa vez, Giovani?

GIOVANI: Sim, você. (T) Malu, estamos há dias tentando gravar esse som, e você tá completamente fora do tom, desafinada, não tá concentrada. Tá acontecendo alguma coisa?

MALU: Eu tô com a cabeça um pouco longe mesmo.

GIOVANI: Então traga ela de volta, precisamos dela.

Bruna entra no estúdio, segurando alguns papéis, colocando sobre uma das mesas.

BRUNA: Com licença, só tô deixando aqui algumas coisas que precisam ser assinadas, já tô saindo.

Pronta pra sair, Bruna encara Malu, impaciente, passando as mãos na cabeça de nervosismo. Momento exato em que ela vê o anel no dedo de Malu.

BRUNA: Isso é um anel de noivado?

MALU: (em choque) O quê?

BRUNA: Esse aí, na tua mão, quase me deixou cega de tanto que brilha. Como ninguém aqui viu isso antes? Você vai se casar?

MALU: Eu/

LAERTE: (off./por cima) Sim, ela vai se casar, Bruna. Comigo. Nós estamos noivos.

Malu encara Laerte, entrando no estúdio, que também lhe encara. Bruna fica sem entender, abismada.

BRUNA: (surpresa) Juro, eu não imaginava você dois, juntos. Quando isso aconteceu?

GIOVANI: Então é por isso que você anda tão avoada? Por que não falou que vai se casar com o chefinho? Teria te dado um desconto nas broncas. Aliás, agora você também é chefinha, né?

LAERTE: Ela não tá conseguindo se concentrar? O amor tem dessas mesmo, meu amigo.

Se aproximando de Malu, Laerte pega em sua mão, beijando-a, em seguida, dando um beijo na testa, lhe abraçando.

LAERTE: (p/Malu, abraçados) Te amo, tá?

Malu fica em silêncio, enquanto Bruna percebe seu desconforto.

GIOVANI: O casório vai ser quando?

LAERTE: Amanhã!

Fade In - Instrumental, Suspense.

MALU: (assuta) Amanhã?

LAERTE: (disfarça) É amor, amanhã. Esqueceu?

GIOVANI: E não me convidaram?

LAERTE: Vai ser uma cerimônia íntima, só pra familiares mesmo. Sem ressentimento.

BRUNA: (sorri) Pois então, felicidades ao casal. Vou voltar pro trabalho.

Bruna sai, os deixando sozinhos com Giovani, que se levanta, abraçando o casal.
Close em Malu, nada contente.

Corte rápido para:

CENA 12 / MANSÃO RODRÍGUEZ / ÁREA EXTERNA / MANHÃ /

Andando em volta da piscina, Liz conversa pelo celular, chocada.

LIZ: (cel./perplexa) Casar? Ela e o Laerte?

Imagens alternadas entre Liz e Bruna, no banheiro da Gravadora, fazendo a fofoca.

BRUNA: (cel.) E vai ser amanhã, eu tô tão chocada quanto você. E pra falar a verdade, Malu não tá tão feliz assim não, ela pareceu que levou até um susto quando soube que o casamento é amanhã.

LIZ: (cel.) O que tá acontecendo que eu não tô conseguindo pegar no ar? Não é possível que o Laerte vá se casar com ela. Alguma coisa tem nisso, eu preciso saber. Obrigada Bruna, me mantém informada de qualquer coisa.

BRUNA: (cel.) Pode deixar, Liz. Beijos.

Liz desliga o celular, incrédula com a notícia. Sua mãe se aproxima pela suas costas, percebendo a tensão de sua filha.

GLÁUCIA: Qual foi a notícia que te deixou assim, desse jeito?

LIZ: Sabe a Malu, aquela que eu disse que quer me destruir, vai se casar, com o Laerte.

GLÁUCIA: Laerte, seu ex marido?

LIZ: O próprio. (T) Tá vindo algumas coisas aqui na minha cabeça, mas eu não sei o que é. (relembrando) Aquela vez que o Aloísio veio aqui, que eu chutei ele pra fora, a primeira coisa que ele ia me dizer, era algo sobre o Laerte. É isso, se alguém pode saber de alguma coisa, é o Aloísio. Eu vou atrás dele.

Pegando sua bolsa que estava em cima de uma das cadeiras, Liz sai rapidamente da área externa, se distanciando de sua mãe.

GLÁUCIA: Como sempre, o Laerte não para!

Corte rápido para:

CENA 13 / CASA - RUA / EXTERIOR / TARDE /

Colocando o lixo pra fora, Aloísio vê um carro parando em frente de sua casa. Pensando no pior, ele recua, mas logo percebe ser Liz saindo deste carro. Ele fica parado, lhe observando.

ALOÍSIO: (debocha) Veio aqui me pedir desculpas, depois de ter me enxotado pra fora da sua casa?

LIZ: A última que eu faria vindo aqui, era te pedir desculpas por algo que não me arrependo. (T) Aliás, eu nem vim falar sobre isso, porque senão eu vou perder minha cabeça com você. Vim porque tem uma coisa martelando na minha cabeça, e provavelmente você sabe. O que você iria dizer pra mim sobre o Laerte?

ALOÍSIO: (cínico) Laerte? Eu não me lembro...

LIZ: Deixa de gracinhas e fala logo. Isso tem alguma coisa haver com o casamento dele com a Malu?

ALOÍSIO: (espanta) Laerte e Malu vão se casar?

Liz percebe que Aloísio ficou tão surpresa quanto ela.

LIZ: Você não sabia?

ALOÍSIO: Não, claro que não, mas isso pode explicar várias coisas. (T) Vai querer conversar comigo aqui na rua ou lá dentro de casa?

Corte rápido para:

CENA 14 / CASA DE ALOÍSIO / SALA DE ESTAR / INT. / TARDE /

Se sentando, Aloísio observa Liz de pé, se recusando a sentar, andando de um lado para o outro.

ALOÍSIO: Não quer mesmo se sentar?

LIZ: Não, porque vou ser rápida, e tudo isso tá me deixando inquieta. Fala logo, o que é que você acha que tudo faz sentido?

ALOÍSIO: Olha, eu nem deveria falar, porque isso vai te fazer você ter mais raiva de mim, mas vamos lá. (T) O Laerte também sabia que você mandou investigar a vida da Malu.

LIZ: (nervosa) Você também contou pra ele? Meu Deus, mas você tá se mostrando um grande canalha.

ALOÍSIO: Eu agi por impulso, tá bom? Cê tinha acabado de me dispensar por causa do Otávio, e meti os pés pela cabeça. O motivo deu ter contado pro Laerte, foi pra ter duas pessoas afirmando que seria o Otávio que havia contado sobre a investigação do Dante, mas os dois realmente me enganaram, não disseram nada.

LIZ: (respira fundo) Eu tô por um triz pra não te esganar.

ALOÍSIO: Então, foi através disso que talvez tudo faça sentido. Quando eu contei pro Laerte, fui atrás da Malu, pra também contar, só que ela não estava, então eu esperei ela chegar pra terminar de fazer o meu serviço. (T) Quando eu contei pra Malu, pensei logo em ir atrás do Dante, já que ele sumiu, mas ele não estava lá. Dante desapareceu desde aquela viagem pra São João del-Rei. Apenas uma pessoa apareceu no apartamento do Dante nesse tempo, e quem me disse isso foi o próprio vizinho de porta dele.

LIZ: Quem apareceu no apartamento?

ALOÍSIO: Pelas características do rapaz, só pode ser o Laerte. (T) Liz, nessa ida dele ao apartamento do Dante, ele pode ter descubrido algo que você tanto quis sobre a Malu, algo que faça com que ele esteja na cola dela, forçando esse casamento. (T) Eu nem imagino o que o Laerte descobriu invadindo o apartamento do Dante, mas é algo sério, algo que deixa a Malu nas mãos dele.

LIZ: (irritada) Se você não tivesse contado nada por más intenções, eu mesma iria atrás do Dante, talvez a essa altura, eu que iria saber o que a Malu tanto esconde que o Dante, e agora o Laerte saibam. (T) Eu vou descobrir, você vai ver!

ALOÍSIO: Quer minha ajuda?

LIZ: Quero distância de você! (T) Adeus, Aloísio.

Liz sai rapidamente da casa de Aloísio, o deixando desanimado, tenso.

Fade Out - Instrumental, Suspense.

Corte rápido para:

CENA 15 / MANSÃO RODRÍGUEZ / SALA DE ESTAR / INT. / TARDE /

Distraída, despojada no sofá, Gláucia lê um livro, tranquila. Sua atenção é desviada ao ver Inês passando pela sala, indo até a porta de entrada.

GLÁUCIA: (p/Inês) Ei! Quem tá aí?

INÊS: É o Otávio, Dona Gláucia, produtor da Liz.

GLÁUCIA: Não me lembro dele, mas pode deixar que eu atendo.

Iara concorda, voltando para o outro cômodo da casa, enquanto Gláucia se levanta, indo até a porta de entrada da casa, abrindo.
Close em Otávio, ao lado de fora.

GLÁUCIA: Posso ajudar?

OTÁVIO: Pode. Eu vim falar com a Liz, ela está?

GLÁUCIA: Infelizmente não, saiu mais cedo hoje. Foi na casa de um rapaz... como ele chama mesmo? (recorda) Ah, Aloísio.

OTÁVIO: Ela foi atrás do Aloísio?

GLÁUCIA: Foi resolver umas pendências com ele, deve ser algum rolo aí. Ou foi namorar um pouco.

OTÁVIO: (tenso) É, um rolo...

LIZ: (off) Dessa vez, não é isso que você tá pensando, Otávio.

Otávio vira-se para trás, vendo Liz se aproximando dele e de Gláucia.

LIZ: (p/Gláucia) Não fala o que a senhora não sabe mãe, tá bom?

GLÁUCIA: Não tô mais aqui.

Gláucia se distancia dos dois, voltando para dentro de casa. Otávio e Liz ficam na porta, frente a frente.

LIZ: Eu tinha dúvidas de algumas coisas, por isso tive que ir atrás dele. Mas não rolou nada porque não tem que rolar nada.

OTÁVIO: Não precisa me explicar, Liz, nós não temos nada pra você se justificar. (T) Vim aqui mesmo saber se você terminou a música, já tá no prazo pra gravar.

LIZ: Eu terminei sim, só falta dar uns últimos retoques, você me conhece, quero deixar tudo perfeito.

OTÁVIO: Então eu aguardo.

Pronto pra sair, Otávio é segurado por Liz, que o impede.

Fade In - Sentimental, Los Hermanos.

LIZ: Espera!! (T) Você não veio aqui apenas pra dizer isso, né?

OTÁVIO: Foi justamente apenas isso.

LIZ: Não, não foi. Essas coisas a gente resolve pelo telefone, coisa rápida. (mareja) Otávio, o que te impede de declarar o que você sente por mim?

OTÁVIO: Liz, acho que já conversamos sobre/

LIZ: (corta) Não, não conversamos. Aquele dia que você pegou o Aloísio me beijando, apenas você falou, eu não. Nem consegui me explicar direto.

OTÁVIO: Se você tá dividida entre nós dois, eu não vou querer participar desse trisal não. Eu quero amar de verdade, ser amado de verdade.

LIZ: (emociona) Eu não estou dividida, eu sei o que eu quero, eu sei quem eu amo... eu quero você... eu amo você!

Delicadamente, Liz passa sua mão lentamente pelo rosto de Otávio, que segura, beijando. Ficando com seus corpos mais colados, os dois se encaram, tensão alta.

OTÁVIO: (gagueja) Eu... eu... eu preciso ir. (se distancia) Te encontro no estúdio da gravadora.

Tirando as mãos de rosto de Otávio, Liz o vê saindo, indo diretamente até o seu carro, dando partida. Seus olhos encham-se d'água.

Close em sua mãe, se aproximando ao fundo.

GLÁUCIA: O amor é duro às vezes...

Entrando, Liz passa direto por sua mãe, marejada, subindo rapidamente para o seu quarto.

GLÁUCIA: Parece que alguém não quer saber da verdade...

Fade Out - Sentimental, Los Hermanos.

Corte para:

CENA 16 / CARRO / INT. / NOITE /

Dirigindo, Malu demonstra uma tensão alta, em estado crítico de nervosismo. Ao virar a primeira esquina, ela olha diretamente para o espelho retrovisor, vendo um outro carro atrás. Estranhando, Malu novamente vira na próxima esquina, alterando o seu trajeto. O carro também vira. Malu percebe está sendo seguida.

Fade In - Instrumental, Ação.

MALU: (olhando o espelho retrovisor/irritada) Esse desgraçado colocou gente pra me vigiar na porta de casa, na porta da gravadora, agora me seguir até indo pra casa? Filho da puta!!

Colocando o pé no pedal, Malu acelera o carro em uma rua reta, continuando olhando o carro atrás, que também acelera, na mesma velocidade que Malu.

MALU: Vamos ver quem vai se ferrar nessa!!

Perto de se aproximar do final da rua, Malu freia bruscamente o seu carro. A imagem fica ampla, mostrando o carro de trás, que também tenta freiar, mas tarde demais, acertando a traseira do carro de Malu em cheio, ambos perdendo o controle.

Os carros ficam lado a lado, enquanto o carro de Malu fica destruído na sua traseira, o de trás fica com o parachoque quebrado.

Malu desce do carro, furiosa, indo em direção ao outro carro.

MALU: (grita) VOCÊ TÁ MALUCO, IDIOTA? VOCÊ NÃO VIU A MERDA DA RUA ACABANDO?

Chegando no vidro do carro, Malu dá vários socos, enquanto o motorista do mesmo não desce.

MALU: (berra/transtornada) NÃO VAI SAIR, É? EU TÔ FALANDO COM VOCÊ, SEU MERDA!! (T) AVISA PRO VAGABUNDO DO LAERTE QUE O ESTRAGO VAI SER/

Malu para de falar ao ver a porta do carro se abrindo. Ela se afasta, enquanto observa, boquiaberta, quem é que desce do carro. Seus olhos arregalam, surpresa.

MALU: (perplexa) É você... Esther?

Close em Esther, fora do carro, com um corte em sua testa, fazendo com que o sangue escorra pelo seu rosto.

MALU: Por que você tava me seguindo? Aliás, o que cê tá fazendo aqui?

ESTHER: (dolorida) Eu tentei arrumar um jeito de te fazer parar, não sei, mas você freiou. Eu não poderia dar bandeira e ir até você, agora que tá famosa...

MALU: (intrigada) Isso eu sei, mas não explica, o que você tá fazendo aqui? O meu pai/

ESTHER: (corta/direta) Ele morreu Malu... o Alexandre está morto!!

A câmera fixa em Malu, sem reação ao saber da morte de seu pai, congelada em tom amarelo em um disco de vinil, ao som de: "Vento no Litoral, Renato Russo e Cássia Eller".



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