Outros Tempos - Capítulo 11

quarta-feira, outubro 28, 2020

OUTROS TEMPOS


Uma Novela Criada e Escrita por:
Raffa Lins

Apoio:
Web Novelas Channel (WNC)



CENA 01 / CASA DE ESTHER / SALA DE ESTAR / INT. / NOITE /

Esther continua dando seu relato para Dante.

Close nas mãos de Dante em suas costas, segurando o seu celular, gravando todo o relato dito por Esther.

ESTHER: (limpando as lágrimas/marejada) Ela não queria me ouvir, não quis nem saber o que aconteceu de verdade, eu só conseguia ver o jeito que ela olhava pra mim, amedrontada, apavorada, o mesmo olhar que eu tive do marido dela... eu causei numa pessoa o que ela me causou... medo!

DANTE: E foi aí que você foi parar no reformatório?

ESTHER: Carla chamou a polícia, como eu era de menor, não poderia ser presa. Fui encaminhada pra esse reformatório, onde fiquei lá por mais cinco anos... cinco anos esses perdidos por causa de um pedofilo, de um estuprador...

DANTE: Lá você conheceu Malu Marinho, a cantora. Tô certo?

ESTHER: Minha única ligação com essa mulher é isso, apenas no reformatório e nada mais...

Dante encara Esther, sério.

DANTE: (sério) Olha, eu tenho que te dar os parabéns, acredita que eu fiquei mexido com esse relato? É triste demais saber que isso tudo, é mentira.

Fade In - Instrumental, Tensão.

ESTHER: (estranha) Mentira? (nervosa) Você acha mesmo que eu seria capaz de inventar uma história de horror como essa?

DANTE: Claro que não, eu acredito que essa história existiu, e sei que é verdade. Mas sei também, que não foi você quem presenciou essa história...

ESTHER: Como?

DANTE: Meus parabéns é pelo seu bom trabalho, estudou muito bem o script, o roteiro tá na ponta da língua. Não deixou passar nenhum dos detalhes... aliás, apenas um. (duro) VOCÊ NÃO É ESTHER BRANDÃO!!

ESTHER: (gagueja) Como... como...

Assustada, Esther olha para a porta, vendo a mesma se abrir.

VOZ: (off) Tem razão, ela não é...

Virando-se para trás, Dante fica espantado ao ver quem está entrando na casa.

Close em Malu, impiedosa, encarando Dante.

MALU: (fria) EU SOU ESTHER BRANDÃO!! Mas esse segredinho, não vai pra lugar algum...

Tirando a arma de sua bolsa, Malu aponta diretamente para Dante, que fica em sua mira, completamente aterrorizado, pávido.

DANTE: (assustado) Malu? Como você chegou aqui tão rápido?

MALU: Do mesmo jeito que você. Achou que iria investigar a minha vida, iria atrás do meu passado sem eu saber? Sinto muito, mas é impossível!

Dante se levanta, apavorado.

DANTE: Abaixa essa arma, pelo amor de Deus, vamos resolver isso de outro jeito.

ESTHER: (debocha) Agora você quer calma, né? Nem parece aquele mesmo rapaz que alguns minutos atrás batia no meu portão, todo valente, pimpão. Na frente do perigo, todo homem vira bebezinho!

Se levantando, Esther se dirige até Malu, ficando ao seu lado, encarando Dante, continuando na mira de Malu.

DANTE: Você não precisa fazer isso, não precisa chegar a esse ponto!

MALU: Ah não? Se eu deixar você sair, você me destrói, então eu não tenho muita escolha. (T) Olha, admito que você foi bem esperto, só que esperteza em excesso é um grande problema.

DANTE: Isso é loucura, é insano. Abaixa essa arma, vamos/

MALU: (corta/grita) CALA A BOCA!! CALA ESSA BOCA!! (T) Você não veio até aqui pra ouvir a história toda? Pois então, você vai ouvir!

ESTHER: Ele quer saber como foi que nos conhecemos no reformatório. (ri) Lembra da nossa primeira briga?

MALU: Foda, né? Também, você me estressou!

ESTHER: Mas agora, o importante é que somos amigas, estamos juntas!

Dante as encara, enojada.

DANTE: (perplexo) É pior do que eu imaginei...

MALU: Só não é pior pelo o que eu passei. (marejada) Sabe como é ter sua adolescência roubada, com quinze anos ser obrigada a ser tratada como uma bandida? Um animal? Nós passamos por isso! Quando eu cheguei no reformatório...

A voz de Malu vai ficando em off, enquanto a imagem aos poucos se transcende para a cena a seguir, de volta ao passado.

Fade Out - Instrumental, Tensão.

Corte rápido para:

CENA 02 / REFORMATÓRIO "SÃO JOÃO DEL REI" / DIREÇÃO/ INT. / TARDE /

Sentada em sua mesa, Olívia (50 anos) observa a porta de sua sala se abrindo. Close em Esther (15 anos) entrando, algemada, junto com um dos seguranças. Olívia observa a garota da cabeça aos pés.

OLÍVIA: (p/segurança) Pode soltar a mocinha, eu sei como resolver com garotas como ela!

O segurança solta as algemas de Esther, saindo da sala. Ela continua parada, encarando Olívia.

OLÍVIA: Pode sentar, eu não vou te machucar!

Em silêncio, Esther se senta, olhando para baixo, marejada.

OLÍVIA: Eu sei que você é uma vítima dessa história, você apenas se defendeu, não é?

Esther olha para Olívia, derrubando algumas lágrimas, emocionada.

ESTHER: (mexida) Eu juro que eu não queria que fosse assim... eu sou inocente!

OLÍVIA: Eu acredito em você. Não é e não será a última garota que vai parar no meu reformatório após se defender de um pedófilo. Estamos em 1997, ainda nada mudou pra garotas como você, sempre tratadas como lixo, como uma assassina.

ESTHER: (chora) Eu... eu não sabia o que eu estava fazendo, agi por impulso, por raiva... eu matei o meu padrasto, mas eu não me arrependo... eu faria de novo se eu passasse por tudo isso novamente... ele tirou a minha inocência...

Esticando suas mãos, Olívia segura nas mãos de Esther, lhe dando dando todo o suporte.

OLÍVIA: Eu não cheguei até aqui nesse cargo de diretora tão fácil, tive que engolir muitos sapos e muitas respostas atravessadas e fazer coisas... coisas essas que eu não gostaria, mas foram necessárias. Por isso eu vou te ajudar, vou te reestruturar. Confia em mim!

Olívia segura firme nas mãos de Esther, incentivando-a.

Corte rápido para:

CENA 03 / REFORMATÓRIO "SÃO JOÃO DEL REI" / DORMITÓRIO / INT. / MANHÃ /

Deitada em sua cama, lendo um livro, Esther (16 anos) com um estilo "punk", despojada, vê a porta de seu dormitório abrindo.

Close numa garota, séria, cabelos tingindos de loiro, com alguns cortes no rosto, entrando no quarto. Ela é solta pelo segurança, que fecha a porta, deixando as duas sozinhas. Elas se encaram, tensas.

GAROTA: (rude) O que cê tá olhando, vadia?

Esther joga seu livro no chão, se levantando, ficando de frente para a garota, encostando o seu rosto no dela.

ESTHER: (fria) Do que você me chamou?

GAROTA: (cínica) Você é surda, VA-DI-A?!

Transtornada, Esther acerta um soco no rosto da garota, que cai ao chão.

Olhando para Esther, no chão, a garota vai com tudo pra cima, também lhe derrubando no chão.

GAROTA: (berra) SUA CRETINA!! EU VOU MATAR VOCÊ!!

As duas se atracam, tentando se socar, uma mais raivosa que a outra. Alguns dos seguranças abrem a porta do dormitório bruscamente, indo até elas, separando as duas do contato físico.

Close no nariz da garota sangrando, enquanto Esther sai ilesa na briga.

GAROTA: (grita/furiosa) EU VOU TE MATAR!! VOU TE MATAR, VADIA, DESGRAÇADA, CRETINA!!

Esther vê os seguranças arrastando a garota para fora do dormitório, batendo a porta ao fechar, ficando sozinha.

Dando um pequeno sorriso, Esther deita-se novamente na cama, pegando seu livro, continuando lendo, tranquila.

Corte rápido para:

CENA 04 / REFORMATÓRIO "SÃO JOÃO DEL REI" / CANTINA / INT. / TARDE /

Se dirigindo até a cantina, Esther vê de longe a mesma garota com quem ela brigou na cena anterior, limpando as mesas do refeitório, irritada.

Ao querer se aproximar, ela é puxada para trás por Olívia, que a segura, lhe encarando.

OLÍVIA: (séria) O que você iria fazer?

ESTHER: Nada, eu/

OLÍVIA: (corta) Você não pode sair brigando com qualquer pessoa que se aproximar de você. O que nós conversamos?

ESTHER: Ela me provocou primeiro!

OLÍVIA: Não interessa quem provocou, você sempre tem que estar fria, independente das situações. E se você pretende fazer o que realmente quer fazer, tem que ter aliados e não mais inimigos. (T) O nome da garota é Maria Luiza Marinho, mas tem o apelido de Malu. Ela perdeu os pais na infância e cresceu cercada por pessoas ruins, fazendo coisas ruins. A única coisa que ela realmente quer, é afeto, carinho, amizade e, se você der isso a ela, terá Malu em suas mãos, pra fazer o que você quiser!!

Esther encara Malu, que vira-se para trás, lhe vendo de longe. Elas trocam olhares.

MALU: (p/Esther, nervosa) Você perdeu alguma coisa aqui, cretina?! Tá querendo apanhar de novo?

Esther não demonstra reação, sendo segurada fortemente no braço por Olívia, que tenta lhe manter calma.

OLÍVIA: (sussurrando) Não caia na provocação, seja fria!

Esther se solta de Olívia, saindo da cantina. Olívia observa a saída de Esther, satisfeita com a situação. Malu continua limpando as mesas.

Corte rápido para:

CENA 05 / REFORMATÓRIO "SÃO JOÃO DEL REI" / DORMITÓRIO / INT. / MADRUGADA /

Dormindo virada para a parede, Esther abre os olhos ao ouvir baixos barulhos de choro. Virando-se para o lado, com o quarto escuro, iluminado apenas com a luzes ao lado de fora que atravessa a janela, Esther vê Malu, sentada contra a porta do quarto, no chão, chorando.

Fade In - Instrumental, Melancolia.

ESTHER: (sonolenta) Ei, tá tudo bem?

MALU: (rude/voz embargada) ME DEIXA EM PAZ!!

Esther continua olhando Malu, que tenta limpar suas lágrimas, derrubando ainda mais.

Preocupada, Esther se levanta da cama, andando lentamente em direção de Malu, que percebe, mas ficando parada, sem se mexer.

Se abaixando até Malu, Esther tenta exitar, mas coloca sua mão no rosto de Malu, aproximando sua cabeça em seu peito, lhe fazendo deitar em seu colo.

Momento exato que Malu desaba a chorar, em prantos.

MALU: (chora) Me desculpa... me desculpa... eu sou uma péssima garota... eu... eu... eu nasci pra ser sozinha... me deixe!

ESTHER: (corta/firme) Tá tudo bem. Eu tô aqui... eu tô aqui!

A imagem fica ampla, mostrando Malu deitada no colo de Esther, ambas emocionadas, iluminadas apenas pela luz que transcende pela janela, momento único, criando um novo laço.

Corte rápido para:

CENA 06 / REFORMATÓRIO "SÃO JOÃO DEL REI" / RECEPÇÃO / INT. / MANHÃ /

Com duas malas nas mãos, Esther (20 anos, Tainá Müller) agora com a fisionomia de Malu Marinho, está pronta para sair do reformatório. Ela se despede de Olívia, com um abraço apertado.

OLÍVIA: Espero te ver mais vezes...

ESTHER: Se o meu plano der certo, pode ter certeza que eu precisarei de você.

OLÍVIA: Claro, eu estarei aqui. (T) Ah, tem outra pessoa que também vai estar te esperando...

Elas olham para o lado, vendo Malu (19 anos, Isis Valverde) com a fisionomia de Esther Brandão, de longe, observando. Ambas aos poucos vão se aproximando, em silêncio. Ao chegarem perto, dão um forte abração por um longo tempo, emocionante.

MALU: (emocionada) Você jura que não vai me esquecer?

ESTHER: (marejada) Eu prometo. Eu vou te buscar, te darei tudo o que você merece. Eu te amo...

MALU: (chora) Te amo!

As duas se abraçam novamente, impactadas, tocadas pelo momento. Esther se solta, pegando suas malas, saindo do reformatório, abalada.

Close em Malu, observando a partida da amiga, em prantos.

Olívia se aproxima de Malu, pegando em suas mãos.

OLÍVIA: Ela vai voltar, e você vai entender!

A cena se desvanece aos poucos com a partida de Esther (Malu Marinho), deixando Malu (Esther Brandão), para trás, chorando.

Fade Out - Instrumental, Melancolia.

Transição leve para a próxima cena, voltando para os dias atuais.

Corte para:

CENA 07 / CASA DE ESTHER / SALA DE ESTAR / INT. / NOITE /

Dante fica boquiaberto com o que ouve, tentando raciocinar, mas seu medo aumenta ainda mais, com a aproximação de Malu, apontando a arma em direção.

Fade In - Instrumental, Suspense.

ESTHER: (emocionada/encarando malu) E ela voltou... voltou por mim!

DANTE: Isso é loucura, é perveso. (p/Esther) Como você se submeteu a isso?

MALU: Acha que/

DANTE: (corta) Não você, a verdadeira Malu!

Malu dá uma pequena risada. 

ESTHER: (fria) Eu não tinha nada e nem ninguém. Fui apenas uma criança jogada nessa sociedade pra ser pisada e maltratada. A Malu foi a única que se importou comigo... a única que me estendeu as mãos. (encarando Malu/emocionada) Obrigada!!

MALU: Saiba que eu faria tudo novamente, por você... por nós!

DANTE: (batendo palmas/irônico) Que lindo, que amizade linda. Nem parece que são duas pessoas horríveis, que usam do passado ruim pra justificar as atrocidades que cometem hoje.

MALU: (furiosa) Porque não foi você que foi violado, maltratado, humilhado. Você não tem o direito de querer nos julgar, apontar os nossos erros. Apesar dos pesares, somos duas sobreviventes desse mundo cruel, hostil.

DANTE: Mundo esse que vocês duas estão fazendo questão de fazer parte, nada justifica, nada! (T) Isso nunca foi pela sua mãe, Larissa, não é? Nunca foi por ela...

Malu muda completamente sua feição, após a acusação de Dante.

MALU: (impaciente) Cala a boca! Você não sabe o que tá dizendo.

DANTE: (por cima/duro) Se você estiver fazendo tudo isso, pra tentar nem que seja o mínimo possível, estancar a dor que foi perder a sua mãe por causa de seu pai, você vai se ferrar muito, pois eu duvido que ela estaria aprovando essa sua conduta...

Close em Malu, derrubando algumas lágrimas, abatida com as palavras de Dante.

DANTE: Se você esperava orgulho, vai ter desprezo, raiva, ódio... mas aonde Larissa estiver, ela não vai te apoiar, aquela garotinha que ela chamava de filha, pequena, se tornou um monstro! (berra) NUNCA MAIS VAI TER O AMOR DE SUA MÃE NOVAMENTE, NUNCA!!

MALU: (transtornada) DESGRAÇADO!!!

Malu dispara a arma, acertando o peito de Dante em cheio. Close em seus olhos arregalados, vendo Dante cair ao chão, baleado.

Esther rapidamente se aproxima de Dante, caído, com os olhos abertos, com o furo da bala perfurando seu peito. Dante geme de dor, cuspindo sangue pela boca, trêmulo. Ele tenta reagir.

MALU: (fria) Você não tinha o direito de tocar no nome de minha mãe!

DANTE: (Ofegante/cuspindo sangue) Você... você... não vai sair dessa... não vai.... não vai...

Aos poucos, Dante fecha os olhos, virando sua cabeça para o lado, parando de se mexer, imóvel. Esther coloca dois de seus dedos no pescoço de Dante, olhando para Malu, séria.

ESTHER: Tá morto!

Limpando suas lágrimas, Malu se alivia, jogando a pistola sobre o sofá, também se aproximando do corpo de Dante.

MALU: (p/Dante, pérfida) Acho que isso não é mais da sua conta... desgraçado!!

Fade Out - Instrumental, Suspense.

ABERTURA:


CENA 08 / CASA DE ESTHER / SALA DE ESTAR / INT. / NOITE /

Entrando na casa, Olívia logo se depara com o corpo de Dante, morto, estirado no chão da sala, com Esther e Malu ao seu lado, sem reação. As três se encaram, tensas.

OLÍVIA: (gagueja) O que... que... que... (séria) que merda foi essa que rolou aqui?!

Malu se levanta, encarando Olívia.

MALU: (sorri) Quanto tempo...

Malu se aproxima de Olívia, lhe dando um forte abraço, que retribui.

OLÍVIA: É, realmente muito tempo mesmo. Quando eu te liguei, pedi pra não fazer nenhuma burrada. O que esse merdinha tá fazendo morto aí, Esther?

MALU: Por favor, não me chame de Esther. Agora é Malu Marinho.

OLÍVIA: Desculpa, força do hábito.

Esther se levanta, indo até Olívia, também lhe abraçando.

ESTHER: O desgraçado te passou a perna?

OLÍVIA: (ri) Passou, mas não foi muito longe, pelo o que estou vendo. Otário!

Andando pela sala, Olívia vai até o sofá, indo em direção da pistola jogada sobre, mas sua atenção é desviada ao ver um celular desbloqueado. Olívia o pega, vendo estar em em gravação de áudio.

OLÍVIA: (ri) O desgraçado ainda por cima tava gravando tudinho o que rolou aqui. Aliás, tá até agora gravando tudo!

MALU: (preocupada) Apaga isso, pelo amor de Deus!

OLÍVIA: (debocha) Apagar? Vamos finalizar a gravação, por ele. O coitado não pode ter vindo aqui atoa, né?

Olívia termina a gravação, em seguida, bloqueando o celular.

O jogando no chão, ela acerta um tiro em cheio na tela do celular, que se destroça por inteiro.

ESTHER: (impaciente) Chega de brincadeiras, temos um assunto sério pra resolver. O que vamos fazer com o corpo?

MALU: (fria) O mesmo de sempre...

Corte rápido para:

CENA 09 / RIO DAS MORTES / EXTERNAS / NOITE /

Ao mesmo tempo, Olívia, Esther e Malu descem de um carro.

Fade In - Instrumental, Ação.

Indo em direção ao porta-malas, elas o abrem. Close no corpo de Dante, enrolado em um tapete. O puxando para fora, as três fazem um enorme esforço, colocando-o no chão.

A imagem fica ampla, mostrando que elas estão ao lado da ponte do Rio das Mortes.

OLÍVIA: (ofegante) Eu com mais de 70 anos ter que ajudar a se livrar de um corpo. Eu tô velha, caramba!

MALU: (ri) Você tá muito bem, ele que tá um pouco acima do peso. Ou melhor, estava!

Novamente entrando em foco, elas respiram fundo, se abaixando.

OLÍVIA: No três!

ESTHER: Um...

MALU: Dois...

ESTHER/MALU/OLÍVIA: (grita) TRÊS!!

Fazendo um maior esforço, elas pegam o corpo, carregando até a ponte do Rio, em seguida, jogando-o do alto, caindo diretamente dentro das águas do Rio das Mortes.

O corpo aos poucos vai se afastando da ponte, carregado pelas correntezas do Rio.

Tirando um maço de cigarro do bolso, Olívia oferece para Esther e Malu, que pegam, em seguida, acendendo com um isqueiro.

OLÍVIA: (fumando) O corpo demora mais ou menos uns três dias pra emergir. Na sorte, demora mais e é encontrado em outra cidade.

Ambas ofegantes, elas observam o corpo de Dante afundar lentamente pelo Rio, desaparecendo no meio das águas.

A imagem vai ficando embaçada através da fumaça do cigarro das três, que aos poucos se desvanece.

Fade Out - Instrumental, Ação.

Corte rápido para:

CENA 10 / CASA DE ESTHER / COZINHA / INT. / MADRUGADA /

Servindo a taça de vinho de Esther, ela bebe de uma só vez, intrigando Malu.

MALU: O que foi?

ESTHER: (respirando fundo) Me leva com você.

MALU: (cabisbaixa) Esther, por favor, eu/

ESTHER: (insistindo) Me leva, eu não quero ficar mais aqui, eu não quero! Você tá rica, tá famosa, tá conquistando tudo o que sempre quis. E eu? Vou ficar sempre jogada nessa cidade de merda? (marejada) Me leva com você!!

Mexida após ouvir o apelo de Esther, Malu pega em suas mãos, segurando firme.

MALU: Sinto muito, mas cê sabe que não pode sair daqui... ele não vai sobreviver sozinho... eu preciso dele vivo!!

Pronta para abraçar Esther, as duas ouvem alguns barulhos vindo por debaixo da casa.

Ambas viram-se para trás, olhando para uma das portas, completamente trancada por cadeados. Segurança máxima.

MALU: (fria) Ele acordou!!

Transição leve com as palavras de Malu, voltando ao passado a partir da cena a seguir.

Corte rápido para:

CENA 11 / LANCHONETE / BALCÃO / INT. / TARDE /

Terminando de passar um pano úmido no balcão, Esther (21 anos) é chamada pelo seu patrão. Ela vai até ele, sentado em uma das mesas da lanchonete.

PATRÃO: Vou precisar que você cubra o turno da noite.

ESTHER: Mas meu horário vai acabar daqui uma hora!

PATRÃO: (incisivo) Sabe o que vai acabar daqui uma hora? Seu emprego se não aceitar trabalhar até a noite... você decide!

Fade In - Instrumental, Tensão.

Esther, pávida, encara seu patrão, sem palavras.

PATRÃO: Precisa do emprego, não é? Porque pelo os seus antecedentes, você não irá conseguir nada aqui. Tem a voz bem ajeitadinha, afinada, eu te ouvi cantando esses dias quando tava limpando o banheiro, mas não serve pra nada. Você pensa em ser cantora, né? Esquece, não vai rolar. (apontando para o lado) Aproveita e atende aquele rapaz ali, que ele já está te esperando.

ESTHER: (seca) Com licença!

Virando de costas, Esther se dirige à mesa apontada pelo seu patrão.

Ao seu aproximar do rapaz, seu coração dispara, ficando completamente atordoada, trêmula. Close neste rapaz, mostrando ser Alexandre, alguns anos mais velho, barbudo, com aparência de descuidado, desarrumado.

Alexandre não percebe estar de frente com sua filha.

ALEXANDRE: Um café preto, bem forte e uma coxinha.

Com os olhos arregalados, Esther continua sem palavras, encarando seu pai, que não a reconhece, estranhando.

ALEXANDRE: Algum problema moça?

ESTHER: (gagueja) Eu... eu... eu vou buscar seu pedido... com licença!

Rapidamente, Esther se distancia da mesa, indo para trás do balcão, se ajoelhando contra o mesmo, ficando fora da visão de todos.

Em posição fetal, Esther não consegue segurar as lágrimas, desabando a chorar.

ESTHER: (chora) Ele aqui... meu pai aqui... ele não sabe quem eu sou... (limpando as lágrimas/séria) Mas tá na hora de mostrar que você mudou... tá na hora de acabar com você, papai!

Close em seu olhar, mudando completamente sua feição, pérfida.

Fade Out - Instrumental, Tensão.

Corte rápido para:

CENA 12 / CASA DESCONHECIDA / QUARTINHO / INT. / NOITE /

A imagem passa por um quarto desarrumado, uma baderna. Saindo do banheiro, enrolado numa toalha, Alexandre a tira, vestindo um calção jogado pelo chão. Pegando o controle de uma televisão simples, de tubo, ele a liga.

Close na imagem chiada, no canal Globo, onde passa cenas da novela Celebridade. Ele deita-se na cama.

Fechando seus olhos, sonolento, Alexandre muda sua atenção ao ouvir a porta batendo. Ele calça seu chinelo, indo até a porta.

ALEXANDRE: Se for mais cobranças, vou mandar pra puta/ (abrindo/estranha) Pois não?

Close em Esther, na porta, encarando Alexandre, calada.

ALEXANDRE: (estranha) Pera aí, cê não é a garçonete lá da lanchonete? O que cê quer aqui? (incisivo) Responde!! Surda e muda eu sei que você não é, então/

ESTHER: (corta) Você realmente não se lembra de mim? (marejada) Hein, papai?

Fade In - Instrumental, Melancolia.

Alexandre se choca ao perceber se tratar de sua filha, Esther. Seus olhos se arregalam, perdendo todos seus sentidos, ficando completamente sem reação. Ele a olha da cabeça aos pés.

ALEXANDRE: (perplexo) Esther? É você mesmo? (emocionado) Minha filha?!

ESTHER: (séria) Eu voltei... pelo senhor! (T) Posso entrar?

ALEXANDRE: (em choque) Claro, Esther. A casa é sua!

Entrando, Esther olha por todo o local, enojada. Alexandre acompanha.

ALEXANDRE: Não repara a bagunça, não tô tendo tempo pra limpar. É difícil ser homem solteiro. (sem acreitar) Minha filha, meu bebê... voltou...

Esther não responde, continuando andando pelo pequeno local.

ALEXANDRE: Aconteceu muita coisa, né? Eu tentei ir atrás de você, mas/

ESTHER: (corta) Eu não vim pra conversar, vim... (sorri, encarando Alexandre) vim pelo senhor... eu quero recomeçar, do seu lado, papai...

ALEXANDRE: (voz embargada) Você não imagina o quanto eu tava com saudades. (T) Eu já paguei pelo o que eu fiz, fiquei sete anos preso, sem você... sem sua mãe...

ESTHER: (por cima/ignora) Tem algo que eu possa fazer pro jantar?

Alexandre fica intrigado com a mudança de assunto, mas releva.

ALEXANDRE: Tem um macarrão aí no armário, só que/

ESTHER: (corta/seca) Eu vou fazer. Vou fazer uma macarronada do jeito que o senhor gostava... do jeito que a mamãe fazia...

ALEXANDRE: Gentileza sua, filha...

ESTHER: Só me mostre a cozinha, que eu faço sozinha, tá bem?

ALEXANDRE: Claro...

Alexandre e Esther passam-se para o cômodo ao lado, a cozinha.

Lhe deixando lá, Alexandre volta para seu quarto, fechando a porta. Voltando para sua cama, ele deita. Seus olhos encham-se d'água, chorando, desolado.

ALEXANDRE: (chora) Minha filha... o que eu fiz?!

Alexandre desaba a chorar, sem acreditar estar na presença de sua filha, Esther.

ALGUNS MINUTOS DEPOIS:

Indo até o quarto, Esther observa seu pai dormindo. Respirando fundo, ela vai até ele, o acordando.

ALEXANDRE: (sonolento) Oi... o que.../

ESTHER: (corta) Tá pronto... a macarronada!

Se levantando da cama, Alexandre acompanha Esther até a pequena cozinha.

Improvisando um banco com caixotes, os dois  sentam, servindo-se. Alexandre capricha no prato, enchendo, enquanto Esther o olha.

ALEXANDRE: Não vai comer?

ESTHER: Primeiro o senhor. Quero saber se tô a altura da macarronada da mamãe.

Sorrindo, Alexandre termina de se servir, em seguida, experimentado, comendo.

ALEXANDRE: (saboreando) Hum... mas tá gostoso! Tá muito bom mesmo, filha, parabéns.

ESTHER: (sorri) Então aprendi muito bem. (T) Quer saber o meu truque pra ficar gostoso? O molho é feito com a massa de tomate, deixando ferver um pouco, com uma pitada de sal, orégano e um tempero especial: um remedinho que eu consegui lá no reformatório, que eu passei anos da minha vida, por sua causa!

Parando de comer, Alexandre encara Esther, que continua sorrindo, pérfida.

Fade In - Huggin & Kissin, Big Black Delta.

ALEXANDRE: (surpreso) Remédio? O quê?!

ESTHER: É, tomei muito disso lá quando eu não me comportava, me exaltava, ficava rebelde. Os sintomas são: cansaço, calafrios, deixando o corpo relaxado, em seguida, entrando em sono profundo por um dia inteiro. (fria) Tá ficando mais gostoso, não é, papai?

No impulso, Alexandre enfia os dedos na garganta, vomitando no prato, apavorado. Esther se afasta, levantado, observando o desespero de Alexandre.

ESTHER: (firme) Não adianta cuspir, vomitar, quando o remédio entra em contato com seu corpo, é questão de segundos pra surtir efeito.

Alexandre se levanta, assutado, mas perdendo suas forças, caindo instantaneamente no chão, trêmulo, ofegante.

ALEXANDRE: (desesperado) O que você fez comigo? O que tá acontecendo? Faz isso parar... FAZ ISSO PARAR!!

Esther continua imóvel, indo em direção de seu pai, perdendo os sentidos, frágil. Ela se abaixa ao seu lado.

ESTHER: Achou mesmo que eu vim aqui pra isso? Reconstruir a família que você destruiu? Eu vou te fazer passar por tudo o que eu passei, só que bem pior... (sorri) tenha bons sonhos, papai, porque quando acordar... (maléfica) será seu pesadelo!!

Fechando os olhos, Alexandre fica imóvel, desacordado, com o rosto sujo de vômitos. Agaixada ao seu lado, Esther levanta as pálpebras de Alexandre, vendo a visão dele vazia, sem reação, apagado.

Fade Out - Huggin & Kissin, Big Black Delta.

A cena passa por uma leve transição, de volta para o presente.

Corte rápido para:

CENA 13 / CASA DE ESTHER / ESCADA - PORÃO / INT. / MADRUGADA /

Terminando de abrir a porta que elas encaravam na cena 10, Malu e Esther descem lentamente pela escada, completamente escura. Ao descerem, elas vão diretamente até um dos interruptores do porão, ligando-o.

Fade In - Instrumental, Suspense.

Ao acender a luz, deixando todo o porão iluminado, a imagem fixa completamente em um homem, deitado sobre uma cama encostada no canto da parede, com um dos braços amarrados por uma enorme corrente, segurada pela cabeceira da cama.

Close em todos os detalhes do porão, mostrando ser um cativeiro. Pratos jogados ao chão, junto com restos de comidas, copos quebrados espalhados pelo local, roupas sujas, um ambiente total de horror.

Close neste mesmo homem, com cabelos e barbas enormes, brancas, usando roupas rasgadas, sujas, o corpo desidratado, muito magro. Tentando se mexer na cama, este homem olha diretamente para as duas, paradas.

MALU: (nervosa) Qual foi o último dia que você deu um banho nele? E ele comeu hoje?

ESTHER: É que.../

MALU: (corta/nervosa) Eu já te falei, eu não o quero morto! Ouviu bem?

Respirando fundo, este homem tenta falar, mas dificultado por está totalmente debilitado, sua boca extremamente seca.

HOMEM: (gagueja) Fi... filha?

MALU: (sorri/maléfica) Boa noite, papai!

Close no rosto deste homem, mostrando ser Alexandre, bem mais velho que na cena anterior, com o rosto completamente desfigurado, irreconhecível. Ele tenta se mexer, mas sendo impossibilitado pelas correntes.

ALEXANDRE: (marejado) Quanto... quanto tempo...

Permanecendo fria diante da cena de horror, Malu anda lentamente em sua direção.

MALU: Sabe que dia é amanhã?

ALEXANDRE: Eu... eu não tô bem...

MALU: Você nem se lembra, não é? (impetuosa) É o dia em que você matou a minha mãe! O dia que você destruiu a minha vida... o dia que você me transformou em quem eu sou hoje... o dia que você vai se arrepender pelo resto de sua vida amarga, vazia... FILHO DA PUTA!!

Alexandre chora, debilitado, encostando sua cabeça na cama, dando um alto grito, num misto de emoções.

ALEXANDRE: (berra/transtornado) AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA!! (chora) Me perdoa... me perdoa filha...

MALU: Perdão? A minha mãe não teve a chance de pedir perdão, eu não tive a chance de pedir perdão. (fria) Agora, nem você!

Esther se aproxima de Malu, ficando ao seu lado.

ESTHER: Acho melhor subir, ele tá um pouco alterado.

MALU: Que se dane, eu não ligo! Ele ainda não sofreu o mínimo que eu sofri... (p/Alexandre) péssimo dia pra receber sua filha, não é, papai? Lembra quando eu fui atrás do senhor? Ainda nem me reconheceu...

ALEXANDRE: (em prantos) Eu não aguento mais...

MALU: (chora) E eu? Que perdi a minha infância, a minha juventude por sua causa. Não foi fácil se desvencilhar do meu passado, por isso te mantenho aqui, preso, pra lembrar todos os dias que eu venci e, que tudo o que você fez, ficarão intactos, só pra deixar claro o quão desprezível você é! (T) A Esther vai/

ALEXANDRE: (corta/rude) VOCÊ QUE É A ESTHER, VOCÊ QUE É A MINHA FILHA! ELA NÃO É NADA MINHA... NADA!!!

MALU: Você ainda não entendeu, papai? Eu não sou mais Esther Brandão, não carrego mais este nome e muito menos o seu sobrenome, eu sou Malu Marinho e acabou!

ALEXANDRE: Pode fazer de tudo, mudar seu nome, seu jeito, seus gostos, seu rosto, mas nada vai apagar que você é minha filha... (ri) E você vai morrer sendo Esther Brandão, vai morrer sendo filha de Alexandre Brandão!!

Malu pronta pra ir pra cima de seu pai, é segurada por Esther, que não deixa se aproximar, tentando controlar Malu.

ESTHER: Não, não, não cai na provocação dele. Você agora é Malu e eu sou a Esther. Não foi isso que combinamos? Então, é isso! Ele quer te causar raiva!

ALEXANDRE: (rindo) Como eu disse, nada vai apagar o que já foi feito... (p/Malu) NADA VAI APAGAR QUE VOCÊ É ESTHER BRANDÃO!!

MALU: (p/Esther) Ele já comeu hoje? Não, né? Então, deixe sem. A fome vai fazer ele pensar a respeito do que anda dizendo. Vamos subir?

Pegando nas mãos de Esther, elas apagam as luzes, subindo as escadas.

ALEXANDRE: (off. grita/transtornado) EU TAVA BRINCANDO. NÃO FAZ ISSO COMIGO, ESTHER. NÃO FAZ ISSO COMIGO, EU TÔ COM FOME!

Terminado de subir as escadas, Esther sai primeiro, enquanto Malu observa o desespero de seu pai no escuro, dando um pequeno sorriso, também saindo.

ALEXANDRE: (off. berra) ESTHER, EU TÔ COM FOME. EU TÔ COM SEDE. (T) ESTHER, VOLTE AQUI, PELO O AMOR DE DEUS. EU VOU MORRER!! (T) ESTHEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEER!!

Momento exato em que Malu fecha a porta, abafando os gritos de Alexandre que não podem ser mais ouvidos. Ela tranca a porta novamente, respirando fundo.

Fade Out - Instrumental, Suspense.

Malu se dirige até Esther, lhe dando um abraço.

MALU: Eu preciso voltar pra São Paulo. Você cuida de tudo, né? Limpa qualquer respingo de sangue que ficou do Dante, não podemos errar. (T) Eu juro que um dia eu volto pra te buscar, como te busquei no reformatório... eu juro!

As duas se abraçam, emocionadas, repetindo o mesmo abraço que deram quando se despediram no reformatório.

Esther derrama algumas lágrimas, enquanto Malu tenta permanecer firme, mas também emocionada, marejada.

Corte para:

CENA 14 / CIDADE DE SÃO PAULO / PLANOS GERAIS - EXTERNA / MANHÃ /

Fade In - Killing Me Softly With His Song, Fugees.

Amanhece em São Paulo. Avenidas movimentas, a cidade em movimento. Pessoas passam pelas ruas tranquilas, calmas, outros mais apressadis, tensas.

A 25 de Março completamente lotada. Os museus com poucas pessoas presentes. O Parque Ibirapuera concentrado de famílias despojadas.

Close na fachada da Mansão Rodríguez.

Corte rápido para:

CENA 15 / MANSÃO RODRÍGUEZ / QUARTO PRINCIPAL / INT. / MANHÃ /

Andando de um lado para o outro, Liz tenta se manter calma, a cada segundo olhando para o seu celular.

Iara entra no seu quarto, percebendo sua aflição.

IARA: Com licença dona Liz, tá tudo bem?

LIZ: (disfarça) Tá sim, Iara, obrigada por perguntar. Só tô esperando a ligação de uma pessoa.

IARA: Sobre isso que eu vim falar. A Bruna ligou, disse que surgiu algo novo pra você.

LIZ: (ignora) Eu vou lá na Gravadora depois, obrigada.

Iara sai do quarto. Liz continua aflita.

Desbloqueando seu celular, ela vai em contatos, clicando no nome de Dante, ligando.

LIZ: (nervosa) Atende, caramba! (voz da chamada) "O número para qual você ligou está fora de área ou desligado!"

Impaciente, Liz joga seu celular na cama.

LIZ: Aonde você se meteu, Dante?!!

Fade Out - Killing Me Softly With His Song, Fugees.

Corte para:

CENA 16 / MANSÃO MARINHO / SALA DE ESTAR / INT. / MANHÃ /

Carregando sua mala, Malu chega em casa, exausta. Respirando fundo, ela se alivia, admirando sua casa.

MALU: (ofegante) Home Sweet Home!

André entra em cena, observando Malu, que se senta ao sofá, esticando suas pernas.

ANDRÉ: É, passou um dia e uma noite inteira fora sem dar satisfações, tá até que bem. Voltou até falando inglês!

MALU: Meu amor, tô cansada, exausta, morta. Todos os sinônimos possíveis para isso. Então, não venha, que não vou ficar te dando canja não.

ANDRÉ: Tranquilo, já tô acostumado, mas tem uma pessoa aí, que chegou cedo aqui, querendo falar com você. Eu não sabia se deixava entrar, então deixei lá fora mesmo, na área externa da casa.

MALU: (intrigada) Quem?

Corte rápido para:

CENA 17 / MANSÃO MARINHO / ÁREA EXTERNA / MANHÃ /

Andando em volta da piscina, tranquilo, Aloísio não percebe Malu, vindo pela suas costas.

MALU: O que você veio fazer aqui?

Virando-se para trás, Aloísio vê Malu, séria.

ALOÍSIO: Eu preciso falar com você.

MALU: Já tá falando. (impaciente) Mas fala rápido, que eu não tô com paciência pra te dar palco.

ALOÍSIO: É sério!

MALU: (nervosa) Então fala!

ALOÍSIO: A Liz está armando um plano, pra te destruir. Ela contratou um investigador particular pra descobrir sobre seu passado. Liz não vai descansar até saber a verdade sobre você!

A câmera fixa em Aloísio, revelando os planos de Liz para Malu, congelado em tom amarelo em um disco de vinil, ao som de: Rolling In The Deep, Adele".






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