Divergentes - Capítulo 23 (Últimas Semanas)

quarta-feira, abril 01, 2020


DIVERGENTES


Novela de Raffa Lins


CAPÍTULO 23


CENA 01 / HOSPITAL / EMERGÊNCIA / INT. / TARDE /

Continuação imediata onde Simone, de frente com o médico, questiona a situação de Lívia, fingindo ser sua filha.

SIMONE: Pode falar, doutor, a verdade. Qual a real situação da minha filha?

MÉDICO: Qual é o nome da senhora?

SIMONE: É Carla!

MÉDICO: Então Carla, a Lívia como a senhora já sabe, foi atropelada. Mas pode ficar tranquila que nada de errado com ela aconteceu. Lívia tá muito bem, já tá sendo medicada, sofreu apenas alguns ferimentos circunstâncias, nada que possa afetar.

SIMONE: (Fingindo alívio) Graças a Deus, doutor... (T) Mas e o bebê, como ele tá?

MÉDICO: É muito triste dizer, mas infelizmente pelo impacto na queda, a sua filha perdeu o bebê.

SIMONE: (Surpresa) Ela perdeu... perdeu o bebê?!

MÉDICO: Sim, perdeu. Sinto muito...

SIMONE: Meu Deus, ela tava tão feliz, tão animada com a notícia, pronta pra ser mãe... E uma fatalidade dessas acontece com quem menos imaginamos.

MÉDICO: Realmente essas coisas, não conseguimos evitar...

SIMONE: Eu posso falar com ela? Ver como ela tá?

MÉDICO: Claro! Mas pode ficar tranquila, que ela só tá aqui na emergência por precaução, tá um pouco sonolenta por causa da medicação, mas daqui uns dias, ela pode ter alta!

Confortando Simone, o médico a leva até a porta do quarto, onde pelo vidro, ela observa Lívia, dormindo.
Abrindo a porta, olhando para os lados, Simone vai se aproximando de Lívia, que continua dormindo. Passando para o outro lado, Simone passa suas mãos pelo cabelo de Lívia, a acariciando.

SIMONE: (Dócil) Quem diria... batalhou muito pra chegar onde chegou, e parar numa cama de hospital...

Aos poucos, ainda sonolenta, Lívia vai acordando, com Simone ainda acariciando, com um pequeno sorriso. Virando se ao lado, com a visão um pouco embaçada, ela vê Simone ao seu lado, sem esboçar reação.

LÍVIA: (Com dificuldades de falar) Você.../

SIMONE: (Sussurrando) Shhhhiu. Não precisa fazer esforço, nem tentar falar. Você vai ficar bem, tá? Só não posso dizer o mesmo do seu bebê...

LÍVIA: (Estranha, ainda um pouco zonza) O quê...?

SIMONE: (Direta) Seu filho morreu, Lívia! Tá no mesmo lugar provavelmente que o papai dele tá agora.

Automaticamente, os olhos de Lívia encham se de lágrimas, inconformada.

LÍVIA: (Trêmula) Você tá mentindo, eu não acredito...

SIMONE: Eu felizmente não estou mentindo, garota. Acha que eu perderia o meu tempo de vir aqui, só pra ficar de picuinha? Aliás, nem sei se é o certo falar que morreu, já que nem havia nascido. Vamos dizer que foi um aborto... mais apropriado!!

LÍVIA: (Tentando falar alto, com esforço) SAI DAQUI, SAI!!

SIMONE: Achou mesmo que seria tão fácil assim, entrar nas nossas vidas, tirar tudo o que é nosso, ficar com a mansão, a empresa e se divertir? Perdeu, meu amor.

LÍVIA: (Chorando) Foi você, não foi?

SIMONE: Claro que foi eu! (T) Não iria perder a oportunidade de vir aqui, rir da sua cara de safada, vendo que não só perdeu esse bebê, mas também tudo que você pensa que já estava ganho. Essa é/

LÍVIA: (Por cima/Ofegante) Some da minha frente, some da minha vida!!

SIMONE: Essa é a vida, querida. Uns nascem pra serem vitoriosos, outros tentam ser, mas nunca vão conseguir!!

Uma enfermeira entra no quarto de Lívia, vendo a exaltação.

ENFERMEIRA: Tá tudo bem aqui?

LÍVIA: (Em prantos) Tira essa mulher daqui, tira!!

SIMONE: Eu já estava de saída, talvez eu volte outra hora. (P/Lívia) Ah, não se esqueça minha filha, de começar a juntar suas coisas, pra não te dar muito trabalho depois!

LÍVIA: (Grita) DESGRAÇADA, SAI!!

A enfermeira pega no braço de Simone, que logo se solta.

SIMONE: (Nervosa) Que isso? Agora a gente tem que sair, sendo segurada?

ENFERMEIRA: É que/

SIMONE: (Corta) É que nada!! Eu já estou saindo, não tá vendo?

Saindo do quarto, a enfermeira logo vai até Lívia, tentando acalma la, que mostra um nervosismo grande, caindo em lágrimas.

LÍVIA: (Chora) Meu filho...

Close no choro de Lívia, sentindo uma grande dor pela perda de seu filho.

Corte rápido para:

CENA 02 / HOSPITAL / ESTACIONAMENTO / EXT. / TARDE /

Freiando bruscamente o carro, a imagem foca em Vicente ao volante, e ao seu lado Renan, que retira seu cinto. Neste momento, no banco de trás, Carla já salta do carro, em desespero.

CARLA: (Desesperada) Vamos Renan, rápido!!

RENAN: Eu vou lá com a mãe, você não quer vir?

VICENTE: Não, eu tenho que falar com a Aline ainda. Me mande notícias, por favor!

RENAN: Claro, boa sorte!

Renan sai do carro, andando apressadamente até Carla. Vicente vai saindo do estacionamento, ainda olhando de longe para Renan. Mas sua atenção é desviada, ao ver sua mãe, Simone, de longe, entrando em um carro parado de frente ao hospital.

VICENTE: (Estranha) Mãe? Você aqui...?

Corte rápido para:

CENA 03 / HOSPITAL / RECEPÇÃO / INT. / TARDE /

Ainda apressados, Renan e Carla vão até as recepcionistas do hospital.

CARLA: (Falando rápido) A minha filha foi atropelada, eu preciso saber como ela tá e onde ela tá?

RECEPCIONISTA: Qual é o nome dela, senhora?

CARLA: É Lívia de Souza!

RECEPCIONISTA: Lívia de Souza Dutra? Quem é a senhora? A mãe dela acabou de sair...

CARLA: (Estranha/Nervosa) A mãe dela acabou de sair? Como assim mãe dela? Eu que sou a mãe da Lívia!

RENAN: Deve ter havido algum engano, moça. Ela acabou de chegar, e não tem como dela ter acabado de sair...

RECEPCIONISTA: Olha, uma mulher veio aqui, dizendo ser a mãe da Lívia, por isso nós a deixamos entrar. Ela deu o nome de Carla!

CARLA: (Apavorada) Eu sou a Carla, meu Deus do céu!!

RENAN: Alguém entrou aqui se passando pela minha mãe, e já tá claro que não era ela. Como vocês deixaram isso acontecer?

CARLA: (Nervosa) Não é possível que se entram assim, sem identificação, ou algum tipo de/

RECEPCIONISTA: (Corta) A senhora pode ir ver a sua filha. Me desculpe pelo transtorno, não vai se repetir.

Carla encara Renan, demostrando medo.

Corte para:

CENA 04 / DELEGACIA / CELA / INT. / TARDE /


Vicente aos poucos, vai se aproximando da cela de Aline, que está sentada ao chão, em posição fetal, com os olhos vermelhos de tanto chorar. Ela olha para frente, vendo Vicente, parado.

ALINE: (Olhos lacremejados) Veio fazer o que aqui? Rir de mim também?

VICENTE: (Sentindo pena) Não, claro que não. O que você fez pra parar aqui?

ALINE: Nada, eu só queria paz... Paz! A desgraçada da Lívia me incriminou, e me jogou aqui.

Vicente fica sem jeito, um pouco abalado.

VICENTE: Aline, eu andei pensando muito esses dias, sobre muitas coisas mesmo, de verdade. E uma delas foi você...

ALINE: (Se levantando) Eu?

VICENTE: Eu sou uma pessoa horrível, e já sei pra quem puxei. Você foi uma das pessoas com quem eu mais tive raiva, gratuitamente, apenas por medo.

ALINE: Medo?

VICENTE: (Emocionado) Medo de sempre ser o último... O pai sempre teve uma preferência por você, e a Simone fazia questão de dizer que cê era uma ameaça para o futuro. (Chora) Eu preciso que você me perdoe por todas as ofensas, humilhações, por tudo. Eu sou o seu irmão mais novo, é deveria ser uma pessoa boa pra ti.

ALINE: (Abalada) Por que isso agora? Só agora? Eu sempre tentei me aproximar de você, sempre. Mas algo impedia, e eu tentava de verdade...

VICENTE: (Limpando as lágrimas) O nosso pai morreu, e a gente não pode deixar a nossa irmandade, mesmo que seja pouca, também morrer. (Pegando nas mãos de Aline) Eu prometo que vou te tirar daqui, e não vou medir esforços. E prometo também, que eu vou empenhar muito, para sermos irmãos... Só que dessa vez, irmãos de coração!!

ALINE: (Chora) Por favor, eu só quero a minha liberdade...

Através das grades, Vicente estica seus braços, tentando abraçar Aline. Close nos dois, se tocando, ambos emocionados.

Corte para:

CENA 05 / HOSPITAL / QUARTO / INT. / NOITE /

Ainda abalada com a perda de seu filho, Lívia deitada de lado, chora em silêncio. Ao seu fundo, com a câmera focando na mesma e na porta se abrindo, onde aos poucos, Carla adentra ao quarto de Lívia, sem que ela a veja.

LÍVIA: Eu tô bem, não tô precisando de ajuda.

CARLA: (Retraída) Sou eu, Lívia.

Arregalando os olhos, ao perceber a presença de sua mãe, Lívia continua na mesma posição, de costas para Carla, que se aproxima mais da filha, pronta para toca-la.

CARLA: (Estendendo as mãos) Eu fiquei sabendo que/

LÍVIA: (Corta/Nervosa) Tire as suas mãos de mim!!

Assustada, Carla tira as mãos de Lívia, dando um pequeno passo para trás.

CARLA: Lívia, eu tô aqui pra te dar apoio, eu não quero brigar, não quero continuar o que tava rolando antes, eu só quero te abraçar, te confortar...

LÍVIA: Mas eu não quero!! O que disse ainda tá valendo, Carla. Eu não suporto você, eu não suporto o seu toque, muito menos essa sua falsa consideração comigo. Eu não quero nem olhar pra sua cara!

CARLA: (Chora) Isso não é hora, filha...

LÍVIA: Filha? Que filha? Você só tem um, e é o Renan, que aposto que tá lá fora. É com ele que você tem que se empenhar, porque sempre foi ele que você dedicou a sua vida.

CARLA: Nada do que você falar agora, vai fazer a minha raiva crescer.

LÍVIA: Você nem veio aqui por mim, veio porque deve saber que eu perdi o meu filho. (T) O tempo que eu precisei de você, foi a mais de dez anos, agora, você é dispensável! (Em alto tom) Agora, some daqui, antes que me faça piorar, o que deve ser uma alegria pra você.

CARLA: (Chorando) Não faz isso, Lívia, eu/

LÍVIA: (Grita) FORA DAQUI!!

Carla se assusta ainda mais com o grito de Lívia, que não esboça reação. Sem chão, ela vai saindo do quarto da filha, completamente abalada. Neste mesmo instante, Lívia olha fixamente para o nada, com os olhos marejados.

Corte rápido de cena, onde Carla, chegando completamente abalada na recepção do hospital, é amparada por Renan, que logo a abraça.

RENAN: (Preocupado) O que foi, mãe?

CARLA: (Chora) Ela nem olhou pra mim...

Caindo no choro, Renan abraça ainda mais forte sua mãe, que se sente segura nos braços do filho, que também se emociona.

Corte rápido para:

CENA 06 / APARTAMENTO / INT. / NOITE /

Abrindo a porta, Simone se depara com Fábio, sorrindo.

SIMONE: Aonde você tava?

FÁBIO: Em casa, uai. Eu lá iria saber se o seu filhinho taria aqui?!

SIMONE: (Empolgada) Ela perdeu... Ela perdeu o bebê!

Simone pula de alegria em cima de Fábio, que a entra com ela no colo, fechando a porta.

FÁBIO: Achei que você queria ela morta também.

SIMONE: Querer, eu queria, mas o essencial, era a vagaba perdendo o pequeno Maurinho. (T) Mas agora meu amor, tudo vai cair nas mãos do Vicente, tudo!! (Animada) A Empresa Dutra é nossa!!

Gargalhando, Simone beija o pescoço de Fábio, que ainda a segura no colo, a levando para o quarto.
Corte de cena rápido, onde Fábio joga Simone na cama, toda maliciosa.

SIMONE: (Grita) TIRA, TIRA, TIRA TUDO, TUDO MESMO!! (T) HOJE A NOITE É DE PRAZER!!

Rapidamente tirando a blusa e a calça, ficando de cueca preta, Fábio fica sobre Simone, que o beija. Os dois se agarram intensamente na cama. A imagem vai se escurecendo e abafando ao som de prazer de Simone...

Corte para:

DIAS DEPOIS...

CENA 07 / HOSPITAL / QUARTO / INT. / MANHÃ /

Dia ensolarado, close no prédio do hospital, onde a imagem vai adentrando, chegando até o quarto de Lívia, onde está sentada na cama, tomando o seu café. A enfermeira abre a porta.

ENFERMEIRA: Com licença Lívia, como a senhora ultimamente recebeu duas visitas que não te fizeram bem, eu preferi vir aqui te avisar, quando tiver. (T) Tem uma pessoa querendo falar com você.

LÍVIA: Mas não é possível, quem será que veio me amolar dessa vez?!

Corte de cena, onde Vicente, segurando uma bolsa de trabalho, entra no quarto, fazendo Lívia revirar os olhos.

LÍVIA: Eu já vou logo te dizendo, que só deixei você entrar, porque já tá um saco ficar aqui, talvez olhando pra sua cara, eu iria me divertir. Mas já vi que me enganei, então já sabe né...

Calado, Vicente vai se aproximando de Lívia, colocando a bolsa sobre a mesma cama em que ela está, retirando alguns papéis.

LÍVIA: Que isso aí?

VICENTE: (Segurando os papéis) Isso aqui, é um documento válido, que com uma assinatura minha, toda as minhas ações da empresa iriam pra você.

LÍVIA: (Assusta) O quê?!

VICENTE: Eu sei que foi você quem tramou pra Aline ser presa, e não precisa negar.

LÍVIA: Eu não assumo esse b.o!

VICENTE: Sei também que o seu maior desejo agora, é ter a Empresa Dutra. Pois eu quero fazer uma proposta, bem tentadora por sinal. Se você tirar a Aline da cadeia, até amanhã a noite, eu passo tudo pra você. (T) Vai aceitar?

Pensativa, Lívia demora um pouco pra dar uma resposta para Vicente.

LÍVIA: Deixa eu ver se entendi: Você, que odeia a Aline, sua irmã, vai repassar todas suas ações pra mim, e de graça, pra salvar a pele dela? (Ri) Que isso? É pegadinha? Cadê as câmeras?

VICENTE: Eu tô tentando concertar os meus erros, e com ela que eu pretendo começar. Os documentos já foram assinados, como você pode ver.

Vicente entrega os papéis para Lívia, que confere, vendo que realmente estão assinadas.

VICENTE: As ações já são suas, mas tem uma cláusula de prazo de um dia, onde eu posso desistir da negociação. Se a Aline não for solta, você perde a Empresa, já que perdeu o seu filho...

Lívia ainda encarando os papéis, olha para Vicente, mudando sua feição.

LÍVIA: A drogada solta, a Empresa é minha? (T) Vou pensar...

VICENTE: Pense rápido, mas rápido mesmo, porque eu cancelo qualquer momento!!

Deixando tudo com Lívia, Vicente vai saindo da sala, deixando Lívia um pouco empolgada com a notícia. Fazendo um pequeno esforço, ela abre uma das gavetas ao seu lado, pegando o celular, logo discando.

LÍVIA: (Cel) Alô, sou eu! (T) Dá pra vir me buscar nessa porcaria de hospital?!

Corte rápido para:

CENA 08 / UBER / INT. / MANHÃ /

Sentadas no banco de trás, estão Lívia e Priscilla.

LÍVIA: (Cont.) Ah, e obrigado por ter ido me ver no hospital, adorei a sua consideração.

PRISCILLA: Eu te liguei até dizer chega, e ninguém atendia.

LÍVIA: (Nervosa) Claro, eu tava numa cama de hospital!!

PRISCILLA: Eu sinto muito pelo bebê... Sei que ele era muito importante pra você!

LÍVIA: (Olhos marejados) Tudo culpa dela... Da Simone. Foi aquela velha desgraçada que mandou me atropelar. Mas o dela vai chegar, cê vai ver...

Lívia limpa suas lágrimas, mas logo mudando seu foco para outra coisa.

LÍVIA: Mas eu tenho muito pra pensar ainda, principalmente de um jeito de tirar a drogada da cadeia.

PRISCILLA: Pra que vai tirar ela de lá?

LÍVIA: (P/ Motorista) Pode parar ali em frente! (P/ Priscilla) Porque o almofadinha do Vicente, me ofereceu as ações dele, pra livrar a drogada de lá. Sem o meu filho, eu perco todos os direitos que eu nem usufrui.

PRISCILLA: Mas como você vai fazer isso?

LÍVIA: Não sei, mas preciso arrumar um jeito. (T) Paga ele aí.

Lívia, com um pouco de dificuldades, desce do carro, batendo a porta. Ao se aproximar do portão de entrada da Mansão, ela se depara com Josué, parado, vindo em sua direção.

JOSUÉ: (Apreensivo) Eu precisava falar com você, antes de fazer o que tenho que fazer. (T) Eu vou me entregar pra polícia, mas eu não vou sozinho, você vai junto e dizer que a culpa é sua, da Aline estar presa!!

Close no rosto sem reação de Lívia.

Corte rápido para:

CENA 09 / MANSÃO DUTRA / SALA / INT. / MANHÃ /

Se sentando ao sofá, com Josué ao seu lado, ainda demonstrando estar angustiado, nervoso.

JOSUÉ: (Cont.) Tá sendo horrível pra eu saber, que a Aline tá presa, mesmo que eu seja culpado indiretamente.

LÍVIA: (P/Priscilla) Prepara um café ou alguma bebida pra ele, Pri. (P/Josué) E o que te faz achar que eu seja a responsável?

Neste momento, Priscilla vai para a cozinha. A cena continua em Lívia e Josué.

JOSUÉ: (Nervoso) O que foi encontrado com ela, é a mesma coisa que eu te vendi. Eu deveria saber que você não prestava e seria capaz de tudo pra ferrar a Aline.

LÍVIA: Sabe de onde eu tô vindo, Josué? Do hospital! (T) Eu fui atropelada e perdi o meu filho. Acha que tá sendo fácil pra mim agora ter que ouvir isso de você? Que vai me entregar pra polícia? (Emociona) Olha pra mim, olha bem, meus braços, meu rosto, tudo machucado, a dor que eu sinto...

JOSUÉ: Eu sinto muito, mas/

LÍVIA: (Corta) Mas nada! Você tem alguma prova que foi eu que incriminei a drogada?

JOSUÉ: Não tenho, mas imagina só, eu apenas citar o seu nome na delegacia, sendo que você pode estar envolvida na morte do Mauro. Se mentiu uma vez, pode ter mentido outras vezes, principalmente no depoimento...

Neste instante, Priscilla chega com duas xícaras de café, as colocando na mesa.

LÍVIA: Você não veio até aqui, apenas pra dizer que vai se entregar, e envolver o meu nome. Veio aqui, com segundas intenções... Quanto você quer, Josué?

JOSUÉ: Eu não quero nada, só quero/

LÍVIA: (Interrompe/Direta) Cem mil reais, o que acha? É o suficiente pra você se entregar e não envolver o meu nome?

JOSUÉ: (Gagueja/Surpreso) Cem... Cem mil?

LÍVIA: Tenho certeza que você teria que passar anos de sua vida, vendendo drogas pra chegar nesse valor, e tendo que juntar ainda. (T) Olha, se você pensar bem, seria um bom negócio. Você iria se entregar de um jeito ou de outro, por peso na consciência, que é uma das coisas que eu tento não ter. Só que sem ter vindo aqui, você quando sair da prisão, que provavelmente não será por muito tempo, já que é o Brasil, teria nada, zero! Se aceitar o meu dinheiro, sem envolver o meu nome, seria um homem que digamos... Bem de vida. É pegar, ou lagar...

Josué fica pensativo, diante do que foi dito por Lívia.

JOSUÉ: Realmente acha que eu vou comprar a liberdade da minha amiga, pra não te envolver?!

Corte para:

CENA 10 / SORVETERIA / EXT. / MANHÃ /

Sentados em um mesa, tomando uma casquinha de sorvete, Renan e Vicente conversam.

RENAN: (Cont.) Cê tá parecendo nervoso com alguma coisa, o que houve?

VICENTE: Eu tô pensando muito numa coisa aqui que eu vou fazer. Eu não tive a coragem de ir dormir em casa e ver a minha mãe lá.

RENAN: O que você pretende?

VICENTE: Não quero falar agora, mas é sério.

RENAN: Seja o que for, faça o certo, não erre outra vez...

Corte rápido para:

CENA 11 / APARTAMENTO / INT. / MANHÃ /

Abrindo a porta, Vicente logo se depara com Simone, de saída.

SIMONE: (Nervosa) Isso é hora de chegar, Vicente?

VICENTE: (Sério) Eu não te devo mais satisfações..

SIMONE: (Estranha) Que isso, pirou?

VICENTE: Você teve a coragem de mandar atropelar a Lívia, e fazer ela perder o bebê pra me colocar na presidência?

SIMONE: Eu? Eu nunca faria isso.

VICENTE: (Grita) PARA DE MENTIR!! CHEGA!! (T) Cê tem a noção da gravidade que você fez? Não me interessa como a Lívia estaria, mas ela carregava uma criança, que seria meu irmão ou irmã!!

SIMONE: (Ri) Desde quando você se importa se tem irmã?

VICENTE: Desde agora. A Aline tá presa, sabia? Mas não por muito tempo, já que quem colocou ela lá, foi a Lívia.

SIMONE: (Surpresa) A ninfeta colocou a sua irmã na cadeia? Mas ela é pior do que eu imaginava!

VICENTE: Mas não é pior que você, mãe... Suas mãos estão cheias de sangue, estão/

SIMONE: (Corta/Nervosa) Por favor né Vicente, pra que toda essa compaixão agora? Tá frouxo, é?

VICENTE: Eu sempre fui frouxo. (T) Frouxo por sempre ir na sua ladainha, de cair no seu papo furado, e sempre me afundar. Mas agora, eu pretendo mudar tudo. A começar pela minha irmã, que a senhora fez tanta questão que eu a odiasse. Eu repassei minhas ações para a Lívia, pra tirar ela da cadeia.

SIMONE: (Assusta) O quê?! Tá me dizendo que... (Incrédula) NÃO, NÃO É POSSIVEL QUE VOCÊ FEZ UMA BURRADA DESSA, VICENTE!!

VICENTE: O que cê chama de burrada, eu chamo de amor, de amor de irmão. (T) Eu sou um homem apaixonado agora, mãe...

SIMONE: (Ri) Apaixonado? Isso lá é coisa de homem! (T) Apaixonado por quem, meu Deus?!

Vicente respira fundo, com os olhos cheios de lágrimas.

VICENTE: (Emocionado) Pelo Renan... Eu estou apaixonado por ele!!
Incrédula, Simone fica sem palavras diante a revelação de Vicente, soltando algumas risadas de nervoso.

SIMONE: O que você disse? Eu não ouvi direito...

VICENTE: (Direto) Eu tô apaixonado pelo Renan, o filho da Carla!

Simone acerta um forte tapa no rosto do filho, que não esboça reação.

SIMONE: Que joguinho é esse, que eu não tô gostando! É pra me provocar?

VICENTE: Eu amo ele...

Simone acerta outro tapa em Vicente, que Insite em dizer.

VICENTE: (Sério/Grita) PODE BATER, QUE ESSA É A MAIS PURA VERDADE!!

SIMONE: (Grita) PARA, PARA, PARA, PARA!!

Deferindo vários tapas e murro sobre Vicente, Simone vai pra cima do filho, descontando sua raiva e frustação sobre ele, que a segura forte, a controlando. Close em Simone, chorando.

SIMONE: (Chorando/Sendo segurada) Isso não é verdade... você não pode acabar com a sua vida assim...

VICENTE: (Olhos Marejados) Eu não acabei com nada, eu estou revivendo novamente! (T) Você que acabou com o resto de dignidade que tinha, tantando matar a Lívia pra me dar a Empresa...

SIMONE: A MINHA VIDA TODA FOI PENSANDO EM TI!! (T) Pensando seu bem querer... E vem me dizer que tá apaixonado por um outro homem? O filho da Carla? QUE NOJO!! (T) Se eu soubesse que meu filho, além de frouxo, viraria viado, eu teria abortado antes mesmo de nascer, e inventado outra gravidez pra segurar o Mauro!!

VICENTE: (Assuta) O que você disse?

SIMONE: (Limpandos as lágrimas/Séria) É isso aí, hoje você só tá aqui porque eu usei a minha gravidez pra manter o Mauro ao meu lado e o meu casamento. Se não fosse preciso, eu nem perderia o meu tempo em ficar grávida. Fui mãe obrigada, pra ter o dinheiro do Mauro no meu bolso.

VICENTE: (Chora) Cê é cruel... É ridícula! Mulheres como a senhora, deveriam perder o direito de ser mãe...

SIMONE: Eu desejei você nunca ter nascido...

VICENTE: (Aplaudindo ironicamente) Parabéns mamãe, seu desejo vai se tornar realidade vinte e três anos depois! (T) Eu estou indo embora desse apartamento, junto com os cinco milhões que eu roubei, lembra?

SIMONE: Esse dinheiro é nosso!!

VICENTE: É meu!! (T) Eu roubei, então infelizmente terei que ficar com ele... Já você, quis tanto me ter na presidência da Empresa Dutra, e ficar nadando em rios de dinheiro, não vai ter nem um e nem outro! Se a Lívia soltar a Aline da cadeia, tudo volta pras mãos dela novamente, a Empresa, a mansão que já era dela... E a senhora vai ter que se contentar com uma mísera pensão mensal, pra sobreviver!

SIMONE: (Clama) Não faz isso, Vicente, meu custo de vida é alto, eu não posso viver assim!!

VICENTE: (Por cima) E eu não posso viver ao seu lado... Adeus, Simone!!

Assustada, Simone vê Vicente saindo do apartamento, apressado. Ela tenta ir atrás do seu filho, que nessa altura, já desceu. Desesperada, ela começa a andar de um lado pro outro, com as mãos a cabeça, dando um alto grito de raiva.

SIMONE: (Grita/Histérica) INFERNO!! DESGRAÇAAAAADOS!!

Close em Fábio, saindo do quarto, se aproximando de Simone.

FÁBIO: Eu ouvi tudo, e acho/

SIMONE: (Corta/Direta) Você vai matar a Lívia, e rápido!! Só assim a Empresa volta pras mãos daquele imbecíl...

FÁBIO: Mas você ouviu que ele não quer mais assumir a Empresa, e principalmente se isso acontecer, você não vai fazer parte de nada.

SIMONE: (Maléfica) Como não vou? Com a desgraçada da Lívia morta, a Empresa vai pra ele. Imagina só, se acontece algo tão triste com meu filho querido, e ele não estará mais aqui pra contemplar os desfrutes da empresa, quem seria o próximo a assumir? A drogada da Aline, o que não seria difícil sumir com ela do mapa... Aí resta quem? (T) Eu, Simone Dutra!! (Olhos fixados) Essa empresa será minha... MINHA!!

Corte para:

CENA 12 / DELEGACIA / INT. / TARDE /

Recebendo alguns telefones, o detetive Ferreira entra na sala do delegado.

FERREIRA: Senhor, tem um rapaz aí, querendo falar com você, dizendo que quer se entregar...

MOREIRA: Mande ele entrar!

Corte rápido de cena, onde já na frente do delegado, sentado, Josué conta a sua participação na prisão de Aline.

DELEGADO: (Cont.) Então você, amigo da moça, é responsável pela prisão dela.

JOSUÉ: Eu não imaginei que ela seria parada pela polícia, por isso que antes dela viajar, eu combinei com um dos caras que deixaria algumas drogas na bolsa dela, sem ela saber...

DELEGADO: Quem são esses caras?

JOSUÉ: Eu não quero dizer!

DELEGADO: Você agiu sozinho?

Josué fica pensativo diante a pergunta do delegado...

FLASHBACK ON:

JOSUÉ: Realmente acha que eu vou comprar a liberdade da minha amiga, pra não te envolver?!

LÍVIA: Então não vai querer?

JOSUÉ: Não... Eu aceito. Tô precisando de grana, e é por um bem maior, pela Aline!

FLASHBACK OFF.


JOSUÉ: Sim, foi apenas eu...

MOREIRA: Então tá certo, cê tá preso!! (P/Ferreira) Leva o moço aí pra cela, vai passar um bom tempinho lá!

Josué se levanta, esticando suas mãos, onde Ferreira coloca as algemas. Close em Josué, com os olhos em lágrimas.

Corte rápido para:

CENA 13 / DELEGACIA / CELA / INT. / TARDE /

Um dos polícias se aproxima da cela de Aline, que está sentada no canto ao chão.

POLICIAL: Ei mocinha, pode vir que cê tá solta!

ALINE: (Levanta assutada) Solta? Eu vou sair daqui?

Corte rápido de cena, onde Aline, saindo da delegacia, livre, vai descendo as escadas, e ao ver novamente a luz do dia, ela se depara com Vicente, de longe, a esperando. Seus olhos encham-se de lágrimas.

ALINE: (Emocionada) Obrigada...

Aline corre em direção a Vicente, o abraçando. Os dois se emocionam com o reencontro e o abraço, criando um novo elo.

VICENTE: Agora você é uma mulher livre... LIVRE!!

Novamente, os dois se abraçam, pela primeira vez, como irmãos.

Corte para:

CENA 14 / MANSÃO DUTRA / INT. / TARDE /


No corredor, vestindo um roupão branco, Lívia fica de frente a porta do banheiro, onde Priscilla sai.

PRISCILLA: Prontinho, já preparei a banheira pra um descanso bem relaxante, com alguns sais de banho.

LÍVIA: Obrigada. (T) Quero desestressar, esquecer de problemas, tudo! Tô tão cansada... Mas, amanhã tudo volta ao normal. Eu no comando da Empresa, e o resto que se foda!!

PRISCILLA: A nova empregada ainda não chegou, então vou preparar um jantar pra gente, bem calmo. Tá?

Lívia sorri para Priscilla, que se afasta. Entrando ao banheiro, deixando a porta entreaberta, Lívia retira o seu roupão, ficando nua, com algumas marcas do atropelamento pelo seu corpo. Ao entrar na banheira, ela deita sobre a água relaxante, encostando sua cabeça no canto da banheira, onde ela fecha os olhos lentamente.

Corte de cena rápido para Priscilla, na cozinha, abrindo a geladeira, como se estivesse procurando algo. Sua atenção é desviada, quando ouve o interfone da Mansão. Ela vai até o telefone do interfone, atendendo.

PRISCILLA: (Tel) Quem é? (T) Da manutenção? Não tivemos agendamento nenhum. (T) Ah, é mensal? (T) Já que tá aqui, pode entrar. Vou liberar sua entrada!!

Colocando o telefone de volta ao gancho, Priscilla vai passando pelos cômodos da casa, indo até a porta de entrada, a abrindo. Alguns segundos depois, chegando na porta de entrada, aparece Fábio, com roupas pesadas, e com uma maleta de ferramentas nas mãos.

FÁBIO: Boa tarde, senhorita! Posso entrar?

PRISCILLA: Claro. Faz o que você tem que fazer, mas não faz muito barulho, porque minha amiga passou por um momento turbulento, e tá relaxando agora na banheira.

FÁBIO: Pode deixar, eu serei silencioso...

Priscilla fecha a porta, voltando para a cozinha. Close em Fábio, com um olhar fixo, andando pela sala, chegando na escada, onde lentamente ele sobe.

Corte para:

CENA 15 / CASA DE CARLA / INT. / TARDE /

Chegando do mercado, com algumas sacolas nas mãos, Carla as põe na mesa. Passando pela sala, ela se depara com Lurdinha, dando pequenos passos, ao lado da enfermeira.

LURDINHA: (Animada) Olha, amiga... Eu tô andando!!

Dando mais três passos, Lurdinha consegue chegar até Carla, sem a ajuda da Enfermeira, que fica feliz ao ver o progresso da amiga.

CARLA: (Animada) Eu disse que você iria conseguir, não disse?!

ENFERMEIRA: Ela se empenhou muito nesses últimos dias, foi muito valente. Parabéns, Lurdinha!

CARLA: De tudo que me anda acontecendo, essa foi a melhor que coisa que eu poderia estar vendo.

Emocionada, Lurdinha abraça Carla, ainda com um pouco de dificuldades, que se alegra.

Corte rápido para:

CENA 16 / MANSÃO DUTRA / INT. / TARDE /

No corredor, Fábio dá alguns passos lentos, olhando para os lados. Ao se aproximar da porta do banheiro, percebendo estar entreaberta, ele a abre aos poucos, fazendo um pequeno barulho, e de longe, vendo Lívia, dormindo na banheira. Fábio coloca sua maleta de ferramentas no chão, cuidadosamente pra não fazer barulho. Ao entrar no banheiro, ele se aproxima ainda mais da banheira e de Lívia, que não percebe sua presença, ainda dormindo.
Levantando as mangas da blusa, Fábio curva suas costas, levando suas mãos a cabeça de Lívia, que no impulso, ele a empurra para baixo, que automaticamente se assusta, começando a debater, se afogando. Sem nenhum pudor, Fábio continua a empurrar a cabeça de Lívia para baixo, que tenta de todas as formas se soltar. Juntando todas suas forças, Lívia consegue tirar sua cabeça da água por alguns segundos.

LÍVIA: (Grita/Ofegante) SOCOOOOOORROOOO!!

Fábio afunda novamente a cabeça de Lívia na banheira, que novamente se afoga, continuando a se debater. 

FÁBIO: (Irritado) POR QUE VOCÊ NÃO QUER MORRER?!

Close em Fábio, afogando Lívia, onde a imagem foca nos dois, se congelando em Branco.

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