Divergentes - Capítulo 21 (Últimas Semanas)

segunda-feira, março 30, 2020


DIVERGENTES


Novela de Raffa Lins


CAPÍTULO 21


CENA 01 / APARTAMENTO / INT. / NOITE /

Chegando apressada em casa, ao lado de Fábio, que mostra estar confuso, Simone entra eufórica, trêmula.

FÁBIO: Dá pra você falar o que tá acontecendo, Simone?

Sem responder, Simone pega o controle da televisão, a ligando.

LOCUTOR: (Off/Cont.) O corpo de Mauro Dutra, dono da empresa Dutra, um dos empresários mais ricos do país, foi encontrado morto, no chão de sua cozinha. A polícia não tem pistas ainda do assassino de Mauro, mas já abrem investigações. O corpo de/

Desligando a televisão, Simone encara Fábio, sem reação.

FÁBIO: (Incrédulo) O cara tá morto? Como assim?

SIMONE: Eu não sei nem o que fazer agora, eu preciso encontrar o Vicente, e rápido!

FÁBIO: Mas pera aí, essa morte do cara, te ajuda em algo? Em dinheiro?

SIMONE: (Séria) Eu não sei!! Mas eu preciso do Vicente aqui!!

Neste instante, um pouco abalado, Vicente entra no apartamento, para alívio de Simone, que vai até ele.

SIMOME: (Nervosa) Aonde você tava, garoto?

VICENTE: (Abalado) Eu fui atrás de você, pra ver se estava tudo bem. Eu perdi a senhora de vista, e agora a pouco, acabo de saber que o meu pai foi assassinado... Você encontrou com o pai antes de morrer, mãe?

SIMONE: (Estranha) Tá achando que foi eu quem matou o Mauro?

VICENTE: Eu ainda não tô achando nada, mãe. Eu tava te seguindo, até que perdi você de vista, e depois/

SIMOME: (Por cima) E depois eu fui na casa do Fábio, falar com ele. Eu nem vi seu pai hoje, muito menos o matei. (T) E você, Vicente, na onde você foi? Depois que me perdeu de vista, achou que eu fui pra mansão, e seguiu o caminho?

VICENTE: Eu não fui até lá, parei em um bar, pra beber um pouco...

SIMONE: Tem como confirmar que você estava neste bar?

VICENTE: (Atordoado) Não sei, acho que não...

SIMONE: Eu também não posso usar o Fábio como meu álibi.

VICENTE: Quem é ele?

FÁBIO: Eu sou/

SIMONE: (Interrompe) Não interessa quem é ele. (T) A polícia vai vir até a gente, fazer várias perguntas. Nós não saímos deste apartamento por hipótese alguma. Ficamos a noite toda, assistindo um filme, como mãe e filho. Ficou claro?

Vicente sai da frente de Simone, indo até o sofá da sala, se sentando, com as mãos na cabeça.

SIMONE: (Rude) Ficou claro, Vicente?!

VICENTE: (Derramando algumas lágrimas) Ficou...

Corte para:

CENA 02/ CASA DE CARLA / SALA / INT. / NOITE /

Abraçada com Renan, Carla adentra em sua casa, chegando até a sala, se deparando com Lurdinha.

LURDINHA: Eu soube agora o pouco o que aconteceu, você tá bem?

CARLA: (Olhos lacremejando) Esse é o pior dia da minha vida!

Caindo ao choro, Carla continua abraçada com Renan, tentando lhe confortar. Lurdinha se aproxima dos dois, puxando Carla, que se abaixa, também lhe abraçando.

LURDINHA: Vai ficar tudo bem, amiga...

RENAN: (Cabisbaixo) Acontece mãe, infelizmente.

CARLA: (Séria) Não acontece não, não é nada normal. O Mauro foi assassinado, Renan. Me admira você não ter nenhuma compaixão por este momento...

Close em Renan, sem ter resposta.

Corte para:

CENA 03 / MANSÃO VASCONCELLOS / COZINHA / INT. / MANHÃ /

Tentando parecer calma, Beatriz arruma a lancheira do filho. Ao se virar, ela se depara com Luana, com o uniforme da escola.

LUANA: O que foi mamãe, tá com essa cara?

BEATRIZ: (Nervosa) Acabou seu joguinho, Luana. A única coisa que te mantia nessa casa, era esse meu segredo que você sabia. Agora, nada vai me impedir de te mandar pro quinto dos infernos, que lá é o seu lugar!!

LUANA: Mamãe, a senhora tá ficando um pouco louca... tá bem?

BEATRIZ: (Grita) NÃO ME CHAME DE MAMÃE!!

Beatriz acerta um forte tapa no rosto de Luana, que cai ao chão, com as mãos ao rosto, aparentando dor.

BEATRIZ: (Rude) Desgraçada, já tinha tempos que eu tava querendo fazer isso com você. (T) Eu vou juntar as suas coisas, e te levar de volta ao orfanato, que lá, eles cuidam de você, peste!

LUANA: (Fingindo choro) Eu só sou uma garotinha, que só quer ter uma família...

BEATRIZ: (Grita) CALA A BOCA!! SENÃO EU ACABO COM VOCÊ, E TE DOU UMA SURRA!!

Aos poucos Luana vai se levantando do chão, se escorando na mesa, trêmula.

LUANA: (Em prantos) Eu adorei quando a Beatriz e o Sidney me adotaram, eu imaginei ter uma família. Mas a Beatriz, escondeu coisas do Sidney que o deixou furioso, abalando um pouco a estrutura da família. O meu irmãozinho Dan não é filho legítimo do Sidney, e sim o Mauro, o homem que foi assassinado nesta noite. O papai saiu de casa ontem transtornado, a ponto de cometer uma loucura. Eu tenho medo que ele tenha matado esse homem, por raiva... (Séria/Limpando as lágrimas) Essa é a prévia do que eu tenho pra falar pro delegado, sobre o que aconteceu aqui ontem!

BEATRIZ: (Assutada) Meu Deus, você é perversa, é louca.

LUANA: Infelizmente Beatriz, a gente chega a certo ponto pra se manter. (T) Quer tanto ter a sua família de volta, mas como? A qualquer momento, a polícia pode bater aqui, pronta pra prender o papai.

BEATRIZ: (Grita) SAI DA MINHA FRENTE!!

LUANA: Coitado do Dan, eu infelizmente terei que falar a ele, que seu verdadeiro pai foi assassinado, e que o principal suspeito, é o homem que ele sempre chamou de pai. (T) Um morto, e o outro preso. Você que escolhe, Beatriz, o que é melhor pro Dan?

Close em Beatriz, sem palavras.
Corte para:

CENA 04 / KITNET / INT. / MANHÃ /

Saindo do banho, enrolada em uma toalha, Lívia abre algumas gavetas do armário, procurando algumas roupas.

LÍVIA: Cadê aquela roupa social que você comprou?

PRISCILLA: Tá aí, na última gaveta. (T) Aonde cê vai?

LÍVIA: (Pegando a roupa) Vou resolver umas coisinhas, algo que vai mudar tudo!

PRISCILLA: Cê tem noção de como vai ser partir de agora, com o Mauro morto?

LÍVIA: Eu tenho muita dúvida ainda, por isso, preciso estar bem formal hoje.

Priscilla se aproxima de Lívia, atenciosa.

PRSICILLA: Tá tudo bem, amiga?

LÍVIA: (Abalada) Meu marido morreu horas depois do nosso casamento... Mas, está tudo bem sim, eu vou aguentar.

Corte para:

CENA 05 / APARTAMENTO / INT. / MANHÃ /

Vicente entra no quarto de Simone, a acordando.

SIMONE: (Séria) O que foi agora, Vicente?

VICENTE: Só vim te avisar que eu tô saindo. Sei que ainda é tudo muito recente, mas marcaram uma reunião com os acionistas da empresa, e mesmo eu afastado, com a morte do pai, eu tenho a maior porcentagem de ações.

Simone rapidamente se levanta da cama, animada, indo até Vicente.

SIMONE: (Perplexa) Você tá dizendo que provavelmente irá assumir a Empresa Dutra?

VICENTE: Provisoriamente sim.

Empolgada com a notícia, Simone abraça Vicente, que não esboça reação.

SIMONE: (Alegre) Que Deus me perdoe, mas essa morte do seu pai, vai nos ajudar tanto!!

VICENTE: Nunca mais diga isso!!

Close em Simone, desfazendo o seu sorriso.

Corte rápido para:

CENA 06 / EMPRESA DUTRA / ESCRITÓRIO / INT. / MANHÃ /


Passando pela recepção, Vicente vai indo em direção à sala de Mauro, mas é parado por Sabrina, a secretária.

SABRINA: (Retraída) Vicente! Eu sinto muito pelo seu pai.

VICENTE: Obrigado Sabrina. Eu vou lá na sala dele, e já já volto para a reunião.

SABRINA: Tudo bem. Mas já tem alguém na sala do Mauro.

VICENTE: (Estranha) Tem? Quem?

Corte rápido de cena, para Vicente, abrindo a porta da sala, logo se deparando com Lívia, sentada na cadeira, com os pernas cruzadas em cima da mesa.

VICENTE: Você aqui?

LÍVIA: Eu mesma! Surpreso?

VICENTE: Surpreso não, até porque, não dava pra esperar muito da mulher que vem na empresa do falecido, antes mesmo do corpo esfriar. Essa é você!

LÍVIA: (Cínica) Que foi? Tá triste porque eu cheguei primeiro? Olha, até nisso eu ganho de você.

VICENTE: O que me admira, é a sua cara de pau de vir até aqui, depois do que aconteceu. O Mauro morreu, mas morreu sabendo a pessoa mentirosa, descarada, perversa que você é.

LÍVIA: Coitado, né? Mas fazer o que, faz parte!

VICENTE: A única coisa que você não faz parte aqui, é nessa empresa. Então, cai fora, antes que eu/

Vicente é interrompido com a entrada de Sabrina na sala, o chamando.

SABRINA: Vicente, a reunião já começou, estão esperando por você!

VICENTE: Claro, tô indo. (T) Leva essa moça pra fora, acho que ela se perdeu aqui dentro.

LÍVIA: (Debocha) Vai logo, Vicente. Capaz de você perder a melhor parte dessa reunião...

Vicente sai da sala, junto com Sabrina.
Close em Lívia, que se levanta, indo até a porta, com um longo sorriso no rosto.

Corte rápido para:

CENA 07 / EMPRESA DUTRA / REUNIÃO / INT. / TARDE /

Com a reunião em andamento, com César dando a iniciativa, todos os acionistas da empresa, no total de cinco pessoas, contando com Vicente, estão sentados, prestando atenção.

CÉSAR: (Cont.) Falado esses assuntos, vamos chegar no mais importante. (T) Infelizmente o Sidney, não atendeu as minhas ligações, e tá fora da reunião, mas o espaço dele será o mesmo de antes. Então, vamos lá. É comum que/

VICENTE: (Corta) Desculpa César em te intrometer, mas eu preciso falar algo...

CÉSAR: Vai em frente.

VICENTE: Não é novidade pra ninguém aqui, que eu vou me tornar o presidente provisório da Empresa Dutra, por ter o maior número de ações. Eu só queria deixar claro que, quando o Mauro tinha me desligado da empresa, ele não me tirou dos negócios, mesmo que nós não estávamos com boa relação. Mas eu prometo que, após eu assumir, farei questão de dar continuidade no trabalho perfeito que o meu pai estava tendo. (Abalado) Infelizmente ele não está mais aqui, pra continuar...

CÉSAR: Bonitas palavras, Vicente. (T) Agora eu vou ficar um pouco sem jeito, em te dizer que não é você que vai assumir a presidência provisória da empresa.

VICENTE: (Estranha) Como não? Eu tenho a maior parte das ações da empresa, e não só conta que eu sou filho do dono, como também, terei uma porcentagem das ações total dele, quando a herança for solta!

CÉSAR: Sim, cê tem razão, mas se você me deixasse terminar de falar, eu poderia explicar. (T) O Mauro, a um mês atrás, passou a metade das ações dele, que é de 70% para uma outra pessoa. Ele fez questão de fazer isso, pra garantir o bem estar.

VICENTE: (Sério) Pra quem ele passou?

CÉSAR: Pro filho dele, que agora tem 35% da empresa, se tornando o que tem a maior porcentagem dentre os que estão aqui dentro.

VICENTE: Mas o filho dele sou eu, César. Eu não estou te entendendo.

CÉSAR: Você não é o único, Vicente. O filho que eu me refiro, é ao bebê que ainda não nasceu. A esposa de Mauro está grávida, e ele passou os direitos para ele. (T) Como a criança ainda não nasceu, e só poderá assumir quando tiver dezoito anos, a nova/

VICENTE: (Pasmo) Não vai me dizer que...

CÉSAR: O novo presidente provisório, é a mãe da criança, que agora é a única guardiã legal, e aceitou em assumir a empresa.

Incrédulo, Vicente se mostra inconformado, enquanto César vai até a porta, acenando.

CÉSAR: (P/Todos) Essa é a nova presidente provisória da Empresa Dutra, pode entrar Lívia de Souza Dutra!

Lentamente, passando pela porta, com um grande sorriso no rosto, Lívia vai se aproximando da mesa, poderosa. Imagens alternadas entre ela e Vicente, que automaticamente se levanta, inconformado.

LÍVIA: (Séria) Boa tarde à todos! Acho que poucos me conhecem, mas meu nome é Lívia, a presidente da Empresa Dutra!! Alguém tem uma objeção a fazer?!

VICENTE: (Nervoso) Isso é alguma brincadeira, e de mau gosto. Não é possível que o idiota do meu pai, foi capaz de fazer isso, entregando a empresa nas mãos de uma garota desqualificada!!

LÍVIA: O homem que você chama de idiota, foi o mesmo que te tirou daqui, por roubo. (P/Todos) Não sei se o meu marido, que Deus o tenha, disse a vocês motivo do afastamento do filho dele. Vicente roubou e empresa, isso foi como uma facada nas costas dele, literalmente.

VICENTE: Tá querendo dizer alguma coisa?

LÍVIA: Não sei, me diz você! Achou mesmo que com a morte do seu pai, iria assumir isso aqui? Se você fez algo com ele, foi por água a baixo, porque o Mauro fez questão em me dizer, que não suportaria em ter o próprio filho, assumindo o seu lugar!

VICENTE: (Grita) MENTIROSA!!

Indo pra cima de Lívia, César rapidamente o segura, não o deixando se aproximar. Close em Lívia, curtindo a situação.

LÍVIA: (Em alto tom) ESSE É O RETRATO QUE VOCÊS QUEREM PARA A EMPRESA, SENHORES? UM RAPAZ, QUERENDO AGREDIR UMA MULHER GRÁVIDA?! (T) CHAMEM OS SEGURANÇAS, E TIRE ELE DAQUI!!

VICENTE: (Histérico) EU VOU TE DESTRUIR, DESGRAÇADA!!

Rapidamente, alguns seguranças entram na sala, onde Lívia aponta para Vicente. O segurando, eles vão tirando Vicente a força da sala, que tenta se soltar, sem sucesso.
Lívia observa a situação, rindo disfarçadamente.

CÉSAR: Tudo bem, dona Lívia?

LÍVIA: Tá sim, obrigada! (P/Todos) Eu sei que vocês estão olhando pra mim, desconfiados. Devem tá pensando: "Essa garota sabe o que tá fazendo?" E eu sei muito bem. Eu não cheguei aqui por acaso, muito menos na sorte. Se o Mauro confiou em dar a metade de suas ações para o meu filho, é porque ele sabia que eu seria capaz de guiar as melhores decisões por ele.

Todos na mesa mostram concordar com Lívia, a incentivando.

LÍVIA: Por homenagem ao meu marido, eu decreto luto de uma semana, pra todos presentes e também aos funcionários. (T) Eu agradeço por confiarem em mim... A reunião acabou!

Os acionistas se levantam, indo até Lívia, que cumprimenta todos, sorridente.

CÉSAR: Boa sorte. Se o Mauro confiou em você, quem somos nós pra ser contra!

César vai saindo da sala, deixando Lívia sozinha, passando suas mãos por toda sala, orgulhosa.

LÍVIA: (Direta) A mansão é minha, a empresa é minha... Agora, é tudo meu!!

Close no longo sorriso de Lívia, se sentindo realizada.

Corte para:

CENA 08 / APARTAMENTO / INT. / TARDE /

Chegando furioso, Vicente bate a porta ao entrar. Simone se aproxima do filho, estranhando.

SIMONE: Que isso, Vicente? Pra que esse nervosismo? Nem parece que tornou presidente da Empresa.

VICENTE: É exatamente por isso, eu não me tornei nada. Foi ela...

SIMONE: Ela quem?

VICENTE: A Lívia, ela que é a presidente. (T) Eu não acredito que o Mauro foi capaz de dar metade das ações pro filho dela...

SIMONE: (Surpresa) A ninfeta tá grávida?!

VICENTE: Tá! Por isso que ela vai assumir a empresa. Mãe, ela tá conseguindo tudo... Exatamente tudo!!

Nervoso, Vicente vai para o seu quarto, batendo a porta.
Close em Simone, irritada

SIMONE: Que ódio do Mauro... ÓDIO!!

Corte rápido para:

CENA 09 / EMPRESA DUTRA / ESCRITÓRIO / INT. / TARDE /
Agora, sentada em frente à mesa, como dona da Empresa, Lívia observa a porta se abrindo, vendo Priscilla entrando na sala.

PRSICILLA: Biscate, essa empresa tá a moscas, não tem ninguém aqui?

LÍVIA: Tem não, eu dispensei todos.

PRISCILLA: Mas quem tem esse direito, não é...

LÍVIA: Uhun, sou eu!!

PRISCILLA: (Surpresa) O quê?!

Animada, Lívia se levanta, rindo, indo até Priscilla.

LÍVIA: (Grita/Animada) ESSA PORRA É NOSSA... NOSSA!!

Dando gargalhadas, as duas pulam de alegria pela sala, se divertindo.

PRISCILLA: Biscate, você conseguiu/

LÍVIA: (Por Cima) Nós conseguimos. E mais, você junta suas coisas, porque tá na hora de sair daquele fundo do poço. Você vai morar comigo, na mansão!

PRISCILLA: (Entusiasmada) NA MANSÃO?!

LÍVIA: É claro, sem você, seria difícil conseguir tudo que eu tenho hoje. Tenho que repartir as coisas, te dando tudo que merece!

Priscilla abraça Lívia, emocionada.

PRISCILLA: Ter te conhecido, foi a melhor coisa da minha vida! (T) Obrigada...

As duas se encaram, emocionadas.

Corte rápido para:

CENA 10 / CASA DE CARLA / QUINTAL / EXT. / TARDE / 

CARLA: (Cont./Assustada) A LÍVIA? Como ela conseguiu isso?

RENAN: Pelo o que eu ouvi, o Mauro passou metade das ações pro filho dela. Como ela é mãe, ela exerce o direito dele, até completar dezoito anos.

CARLA: Não é possível, a Lívia vai parar aonde?

RENAN: Não sei, mas ela tá conseguindo tudo o que ela quer. Vai ser difícil alguém parar.

CARLA: Eu errei com ela, mas eu não pude imaginar que ela se tornaria cruel, podre! Ela não sabe o que tá fazendo, Renan, ela corre o risco de acabar com essa empresa.

RENAN: Então, muita gente trabalha lá, e se ela fazer algum errinho... Tantas pessoas vão se ferrar!!

LÍVIA: (Direta) Tão falando de mim?!

De surpresa, Lívia se aproxima dos dois, que se assustam ao verem ela.

CARLA: Como você entrou aqui?!

LÍVIA: (Com uma chave na mão) Eu esqueci de devolver essa chave, já que ela não tem importância nenhuma para mim!

Lívia se aproxima de Carla, entregando as chaves em suas mãos.

CARLA: Eu não sei o que/

LÍVIA: (Interrompe) Eu não vim falar com você, e sim com o Renan. Aliás, eu prometi a mim mesma que não pisaria mais os pés nesse lixo de casa. (P/Renan) Eu vim aqui te convidar pra ser o meu... Não sei como dizer... O meu ajudante.

RENAN: (Rindo) Ajudante? Tá maluca? Eu não vou fazer nada pra você!

LÍVIA: Então tudo bem, não tem problemas. Como eu ouvi você mesmo dizendo, que tem medo que eu possa prejudicar várias pessoas por não saber o que eu tô fazendo, e realmente não faço nem ideia de como tocar uma empresa pra frente, é certeza que eu vá fazer algo errado. Mas já que você não se importa...

Lívia vai saindo de casa, deixando Carla e Renan.

CARLA: Vai atrás dela, você não pode negar isso, filho. Não vai ser pela Lívia, e sim por diversos funcionários que não merecem se dar mal por causa das atitudes dela!!

RENAN: Tem certeza disso?

Acenando com a cabeça, concordando. Renan corre até Lívia, que neste momento, estava saindo pelo portão.

RENAN: (Grita) LÍVIA, ESPERA!!

LÍVIA: (Ri) O que foi, mudou de ideia?

RENAN: Eu aceito...

LÍVIA: (Sorrindo) Ótimo, não vai se arrepender!!

Corte para:

CENA 11 / DELEGACIA / SALA DE INTERROGATÓRIO / INT. / NOITE /

Começando a pegar os depoimentos, o Delegado Moreira ouve as pessoas próximas de Mauro.
Close em Aline, na sua frente.

ALINE: (Cont./Abalada) Depois daquele show de horrores que teve na cerimônia, eu fui sim atrás dele, mas eu demorei chegar, justamente porque no meio do caminho, queria deixar ele um pouco sozinho, pra pensar...

MOREIRA: Claro, dá pra entender. (T) Mas uma coisa me deixou curioso, você ao chegar na cena do crime, logo gritou pelo seu pai, como se já soubesse o que havia acontecido. Eu procurei saber, e ainda não tinham divulgado a morte do Mauro Dutra. Agora me responda, foi achismo seu, ou você já sabia?

ALINE: Você tá querendo me fazer como uma suspeita?

MOREIRA: Todos são suspeitos.

ALINE: Eu gritei pelo meu pai, porque me assustei ao ver a casa cercada de policiais. O único que eu tinha certeza que estaria lá, era ele. Quando eu dei de cara com aquele corpo no saco preto, só me vinha ele na cabeça! Isso é o suficiente pra você?!

O Delegado fica pensativo.

MOREIRA: Muito bem, pode ir, tá liberada!!

Aline pega sua bolsa, saindo da sala, séria. O detetive Ferreira encara Aline.

FERREIRA: E aí, o que achou?

MOREIRA: Muito convicta no que fala... (T) Pode mandar entrar o próximo!

Corte rápido de cena, para o Delegado interrogando outro suspeito.

MOREIRA: (Cont.) Aonde a senhora estava quando seu ex marido foi assassinado?

SIMONE: Em casa, com o meu filho, Vicente. Nós estávamos passando a noite juntos, vendo filmes.

MOREIRA: E como você soube da morte do Mauro?

SIMONE: Pela televisão.

MOREIRA: Se estavam vendo filmes, como foi parar em um canal de notícias? Seu ex marido era tão importante pra interromper um filme assim?

SIMONE: (Desconversa) Delegado, você pode até me achar maluca, mas antes de saber que o Mauro foi assassinado, o meu corpo se arrepiou de uma forma, que eu não tinha entendido. (T) Foi quando eu fui beber uma água, enquanto o Vicente procurava outra coisa pra assistirmos. Então, nós vimos a notícia...

MOREIRA: Eu não entendi porque a senhora acrescentou isso de ter se arrepiado, mas tudo bem, talvez esteja querendo me comover...

SIMONE: Por hipótese alguma! Só queria mostrar ao senhor que eu sentia algo antes de saber, me desculpe se/

MOREIRA: (Por Cima) Tudo bem, senhora. Está dispensada!

Simone se levanta, saindo da sala do Delegado.

FERREIRA: (Rindo) Essa aí tá se achando a paranormal...

SIMONE: Visivelmente querendo nos comover, mas não conseguiu. (T) Mande entrar a última a depor.

Corte rápido para Carla, de frente ao delegado.

CARLA: (Cont.) Eu estranhei ao encontrar o portão da mansão aberta, já que nunca ficava. Eu entrei, preocupada, achando que o Mauro tinha esquecido de fechar. O mais estranho ainda, é a porta de entrada também está aberta, então eu constatei que tinha sim alguém lá dentro, e provavelmente seria o Mauro. (Olhos lacremejando) Eu entrei pela casa, chamando por ele, querendo dar explicações, mas na hora que eu acendi a luz da cozinha, eu o encontrei... O resto vocês já sabem.

MOREIRA: Eu ouvi mais ou menos por alto, do que havia acontecido naquela cerimônia de casamento. Se eu entendi muito bem, você é mãe da mulher que ele casou, e ele não sabia disso. Tô certo?

CARLA: (Limpando as Lágrimas) Sim...

MOREIRA: Então, você mesma foi até lá, pra contar a verdade, e houve uma briga. (T) O mais estranho é que, todo mundo ali, poderia chegar antes de você na mansão, já que você chegou por um motorista de aplicativo. Como você explica essa ida tão rápida?

CARLA: Nem eu seu dizer, delegado. Eu achei até que eu tinha demorado, já que o motorista tinha dado várias voltas, apenas pra cobrar mais caro no preço final.

MOREIRA: Então você tá dizendo que, qualquer um daquela cerimônia, ou até mesmo, os que não foram, como a ex mulher e o filho do Mauro, pudessem ter chegado lá, antes de você?

CARLA: Com certeza. Eu cheguei e ele já tava morto!!

MOREIRA: Você é a que tem o depoimento mais importante de todos. Então, não saia da cidade, porque iremos entrar em contato com a senhora novamente.

CARLA: Claro, tudo bem!

MOREIRA: Acabamos por aqui...

Carla se levanta, pegando nas mãos do Delegado, saindo da sala.

MOREIRA: (P/Ferreira) Escuta o que eu tô falando, vai ser através dela que vamos descobrir quem matou o Mauro!

DIAS DEPOIS...

CENA 12 / CEMITÉRIO / INT. / MANHÃ /

Sobre uma forte chuva, o cortejo fúnebre de Mauro, vai se aproximando de seu túmulo. Todos de preto, vão acompanhando em volta do caixão.
Ao seu lado, Lívia a todo momento, não se solta do caixão, junto com Aline. Logo atrás, estão Simone e Vicente, juntos.
Carla vem um pouco afastada, junto com Renan, ao lado de alguns acionistas e funcionários da Empresa Dutra.

Corte de cena rápido, para Mauro sendo enterrado, onde alguns derramam lágrimas, e outros não esboçam reação.

Close em sua lápide.
"Mauro Dutra
★ 03/04/1974
✟ 18/08/2020
Todo mundo é capaz de dominar uma dor, exceto quem a sente."

Corte rápido para Aline, saindo do cemitério, ao lado de Anita, conversando. Neste momento, a chuva para, fechando os guarda-chuvas. As duas param no portão de saída.

ANITA: (Cont.) Não acha muito radical isso?

ALINE: Não acho. Eu não vou conseguir viver ao lado daquela cobra, naquela mansão, seria muito difícil pra mim.

ANITA: Então cê vai mesmo?

ALINE: Vou, amanhã cedo. Já comprei a passagem, já tá resolvido!

ANITA: Vou sentir tanta falta sua..

Aline sorri para Anita, e as duas voltam a andar, saindo do cemitério.
Ao passarem pelo portão, a imagem foca em Priscilla, mostrando ter ouvido toda conversa.
Ao virar se para frente, ela vê Lívia, andando rapidamente.

LÍVIA: (Apressada) Vamo embora, agora!

PRISCILLA: Que pressa é essa?

LÍVIA: Eu tô cheirando ruim, biscate. Eu fiquei com a minha mão no caixão, mais esse odor de gente morta, tá me matando.

PRISCILLA: Ei, espera. Tenho uma coisa pra te contar. (T) A drogada tá pensando em ir embora, não só da mansão, mas também da cidade!

LÍVIA: Embora? Ah, mas não vai mesmo! Ela não sai daqui, até eu dar o meu troco contra ela!

Corte rápido para:

CENA 13 / CARRO / INT. / MANHÃ /

Fumando um baseado dentro do carro, com os vidros fechados, e com uma alta música, Josué se assusta, ao ver Lívia, batendo no vidro do carro. Ele abaixa o vidro.

JOSUÉ: (Tossindo a fumaça) O que foi gracinha?

LÍVIA: Abre aí, que eu quero entrar!

Josué estica seu braço até a porta do carro, a destravando. Rapidamente, Lívia entra no carro.

LÍVIA: (Enojada) Meu Deus, já não basta eu tá cheirando gente morta, agora eu vou tá cheirando maconha...

JOSUÉ: O que você quer aqui?

LÍVIA: Eu vim comprar disso que você vende. Droga, craque, cocaína, ou sei lá o que, só preciso de uma boa quanntidade de drogas!

JOSUÉ: Não é assim que funciona, gracinha. Primeiro, cê tem que encomendar, e depois a gente discutir os preços. (Estranha) E pera aí, como cê sabe que eu mexo com isso?

LÍVIA: Tá na cara, não tá? E eu já sei de toda historinha sua envolvendo a outra drogadinha, que certeza ela já te falou. (T) E eu acho que isso aqui já resolve...

Lívia abre sua bolsa, retirando um bolo de dinheiro enrolado em um saco plástico, mostrando para Josué.

LÍVIA: Isso já é mais do que o suficiente para o que eu tô precisando. E eu quero todas as drogas agora, e você terá toda essa grana aqui... E aí, é assim que funciona?

Corte para:

CENA 14 / APARTAMENTO / QUARTO / INT. / TARDE /
Chegando em casa, retirando seu sapato, Simone demonstra estar esgotada.

SIMONE: (Aliviada) Meu Deus, eu não sabia como era cansativo ter que ficar acompanhando velório, enterro. Nem o da minha mãe eu aguentei, quem dirá o do Mauro.

FÁBIO: Se eu tivesse lá, iria fazer tudo ficar mais divertido...

Fábio vai pra cima de Simone, agarrando sua bunda, que logo se afasta.

SIMONE: (Nervosa) Tá louco, ninguém pode nos ver junto, ainda mais pelo o que cê vai me fazer amanhã.

FÁBIO: Eu sou sorrateiro, ninguém vai me ver.

SIMONE: Assim eu espero. (Direta) Mande aquela vagabunda pra debaixo da terra, junto com a criança!! Será um presente meu pro Mauro, brincando de papai e mamãe no inferno!!

Corte para:

CENA 15 / MANSÃO DUTRA / QUARTO / INT. / NOITE /
Terminado de arrumar suas malas, Aline se senta na cama, um pouco atordoada.

ALINE: (Confusa) Ai minha cabeça...

Sua visão começa a embaçar, a cabeça um pouco zonza. Aos poucos, ela vai se deitando na cama, tentando manter os olhos abertos, mas sem força. Aline apaga, ficando imóvel.
Aos poucos, abrindo a porta de seu quarto, Lívia vai entrando, ao lado de Priscilla.

LÍVIA: (Sussurrando) Tem certeza que ela não vai acordar?

PRISCILLA: Tenho. Eu usava esse remedinho pra apagar alguns clientes na época do programa, que não queriam me pagar.

LÍVIA: Esse seu lado eu não conhecia...

As duas se aproximam de Aline, a empurrando para o outro lado da cama. Enquanto Priscilla pega uma das malas, Lívia retira de uma bolsa, um saco preto, onde ela confere.

PRISCILLA: Tá tudo aí?

LÍVIA: Tá, tudo!

Priscilla coloca a mala sobre a cama, a abrindo. Elas retiram algumas roupas de dentro, abrindo um espaço ao fundo, colocando o saco. Fazendo um esforço, as duas aperta as roupas, para que consigam fechar a mala. Em seguida, conseguindo.

PRISCILLA: (Aliviada) Achei que não ia fechar... (T) O que vamos fazer com essas roupas que ficou de fora?

LÍVIA: Sei lá, joga fora. (Ri) Ninguém vai usar mesmo...

As duas colocam a mala de volta ao lugar de onde tava, deixando o quarto do mesmo jeito, fechando a porta.
Close em Aline, deitada sobre a cama, apagada.

Corte para:

CENA 16 / AEROPORTO / INT. / MANHÃ /

Adentrando ao aeroporto, carregando uma mala de carrinho, e outra no ombro, Aline conversa no celular com Josué.

ALINE: (Cel. Cont) Minha cabeça tá explodindo, eu apaguei ontem e nem lembro como. Deve ser o estresse de tudo!

JOSUÉ: (Cel.) Não tô acreditando que você tá realmente indo embora.

ALINE: Minha volta pra essa cidade foi só sofrer, Josué, cansei. Viver com aquela louca da Lívia ao meu lado, não dá, eu não ia suportar.

JOSUÉ: Falando nela, ontem ela veio me procurar, querendo que eu arrumasse algumas coisinhas pra ela. Exigiu que eu entregasse tudo ontem mesmo.

ALINE: (Estranha) Que coisinhas? Drogas?

JOSUÉ: O que mais seria?

ALINE: (Séria) E você arrumou?!

JOSUÉ: Arrumei, eu/

Deixando o celular ao chão, demonstrando preocupação, Aline se abaixa, pronta pra abrir sua mala. Ao abrir o zíper, um cão policial se aproxima de Aline, que se assusta ao ver um policial vindo em sua direção.

ALINE: (Desconversa/Rindo de nervoso) Acho que esse cachorro gostou de mim...

POLICIAL: Me parece que ele gostou da sua mala. (Cachorro rosnando para a mala) Com licença senhorita, terei que ver o que tem dentro dela!

ALINE: (Trêmula) Tudo bem, vou logo avisando que tem muitas roupas íntimas aí!

Aline se levanta, um pouco ofegante. O policial pega sua mala, terminando de abrir. Ao tirar algumas roupas, ele toca em algo. Neste instante, percebendo toda a situação, Aline sai correndo de perto, tentando fugir do policial.

POLICIAL 01: (Grita) EI, EI, FUGITIVA!!

Todos no aeroporto começam a olhar para Aline, tentando fugir. Ela olha para trás, vendo o cachorro se aproximando, e ao olhar para frente, ela bate em cheio em outro policial, que a segura.

ALINE: (Grita/Histérica) ME SOLTA!!

POLICIAL 02: Tava correndo por quê?!

Segurando Aline, ele vai a levando para perto do outro policial, que aparece com um saco nas mãos.

POLICIAL 01: A mocinha aí tava fugindo, porque tava querendo embarcar com uma grande quantidade de drogas na mala. (T) Você tá presa!!

Close em Aline, sendo segurada pelo policial, recebendo voz de prisão, onde a imagem se congela em branco.

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