Divergentes - Capítulo 17

terça-feira, março 24, 2020


DIVERGENTES


Novela de Raffa Lins


CAPÍTULO 17


CENA 01 / MANSÃO DUTRA / QUARTO / INT. / NOITE /

Chegando em casa, Aline espirra um spray na boca, para tirar o hálito de maconha. Ao entrar no seu quarto, Aline se depara com Lívia, sentada na cama.

ALINE: O que cê tá fazendo no meu quarto?

LÍVIA: Pela manhã, você me fez uma visitinha, ali do lado. Eu resolvi fazer o mesmo, reciprocidade. (T) Você tinha muita coisa pra dizer sobre mim, e pra mantermos o mesmo nível, eu deveria também saber de coisas suas, não acha?

ALINE: (Séria) Sai do meu quarto, e vá fazer o que eu pedi, senão eu conto tudo pro meu pai, sem dó!

LÍVIA: Tudo mesmo?!

Se levantando da cama, Lívia retira o mesmo saco de suas costas, deixando cair no chão, todas as cápsulas de drogas que Aline escondia.

ALINE: (Pasma) O que é isso? Como você encontrou?

LÍVIA: (Cínica) Debaixo da cama, meu amor? Muito fraca em esconder segredos. (T) Deixa eu te contar uma coisa, eu também fiquei sabendo do porquê da sua saída da faculdade... Comercializar drogas pros alunos? Seu pai sabe disso? Claro que não sabe, senão você já teria saído daqui junto com o Vicente.

ALINE: (Assustada) Meu Deus, como você sabe disso?!

LÍVIA: (Séria) Enquanto você acha que é esperta, comemorando a sua pequena vitória, eu fiquei aqui, até encontrar o seu lado podre, e bem podre eu diria. (T) (Debocha) O que você queria fazer mesmo, contar pro Mauro as minhas mentiras, de que eu omiti em dizer que a Carla é a minha mãe? Infelizmente ele vai ter uma decepção dupla. A namorada mentirosa, e a filha drogada e criminosa. (T) Você quem escolhe, vou te dar esse poder. Quer acabar com tudo isso, drogadinha?!

ALINE: Acha que isso vai impedir de eu falar a verdade pro meu pai? O que vale viver numa mentira, e saber sobre o que eu fiz de errado. Você é apenas a amante que virou namorada, eu sou a filha, que nada é capaz de substituir nesse mundo. (T) Mulheres como você é objeto, que passa nas mãos de vários homens, até encontrar aquele que vá te satisfazer, não só na cama, como na grana!

LÍVIA: O mau do ser humano, é julgar os outros, acobertando o próprio erro. Não é porque você nasceu num berço de ouro, ou teve o dinheiro do papai pra se divertir até dizer chega, que tem o direito de definir alguém. (T) Olha pra você, faculdade de medicina, numa universidade top, não tirando um real do bolso pra pagar, acabar com tudo isso por uns míseros trocados? (Debocha) Se eu tivesse a oportunidade que você teve, eu não seria burra pra fazer o que você fez!

ALINE: (Séria) Acabou Lívia, não tem mais saída!

LÍVIA: (Rindo) Como assim saída? Pra quem, pra você? Realmente não tem mesmo! (Séria) Basta uma ligação minha, para a polícia, contando tudo que eu sei, tudo no que você tá metida, quanto tempo de prisão uma drogada teria? Bom, não sei, mas não é só você que cai. A farsa daquela faculdade, seus amiguinhos que tão junto nessa, todo mundo vai cair por puro capricho seu? Convenhamos Aline, quem não tá com essa bola toda é você! (T) Eu até poderia te dar apenas três opções, Mauro sofrendo por mim e por você, ou Mauro sofrendo por mim e por você, mais a sua prisão, ou ninguém precisaria sofrer... A escolha é sua, meu amor...

Lívia sai do quarto de Aline, a deixando pensativa. No impulso, Aline vai até o corredor, chamando por Lívia.

ALINE: (Grita) ESPERA AÍ!

LÍVIA: O que foi, mudou de ideia?

ALINE: Cê tem razão, não tem ninguém que tenha que sofrer agora...

LÍVIA: (Sorrindo) Boa garota. Menos drogas, mais cérebro. Devria ser esse o seu lema!

Antes de se distanciar de Aline, as duas são surpreendida por Mauro, subindo as escadas.

MAURO: Que isso, é uma reunião?

ALINE: (Séria) Não é nada não...

LÍVIA: (Animada) Como não? Sua filha veio até mim, fazer questão de dizer que apoia 100% o nosso namoro. Eu já tava feliz de ter você, agora, a Aline apoiando? É uma maravilha!

MAURO: É um alívio saber que dessa vez, posso contar com você, filha!

ALINE: (Sorriso falso) É, parabéns...

Mauro se aproxima de Lívia, a beijando. Close em Lívia, beijando Mauro, de olhos abertos, olhando para Aline, séria.

Corte para:

CENA 02 / MANSÃO VASCONCELLOS / QUARTO / INT. / MANHÃ /

Deitada na cama, Beatriz fica incomodada em ver Sidney, abrindo todas as gavetas do quarto.

BEATRIZ: Dá pra dizer o que tá procurando?

SIDNEY: Meu pen drive, ele tava na minha mesa, sumiu!

Continuando olhando pelas gavetas, Sidney mostra irritação por não achar.

SINDEY: (Nervoso) Mas que droga, na onde essa porcaria se enfiou?

BEATRIZ: Não sei, olha no quarto do Dan, ele talvez tenha pegado por engano.

SIDNEY: Engano, Beatriz? Quem pega as coisas que não é sua por engano?

Sidney sai de seu quarto, indo até Daniel, o acordando.

DANIEL: (Sonolento) Pai, o que foi?

SIDNEY: Meu pen drive, ele sumiu. Você pegou?

DANIEL: Não peguei não.

Sem acreditar, Sidney abre as gavetas da cômoda do quarto, olhando por debaixo das roupas. Ao abrir a última gaveta, Sidney puxa uma das roupas, fazendo com que caíssem ao chão. Antes de se levantar, ele pega uma luva branca, percebendo algumas manchas vermelhas na mesma.

DANIEL: Achou, pai?

SIDNEY: (Desconversando) Não, achei não, minha coluna deu uma travada.

Virando se de frente ao filho, Sidney esconde as luvas na suas costas.

DANIEL: Vou voltar a dormir, então...

SIDNEY: Claro filho, bons sonhos!

Reparando bem nas mãos de Daniel, Sidney se vira, ainda escondendo a luva, saindo do quarto. Close em Beatriz, ao lado de fora do quarto.

BEATRIZ: Achou?!

SIDNEY: Não, achei não, me lembrei aonde deixei. Com licença!

Estranhando a estranheza de Sidney, Beatriz sonda o quarto de Daniel, que volta a dormir.

Corte para:

CENA 03 / HOTEL / SALA / INT. / TARDE /

Pegando as chaves da mesa, Vicente vai saindo, mas é parado por Simone.

SIMONE: Posso saber aonde você vai?

VICENTE: Eu tenho uma entrevista de emprego, mãe. Não disse que tava atrás de um?

SIMONE: Que emprego?

VICENTE: A senhora não precisa saber...

SIMONE: (Nervosa) Fala agora, que emprego é esse?!

VICENTE: Eu me candidatei a vaga de caixa, no mercado, e eles me ligaram, pedindo pra eu ir assinar o contrato.

SIMOME: (Rindo) Tá falando sério? Mercado? Que piada! (T) Você não vai trabalhar em mercado nenhum, sabe por quê?! Cê vai ter seu emprego de volta, e rápido!

VICENTE: Eu não vou ficar me iludindo, o Mauro já deixou claro que/

SIMOME: (Interrompe) O Mauro não sabe de nada! Eu te dou um prêmio se você descobrir quem ele colocou no seu lugar...

VICENTE: (Estranha) Quem?

SIMONE: O filho da empregada, Renan. Acredita?

Surpreso, Vicente não responde sua mãe, saindo do apartamento.

Corte para:

CENA 04 / PRAÇA / EXT. / TARDE /
Nervosa, Aline vai passando por várias pessoas pela praça, até que ela é puxada para trás, por Josué.

JOSUÉ: Ou gatinha, não viu nós não?

ANITA: (Estranha) O que aconteceu que cê tá com essa cara?

ALINE: Eu tô nas mãos dela... Eu me ferrei!

JOSUÉ: Dela quem? Da Lívia? Cê não disse que iria fazer a bonita sair de casa?

ALINE: Mas ia, já tava tudo certo. Mas... A desgraçada encontrou as parada lá no meu quarto, e me chantageou!

JOSUÉ: (Preocupado) O quê? Você não perdeu as coisas, né?

ALINE: Claro que não, tá maluco. Tem mais de 10 mil naquela bolsa!

JOSUÉ: Menos mal, mas também hein, escondeu aquilo como se fosse nada? Tá de brincadeira, né!

ANITA: (P/Aline, Séria) Cê tá mexendo com aquilo ainda, amiga? Não tinha parado?

ALINE: Eu parei, eu disse que não usava e nem vendia mais aquilo. Só que... Sobrou ainda, e eu já marquei de vender todo aquele restante, pode ficar tranquila!

ANITA: Eu não quero que você siga a cabeça do Josué de novo, ele já te tirou da sua faculdade, agora quer ir presa?

JOSUÉ: (P/Anita) Ei, eu tô aqui. Ela não é nenhuma criança não, e sabe o que faz. (T) Se você não quer entrar nos esquemas, não atrapalhe o dos outros, beleza?

ANITA: Eu não vou ficar aqui ouvindo presepada desse aí. Me liga depois, Aline.

Séria, Anita abraça Aline, saindo de perto dos dois, indo em direção oposta.

JOSUÉ: Cê não vai dar pra trás, e deixar de vender a última remessa né? (T) Não fode comigo garota, eu preciso de você!

Corte para:

CENA 05 / MANSÃO VASCONCELLOS / ÁREA EXTERNA / TARDE /
Brincando ao lado de fora da casa, no pequeno parquinho, Daniel ao descer o escorregador, percebe seu pai se aproximando dele. Ao estar ao chão, Daniel corre até ao seu pai, animado, o abraçando, que não esboça reação.

DANIEL: (Animado) Pai, cê saiu mais cedo pra brincar comigo?

Sidney coloca Daniel ao chão, logo o agachando em sua frente. Sem responder, Sidney retira do seu bolso, a luva que encontrou no quarto do garoto, que o automaticamente muda sua feição, assustado.

DANIEL: Que isso, papai?

SIDNEY: (Sério) Isso, foi o que eu encontrei na gaveta do seu quarto, enquanto procurava meu pen drive. Essa luva branca tá vermelha Dan, isso é sangue, e provavelmente de outra pessoa ou algum bicho, porque machucado você não tá. Me fala, o que aconteceu?

DANIEL: (Gaguejando) Pai, eu... eu...

SIDNEY: Se você não me disser o porquê desse sangue está na sua luva, eu vou falar pra sua mãe. Cê já sabe que ela tá paranoica com cada coisa, imagina com isso? (T) Você só tem nove anos, meu filho. Tem certas coisas que pode parecer ser brincadeira, mas não é. Então fala a verdade pro seu pai, antes que as coisas começam a piorar!

Na janela da cozinha, Luana olha para os dois, de longe, observando a seriedade de Sidney.

DANIEL: (Chorando) Eu posso te contar depois, papai? Eu juro que vou falar a verdade...

SIDNEY: Dan, agora!

DANIEL: Eu não posso falar agora!

No impulso, Daniel corre de seu pai, indo em direção a entrada da casa. Sem reação, Sidney guarda novamente as luvas, indo ao seu carro. Close em Luana, saindo da janela.

Corte rápido para:

CENA 06 / MANSÃO VASCONCELLOS / QUARTO / INT. / TARDE /

Ao entrar no seu quarto, correndo, Daniel fecha a porta, indo até a sua cama, onde ele se senta, abaixando sua cabeça, demonstrando apreensão.
Aos poucos a porta do quarto vai se abrindo.

DANIEL: (Grita) SAI DAQUI!!

Na porta, Beatriz estranha o grito de Daniel, que se assusta ao ver que não era Luana.

BEATRIZ: Que isso filho, porque você gritou com a mãe?

DANIEL: (Ofegante) Desculpa mãe, eu pensei que era...

BEATRIZ: (Preocupa) Pensou que era quem?

DANIEL: Ninguém, por isso me assustei.

Não acreditando muito em seu filho, Beatriz vai indo até sua cama, se sentando ao seu lado, o fazendo deitar em seu colo.

BEATRIZ: Eu vi o carro do seu pai aqui, quando eu fui até ele, já tinha saído. Você falou com ele?

DANIEL: Não, eu não vi o pai.

Beatriz acaricia o rosto do filho, enquanto ele mostra sentir medo.

Corte rápido para:

CENA 07 / MANSÃO DUTRA / ÁREA EXTERNA / TARDE /

Com a tarde ensolarada, Prisicilla tira o roupão, ficando apenas de biquíni vermelho. Indo em direção a piscina, ela mergulha sobre a água, onde fica alguns segundos submersa, voltando para cima, animada.

PRISCILLA: (Animada) Ei, você não vem?!

Deitada em uma das cadeiras em volta da piscina, tomando um banho de sol, Lívia, também de biquíni, de óculos escuros, conversa com a amiga, sem olhar para ela, que fica na borda, com os braços apoiados para fora.

LÍVIA: Só esse sol hoje já basta, não tô me sentindo muito bem não.

PRISCILLA: Não tá sentindo bem? Tinha que tá se sentindo maravilhosa. Colocou a drogada na roda, era esse o seu objetivo, livrar ela do seu caminho.

LÍVIA: Eu não tô falando sobre isso não, biscate. Até porque eu já tudo certo em relação a isso. Tô falando que eu mesma não tô bem, desde ontem. Minha cabeça anda muito zonza ultimamente, pensei que iria desmaiar.

PRISCILLA: Cê acha que a sua mãe tá/

LÍVIA: (Interrompe/Grita) O IDIOTA?!

PRSICILLA: (Por cima/Se corrige) A Carla, acha que ela tá fazendo isso? Colocando alguma coisa na sua comida?

LÍVIA: (Ri) Claro que não, ela tá me odiando agora, mas ao ponto de me envenenar? Óbvio que não.

PRISCILLA: Sei lá, tudo é possível meu bem.

LÍVIA: Ah, vai enfiar a cabeça debaixo dessa água aí, que cê já tá falando merda!

PRSICILLA: É pra já!

Voltando a nadar novamente, Priscilla se afasta de Lívia, que fica deitada, encarando o sol.

Corte para:

CENA 08 / EMPRESA DUTRA / ESCRITÓRIO / INT. / NOITE /
Trabalhando agora, na mesa principal da sala, Renan se distrai com o telefone tocando.

RENAN: (Tel) Pode falar, Sabrina.

SABRINA: (Tel) O Sr Vicente tá aqui, querendo falar com você, posso mandar ele entrar?

Impaciente, Vicente está na frente de Sabrina, sério.

VICENTE: Ah, que palhaçada é essa? Eu vou entrar mesmo assim!

A imagem volta para Renan, respondendo Sabrina.

RENAN: Claro, pode mandar ele/

Renan é interrompido com a entrada de Vicente na sua sala. Colocando o telefone de volta ao gancho, Renan se levanta, ficando de frente a sua mesa.

VICENTE: É verdade, que o meu pai te colocou no meu lugar?

RENAN: Quem te disse?

VICENTE: Não interessa quem disse, eu quero ouvir de você, se isso é verdade. (T) Claro que é, né? Por qual motivo você iria atrás de mim, me perseguindo?

RENAN: (Sério) Cê sabe que eu não fui atrás de você por isso. E você sabe também que tudo que tá acontecendo, é por irresponsabilidade sua! (T) Já parou pra pensar, que além de roubar a empresa, me humilhar por tanto tempo, ter me beijado sem meu consentimento, e ainda fugindo de mim, você tá aqui, cobrando um posicionamento meu?

VICENTE: Eu não quero saber sobre isso, mas eu só vim aqui olhar pra essa sua cara de safado, que passou esse tempo tentando me agradar, pra me dar uma rasteira. Eu não sou idiota, eu sou/

RENAN: (Interrompe/Nervoso) Mas tá parecendo um! (T) Eu nunca tentei te agradar, muito menos puxar o saco do cara que me agrediu, me machucou não só fisicamente, mas emocionalmente também. Ou cê acha que no dia do seu aniversário, ganhar uma festa surpresa, mas dar a eles a minha cara quebrada? (T) Eu tô aqui porque eu lutei pra conseguir algo, minha competência está muito mais acima do que meu próprio ego. Se o Mauro está me dando esse emprego, é porque ele confia no meu trabalho, na minha lealdade à empresa. Eu vou provar que sou capaz, pra tudo isso!

VICENTE: Lembra quando você foi atrás de mim, lá no clube, exigindo minha presença aqui, e eu lhe disse pra você ficar no meu lugar se quisesse? Pois então, meus parabéns Renan, tá conseguindo tudo que era meu, se bobiar, até o amor do meu pai. (T) Era essa a sua competência pra chegar até aqui? Me estudou direitinho!

RENAN: Não inverta a verdade pra fortalecer o seu lado. Você tá errado, e sabe que tá!

VICENTE: Só sei que nada sei. Sócrates, conhece? (T) Adeus, Renan!

RENAN: Espera!!

Sem ouvir Renan, Vicente sai da sala, cabisbaixo. Close em Renan, nervoso, dando um murro em sua mesa.

Corte para:

CENA 09 / MANSÃO VASCONCELLOS / QUARTO / INT. / MADRUGADA /
Dormindo calmamente em sua cama, Daniel é surpreendido por Luana, que aperta sua boca, o evitando de gritar.

LUANA: Eu vou tirar a mão da sua boca, e você não vai gritar, ouviu?

Lentamente, Luana vai tirando as mãos da boca de Daniel, amedrontado.

DANIEL: Cê tem que parar de vir no meu quarto a noite, toda vez isso.

LUANA: Pois se acostume, isso será rotina! (T) Eu vi o Sidney conversando com você, no parquinho. O que ele queria?

DANIEL: Nada, ele só queria saber como eu tava.

LUANA: (Nervosa) Fala a verdade, senão eu acabo agora mesmo com a sua vida, antes mesmo de você saber pra que serve regime semiaberto, porque será assim que você vai viver se me entregar!

DANIEL: (Assustado) O papai encontrou a luva, aquela que eu usei pra te ajudar, a arrastar aquele homem...

Luana fica histérica ao ouvir a revelação de Daniel.

LUANA: Idiota!! Cê tava maluco em esconder aquilo? Eu te mandei você me entregar as roupas que tava usando naquela noite, eu pensei que cê tinha misturado essa merda no meio das outras.

DANIEL: Eu ganhei aquela luva da minha avó, ela já morreu...

LUANA: Certeza que morreu de desgosto pela sua burrice. Inventa alguma desculpa, mas se você me entregar, cê já sabe o que vai acontecer...

Nervosa, Luana vai saindo do quarto de Daniel, silenciosamente, o deixando assustado.

Corte de cena rápido, para Daniel, novamente dormindo, tranquilo. A porta de seu quarto vai se abrindo lentamente, mostrando ser Luana, séria, com um travesseiro nas mãos. Lentamente, ela vai caminhando em direção a Daniel, que ainda dorme. Luana se aproxima totalmente dele, levando o travesseiro aos poucos pra perto de seu rosto.

LUANA: (Sorrindo) Até mais, Dani!!

Acordando assustado, Daniel dá um alto grito.

DANIEL: (Grita/Assustado) MAMÃE!!!

Luana coloca o travesseiro no rosto do garoto, o sufocando. Tentando se soltar, Daniel começa a se debater, mas com toda sua força, Luana se inclina para cima de Daniel, que aos poucos vai ficando sem ar. Perdendo suas forças, Daniel vai parando de se debater, até que ele para, ficando imóvel, com Luana ainda o sufocando com o travesseiro.

LUANA: (Rindo) Um presentinho pra mamãe...

Aos poucos, tirando o travesseiro do rosto de Daniel, rindo, a imagem foca em Daniel, com seu olhar vazio e os olhos abertos, e sua boca deslocada, morto.

Ao lado de fora do quarto, está Beatriz, desesperada, em prantos, gritando pelo seu filho.

BEATRIZ: (Histérica) DANIEL!!

Ao abrir a porta, Beatriz se choca ao ver Daniel, dormindo, tranquilo.
Completamente ofegante, vendo que seu filho está bem, uma mão a segura pelo ombro. Assustada, ela vira para trás, vendo Sidney, preocupado.

SIDNEY: (Estranha) Meu amor, o que aconteceu? Cê levantou da cama, assutada, veio direto pra cá.

BEATRIZ: (Ofegante/Chorando) Eu pensei que tinha perdido o meu filho... Eu não quero perder o Dan!

SIDNEY: Foi só um pesadelo, amor, pode ver, ele tá bem. Nosso filho é forte, nada de ruim vai acontecer com ele!

Sidney abraça Beatriz, que mostra estar em prantos, assutada com o seu sonho.

Corte para:

CENA 10 / MANSÃO DUTRA / COZINHA / INT. / MANHÃ /
Arrumando a mesa do café, Carla observa Mauro chegando na mesa, se sentando, logo se servindo.

MAURO: Bom dia Carla. Cê sabe pra onde a Lívia foi?

CARLA: Não sei, Sr Mauro, quando eu cheguei, ela já não estava mais aqui.

MAURO: Que estranho, ela sair e não dizer aonde...

Carla ignora as preocupações de Mauro, puxando uma das cadeiras da mesa, se sentando ao seu lado.

CARLA: Eu queria falar com o senhor ontem, mas eu tive que ir pra casa. (T) Eu quero lhe agradecer pelas oportunidades que está dando ao meu filho. Só de saber que é o senhor que o está fazendo crescer na vida, me deixa muito feliz.

MAURO: Seu filho mereceu, um grande homem, íntegro. Igual a mãe...

Feliz, Carla aproxima suas mãos das mãos de Mauro, que está sobre a mesa, a segurando.

CARLA: (Emocionada) Mauro, eu vou ser sincera. Você foi a primeira pessoa a acreditar em mim, e me dar a oportunidade de trabalhar nesta casa. Eu vim pra essa cidade, fugindo do meu próprio pai, que me vendeu, por dívida de jogo. Se eu não tivesse encontrado a vaca da Simone na rua, eu não teria te conhecido, e nada disso teria sido real...

MAURO: Você é especial, sempre foi. Quando eu coloquei os olhos em você, sabia que teria que te manter por perto.

CARLA: Eu sou eternamente grata a você, e por tudo que anda fazendo. Neste exato momento, meu coração tá quase saindo da boca, com vontade de fazer uma coisa que eu já deveria ter feito à anos.

MAURO: Faça a sua vontade, não deixe de agir como quer, pra agradar os outros. Eu acho que também estou sentindo o mesmo que você... Um calor...

Aos poucos, ainda emocionada, Carla vai se aproximando de Mauro, que fica parado. No clima de romance, ela aproxima sua boca em Mauro, encostando em seus lábios, como se não soubesse o que fazer. Mauro no impulso, encosta sua boca na de Carla, onde eles se beijam, apaixonadamente.

No calor do momento, Mauro coloca sua mão na nuca de Carla, passando-a pelo seu cabelo, ambos se sentindo excitados com o momento.

Os dois param de se beijar aos poucos, olhando fixamente um para o outro, sem palavras.
A atenção dos dois se desvia, ao ouvir o barulho da porta de entrada se fechando. No impulso, Carla se levanta da cadeira, arrumando seu uniforme.
Lívia chega à cozinha.

LÍVIA: (P/Mauro) Bom dia meu amor.

Lívia se aproxima de Mauro, lhe dando um selinho, e se sentando na mesa de café. Mauro não demonstra reação.

LÍVIA: (Estranha) Que cara é essa, amor? Aconteceu alguma coisa aqui?

MAURO: Não, é só... Nada! (T) Eu vou ter que ir na empresa.

LÍVIA: Hoje é sábado, você não trabalha dia de sábado!

MAURO: Mas aconteceu uns imprevistos, com licença.

Se levantando da mesa, sem se importar com Lívia, Mauro sai de casa. Close em Lívia, estranhando a situação.

LÍVIA: Ele viu um fantasma, é?

CARLA: Não sei, dona Lívia.

LÍVIA: (Nervosa) E eu por acaso tô falando com você?

CARLA: Eu achei que/

LÍVIA: (Interrompe) Não tem que achar nada. Trabalhe mais, ache menos. (Se levanta) Perdi a fome.

Nervosa, Lívia sai da cozinha.
Close em Carla, animada, pensando no beijo.

Corte rápido para:

CENA 11 / HOTEL / QUARTO / INT. / MANHÃ /

Sobre o corpo de Simone, Fábio beija seu pescoço, excitados. Passando suas mãos pelas costas de Fábio, Simone o arranha, ambos gritando de prazer. Ofegante, Fábio beija a boca de Simone, que geme.

Corte de cena rápido, para os dois, deitados na cama, enrolados em um lençol.

SIMONE: Te falar, a quanto tempo eu não me sentia assim, desejada por um homem.

FÁBIO: Cadê meu cigarro? Depois de uma transa, o cigarro é de lei.

SIMONE: Toma aqui.

Pegando o maço de cigarro, Simone retira um, se sentando na cama, e entregando para Fábio, que também se senta.

FÁBIO: E o isqueiro?

SIMONE: Tá ali perto da porta, pega lá.

Levantando da cama, nu, Fábio vai indo até uma mesa perto da porta, com a bunda de fora, pegando o isqueiro. Acendendo o seu cigarro, ele joga o isqueiro para Simone, que o pega, também acendendo o seu. Fábio se aproxima novamente da cama, se sentando.

FÁBIO: E aí, o que cê vai fazer com a vagaba lá?

SIMONE: Com a Lívia? Ainda não sei, mas se precisar...

FÁBIO: Tá falando em matar a garota? Tranquilo, sem problemas.

Simone enrola o lençol no corpo, engatinhando até Fábio, rindo.

SIMONE: (Ri) Cê sabe o que falar pra deixar uma mulher louca. Escolhi o homem certo pra estar ao meu lado neste momento!

Dando o último trago, Simone joga o seu corpo nu, sobre o corpo de Fábio, também nu, o beijando.

Corte para:

CENA 12 / EMPRESA DUTRA / ESCRITÓRIO / INT. / MANHÃ /
Entusiasmado, Mauro vai passando pelos funcionários, os cumprimentando. Ao entrar em uma das salas do escritório, ele se depara com Sidney, à mesa.

SIDNEY: Ué Mauro, o que te mordeu pra aparecer aqui em pleno sabadão?

MAURO: Essa empresa é minha, não sou dedicado o suficiente pra vir trabalhar sábado?

SIDNEY: (Ri) Não!

Rindo, concordando com Sidney, ele puxa uma das cadeiras, sentando em sua frente.

MAURO: Cara, aconteceu uma coisa comigo que eu não imaginaria que pudesse acontecer.

SIDNEY: O quê?

MAURO: Ela me beijou... A Carla me beijou!

SIDNEY: (Surpreso) Carla, sua empregada? (T) Imaginei mesmo que tava rolando algo com vocês, e não é de hoje, mas ela que te beijou? Essa me deixou surpreso.

MAURO: Imagina eu. Ela tava lá, me agradecendo, por ter colocado o Renan no lugar do Vicente. Quando fui perceber, ela já tava bem pertinho de mim, pronta pra me beijar. Aí aconteceu!

SIDNEY: Eu não quero estragar essa felicidade toda sua não, mas cê esqueceu de uma coisinha não? (T) Lívia, a sua namorada, que mora na sua casa.

MAURO: Claro que eu sei. A Lívia foi muito importante pra mim, no momento em que eu precisei. Conversar, me abrir, literalmente. Só que a gente tem mais um relacionamento de amigos que transam, por desejo. Eu fiquei confuso sim aquele dia, mas o desejo foi mais forte que eu. (T) Agora, a Carla, eu não sei nem explicar. Eu passei anos da minha vida, ao lado da Simone, mas olhando com outros olhos pra Carla, só que eu sempre respeitei ela por ser uma mulher casada. Agora, ela tá livre, eu tecnicamente também, porque é certeza que a Lívia vai aceitar de boa, ela é muito madura pra idade dela.

SIDNEY: Cara, cê tá apaixonado, isso papo de amor. O que cê tá fazendo aqui comigo, perdendo tempo, enquanto podia estar lá, se declarando pra mulher que tu ama?

MAURO: Realmente, o que eu tô fazendo aqui?

Descontraído, Sidney se levanta, indo até Mauro, o abraçando como grandes amigos, lhe apoiando.

SIDNEY: Merece ser feliz, irmão. Boa sorte!

Corte rápido para:

CENA 13 / CASA DE CARLA / SALA / INT. / TARDE /
Chegando em casa, Carla se senta ao lado de Lurdinha.

LURDINHA: Chegou cedo hoje.

CARLA: Eu só fui mesmo pra dar uma pequena geral, nem era o meu dia. (T) Mas, aconteceu uma coisa...

LURDINHA: Que coisa?

CARLA: Eu e o Mauro nos beijamos.

LURDINHA: (Surpresa) Tá falando sério? Como assim?

CARLA: Claro que é sério, e a iniciativa foi minha. (T) Eu tava agradecendo ele pela oportunidade pro Renan, o clima rolou, e eu me aproximei dele, pronto pra beijar. Aconteceu.

LURDINHA: Você beijou ele por estar sentindo algo, ou foi por vingança por causa da Lívia?

CARLA: Eu tô confusa, Lurdinha. Eu sempre achei ele atraente, mas nunca imaginei que pudesse acontecer algo com a gente. Mas na hora do beijo, eu nem pensei na Lívia, eu/

Carla é interrompida ao ouvir batidas em seu portão.

CARLA: Já volto.

Se levantando, Carla vai indo para fora de casa, em direção ao portão. Ao abrir, Carla se depara com Mauro, com um buquê de flores e uma caixa de chocolates na mão.

CARLA: (Estranha) Mauro?!

MAURO: (Descontraído) É, eu sei. Cê deve tá pensando: "O que esse louco tá fazendo no meu portão com flores e chocolates." Mas eu te digo, isso é gesto de um homem apaixonado. (T) Apaixonado por você, Carla!

Close total em Clara, emocionada com a declaração de Mauro, onde a imagem se escurece em branco. 

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