Divergentes - Capítulo 14

quinta-feira, março 19, 2020

DIVERGENTES


Novela de Raffa Lins

CAPÍTULO 14



CENA 01 / EMPRESA DUTRA / ESCRITÓRIO / INT. / NOITE /

A cena volta no momento em que Vicente vai discar para sua mãe, Mauro entra completamente furioso na sala de Vicente. Close em Vicente e Renan, assustados.

RENAN: (Estranha) Aconteceu alguma coisa, Sr Mauro?

MAURO: (Grita/Nervoso) ACONTECEU!! E VAI ACONTECER MAIS UMA!!

VICENTE: Pai, eu não/

Antes de terminar de falar, Mauro acerta um soco no rosto do filho, que cai ao chão. Imagens alternadas em Renan assustado, Mauro furioso, e em Vicente, ao chão, com o canto da boca sangrando.

VICENTE: (Grita) O QUE FOI ISSO?!

MAURO: (Grita/Furioso) ISSO, É O MÍNIMO QUE VOCÊ VAI RECEBER!! (T) ME ROUBOU, SEU DESGRAÇADO!! NÃO PEGA NADA, E SOME DESSA EMPRESA. SEUS SERVIÇOS ACABARAM... TÁ DEMITIDO!!

No chão, com a boca sangrando, Vicente olha fixamente para o seu pai, assustado.

RENAN: Mauro, eu não sei o que tá acontecendo, mas/

MAURO: (Interrompe/Nervoso) Se você não sabe, não fala nada. Não se intrometa nessa discussão, pra defender esse filho da Puta!! (P/Vicente) Você achou que eu não iria descobrir, que tava me roubando debaixo do meu nariz? IDIOTA!!

Nervoso, Vicente se levanta, indo para trás de sua mesa, limpando o sangue de sua boca com a blusa.

VICENTE: Quem te disse isso?

MAURO: Não se lembra, da pessoa que você ameaçou?

VICENTE: Aquela vagabunda?!

MAURO: VOCÊ FECHA ESSA BOCA SE FOR PRA INSULTAR ELA!! (T) Eu já sei de tudo, da suas ameaças, do ponto deplorável que você chegou. Ameaçar alguém de morte, por mísero cinco milhões?

VICENTE: (Rindo/Sarcástico) Ameacei de morte? Só pode ser brincadeira mesmo. Não é possível que você caiu nessa!

MAURO: Você roubou seu pai, a empresa da família, no que eu deveria acreditar?

VICENTE: (Grita/Nervoso) ROUBEI PORQUE FOI PRECISO!! Olha pra mim, olha na minha cara e vê se eu tenho alguma confiança em você? Eu tava garantindo o meu sustento, a minha vida que a qualquer momento você botaria fora daqui!! Eu nunca tive uma certeza em você, pai, nunca me tratou como filho, sempre foi me criando a base de humilhações, acha que foi fácil pra mim, crescer assim?

MAURO: Você tem razão, eu te humilhei pouco, deveria ter colocado você num colégio Militar ou sei lá o que, pra dar um jeito em você. (T) Cê tanto quis esses cinco milhões, pode ficar pra você, não faço questão de pegar novamente. Mas saiba que esse dinheiro será a única coisa que você vai ter de mim, até o dia da minha morte. (T) A mamata acabou, você vai sair daqui agora, e dá minha casa!

VICENTE: (Olhos Marejados) Cê tá me expulsando de casa?

MAURO: Não só você, como a Simone também, que já foi embora. Fez tanta questão de se divertir, que nem se importou com a sua mãe. (T) Nem precisa ir lá pegar suas coisas, eu mesmo junto, e mando entregar, já que não é muito coisa mesmo, porque a maioria foi eu que dei, e faço questão de ter novamente. (P/Renan) Cê você quiser ir embora, pode ir. Partir de amanhã, te encaixo em outra função nessa empresa.

VICENTE: (Clama) Por favor pai, não faz isso comigo, eu preciso de você!

MAURO: Mas eu não preciso, e nunca precisei, só te coloquei aqui pra agradar sua mãe. (T) Nunca foi homem de verdade, sempre foi um moleque... MOLEQUE!!

Mauro sai da sala, nervoso, batendo a porta. Completamente transtornado, Vicente começa a derrubar tudo de sua mesa, quebrando tudo que vê pela frente, jogando alguns objetos na parede. Close em Renan, assustado, no canto da porta, tentando se defender.

RENAN: (Assutado) Cara, cê tá maluco? Para com isso!!

VICENTE: (Olhando fixo p/Renan) EU VOU TE MATAR!!

Irado, Vicente vai se aproximando de Renan, que fica imóvel. Ao chegar perto, Vicente empurra Renan contra parede, o prensando. Olhando fixamente para ele, Vicente levanta sua mão, fechando o punho, pronto para dar um soco em Renan.

RENAN: (Grita) PODE BATER, VAI, BATE E MOSTRA TODA SUA RAIVA!! (T) Eu já entendi tudo, de onde veio todo esse seu ódio, todo essa sua dor. Você quer descontar em algum, pra parecer forte, mas vulnerável na frente do seu pai.

VICENTE: CALA A BOCA!!

RENAN: (Por cima) É a verdade, você não quer ser assim, mas acha que tem que ser. Eu sabia que tinha algo de errado com você. Quando me bateu, não era só porque eu tava beijando outro homem, e sim, também mostrar que é valente na frente dos idiotas dos seus amigos!!

VICENTE: (Chora/Trêmulo) CALA BOCA...

RENAN: Agora pode ir em frente, só que dessa vez, bate com vontade, não/

No impulso, do calor do momento da exaltação, Vicente abre sua mão, pegando pela nuca de Renan, o beijando. Surpreso, Renan não esboça reação com o beijo, continuando com o momento.

Close nos dois, parando de se beijar, olhando fixamente um para o outro, sem se falar, surpreso e ofegante.

Corte rápido para:

CENA 02 / CASA DE CARLA / SALA / INT. / NOITE /

Ainda um pouco confuso, Renan vai entrando em sua casa, onde ele se depara com Carla, séria.

RENAN: O que aconteceu dessa vez, mãe?

CARLA: Eu não sei nem mais como agir, ou fazer. Não imagina o quanto eu chorei, o quanto eu pedi para que tudo isso fosse um sonho, aliás, sonho não, um pesadelo.

RENAN: É a Lívia, não é? O que ela já aprontou?!

CARLA: Eu vou te contar, mas me faz um favor?

RENAN: Claro, mãe.

CARLA: Me abraça filho, me abraça e não me solte mais!

Vendo sua mãe visivelmente abalada, Renan a abraça, confortavelmente. Passando as mãos em seu cabelo, Carla deita sobre o ombro de Renan, sem lágrimas para chorar.

Corte rápido para:

CENA 03 / HOTEL / ENTRADA / INT. / NOITE /

Ainda com o canto da boca machucada, Vicente está em frente à uma porta dos apartamentos de um hotel. A porta se abre, mostrando Simone, séria. No intuito de abraçar Simone, ela com desprezo, o empurra para trás, mostrando estar insatisfeita.

SIMONE: (Nervosa) Cê tá maluco, idiota? Sumiu o dia todo, justo no dia em que eu precisava de você, e quer vir me abraçar? Pega esse abraço e vai pra casa do caralho!

VICENTE: Ele também me expulsou, mãe. Não só de casa, mas também da empresa. Eu não tenho pra onde ir...

Simone tenta processar o que é ouvido.

SIMONE: (Séria) Entra!

Cabisbaixo, Vicentre entra no apartamento. Simone fecha a porta, se aproximando do filho.

SIMONE: Expulsou por quê?

VICENTE: Eu roubei a empresa, e ele descobriu...

SIMONE: (Grita/Nervosa) Você roubou a empresa do seu pai? (T) VOCÊ ROUBOU A EMPRESA DO SEU PAI, E DEIXOU ELE DESCOBRIR? BURRO, BURRO!! Não é possível que você seja o meu filho, pra ser tão, mas tão panaca ao ponto de deixar o banana do Mauro descobrir esse roubo!

VICENTE: Eu achei... achei que você fosse achar ruim eu ter roubado.

SIMONE: Eu não tô nem aí, acho é pouco. De quanto foi que você conseguiu?

VICENTE: Cinco Milhões e meio...

SIMONE: SÓ ISSO?! (T) Pelo amor de Deus, se fosse dez, vinte milhões, a gente tava no lucro, mas só essa porra não dá nem pra nos mantermos em um ano. O meu custo de vida é alto!!

VICENTE: Mãe, eu não tô pensando em usar essa grana, não agora. Eu queria investir em algo, já que eu pai vai recusar a me dar qualquer dinheiro.

Irritada, Simone vai até o seu filho, dando vários tapas fortes em seu braço, que se protege.

VICENTE: (Com dor) Para, para mãe.

SIMONE: (Grita/Irritada) QUE ÓDIO, QUE ÓDIO!! (T) Seu pai que tirou esse sangue de você, né? Pois ele deveria tirar teu coro, imbecíl. (T) Não quer usar esse dinheiro como? Vamos viver do que, do dinheiro da pensão que ele vai me pagar? Eu corro sérios riscos de sair desse casamento com as mãos abanando, sem nada. Então trate de liberar esse dinheiro, porque vai ser dele o nosso sustento, que vai pagar esse hotel por alguns meses!!

VICENTE: (Cabisbaixo) Eu não queria que nada disso acontecesse...

SIMONE: Mas aconteceu, e sabe o que tá mais me tirando do sério? É que eu criei você como homem, mas saiu um moleque, uma criança burra!!

VICENTE: É tudo culpa daquela vagabunda da Lívia, ela é responsável pela nossa desgraça.

SIMONE: (Estranha) Você já conhecia ela?

VICENTE: Já, foi através dela que eu consegui essa grana. (T) Eu segui o pai até um motel, descobri a traição dele com essa piranha, e chantagiei ela pra me ajudar a mandar fotos de alguns documentos pra fazer a transferência do dinheiro. O Mauro tá tão cego por ela, que acreditou até em ameaças de morte, como se eu fosse capaz disso!

SIMONE: (Séria) Cada vez que você fala, mais eu tenho a certeza do quão idiota você é. (T) Mulheres como ela usam o corpo e a inteligência pra conseguir o que quer. Você não é páreo pra mulheres assim, deveria te me falado que eu me livraria dela com um estralar de dedos. Mas calma, não tá nada perdido, ainda é recente essa cegueira do Mauro, eu sei muito bem como é. (T) Nós vamos nos livrar dela, e do seu pai, e vamos ter de volta tudo o que merecemos!!

Corte para:

CENA 04 / MANSÃO DUTRA / QUARTO / INT. / NOITE /

Deitada na cama, conversando no celular, Lívia demonstra estar feliz, curtindo o momento.

LÍVIA: (Cont./Cel) Que nada, ele saiu daqui cuspindo fogo, acreditou em tudo, tudo Pri!

Imagens alternadas com Lívia e Priscilla, no seu kitnet.

PRISCILLA: (Rindo) Não acredito que ele caiu nessa, é um bocó mesmo.

LÍVIA: (Séria) É, mas não tá nada ganho ainda, sempre tem que ter algo de errado, sempre!!

PRISCILLA: Ué, tu tá morando na mansão, com um dos cara mais rico desse estado, o que tá dando errado?

Close em Aline, passando pela porta do quarto, tendo sua atenção desviada para a conversa de Lívia. Interessada, ela encosta sua cabeça na porta, tentando ouvir a conversa.

LÍVIA: A empregada da casa é a Carla, acredita?

PRISCILLA: (Surpresa) A sua mãe?

LÍVIA: Ela mesma, mas não vai ser por muito tempo, eu vou tirar ela daqui, e rápido!!

Estranhando a conversa onde envolve Carla, Aline mostra estar preocupada. Ao ouvir o barulho de passos na escada, ela sai rapidamente da porta do quarto. Close em Mauro, passando pelo corredor, indo em direção ao quarto, entrando e se deparando com Lívia ao telefone.

MAURO: Tá ocupada?

LÍVIA: (Cel) Tá bom, depois eu te ligo, beijos...

PRISCILLA: É o bocó?

LÍVIA: Ele mesmo, o amor da minha vida!!

Desligando o celular, Lívia levanta da cama, indo até Mauro.

LÍVIA: Era uma amiga minha, de longa data. (T) E como foi lá?

MAURO: Eu demiti o Vicente, e o expulsei de casa. Acha que eu fiz certo?

LÍVIA: Ô meu amor...

Lívia abraça Mauro, que mostra estar abalado com os acontecimentos. Close no grande sorriso de Lívia, sentindo estar dando tudo certo. A imagem vai escurecendo em seu sorriso...

Corte para:

ALGUNS DIAS DEPOIS...

CENA 05 / RESTAURANTE / INT. / NOITE /

Saindo do banheiro, Beatriz caminha em direção a uma das mesas do restaurante, se sentando de frente a um rapaz. Close neste mesmo rapaz, mostrando ser o mesmo que atropelou Grazi.

BEATRIZ: Ênio é o seu nome, né?

ÊNIO: Isso mesmo, dona Beatriz. (T) Me desculpe não ter respondido seus telefonemas, e ter retornado o mais rápido. Tava numa viagem de emprego que não de muito certo. Mas quando eu soube que a mulher de Sidney Vasconcellos, sócio da maior empresa da cidade, queria falar comigo, eu logo te procurei.

BEATRIZ: É, mas eu não vim te oferecer um emprego não.

ÊNIO: Ah não?

BEATRIZ: Não, eu vim aqui, porque quero ouvir de você, a verdade, do que aconteceu no dia do atropelamento daquela garota, a Grazi.

Ênio fica um pouco constrangido com a direta de Beatriz.

ÊNIO: Olha, eu não acho que tenho que dizer sobre Isso pra você...

BEATRIZ: (Séria) Mas eu preciso que você me fale. (T) A Grazi me disse que antes do atropelamento, ela sentiu o corpo dela sendo projetado pra frente, como se alguém a tivesse empurrado, você viu alguém? Viu?

ÊNIO: O que aconteceu naquele dia, eu quero esquecer, já foi. Eu me ferrei muito, acha que é fácil conseguir algo sendo atropelador de crianças?

BEATRIZ: (Clamando) Por favor, eu preciso muito tirar uma dúvida, coisa de mãe!! (T) Eu peço pro Sidney conseguir algo pra você na Empresa...

Pensando muito, Ênio resolve falar.

ÊNIO: Tá bom, eu vou falar algo pra você, que eu não disse nem pros pais dela, muito menos pra polícia, porque talvez seja delírio meu. (T) Antes de eu atropelar a garota, confesso que tava distraído no celular...

FLASHBACK ON:

Dirigindo o carro, Ênio parece estar irritado, numa ligação.

ÊNIO: (Cel/Irritado) Não, eu não posso, eu tenho uma viagem marcada pra amanhã. (T) Eu não sou trouxa pra fazer suas vontades, e não ligue mais pra mim!!

Desligando o celular, Ênio olha para o lado, colocando ele no banco do carona, e ao se virar para frente, o carro acerta em cheio Grazi, rolando pelo parabrisa, o manchando de sangue. Freiando bruscamente, ele para o carro, assustado, apenas olhando para frente, ofegante.
Desesperado, Ênio sai do carro, indo até Grazi, ao chão, desacordada. Ao olhar para baixo, ele vê uma criança correndo, virando a esquina.

FLASHBACK OFF.

ÊNIO: Então eu vi, uma pessoa, mais precisamente uma garota, porque não era grande, parecia uma criança, virando a esquina correndo. (T) Olha, eu não tô pensando que essa pessoa possa estar relacionada com o atropelamento, mas a rua estava vazia, ninguém passava por ali, porque não fazia mais parte da rota, eu passei porque queria cortar caminho.

Assustada com o que ouve, Beatriz abre a sua bolsa, desbloqueando seu celular, entrando na galeria. Ela clica em uma foto de Luana, mostrando para Ênio.

BEATRIZ: Você acha que pode ter sido essa garota que você viu? Acha que pode ser ela?

ÊNIO: Pode, claro que pode, como pode ser qualquer um. Eu não vi o rosto da pessoa, muito menos tenho uma visão clara, mas eu tenho a certeza de que tinha mais uma pessoa lá, e era uma criança, e era mais ou menos do tamanho da garota que eu atropelei!!

BEATRIZ: É claro que foi ela!

Corte para:

CENA 06 / MANSÃO DUTRA / COZINHA / INT. / MANHÃ /

Lavando algumas louças, Carla é surpreendida por Lívia, que a chama.

LÍVIA: Carla, eu vou precisar de um favor seu.

Secando suas mãos, Carla vira se de frente a Lívia.

CARLA: (Séria) Pode falar, dona Lívia, estou as ordens.

LÍVIA: Vou trazer umas pessoas para o almoço de hoje, bastante gente. Quero que você separe tudo do bom e do melhor da casa, e faça um banquete, porque quero recepcionar todos muito bem. Entendeu?

CARLA: Sim, dona Lívia. Tem preferência pra algum cardápio?

LÍVIA: Não, nada em especial, mas eu quero muita coisa pra sobrar, nada pra faltar. Você dá conta?

CARLA: Sim senhora, dona Lívia! (T) Vai sair?

LÍVIA: (Rindo) Acha que eu me produzi assim pra passar a manhã aqui, olhando pra você?! Se enxerga, Carla!

Ambas se tratando com rispidez, Lívia sai da cozinha, deixando Carla com raiva, mas respirando fundo, aguentando os desaforos de sua filha.
Corte para Aline, entrando na cozinha.

ALINE: Tá tudo bem, Carla?

CARLA: Tá sim, Aline, tá tudo muito bem.

ALINE: Carla, seja sincera comigo, essa garota que meu pai arrumou, é alguma conhecida sua?

CARLA: (Séria) A Lívia? Não, claro que não, ela não é nada minha!

Estranhando Carla, Aline sai da cozinha, desconfiada.

Corte rápido para:

CENA 07 / BOUTIQUE CAFÉ / INT. / MANHÃ /

Entrando em um dos estabelecimento, Lívia retira seus óculos ao encontrar Priscilla, em uma das mesas. Ela se senta.

LÍVIA: Ora ora, parece que alguém mudou um pouco o guarda-roupa...

Close em Priscilla, com roupas finas, é algumas sacolas ao seu lado.

PRSICILLA: Uma pena que você não pode ir comigo, tinha cada roupa lá que era a sua cara!

LÍVIA: Tive que ficar fazendo média esses dias pro Mauro, pro coitadinho não se sentir sozinho...

Priscilla e Lívia riam uma para a outra.

PRISCILLA: Mas eu tenho só a te agradecer pelo cartãozinho de ouro sem limites, eu fiz a festa. Não vai dar ruim pra você esse gasto não, né?

LÍVIA: Mauro nem presta atenção nessas coisas, pra ele nem faz cócegas no tanto que ele tem. (T) Hoje é um dia especial...

PRISCILA: É hoje?

LÍVIA: Ahan, os dois estão lá agora, prontos para assinar o divórcio!!

Corte rápido para:

CENA 08 / EMPRESA DUTRA / ESCRITÓRIO / INT. / MANHÃ /

De frente um para o outro, sérios, Simone e Mauro estão ao lado de seus respectivos advogados.

ADVOGADA: (Cont.) A casa de praia?

SIMONE: Dele, odeio areia.

ADVOGADA: A mansão?

MAURO: Minha, essa é a minha casa!

ADVOGADO: A minha cliente sentiu repulsa por ser expulsa de uma maneira sórdida da casa em que ela viveu durante anos, acha que ela não tem direito tanto quanto o seu cliente?

ADVOGADA: Zero direitos, antes de se casarem, sua clinte, ainda com o nome de solteira, Simone Pires, assinou um contrato, onde ela abria mão da mansão, dos direitos da empresa, e de várias outras coisas, que não são necessários ser mencionadas.

ADVOGADO: Você não me disse isso...

SIMONE: Nem eu me lembrava dessa presepada que eu fiz. (T) Também, tava pensando além disso, e você sabe bem, Mauro.

MAURO: Isso não vem ao caso, o que vale agora é que de direito, você não tem quase nada pra receber, além da minha pensão, que eu e a minha advogada discutimos, em ser 10% do meu lucro pessoal.

SIMONE: (Grita/Nervosa) 10%? EU NÃO ACEITO!!

ADVOGADA: O meu cliente queria 5%, mas eu o convenci que não era apropriado para o momento. A senhorita não vai conseguir mais do que isso.

SIMONE: Ah, cala essa boca! (T) (P/Mauro) Eu não aceito, isso é pouco, e cê sabe disso!

MAURO: Sei, claro que sei, por isso queria até menos. Você pode brigar na justiça e querer mais, com isso, você ficará sem nada até lá. Vai se sustentar com o quê? Com o dinheiro que o Vicente roubou de mim? Acredito que não seja muito, e eu faço esse processo arrastar por anos na justiça, com você saindo perdendo, claro.

ADVOGADO: Eu não posso fazer nada, Simone, você mesmo assinou abrindo mão dos bens materiais dele. Sinto muito...

SIMONE: (Irritada) Mas é um irresponsável mesmo! Se eu soubesse que seria assim, teria vindo sozinha, e não com um banana como você, advogadozinho de merda! (T) Onde que eu assino?

A advogada entrega os papéis para Simone, que na força do ódio, vai assinando todos, com Mauro a olhando. Os mesmos papéis vão parar nas mãos de Mauro, que também assina. Mauro entrega os papéis para a sua advogada, que finaliza o caso.

MAURO: (Grita/Animado) DIVORCIADOS... ALELUIA!!

Close em Simone, olhando Mauro, irritada.

Corte para:

CENA 09 / HOTEL / QUARTO / INT. / TARDE /

Tirando sua roupa, e colocando um roupão, Simone vai andando para a saída do quarto, quando é surpreendia por um homem (40 anos) forte, viril, que a agarra por trás, a segurando firme, beijando seu pescoço.

HOMEM: Aonde cê vai? Fica um pouco aqui...

SIMONE: (Nervosa) Me solta, Fábio, cê sabe que eu ODEIO que beijam meu pescoço.

Fábio se solta de Simone, se sentando na cama.

FÁBIO: É, não deu certo seus planos pro divórcio, né?

SIMONE: (Séria) Tá vendo como eu tô radiante? Então, não deu! (T) Mas ainda é cedo pra dizer que não deu certo, tem muita coisa pra acontecer.

FÁBIO: (Rindo) Sabia que quando você me chamou, não era só pra relembrar os velhos tempos, e sim, mais favores. O que a senhorita deseja agora?

SIMONE: Não sei, mas ainda vou pensar. Preciso tirar uma garota do meu caminho, e rápido.

FÁBIO: Que garota?

SIMONE: A atual namoradinha do Mauro, Lívia. Aquela vagabunda acha que vai ficar mil maravilhas, mas eu vou destruir aquela garota, e você vai me ajudar!

Fábio ri descontraído, concordando com Simone, que muda sua feição, abrindo o seu roupão.

SIMONE: (Maliciosa) Eu ia tomar um banho de sol agora, mas acho que vou deixar isso pra outro momento...

FÁBIO: O sol tá aí todos os dias, eu não!

Rindo, Simone vai pra cima de Fábio, nua. Ela sobe sobre ele, tirando sua blusa, e o beijando, fogosa, dando altas gargalhadas de prazer.

Corte para:

CENA 10 / MANSÃO DUTRA / COZINHA / INT. / TARDE /

Com a mesa farta de alimentos, comida, bebidas, Carla puxa uma das cadeiras, um pouco desolada. Ela mexe um pouco nos copos, sendo surpreendia por Aline.

ALINE: Carla, eu vou... (Estranha) Pra que tudo isso?

CARLA: Eu também estranhei. A namorada do seu pai, me pediu pra fazer um banquete, com tudo do bom, pra recepcionar alguns amigos... Mas ela não apareceu até agora, acho que desistiu.

ALINE: (Indgnada) Não acredito que ela fez você ter esse trabalho todo, pra nada? Isso tá errado, Carla! (T) Mas quer saber, não vai ficar assim não, se você fez tudo isso, então vamos aproveitar...

CARLA: É muita comida, Aline.

ALINE: Mas eu sei como resolver...

Aline pega o seu celular do bolso, ligando para alguém.

Corte de cena rápido, para Aline, entrando com dois rapazes e uma moça na cozinha, animados.

ALINE: Carla, esses são meus amigos, Anita, Pedroca, e Josué. Nós íamos comer fora, mas resolvi trazer eles pra cá, e aproveitar isso tudo.

ANITA: Prazer Carla, parece tá muito gostoso!

Josué se aproxima de Carla, pegando sua mão, e a beijando como cavaleiro.

JOSUÉ: Que mãos de fada a senhora tem...

Aline se aproxima de Josué, dando um tapa em seu braço, se soltando de Carla, que ri de toda situação.

ALINE: Deixa de graça!

CARLA: (Rindo) Tudo bem, Aline, divertir um pouco faz bem pra alma!

PEDRO: Então, vamos comer? Tô cagado de fome!

CARLA: Menino, que boca é essa na hora da refeição?

Todos eles riam, se sentando a mesa, se servindo. Close em Carla, que fica em pé, de frente a mesa.

ANITA: Senta com a gente, Carla, deixa de timidez!

CARLA: Acho que não é apropriado.

PEDRO: Tenho certeza que a Aline não vai achar ruim, não é?

ALINE: Claro que não, Carla é muito importante pra mim. (T) Pode se sentar Carla, é uma ordem!

Bem feliz, Carla se senta à mesa, também se servindo. Close nos quatro, comendo felizes e se divertindo.

Corte rápido para:

CENA 11 / EMPRESA DUTRA / ESCRITÓRIO / INT. / TARDE /

Terminado de fazer alguns pedidos no computador, Renan é surpreendido por Mauro, que entra na em sua sala.

MAURO: Renan, eu queria falar com você.

RENAN: Claro, Sr Mauro, pode falar!

Mauro se senta na mesa, de frente a Renan.

MAURO: Como você já viu, tá difícil de achar um consultor financeiro de confiança pra ficar no lugar do Vicente. Eu não sei o que fazer, e preciso com urgência.

RENAN: Claro, eu imagino.

MAURO: Então, você passou um tempo com o Vicente, sabe muito bem da rotina e ficou familiarizado de como funciona as coisas. Quando sua mãe te apresentou, você mostrou saber muito sobre esse assunto, já que é algo que você pretende aprofundar no futuro. (T) Renan, eu quero que você fique no lugar do Vicente, como consultor financeiro da empresa!

Renan se assusta com a oferta de Mauro, ficando sem palavras.

RENAN: (Chocado) O senhor quer me efetivar como o consultor financeiro?

MAURO: Isso mesmo, mas não precisa decidir agora, é uma bomba, eu sei, mas foi necessário. (T) Eu pego a resposta final com você ainda essa semana, pode ser?

RENAN: Claro, pode sim!

Mauro cumprimenta Renan, logo saindo da sala.
Close em Renan, sem acreditar na oferta de Mauro.

Corte rápido para:

CENA 12 / MANSÃO DUTRA / COZINHA / INT. / TARDE /

Chegando na mansão, Lívia coloca sua bolsa no sofá. Pronta pra subir as escadas, sua atenção é desviada quando ouve algumas gargalhadas vindo da cozinha. Estranhando, ela volta, indo até à cozinha, séria.

PEDRO: (Cont./Rindo) Aí cê precisava ver, Carla, ela caindo igual Maria mole no corredor da escola, foi impagável!!

Todos gargalham da história de Pedro.

ALINE: Pra deixar claro, naquele dia, eu fiquei sem comer, porque tava de jejum.

CARLA: É normal, quando eu tinha que tirar sangue também, eu/

LÍVIA: (Grita/Nervosa) QUE PALHAÇADA É ESSA AQUI?!

Todos na mesa ficam sério, com a chegada de Lívia. Carla rapidamente se levanta da mesa.

CARLA: Desculpe dona Lívia, eu não vi você chegando.

LÍVIA: Não viu, mas eu ouvi vocês, que baderna toda é essa?

Aline se levanta da mesa, séria.

ALINE: Essa baderna aqui, é pra concertar o estrago que você fez. (T) Pediu pra Carla fazer um banquete, e não aparecer? Que tipo de mulher é você?!

LÍVIA: (Cínica) Nossa, é mesmo, eu esqueci de ligar avisando que eu iria comer fora. (T) Mas Carla, você poderia juntar um pouco disso, e levar pra casa, não tem problema. A Simone não deixava? Mas claro, trazendo os tupperware de volta!

ANITA: Seria um desperdício fazer isso, tinha muita comida, tem gente que passa fome, sabia?

LÍVIA: (P/Anita) Primeiramente, quem é você?! Tá achando o que, querendo me dar choque de realidade? Meu amor, olha pra você, certeza que teve tudo do bom e do melhor, pra querer se importar com alguém, ou com as pessoas que passam fome. Ah, vai te catar!

PEDRO: Fica calma moça, pra que ficar nervosa desse jeito?

CARLA: Gente, por favor, eu agradeço por ter participado desse almoço, foi muito importante, de verdade. Mas, sem brigas, isso não vai levar a nada.

ALINE: Tem razão Carla, não vai ser NINGUÉM que vá atrapalhar essa tarde tão saudável que tivemos hoje.

LÍVIA: (Debochando) Aí que legal, um lindo final feliz... AGORA, CAIAM FORA!

Saindo da cozinha, Lívia deixa todos sérios, sem reação.

JOSUÉ: Ela é sempre assim?

CARLA: Nervosa? É!

Corte para:

CENA 13 / CASA DE CARLA / SALA / INT. / NOITE /

Fazendo a fisioterapia, Lurdinha mostra um pouco de dificuldade.

ENFERMEIRA: (Motivando) Mais um passo, Lurdinha, você consegue!

LURDINHA: (Exausta) Ai, eu não consigo!

Cansada, Lurdinha se joga no sofá, exausta. O portão da casa é batido várias vezes.

LURDINHA: (Ofegante) Abre lá, por favor.

A enfermeira sai da sala, indo até o lado de fora da casa. A imagem continua em Lurdinha, respirando ofegante. Alguns segundos depois, a enfermeira volta à sala, com Beatriz ao seu lado. Lurdinha estranha a aparição de Beatriz.

LURDINHA: (Surpresa) Você aqui, dona Beatriz?

BEATRIZ: Tudo bem, Lurdinha?

LURDINHA: Nada bem, como você pode vê! (T) Mas eu tô interessado mesmo é no que te traz aqui...

Beatriz se senta ao sofá, ao lado de Lurdinha.

BEATRIZ: (Séria) Lurdinha, eu vou ser direta, porque acho que eu demorei demais a procurar saber. (T) Eu quero saber o que realmente aconteceu no dia da sua queda lá em casa, aconteceu alguma coisa estranha?!

Close em Beatriz, séria, decidida em ouvir a verdade, onde a imagem se congela em branco.

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