Divergentes - Capítulo 08

quarta-feira, março 11, 2020


DIVERGENTES


Novela de Raffa Lins

CAPÍTULO 08

CENA 01 / MOTEL / QUARTO / INT. / NOITE /

Arrumando suas coisas, Lívia fecha sua bolsa. Ela retoca sua maquiagem de frente ao espelho. Mas sua atenção é desviada, quando alguém bate quatro vezes na porta do quarto. Impaciente, a porta é batida novamente.

LÍVIA: (Grita) Mas que saco... JÁ VAI!

Nervosa, Lívia vai indo a porta do quarto, a abrindo, dando de frente a Vicente.

LÍVIA: Você bateu na porta errada, tá?

Ao tentar fechar a porta, Vicente coloca sua mão a frente, impedindo Lívia.

LÍVIA: (Estranha/Nervosa) Você tá maluco? Melhor você tirar a mão dessa porta, se não vai ter um estrago maior quando eu fechar!!

VICENTE: (Sério) O estrago vai ser se você continuar a tentar fechar essa porta na minha cara!

LÍVIA: Quem é você, cara?

VICENTE: Você não me conhece, mas conhece meu pai, Mauro. (T) Lembrou? O seu amante!!

Lívia se assuta com a direta de Vicente.

LÍVIA: (Chocada) Você realmente bateu na porta errada...

VICENTE: (Grita/Nervoso) TÁ ACHANDO QUE EU SOU IDIOTA?! (T) Ou cê quer que eu falo alto aqui, pra qualquer um ouvir, e você perder toda essa mordomia que conseguiu!!

Close em Lívia, sem palavras.
Corte para:

CENA 02 / MANSÃO DUTRA / ENTRADA / INT. / NOITE /
Fechando a porta, Mauro vai em direção à sala. Ao se aproximar do sofá, Aline entra.

MAURO: (Estranha) Aline? (T) O que cê tá fazendo aqui?!

ALINE: (Sorrindo) Não vai abraçar sua filha?

Mauro coloca sua bolsa ao chão, indo até sua filha. Os dois se abraçam, felizes.

ALINE: (Emocionada) Eu tava morrendo de saudade do senhor, muito mesmo...

MAURO: E eu? Tanto tempo com você longe. (T) Mas realmente eu tô estranhando muito você aqui. Não tava fazendo faculdade? Pelas minhas contas, acabaria apenas daqui dois anos.

ALINE: É, realmente acabaria. Mas, eu desisti!

MAURO: (Sério) Desistiu? Como assim?

ALINE: Ai pai, não era pra mim aquilo. (T) Você queria que eu fosse médica, mas eu não queria, não estava preparada!

MAURO: Não queria? Era o seu sonho!

ALINE: Realmente, era!

De surpresa, Simone chega à sala, os interrompendo.

SIMONE: Então o papai chegou, viu a filhinha, e blá blá blá. (T) Hoje tirei o dia pra ir visitar você na empresa, e sabe o que me intrigou? É que você não estava lá, vide que você é o presidente. Agora, quero sinceridade, até porque nem o Sidney soube explicar o que você tava fazendo. Onde você se enfiou?

ALINE: Se eu fosse você, nem se dava o trabalho de explicar, pai.

SIMONE: (P/Aline) Finalmente falou algo útil hoje. Você não é ele, e a pergunta não foi direcionada a você!!

MAURO: Filha, vai para o seu quarto, depois a gente conversa.

SIMONE: Qual quarto? O que era dela, agora é de hóspedes!

MAURO: Ah é? Problema seu! (P/Aline) O quarto é seu, fiha.

Debochando de Simone, Aline da um beijo na bochecha de seu pai, e logo após, manda um beijo com as mãos para Simone. Ela sai da sala, indo ao quarto.

SIMONE: (Nervosa/Grita) EU NÃO SOU OBRIGADA A FICAR AGUENTANDO OS DESAFOROS DA SUA FILHA NOVAMENTE, MAURO!! NÃO VOU!!

MAURO: Primeiro que ela é a minha filha, a casa é minha, tudo nessa merda é meu!! (T) Tá incomodada? Não posso fazer nada!!

Mauro vai saindo da sala, desviando de Simone. Mas ele volta.

MAURO: Ah, respondendo a sua pergunta: Tava numa reunião, importantíssima. (T) Satisfeita?

Agora, saindo da sala, Mauro deixa Simone completamente irritada.

SIMONE: (Histérica) QUE INFERNO!!

Corte rápido para:

CENA 03 / MOTEL / QUARTO / INT. / NOITE /

Já dentro do quarto, Vicente observa tudo em volta do ambiente. Com uma feição de nojo, ele vai pra perto da cama, onde Lívia está encostada contra a parede, quieta.

VICENTE: Pro poder aquisitivo que meu pai tem, me espanta ele ter trazido você pra esse lixo de Motel!! (T) Não tá se sentindo especial com isso, né?

LÍVIA: (Séria) Fala logo, o que você quer?

VICENTE: Olha, gostei de você, é direta! (T) Então vamos lá... Meu pai tá "saindo" com você mais ou menos a um mês, não é? E não adianta falar que não, que eu já estou muito por dentro de tudo que ele anda fazendo, a bastante tempo.

LÍVIA: Se você for enrolar, me avisa que eu tomo um banho antes, tá?

VICENTE: (Rindo) Tá se achando muito por cima ainda, puta que pariu viu!

LÍVIA: Você tá aqui com essas ideiazinhas fracas pro meu lado, na maior enrolação. Acha que/

VICENTE: (Interrompe/Direto) Você vai me ajudar a roubar meu pai!!

Lívia se choca com a direta de Vicente.

LÍVIA: (Chocada) O quê?! Você quer que... quer que eu te ajude, a roubar o seu pai?

VICENTE: Extamente!

LÍVIA: (Ri) Só pode ser brincadeira, não é? Cadê a câmera escondida?

VICENTE: Não tem ninguém rindo aqui, linda. (T) É exatamente isso que você ouviu!

LÍVIA: (Nervosa) Eu não vou te ajudar a roubar o homem que me ajuda. Tá maluco?

VICENTE: (Sério) Ah, mas você vai sim, sabe por quê? Como você mesma acabou de dizer, ele tá te ajudando, provavelmente financeiramente né? É pra isso que uma prostituta serve! (T) Imagina só, pensa comigo, eu abro o jogo com ele, digo que sei desse caso extraconjugal e tudo mais. Ele vai querer que eu não conte a minha mãe, e automaticamente, termina com você. Assim, quem sai perdendo, não sou eu, nem minha mãe, nem ele, é você, que vai continuar sendo apenas a garota de programa. Claro, sem todo dinheiro que o idiota deve tá te dando. É o suficiente pra você?

Lívia se cala diante as palavras de Vicente.

LÍVIA: E como você quer que eu te ajude?

VICENTE: Ainda não sei, vou ver certinho. Me passa o seu número, pra não perdemos contato! O número certo!

Remoendo de raiva, Lívia pega uma caneta sobre uma mesa. Indo até Vicente, ela levanta a manga da blusa do mesmo, e anota o número de telefone em seu braço.

LÍVIA: (Cínica) Quer tentar ligar agora, pra ver se chama?

VICENTE: Você não é burra, não seria idiota de dar o número errado. (T) Como eu já disse, entro em contato.

Vicente se aproxima de Lívia, ele abaixa, e lhe dá um beijo em seu rosto. Sorrindo, Vicente sai do quarto do Motel. Close em Lívia, limpando o rosto com as mãos, enojada.

Corte rápido para:

CENA 04 / KITNET / INT. / NOITE /
inconformada, Lívia joga o copo d'água na parede, corroendo de raiva.

PRISCILLA: Ei, ficar raivosa assim agora não adianta nada! Agora é pensar...

LÍVIA: (Nervosa) Não, tava dando tudo certo. O cara tava na minha, eu fazendo papel direitinho, pra aquele almofadinha de merda vir e querer atrapalhar os meus planos?

PRISCILA: E o que ele quer?

LÍVIA: Que eu ajude a roubar o Mauro...

PRISCILLA: E você não vai fazer isso, né?

LÍVIA: Claro que vou, eu não tenho escolha. Se não faço, ele abre o jogo e eu perco a nossa galinha dos ovos dourado.

PRSICILLA: E se ele descobre, vai terminar com você de um jeito ou de outro. (T) Tá num fogo cruzado minha linda, pra onde você for, vai dar merda!

LÍVIA: (Séria) Não, não vai! (T) Certeza que o almofadinha não vai querer fazer algo tão grande assim, e dar na cara o roubo? Ele é esperto, mas também eu sou. (T) Vamos seguir o plano, tá dando certo. Mauro quer conhecer a minha casa, ele ficou com umas desconfianças na cabeça sobre a história. Não acreditou 100% não.

PRISCILLA: Sua casa? A história que você inventou não é que era órfã? Vai levar ele pra casa da sua mãe?

LÍVIA: Claro que não, imbecíl! (T) Eu vou mostrar esse moquifo aqui pra ele, como se fosse a minha casinha!

PRISCILLA: Moquifo, mas cê tá aqui né?

LÍVIA: Eu vou chamar ele aqui amanhã mesmo, e você precisa sumir. (T) Ah, e essa televisão também.

PRISCILLA: Minha TV? Tá louca?

LÍVIA: Amor, eu sou pobre esqueceu? Tenho que mostrar pra ele que sou vulnerável, simples, mansinha. Não uma televisão de 42 polegadas nesse cubículo de casa!

Corte para:

CENA 05 / MANSÃO DUTRA / INT. / MANHÃ /

Fachada da Mansão Dutra, foco na grama verde da área externa, e um forte Sol reluzindo.
Corte para Carla, na cozinha, lavando alguns pratos. Após terminar, Carla sobe as escadas, entrando em um dos quartos, e o observa todo desarrumado.

CARLA: (Estranha) Mas que bagunça é essa, quem chegou?

ALINE: Eu!

Carla adentra ao quarto, ao ouvir Aline, que está na porta da suíte. Ao ver Aline de perto, Carla dá um enorme sorriso, que é retribuído pela mesma. As duas se aproximam, e se abraçam, felizes.

CARLA: Menina do céu, o que cê tá fazendo aqui?!

ALINE: (Sorrindo) Eu voltei, Carla, voltei pra ficar!

CARLA: Aí meu Deus, essa é a melhor notícia que eu recebo à tempos!

Emocionada, Aline abraça novamente Carla, que retribui.
Corte para Vicente, entrando ao quarto.

VICENTE: (Surpreso) Aline? Você voltou?

ALINE: Mas é impressionante mesmo, ninguém pergunta se eu tô bem, como anda minha vida. Só querem saber a mesma coisa!

VICENTE: Pode ficar tranquila, de você eu não quero saber nada!

ALINE: O mesmo idiota de sempre...

VICENTE: A mesma vagabunda de sempre...

CARLA: (Nervosa) Você respeita sua irmã, garoto! Malcriado!

ALINE: Deixa Carla, você não merece se desgastar por esse aí. Tão nojento como a mãe dele. (T) Pessoas assim não vão longe.

VICENTE: Realmente, quem está voltando não sou eu.

ALINE: Claro, nunca saiu daqui, nunca bateu as asas. (T) Sempre vai ser esse moleque prepotente e arrogante, que sempre vai precisar do pai pra crescer na vida. Aliás, crescer não, porque você tá fazendo a mesma coisa desde quando eu fui embora. (T) Patético, não acha?

Sem responder as provocações de Aline, Vicente sai do quarto. Close em Aline e Carla rindo uma para outra.

CARLA: (Rindo) Pode se passar anos, mas ele sempre abaixa a cabeça pra você!

Rindo, as duas se abraçam novamente.

Corte para:

CENA 06 / MANSÃO DUTRA / QUARTO / INT. / MANHÃ /

Sentada sobre a cama, Beatriz observa o marido dormindo. Demonstrando estar angustiada, ela o acorda.

SIDNEY: (Sonolento) O que foi, Beatriz?

BEATRIZ: (Chorando) Não dá mais...

Ao perceber o choro de sua esposa, Sidney se levanta, sentando se ao seu lado.

SIDNEY: O que foi, meu amor?

BEATRIZ: (Emocionada) Eu achei que estava preparada pra ter mais um filho, estava muito animada, mas eu me enganei. (T) Eu não estou pronta, Sidney. Ter o Daniel pra mim, já é um milagre, eu o amo muito, e faria de tudo por ele. Só que eu vejo como um erro a adoção da Luana...

SIDNEY: Erro? Beatriz, nós planejamos isso por meses. A tempos que nós queríamos adotar uma criança, pra ser companheiro do nosso filho, e nosso também!

BEATRIZ: Eu sei, acha que não tá sendo difícil falar isso? Mas eu errei, errei em acreditar nisso. (T) Eu quero devolver a Luana ao orfanato, estou sofrendo demais.

SIDNEY: Você tem certeza do que tá pedindo? Isso é sério, ela não é uma mercadoria que estraga e a gente devolve com a nota fiscal não. Ela é uma criança, um ser humano, vai querer que essa menina sofra de novo?

BEATRIZ: (Chorando) Eu sinto muito por ela, mas é algo muito grande pra mim. EU NÃO ESTOU PREPARADA!!

Sidney estranha o comportamento de Beatriz, mas a conforta.

SIDNEY: Se você quer assim... Hoje lá na empresa, vou dar entrada nos papéis pra devolver a Luana, mas pode demorar um tempo. Espero que fique pra sua responsabilidade em explicar a Luana e ao Daniel, essa sua decisão!

BEATRIZ: Pode deixar, eu vou saber o que dizer. (T) Obrigada meu amor, obrigado por me entender e saber o que eu estou sentindo.

Beatriz da um beijo em Sidney, que volta a deitar, se virando ao lado. Beatriz dá um pequeno sorriso, de alívio.
Close ao lado de fora do quarto, onde Luana com a cabeça encostada na porta, ouvia toda conversa. Foco em seu rosto, irritada.

Corte rápido de cena, onde voltando ao seu quarto, Luana se tranca nele. Com ódio, ela começa a ter ataques de fúria, jogando tudo ao chão. Irritada, ela arranca todo o lençol da cama. Com as próprias mãos, Luana vai rasgando todo o travesseiro, e o jogando no chão.

LUANA: (Trêmula/Irritada) Se ela pensa que vai me devolver assim, ela tá enganada... MUITO ENGANADA!

Close nos olhares de ódio de Luana.

Corte para:

CENA 07 / HOSPITAL / QUARTO / INT. / TARDE /

Ao lado de Lurdinha, Carla demonstra estar animada.

CARLA: O médico acabou de dizer que você vai receber alta amanhã já. Dá pra acreditar?

LURDINHA: Alta pra que? Pra eu sair dessa cama, e continuar numa cadeira de rodas?

CARLA: Por favor Lurdinha, o que conversamos? Você vai fazer fisioterapia, vai ter tudo do bom e do melhor.

LURDINHA: Fazer como? Eu sou sozinha, Carla, Esqueceu? Não tenho filhos, marido, nem família!

CARLA: Eu já disse que tem a mim. (T) Quer uma notícia boa? Consegui uma enfermeira que vá ficar com você o dia inteiro, enquanto eu trabalho. Vai estar disponível o tempo que você quiser! (T) Ah, e vai morar na minha casa!

LURDINHA: Na sua casa? Sua filha me odeia, ela nunca vai me aceitar.

CARLA: Lívia não tem o que querer, a casa é minha, eu pago minhas contas, então eu levo quem eu quiser na minha casa!

Carla demonstrando confiança, aperta as mãos de Lurdinha, a confortando.

Corte rápido para:

CENA 08 / EMPRESA DUTRA / ESCRITÓRIO / INT. / TARDE /

Concentrado em frente ao computador, Vicente é interrompido por Renan, que lhe entrega uns papéis.

RENAN: Como o seu pai não está aqui agora, me pediram pra entregar esses papéis pra você assinar.

VICENTE: Ah claro, obrigado!

Estranho, Renan fica observando Vicente.

VICENTE: (Nervoso) Que foi, perdeu alguma coisa?!

RENAN: Não, perdi nada não. (T) Cê disse "obrigado", é a primeira vez que eu ouço isso de você!

Vicente fica sem jeito.

VICENTE: Mas não acostuma não, idiota!

RENAN: Não há de quê, Vicente.

Renan volta para sua mesa, deixando Vicente desconfortável.
Close em Vicente, olhando Renan.

Corte rápido para:

CENA 09 / CASA DE CARLA / COZINHA / INT. / NOITE /

Fazendo o jantar, Carla fica impaciente com Ivan, que está em frente a televisão, assistindo futebol.

CARLA: (Grita) DÁ PRA ME AJUDAR AQUI, IVAN?

Imagens alternadas entre Carla à cozinha, e Ivan na sala

IVAN: (Tenso) Eu tô vendo jogo, e cê sabe que eu não perco um!

CARLA: Claro, fiquei aí vendo seu jogo, que enquanto eu faço a janta, cansada, você descansa aí no seu bem bom.

Continuando nas panelas, a atenção de Carla é desviada, quando portão da casa é batido diversas vezes. Nervosa, ela tira um pano de seu ombro, indo até lá fora. Carla abre o portão, e se depara com uma mulher, grávida.

CARLA: Posso ajudar?

MULHER: Pode sim, é aqui que o Ivan mora?

CARLA: É sim, meu marido. Por quê?

MULHER: (Direta) Meu nome é Vânia, acho que você não me conhece, mas eu conheço o seu marido. À um mês atrás, ele me engravidou e simplesmente sumiu do mapa. (T) Tive que vir atrás dele pra assumir as responsabilidades de pai. Ele está em casa agora?

Close em Carla, assustada com a revelação de Vânia.

Corte para:

CENA 10 / KITNET / INT. / NOITE /

Sentado em uma cadeira, de frente ao balcão, Lívia se aproxima de Mauro, colocando um prato de macarronada em sua frente.

LÍVIA: Um prato simples, mas feito com carinho. (T) Desculpe te fazer comer neste balcão, é que como você pode ver, não tem espaço para uma mesa. Cozinha grudada com o quarto, que ali no canto é o banheiro...

MAURO: Que isso, o importante é que como você mesmo disse, foi feito com carinho. (T) Sente se também!

Lívia pega seu prato, e se senta ao lado de Mauro. Enquanto comem, eles conversam, pra se descontrair.

MAURO: (Saboreando) Hum, é simples mas é gostoso. Se eu te falar que eu lembrei do tempero da minha empregada, tá muito parecido!

LÍVIA: Só de ser a sua empregada, já imagino que ganhei um ponto com esse macarrão.

Os dois riam.

MAURO: E você, não vê televisão?

LÍVIA: Assistia sim, tinha uma pequena, mas ela queimou, e eu não tive como comprar outra. (T) Sei que você deve tá pensado: "O que ela fez com todo aquele dinheiro que eu dei no começo do mês?"

MAURO: Não, tô não. Já sei que você pagou as dívidas da sua tia. Aliás, sua tia morou aqui com você, não é? Não vi foto dela e de ninguém aqui!

LÍVIA: É que ela nunca foi fotogênica, sabe? Sempre evitava a tirar fotos, então eu também acabei pegando esse costume dela também, e não costumo tirar e revelar fotos.

Mauro dá um sorriso à Lívia.
Corte de cena rápido, dando a última garfada da macarronada, Mauro se mostra satisfeito com o prato.

MAURO: Delicioso, como a cozinheira!

Lívia dá um beijo em Mauro, pegando seu prato. Ela o coloca na pia, e começa o lavar.

MAURO: (Sério) Eu pensei muito no meio do caminho, como ficaria a nossa... A nossa relação. Eu prometi te pegar hoje, mas não vou.

Lívia para de lavar o prato, e presta atenção no que Mauro fala, mas continua de costas a ele.

MAURO: Tive outra ideia do que fazer com você, outros planos. (T) Eu fiquei muito admirado com a sua história de vida, e por tudo que você passou pra chegar até aqui. (T) Lívia, eu quero lhe alugar um apartamento, o mais caro que tiver no centro da cidade, com toda mordomia. Empregados, qualquer refeição, tudo o que você quiser!

Ainda com os pratos nas mãos, Lívia se choca com o que Mauro diz.

LÍVIA: (Trêmula) Você quer... Quer alugar um apartamento pra mim?!

MAURO: Isso mesmo. Você aceita?!

Close na feição assustada de Lívia, sem palavras, derrubando o prato ao chão, se quebrando.

Corte para:

CENA 11 / MANSÃO VASCONCELLOS / QUARTO / INT. / NOITE /

Ao acordar, Beatriz vira se ao lado, e olha o relógio, marcando 01h37 PM. Ela levanta, coloca o seu hobby, e calça os seus chinelos. Corte de cena rápido, para Beatriz, abrindo lentamente a porta do quarto de Daniel. Ao entrar, Beatriz se assusta com a luz do abajur acendendo. Close em Luana, com o rosto iluminado, sentada em uma poltrona, séria.

LUANA: (Séria) Boa noite, Beatriz!

BEATRIZ: (Sussurrando/Nervosa) O que cê tá fazendo no quarto do meu filho?

LUANA: O mesmo que você... Desejando boa noite pro meu maninho.

BEATRIZ: Some daqui, agora!

LUANA: Eu não vou a lugar algum, Beatriz. (T) Eu ouvi hoje pela manhã que você quer me devolver ao orfanato. O que eu fiz de errado, mamãe?

BEATRIZ: Para de agir desse jeito comigo, você só tem doze anos!! (T) Agora vai pro seu quarto, e some de perto do Daniel.

LUANA: (Mansa) Mas mamãe, eu quero conversar mais com a senhora, eu não quero ir embora...

BEATRIZ: Eu não quero saber/

LUANA: (Interrompe) Você já viu isso, mamãe?

De suas costas, Luana retira um diário, fazendo questão de mostrar a Beatriz, que no mesmo instante muda sua feição, ficando séria.

BEATRIZ: (Pasma) Aonde você achou isso?

LUANA: Fala baixo, você não quer acordar o Daniel, quer?

BEATRIZ: Me devolve isso, agora!

LUANA: (Cínica) Sabe mamãe, quando eu cheguei aqui, fiz questão de querer ler um pouco. A leitura distrai coisas ruins da cabeça. (T) Aí eu encontrei isso aqui, o seu diário. Muito, mas muito interessante mesmo. Escrito a mão, detalhes de uma vida maravilhosa! (T) Acredita que eu li tudo em praticamente um dia? Não vai me elogiar por isso?

BEATRIZ: (Nervosa) Cala a boca!

LUANA: Então eu passei este tempo todo lendo o seu diário. (T) Sabe a parte que eu mais gostei? Aquela que/

BEATRIZ: Cala a boca, cala a/

LUANA: (Por cima) Aquela parte onde você conta com detalhes, como traiu o papai, e que através dessa traição, nasceu o meu querido irmãozinho Daniel. (T) Uma linda história de família feliz!!

Close em Beatriz,assutada, chantageada por Luana, onde a imagem se congela em branco. 

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