Divergentes - Capítulo 02

terça-feira, março 03, 2020


DIVERGENTES


Novela de Raffa Lins


CAPÍTULO 02


CENA 01 / CASA / ÁREA EXT. / NOITE /

A cena volta no momento em que todos apagam as luzes, e ficam escondidos. Carla estranha a demora do filho pra chegar até eles, então ela resolve acender a luz.

PESSOAL: (Grita) SURPRESA!!

Todos se chocam ao ver Renan completamente machucado, e cambaleando. Um burburinho começa a se formar. Close em Carla assustada e em Lívia, sem reação.

CARLA: (Perplexa) Filho, o que aconteceu?

Sem responder, Renan chora compulsivamente. Carla olha sua volta, e vê que todos estão olhando, assim, ela vai até Renan, e o abraça, tentando lhe confortar.

RENAN: (Chorando) Me perdoa mãe...

CARLA: (Emocionada) Fica calmo meu filho, a mãe tá aqui...

Sobre olhares de ódio de Lívia, Carla ajuda seu filho entrar para casa. Os convidados ficam preocupados, e no mesmo instante, Lívia também entra para sua casa. Lurdinha tenta acompanhá-la, mas Lívia a barra na porta.

LURDINHA: O que cê tá fazendo, garota?

LÍVIA: Isso é assunto de família, então você tá proibida de entrar por aqui agora. (T) Vê se presta pra alguma coisa, e mande esses desocupados irem embora, inclusive você!

Lívia na maior grosseria, bate a porta na cara de Lurdinha e dos convidados ao lado de fora.
Close no rosto de Lurdinha, assustada.

Corte rápido para:

CENA 02 / CASA / SALA / INT. / NOITE /

Alguns minutos depois, Carla vai limpando os machucados do filho, que ainda continua em silêncio. Close em Lívia sentada ao outro sofá, observando a situação.

RENAN: (Esquivando/Sentindo Dor) Ai, ai, ai mãe, tá doendo.

CARLA: Se você não ficar quieto, vai doer mesmo!

LÍVIA: Não vai dizer o que aconteceu, Renan?

CARLA: (Firme) Dá um tempo, Lívia!

LÍVIA: Não vai me dizer que você também não quer saber? Ele tá te enrolando pra inventar alguma desculpinha pra passar a trouxa pra trás, como ele sempre fez!

RENAN: Eu não sou você, idiota.

LÍVIA: (Sarcástica) Uma pena não ser eu. (T) No momento eu não estou toda machucada, ou morrendo de medo de contar a verdade!

CARLA: (Grita/Nervosa) Vai pro seu quarto, Lívia, AGORA!

LÍVIA: (Segura) Não, eu não vou! (T) Quero ver até onde isso vai.

Carla para de limpar os machucados do filho, e se aproxima de Lívia, brava.

CARLA: Você não imagina o nível de estresse que está me deixando a tempos, por motivos chulos, idiotas. Qual é o seu problema?

LÍVIA: Agora você quer saber o meu problema? (T) Para de querer fingir se importar comigo, mas que na verdade só quer saber o que se passa com seu pequeno prodígio. Vai cuidar dele, como sempre fez, como sempre foi... Mãe de um filho só!

Carla acerta um tapa forte no rosto de Lívia, que cai ao sofá com as mãos ao rosto, aparentando dor.

RENAN: Não faz isso mãe, ela só quer motivos pra você ter raiva dela.

CARLA: (Nervosa) O mesmo amor que ele recebe, você também recebeu, ingrata!

Lívia se levanta furiosa, com raiva de sua mãe.

LÍVIA: (Grita/Nervosa) EU ODEIO VOCÊ, ODEIO VOCÊ!! ODEIO ESSE IDIOTA, ODEIO TODA ESSA FAMÍLIA DE IMPRESTÁVEIS!!

Lívia vai para seu quarto, e bate a porta ao entrar. Carla então volta a atenção de Renan.

CARLA: (Séria) Agora somos eu e você. (T) Desembucha, quem fez esse estrago em você?

Close em Renan, em choque.

CARLA: (Séria) O gato comeu sua língua? Ou perdeu também quando se envolveu nessa briga?

RENAN: Foi por causa de um... (Se Corrige) de uma garota. É, por causa de uma garota!

CARLA: (Estranha) Garota? Que garota?

RENAN: Eu tava saindo como uma garota aí, e o ex namorado dela nos viu beijando, e me agrediu. É isso.

CARLA: (Indignada) Você conhece esse rapaz? Como assim sai batendo nas pessoas gratuitamente. Vamos na delegacia agora, vamos prestar uma queixa contra esse idiota!!

RENAN: Não mãe, por favor, não. Já é humilhante demais a minha situação nesse estado, imagina só todo mundo saber qual foi o motivo. Eu não quero isso, e a senhora precisa respeitar minha decisão!!

Corte para:

CENA 03 / MANSAO DUTRA / INT. / MANHÃ /

Dia seguinte, tempo nublado, nuvens carregadas, close na fachada da mansão Dutra.
Simone deitada em sua cama, ouve o barulho do interfone de sua casa ser tocado inúmeras vezes.

SIMONE: (Grita/Impaciente) Mas que inferno! Dá pra alguém atender a merda dessa porta?

Impaciente, Simone se levanta, veste seu hobby de seda. Ela olha ao relógio marcando 8h27. Simone desce as escadas rápido, indo em direção a porta.

SIMONE: (Nervosa) Quem será que a desgraça que não tem o que fazer, e vem na casa dos outros a essa hora?

Ela abre a porta, e ao ver uma mulher, ela muda sua feição completamente, dando um sorriso.

SIMONE: (Estranha) Ana, minha querida, o que faz aqui?

ANA: Posso entrar?

SIMONE: (Sorrindo) É claro, receber uma visita a essa hora é tão bom, conversar logo cedo... Uma maravilha!

Ana então entra, e se senta ao sofá da sala. Simone fecha a porta e a acompanha, também se sentando.

SIMONE: Notícias boas?

ANA: Ótimas, eu fiz o que você me mandou...

SIMONE: (Interessada) Fez? E aí?

ANA: Eu mandei lotar a casa do namorado da minha filha de drogas, e fiz uma denúncia anônima... Além do safado do namorado dela, foram presos a mãe e o tio.

SIMONE: (Rindo) Olha que legal, é como se fosse uma promoção, denuncie um, e leve o combo todo preso.

Simone e Ana dão altas gargalhadas.

SIMONE: (Séria) Ninguém pode imaginar que eu te ajudei nessa história te passando o contato do Fábio. (T) Aliás, ninguém deve saber dessa história.

ANA: Eu pensei em contar ao meu marido, ele ficou tão feliz com o rompimento da nossa filha com aquele marginal.

SIMONE: Sossega o facho, mulher. (T) Eu já escondi inúmeras coisas do meu marido, tente fazer isso também, é maravilhoso! (T) Isso merece um brinde, não é? (Grita) Ô Carla... Carla?!

ANA: Onde ela se meteu?

SIMONE: Ai, nem sei. (T) Mauro fica dando muita colher de chá pra ela, tanto que hoje ela faz o que bem entende, e me parece que nem trabalhar veio hoje.

ANA: Corta as asinhas dela, boba.

SIMONE: Eu já deveria ter feito isso a anos, mas o Mauro acha que devemos lealdade a ela, por ter me ajudado o Vicente nascer. (T) Mas entre nós duas, eu nem queria ter o Vicente naquele momento. Só engravidei mesmo pra segurar o Mauro. Acredita que na época ele queria se separar de mim? Ah, eu não perdi o tempo, e logo me engravidei dele. E o pai dele, rígido como só vendo, não deixou ele se separar, tanto que tá comigo até hoje, mesmo depois do velho tá morto.

ANA: Eu não sabia disso. A cada dia a gente aprende uma coisa nova sobre você.

SIMONE: Meu amor, eu sou tão complexa, que nem Deus sabe me explicar...

Corte para:

CENA 04 / EMPRESA DUTRA / ESCRITÓRIO / INT. / MANHÃ /

Vicente chega correndo na empresa, todo apressado. Antes de entrar em sua sala, ele para até a secretária.

VICENTE: O coroa tá aí?

SECRETÁRIA: Tá sim, e uma fera. (T) Qual foi o motivo do atraso dessa vez?

VICENTE: Isso não lhe interessa, bonequinha.

Vicente vai indo para sala do escritório, mas antes ele volta novamente até a secretária.

VICENTE: (Malicioso) Eu não poderia entrar sem antes falar isso... Belo sutiã Sabrina, aposto que é G...

Todo sorridente, Vicente vai entrando para sala, deixando Sabrina sem graça, a fazendo fechar um botão de sua blusa.
Vicente finalmente entra a sala e encontra seu pai.

VICENTE: (Animado/Sarcástico) Bom dia paizão, dormiu bem?

MAURO: Já viu as horas?

VICENTE: Pior que não, meu relógio quebrou...

MAURO: (Grita/Nervoso) SÃO 9h00!! (T) Eu estou pouco me lixando onde você dorme, ou passa a noite. Eu só quero que você chegue na merda do horário marcado!

VICENTE: Relaxa, deu alguma coisa errado?

Sem paciência, Mauro se levanta, vai em direção ao seu filho, pegando o garoto pela blusa, jogando o na parede.

MAURO: (Firme/Sério) Lá em casa você me trata da forma como quiser, tem a idiota da sua mãe pra te defender...

VICENTE: Não fala assim da mãe/

MAURO: (Por cima) Cala a boca que eu ainda não terminei de falar. (T) Se você gosta de gastar seu dinheiro em motel com essas vagabundas que encontra na rua, foda-se. Mas eu quero compromisso, comprometimento. E não vai demorar muito até o dia em que eu quebre essa sua sala usando sua própria cabeça de vento, seu animal. Vou começar a te tratar da mesma forma que uma criança de 10 anos. (T) Entendeu o recado?

Vicente, completamente apavorado, empurra seu pai para trás, que com isso acaba o soltando.

MAURO: Eu agora vou para a minha sala, trabalhar. (T) Sidney não vai vir hoje, ele foi com a Beatriz resolver o caso da adoção. Então vai ficar até tarde pra cobrir a falta dele aqui. (T) Tenha um bom dia...

Vicente se senta à sua mesa, a espera de seu pai sair da sua sala.

VICENTE: Era só isso?

MAURO: Só mais uma coisa...

Mauro retira do seu pulso o seu relógio, então ele joga na mesa de Vicente.

MAURO: Agora você não perde mais o horário...

Mauro sai da sala de Vicente, que ao mesmo tempo, abaixa a cabeça na mesa, e cai ao choro. Na raiva, ele joga todos os papéis da mesa ao chão, transtornado.

Close no rosto de ódio de Vicente.

VICENTE: (Frio) Você vai pagar caro, Mauro, muito caro!

Corte rápido para:

CENA 05 / ORFANATO / INT. / MANHÃ /

Imagens de um grande casarão, um pouco velho, mas acolhedor. A cena se corta para um corredor, onde de mãos dadas, Beatriz e Sidney andam pelo local. Várias crianças passam por eles, correndo, brincando, se divertindo, arrancando sorriso dos dois.

BEATRIZ: É Isso mesmo que você quer, meu amor?

SIDNEY: "Isso" será a nossa nova filha, que eu, você, e Dan vamos cuidar como do nosso próprio sangue!

Beatriz se alegra com as palavras de seu marido, é lhe da um beijo. Mais a diante, eles são parados por um rapaz.

DIRETOR: Bom dia, vocês são?

BEATRIZ: (Sorrindo) Sou a Beatriz Vasconcellos, ele é Sidney Vasconcellos, meu marido. (T) Ligamos aqui a algum dias atrás, dizendo que faríamos uma visita, queremos adotar uma garotinha. E estamos aqui...

DIRETOR: Ah claro, me falaram sobre vocês dois mesmo. Eu sou o diretor do orfanato, Joel, muito prazer! (T) Então podem continuar, e achem a nova criança que fará vocês felizes!

SIDNEY: Obrigado!

BEATRIZ: Obrigada!

Os dois continuam andando, observando as crianças. Passando por uma sala, com a porta entreaberta, eles ouvem uma criança cantando. Lentamente vão abrindo a porta, e vê uma menina tocando piano e cantando...

Música na voz doce da criança: " Depende de nós, quem já foi ou ainda é criança, que acredita ou tem esperança, quem faz tudo pra um mundo melhor..."

Com os olhos brilhando, os dois se encantam com a menina cantando, mas ao esbarrar na mesma porta, que faz um enorme barulho por ser aberta, acaba assustando a garotinha, que vira se para trás assustada, parando de cantar...

BEATRIZ: Ô Meu Deus, me desculpe, não queria atrapalhar sua linda cantoria.

SIDNEY: Mil perdões!

MENINA: (Cabisbaixa) Tudo bem, as vezes é bom alguém te ouvir tocando e cantando.

Os dois vão se aproximando da menina, que se levanta com medo, se afastando.

BEATRIZ: Não, não, não, não precisa ficar com medo da gente, só estamos aqui na melhor razão possível!

A menina dá um leve sorriso, ficando parada.

SIDNEY: Qual o seu nome, princesa?

MENINA: (Tímida) Luana...

BEATRIZ: Luana? Que lindo nome, muito bonito mesmo.

LUANA: Foi o nome escolhido pela minha avó...

SIDNEY: Como sempre, as avós com bom gosto!

Os três ri, e aos poucos vão criando uma nova aproximação. A cena vai se abafando, enquanto eles conversam...

Corte para:

CENA 06 / CASA / SALA / INT. / MANHÃ /

Com as roupas sujas, Ivan chega em casa, coloca sua mochila no sofá, e em seguida se senta, exausto. Ele encosta a cabeça, e fecha os olhos.

CARLA: (Grita) IVAN, ACORDA!

Ivan se assusta ao ouvir Carla gritando.

IVAN: Pra que você tá gritando? Minha cabeça vai explodir...

CARLA: O mundo caindo e você aí, querendo dormir?

IVAN: É claro, eu estou cansado, esgotado. Não mereço um descanso?

CARLA: (Nervosa) Merece, claro que merece. (T) Merecia a três horas atrás, o horário que deveria estar em casa, mas por incrível que pareça, só chegou agora. Pode me explicar aonde você se enfiou?

Close em Ivan, sem reação.

Corte rápido para:

CENA 07 / ORFANATO / INT. / MANHÃ /
Sentados na sala do Dieretor, Beatriz e Sidney conversam sobre a adoção.

JOEL: E então, decidiram?

BEATRUZ: Sim, ela me parece ser a garota perfeita. (T) Conversamos bastante, e nós dois adoramos.

SIDNEY: Ficaremos mais felizes se tudo ocorrer o mais rápido possível... E já levar ela hoje mesmo.

JOEL: (Alegre) Como é bom ouvir isso, de pais dedicados que querem mesmo uma criança. Quem é ela?

BEATRIZ: O nome dela é Luana, a menina que estava tocando o piano!

No momento em que o diretor ouve o nome de Luana, ele muda de feição rapidamente.

JOEL: (Sério) A Luana? Não é possível! (T) Sinto muito em lhe informar, mas Luana não sairá daqui, muito menos adotada!

Close no casal, estranhando a frieza do Diretor.

Corte rápido para:

CENA 08 / CASA / SALA / INT. / MANHÃ /

Continuação da cena 06, onde Carla questiona a demora de Ivan para chegar em casa.

IVAN: Por favor né Carla, cê sabe que quando eu me atraso, é hora extra. (T) Ás vezes você se faz de boba só pra arrumar briga, já percebeu?

CARLA: Quer saber, eu não me interesso mais a onde você estava. (T) Seu filho ontem chegou todo machucado em casa, na frente da vizinhança toda, e sua filha como sempre me desafiando.

IVAN: (Preocupado) Machucado?

CARLA: É, com a cara toda marcada. (T) Vai lá, e fala com ele!

Ivan se levanta e vai direto ao quarto do filho, o acordando.

RENAN: (Dormente) Pai...

IVAN: Que isso, garoto? Quem fez esse estrago na sua cara?

Na outra cama, Lívia acorda nervosa.

LÍVIA: (Irritada) Dá pra falarem baixo? Eu ainda sou obrigada a dividir o quarto com esse aí. Agora sou obrigada a dividir discussões e preocupações também?

RENAN: Deixa pra lá pai, e deixa pra lá isso também, eu já estou melhor.

LÍVIA: (Cínica) Mas ontem não estava, tanto que chegou aqui pingando de sangue. Nossa pai, mas precisava ver como isso alterou sua esposa. Ela fez questão de até me dar um tapa na minha cara, acredita? O auge da noite!

IVAN: Sua mãe te bateu?

LÍVIA: Bateu. E não é a primeira vez...

Nervoso, Ivan sai do quarto, indo atrás de Carla.

RENAN: Tá feliz agora? Conseguiu fazer a mãe e o pai brigar.

LÍVIA: (Sorrindo) Tô me sentindo adorável.

Lívia vira para o canto, com um longo sorriso no rosto.

Corte de cena, onde Ivan vai até Carla.

IVAN: Que história é essa de você ter dado um tapa na cara da Lívia?

CARLA: Então ela já foi te fazer fofoca? Que ótimo. Ela te contou o motivo?

IVAN: Não, não me contou. Me fala você!

CARLA: Ela falou na minha frente que eu era mãe de um filho só, que nunca dei a atenção possível a ela. (T) Me desrespeitou, e eu fiz o mínimo, ela já estava entalada aqui.

IVAN: Agressão, Carla? É nisso que você acha que resolve?

CARLA: No diálogo ela não me ouve, não tive outra alternativa. (T) Aliás, deixei de ir trabalhar hoje pra cuidar do Renan, e para termos uma conversa séria com a Lívia. Mas já vi que foi tudo em vão, e ela já envenenou sua cabeça. (T) Com licença, tenho mais o que fazer...

IVAN: Aonde vai?

CARLA: Sair, ir trabalhar, não sei. Só sei que você que vai resolver os problemas partir de hoje. Tá legal?

Corte rápido para:

CENA 09 / ORFANATO / INT. / MANHÃ /


Continuação da cena 07 , onde o diretor do orfanato impede a adoção de Luana.

SIDNEY: Como assim ela não pode ser adotada? (T) Que reclusão é essa?

JOEL: Olha, eu sei que será difícil entender o porquê desse meu controle em relação a Luana. (T) Ela causa muitos problemas, muitos mesmo.

BEATRIZ: Como assim?

JOEL: Quando uma criança machuca, Luana está lá. Algo quebrou, Luana está lá. Ela sempre está no momento em que algo ruim acontece...

SIDNEY: Você tá me deixando confuso!

JOEL: Já faz um bom tempo em que Luana está com a gente no orfanato. Ela chegou aqui sozinha, abandonada. Os pais dela morreram logo cedo, vítimas de um acidente de carro, quando Luana tinha oito anos. (T) Ela foi parar em um outro orfanato, e logo foi adotada por uma outra família. O fim dessa família é algo perturbador. A mãe adotiva matou o marido queimado, e seu filho caçula, também morreu junto. A mulher após isso, se matou com um tiro na cabeça.

SIDNEY: Eu até agora não sei aonde você quer chegar, tudo que me contou agora, foi uma fatalidade tremenda, onde a maior vítima que deve ter traumas com isso, é a Luana!

Enquanto eles discutem na sala, a imagem foca inteiramente em Luana, do lado de fora, embaixo da janela da sala do diretor, ouvindo toda a conversa deles, com uma feição séria.

JOEL: Pode se parecer apenas coincidência, mas eu não acredito que seja. Hoje, Luana tem 12 anos, e aquela menina não tem mentalidade de uma criança dessa idade. (T) O último casal que adotaram ela, a um ano atrás, morreram também. O pai adotivo descobriu a infidelidade da esposa, e a assassinou... Na frente da Luana. Ela retrata esse assunto como algo comum!

BEATRIZ: Eu não sei qual o seu problema em relação a aquela garota, mas tudo isso que eu ouvi agora, é sim perturbador. Mas já parou pra pensar que ela é apenas uma criança que passou por mãos de pais irresponsáveis? Ou sua teoria é que uma criança estaria envolvida em tudo isso, apenas por coincidência? Sem os fatos? (T) Ora diretor, eu poderia muito bem te denunciar, e lhe fazer perder seu cargo aqui. Mas não irei fazer isso, pode ficar tranquilo. (T) Em relação a Luana, iremos te mostrar que somos pais dedicados, exemplares, e que faremos de tudo pra tirar o trauma que ela já passou!

Sidney pega nas mãos de sua esposa, ambos se sentindo firmes em sua decisão.

JOEL: Pois bem, a escolha é de vocês dois... Irei trazer os papéis para assinarem o pedido de adoção.

O diretor se levanta, indo até um dos armários, e pegando as documentações do processo de adoção. Beatriz e Sidney encaram se felizes.

Close ao lado de fora da sala, onde Luana sai andando tranquilamente, com um sorriso no rosto.

Corte para:

CENA 10 / EMPRESA DUTRA / ESCRITÓRIO / INT. / TARDE /
Em sua sala, Mauro recebe um telefonema de sua secretária. Ele ouve o recado.

MAURO: (Tel) A Carla aqui? (T) Não, claro, pode mandar ela entrar...

Corte de cena para Carla já entrando no escritório.

MAURO: Tudo bem, Carla? Aconteceu alguma coisa?

CARLA: Posso me sentar?

MAURO: Claro, pode sim...

Carla se senta na cadeira em frente a Mauro, que para de fazer o que está fazendo para ouvi-lá.

CARLA: Eu queria pedir um favor ao senhor. (T) Meu filho Renan, se formou ano passado, hoje ele já está com 18 anos, e tá ainda procurando o que deseja fazer. Então, eu queria a ajuda do senhor, e vê se consegue alguma coisa pra ele aqui na sua empresa, ou em qualquer outro lugar, tanto faz, só queria mantê lo oculpado por um tempo, muita coisa estranha anda acontecendo com ele...

MAURO: Claro que sim, darei um jeito de encaixar ele aqui na empresa, sem problema. (T) Olha, vamos fazer o seguinte/

Mauro é interrompido no momento em que o seu celular pessoal toca.

MAURO: Desculpa, eu preciso atender, é a Simone.

Mauro atende o celular.

MAURO: (Cel/Frio) Oi, Simone.

Imagens alternadas em Simone em sua casa e Mauro no escritório.

SIMONE: (Cel/Irritada) Acredita que a desocupada da nossa empregada faltou hoje?

MAURO: É, eu sei. Carla está aqui na minha sala agora.

SIMONE: O quê? Ela tá fazendo o que aí?

MAURO: Depois a gente conversa, tchau!

SIMONE: Não desliga esse tele/

Mauro delega o telefone, deixando Simone uma fera.

SIMONE: (Grita) QUE FILHO DA PUTA!

A cena volta novamente para o escritório.

MAURO: Então, traga seu filho aqui, e vamos conversar certinho. Colocarei ele em uma boa função, você merece!

Os dois sorriam um para o outro.

Corte rápido para:

CENA 11 / ORFANATO / INT. / TARDE /

Beatriz e Sidney continuam na sala do diretor, mas sem a presença dele. Até que eles ouvem gritos de uma criança.

BEATRIZ: (Prepcupados) Tá ouvindo isso?

Som ambiente de fundo na voz de uma criança gritando "socorro".

SIDNEY: Parece alguém pedindo ajuda...

Os dois levantam rapidamente, e vão correndo até onde vem os gritos. Eles chegam no lugar onde estava Luana, e uma rodinha de crianças é feita no local.

BEATRIZ: (Preocupada) Com licença, o que tá acontecendo aqui?

Beatriz e Sidney se adentram no meio das crianças, e se chocam ao ver Luana ao chão, com o rosto sangrando. Ela grita desesperadamente.

LUANA: (Grita/Trêmula) SOCORRO, SOCORRO, NÃO FAZ ISSO COMIGO, NÃO!!

Beatriz vai até a garota, tentando acalma-la, mas em vão.

BEATRIZ: (Assutada) Quem fez isso com você?

Lentamente, Luana estende sua mão, apontando na direção esquerda, onde está Joel, o diretor do orfanato.

LUANA:(Grita/Desesperada) FOI ELE, ELE ME SUFOCOU, ELE TENTOU ME MATAR!!

DIRETOR: (Grita) PARA DE MENTIR, EU NÃO FIZ ISSO!!

Assustada, Beatriz abraça Luana, e olha para Sidney, que irritado, vai em direção ao Diretor, dando um soco em seu rosto.

SIDNEY: (Rude) SEU DESGRAÇADO!!

Os dois se atracam pela sala, ambos se socando, em volta de todos os órfãos presentes na sala. Close em Beatriz tentando desviar os olhares de Luana.

BEATRIZ: (Firme) Não, não olha pra lá, olha pra mim, vai ficar tudo bem minha linda, vai ficar tudo bem! (T) Confia em mim!

Abraçadas, Beatriz conforta Luana, dando um pequeno sorriso disfarçado, onde a imagem se congela em branco. 

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