Vale Reler: Escuridão - Capítulo 15

sexta-feira, fevereiro 28, 2020




Escuridão - Capítulo 15:

**Cena01:
Márcia: Boa noite, gente.

Clara: O que essa piranha está fazendo aqui ?

Mauro: Ela é a minha convidada.

Clara: Você me prometeu que essa vagabunda não iria pisar os pés sujos dela aqui.

Márcia: Olha, se eu estiver incomodando, posso ir embora agora. Não tem problemas.

Mauro: Não, claro que não, de jeito nenhum. Você fica, e a Clara vai parar de dar os chiliques dela, não é, Clara ?

Clara: Eu não fico no mesmo ambiente que essa inseta. Eu vou sair, volto meia noite. E espero que essa quenga maldita já tenha ido embora quando eu voltar.

Clara sai.

Mauro: Olha, me desculpa pela Clara. Ela...

Márcia: Não tem problema. Um dia ela volta a falar comigo naturalmente.

Mauro: Vamos jantar logo ?

Márcia: Claro, vamos.

Os dois vão até a mesa.

**Cena02: Zeca e Natália estão na sala junto com Cacau:

Cacau: Cadê o gostoso do Cadu ?

Zeca: Está dormindo. E para de chamar ele de gostoso.

Cacau: Estou mentindo ?

Zeca: Não, mais só quem pode chamar ele assim sou eu, sua piranha ridícula.

Cacau (provocando): Não foi isso que o Cadu me falou quando estava me pegando de jeito no quarto dele.

Zeca: Olha, Naty. Ela está pedindo uns tapas.

Natália: Ela merece mesmo.

Cacau (ironizando): Nossa, que medo de vocês.

Zeca: Deveria ter mesmo, maldita.

Natália: Zeca, vamos dormir. Essa quenga é acostumada a ficar acordada até tarde nos pontos, a gente não.

Zeca: Tem razão, miga. Vamos.

Zeca levanta e sobe as escada junto com Natália, deixando Cacau sozinha na sala.

**Cena03: Passa-se 1 hora. Mauro está contando uma história dele a Márcia, ao mesmo tempo que estão tomando vinho na sala, alegres e rindo:

Mauro: Nossa, eu fiquei cinco horas trancado naquela sala.

Márcia: Gente, estou em choque. Como aguentou ?

Mauro: Eu nem sei. Acho que estava ansioso pra sair de lá logo e nem senti nada.

Márcia: Coitado.

Eles ficam em silêncio por segundos:

Márcia: Olha, acho melhor eu ir, já está tarde.

Mauro: Está tão legal aqui.

Márcia: Eu sei, queria ficar mais.

Mauro: Então fica.

Márcia e Mauro se entreolham. Márcia percebe o clima e avança um pouco mais pra perto de Mauro e os dois acabam se beijando. Eles se beijam loucamente:

Mauro: Vamos lá pra cima.

Márcia: Tem certeza ?

Mauro: Não, e você ?

Márcia: Também não. Mas precisamos disso.

Os dois sobem para o quarto.

**Cena04: Clara está em um barzinho. Ela olha o relógio e vê que já são mais de meia noite.

Clara: Vou ir, espero que aquela vagabunda já tenha ido embora.

Ela paga sua conta, sai do barzinho e anda em direção a sua casa. Depois de um tempinho, ela chega, entra e vê as luzes apagadas:

Clara: Ainda bem que a maldita já foi embora.

Ela sobe as escadas e anda pelo corredor. A medida que vai chegando na porta do quarto, ela escuta gemidos. Ela abre a porta lentamente, sem fazer barulhos e vê a cena: Márcia em cima de Mauro, que está de costas pra porta, beijando seu pescoço. Márcia percebe que Clara está olhando a cena e solta um riso de deboche.
Clara expressa um semblante de ódio, enquanto Márcia está com um semblante vitorioso, soltando gemidos de prazer.

Clara (furiosa): Que merda está acontecendo aqui ? Mas o que é isso ?

Mauro olha pra Clara assustado:

Mauro: Clara ?

Clara: Não, a sua vô, seu maldito.

Mauro: Calma, deixa eu te explicar.

Clara (gritando): Explicar o que ? Você e essa prostituta transando em cima da minha cama ?

Márcia (com riso no rosto): Foi culpa da bebida, eu juro.

Clara (gritando): Vagabunda, debochada do inferno. SAAAAAAAI.

Clara tenta avançar em cima de Márcia, porém Mauro a segura:

Clara (gritando): Me solta, seu maldito. Me solta que eu vou acabar com essa vagabunda fogueteira.

Márcia (debochando): Não solta ela, Mauro. Ela quer me bater. Não deixa ela me bater.

Clara (com ódio): Você conseguiu. Não era isso que queria ? Acabar com meu namoro ? Acabar comigo... Não era isso, sua desgraçada ?

Márcia (fazendo um teatro): Que horror, eu jamais faria isso. Não pense isso de mim, minha irmã. Foi.. Foi uma fatalidade. Um deslize.

Clara (ódio): Irmã o cacete. Vai embora daqui, sua inseta. Vai embora, eu te odeio. (Gritando) VAI EMBORA DA MINHA CASA.

Mauro: Márcia, veste suas roupas. Depois nós conversamos.

Márcia começa a se vestir.

Clara: Ainda marca encontro na minha frente ? Eu vou matar você e essa cadela.

Mauro: Calma, Clara. Calma, desse jeito não vamos chegar a lugar nenhum.

Clara (gritando): Calma o cacete. Você me trai dessa maneira e ainda me pede calma ? (T) Quer saber ? Fica aí com essa sebosa. Eu vou sair por aí e tentar esconder esse par de chifres que você me colocou.

Clara sai do quarto e Mauro vai atrás dela. Márcia fica rindo. Mauro continua indo atrás de Clara:

Mauro: Clara, me escuta.

Clara (gritando): Vai pro inferno. Ou melhor, vai dar um trato naquela prostituta, não era isso que estava fazendo e gostando ?

Mauro: Para, Clara. Presta atenção.

Clara: Eu te avisei, aquela vagabunda quer separar a gente. Ela não quer o meu bem como eu aposto que ela te disse.

Mauro: Só para e me escuta, ok ?

Clara (gritando): Não. Me deixa em paz. Eu não quero escutar nada. (Chorando) Você errou comigo, Mauro. E pior ainda, com a Márcia. Poderia ser com qualquer outra vagabunda, não iria me doer tanto como tá doendo agora.

Ela abre a porta, sai e bate a mesma na cara de Mauro, que fica parado olhando pra porta.

Márcia está no quarto debochando:

Márcia (deitada na cama e rindo): A cadela ficou furiosa, aquela galhuda safada.

Mauro entra no quarto e Márcia disfarça o riso:

Márcia: E aí, o que ela falou ?

Mauro: Isso não deveria ter acontecido.

Márcia: Eu sei, me perdoa...

Mauro: Você não teve culpa, eu deveria ter resistido. Eu queria, não era o efeito da bebida como eu disse. A bebida só me deu coragem de fazer o que eu queria.

Márcia: Pois eu também queria. Não culpe somente a você, eu também tive culpa. Não deveria ter aceitado esse convite.

Mauro: Eu nunca traí alguém antes. Eu abomino isso, sabe ? Coitada da Clara, não merecia isso.

Márcia: Posso te fazer uma pergunta ?

Mauro: Faça.

Márcia: Você ama a Clara de verdade ?

Mauro: Eu não quero magoar a sua irmã, mas...

Márcia (direta): Você ama a Clara ?

Mauro: Não.

De repente, Márcia empurra Mauro e ele cai deitado na cama. Ela sobe em cima dele e fala no seu ouvido:

Márcia (sussurrando): Então largue ela e seja feliz.

Os dois se beijam loucamente.


**Cena05: Clara está andando pela rua com o ódio estampado no rosto:

Clara (gritando): VAGABUNDAAAA. VOCÊ ME PAGA, MÁRCIA.

Ela continua andando atordoada. De repente, um homem para ela:

Mendigo: Tudo bem, moça ? A senhora parec...

Ela o interrompe:

Clara (gritando): SAI DAQUI, CACHACEIRO MALDITO. ME DEIXA EM PAZ.

Homem: Calma, eu só queria ajudar.

Clara (gritando): VAI VOCÊ E ESSA SUA AJUDA DE MERDA TUDO PRO INFERNO.

O homem muda de expressão e fica sério:

Homem: Já vi que você é mais uma daquelas vadias fúteis que acham que não precisam de ninguém.

Clara: Eu realmente não preciso de ninguém. Muito menos de você, um cachaceiro fedido que não tem onde cair morto.

Homem: Eu sou cachaceiro mas tenho coração, moça. Diferente de você, que é carente de uma das coisas que o homem mais precisa: a bondade.

Clara: Me deixa em paz e vai procurar a tua turma, seu seboso.

O homem lança um olhar de desprezo para Clara e sai. Ela senta no batente de uma loja, começa a chorar e logo em seguida lembra de Bruno.

Clara: O Bruno, claro.

Ela pega seu celular e liga pra Bruno.

**Cena06: Bruno está deitado em uma cama na casa de seu amigo. Ela escuta o seu celular tocar e atende:

***Ligação:

Bruno: Alô ?

Clara: Bruno, eu preciso de você.

Bruno: O que aconteceu ?

Clara: Só vem me encontrar.

Bruno: Ok. Onde você está ?

Ela passa o endereço do local e logo em seguida desliga.

***Fim da chamada.

Bruno: Que estranho.

Ele levanta da cama, se veste e saí.

**Cena07: Márcia e Mauro estão se beijando loucamente. Márcia está por cima de Mauro, que geme muito.

Márcia: Ela faz você gemer desse jeito, hein ? (T) Responde.

Mauro (gemendo): Não.

Eles continuam se agarrando de forma quente. Eles estão em total sintonia durante o ato.

**Cena08: Zeca e Natália estão na sala da pensão esperando Márcia chegar. Os dois estão tensos:

Zeca (tenso): Como será que a Márcia está ? Será que ela jogou tudo no ventilador ?

Natália: A Márcia não faria isso. Iria acabar com os nossos planos. Talvez ela esteja até agora dando um trato no Mauro.

Zeca: Tenho medo dela perder a cabeça com a cadela e acabar logo com tudo.

Natália: Vamos relaxar, ela sabe o que faz.

Zeca: Eu vou dar uma volta.

Zeca sai tenso.

Natália: Espera, Zeca.

Ela senta no sofá e solta o ar que estava em seus pulmões.

**Cena09: Clara está sentada no batente esperando Bruno. Ele chega e a abraça:

Bruno: O que houve ? Porque está assim ?

Clara: Aconteceu umas coisas loucas comigo, não quero falar sobre isso agora.

Bruno: Eu tô aqui pro que precisar, ok ?

Clara: Eu vou precisar muito. Eu te conheço a dias e já confio muito em você.

Bruno: Que bom que confia, pois eu também confio muito em você.

Os dois se abraçam:

Clara: Eu só precisava de um abraço seu, precisava extravasar nos braços de alguém.

Bruno: O que aconteceu ?

Clara: Eu não posso te falar agora. Você iria me abandonar.

Bruno: Pode ter certeza que não.

Os dois se olham e depois se beijam. Depois de um tempo, eles param de se beijar e ficam se olhando:

Clara: Eu... Eu preciso ficar sozinha. Eu preciso pensar.

Bruno: Quer que eu te deixe só ?

Clara: Sim. Eu quero pensar na minha vida.

Bruno: Então tá. Se precisar de mim, é só me ligar

Clara: Pode ter certeza que eu vou.

Ele a beija novamente e depois sai.

Clara (maliciosa): Você ainda vai fazer tudo o que eu mandar, Bruno. Vai ficar nas minhas mãos.

Clara levanta e vai andando pelas ruas. Ela para em uma praça depois de ver Zeca andando pela mesma. Ela se aproxima dele:

Clara: Zeca, cada dia que passa você está mais gostoso.

Zeca: O que você quer, Clara ?

Clara: Que você morra. Você e as suas amiguinhas vagabundas.

Zeca: Olha lá como você fala delas. E eu não me choco em ouvir você falar que quer que alguém morra.

Clara (debochada): Não, é ? Só de falar em morte eu me vem a mente a imagem daquele velho agonizando nas ferragens daquela lata velha.

Zeca (com os olhos cheios de lágrimas): Não fala dele.

Clara: Foi tão fácil pagar pra alguém roubar aquele babão.
Nossa, me senti muito bem quando soube da morte dele.

Zeca (chorando): Como você tem coragem ? Você... Você é muito podre. Vem até a mim pra passar isso na minha cara ?

Clara: Eu queria passar outra coisa na sua cara, gostoso. Pena que você gosta de banana.

Zeca: Sua vagabunda, você vai pagar por tudo o que fez, você vai ver.

Clara: Igual aquele velho seboso pagou ?

Zeca: Do que você tá falando ?

Clara: Do seu pai. Sabia que ele dava em cima de mim o tempo todo ?

Zeca (chorando): Isso é mentira.

Clara: Queria eu que fosse. Eu sinto vontade de vomitar só de imaginar aquele velho me tocando.

Zeca (chorando): Você é podre, eu não acredito em nada que você fala.

Clara: Acredite. Sua mãe era uma galhuda. Eu via ele pegando as novinhas que queriam torrar a pouca grana que ele tinha. Mas era muito otário mesmo, hein ? (Fazendo cara de nojo) Aquele velho, aquele babão... Eca.

Zeca (chorando): ...

Clara: Você deveria me agradecer por eu ter roubado esse dinheiro.

Clara começa a rir:

Clara: Imagina, aquele velho com muito dinheiro ?
Nossa, ele ia fazer a cabeça da sua mãe de uma floresta de chifres.

Clara solta um riso:

Zeca: Cala a boca.

Clara: Coitada da sua mãe, ainda morreu de tristeza pela morte do velho.

Zeca (chorando): Me deixa em paz.

Zeca começa a chorar mais ainda e, de repente, vai embora.

Clara: Nossa, como ele é fraco.

**Cena10: Márcia está levantando da cama de Mauro depois de transar com ele.

Mauro: Márcia, você acha que eu deva tentar ficar com a Clara ainda ?

Márcia: Olha, sabemos que você não é feliz com ela. Você deveria buscar a sua felicidade em primeiro lugar.

Mauro: Você tem razão. Eu vou me separar dela, não quero mais enganar a sua irmã.

Márcia: Olha, me desculpa. Você deve estar pensando que eu só vim pro Rio pra acabar com a Clara, mas não pense isso. Eu gosto de ver as pessoas felizes, e se você não ama a Clara, não pode continuar com ela.

Mauro: Eu não penso isso de você, e você tem razão. Todo mundo tem o direito de ser feliz.

Márcia: Que bom que pensa assim. Agora eu tenho que ir, meus amigos estão me esperando em casa. Eu demorei mais que o previsto.

Mauro: Porque será, hein ?

Os dois riem e se beijam.

Mauro: E eu preciso dormir logo, amanhã preciso ir pra emissora bem cedo.

Márcia: Bom, então eu já vou indo. Descanse bem!

Os dois se beijam, Márcia se veste e vai embora. Mauro deita e pega no sono ali mesmo.

**Cena11: Trinta minutos depois. Clara está chegando dentro da casa de Mauro e vê as luzes apagadas:

Clara: Gente...

Ela sobe as escada e de repente Samara a chama:

Samara: Clara ?

Clara olha e Samara sobe as escadas:

Clara (corrigindo): Dona Clara.

Samara: Olha aqui, eu não aguento mais você entrando e saindo dessa casa.

Clara (assustada): Samara, o que é isso ?

Samara: Larga de ser sonsa, garota. Não seja hipócrita. Eu sei muito bem das suas tramóias.
Você é uma cadela sem escrúpulos, você quer roubar tudo do seu Mauro.

Clara (com raiva): Cala essa sua boca, sua empregadinha safada.

Samara: Ou o que ? Vai me matar igual fez com a Mariana e aquele seu amigo ? Como é o nome dele mesmo, hein ? Otávio, né ? Coitado. Mal sabia da cobra com quem ele tinha amizade.

Clara: Como você sabe dele, hein ? Fala. Anda, desenbucha.

Samara: Nossa, foi tão facil escutar a conversa de vocês quando ele veio aqui te chantagear.

Clara: Maldita.

Samara: Você matou ele pra não ter que dar dinheiro ao coitado, né ? Confessa. Confessa que você matou ele, que matou a dona Mariana... Confessa que você tá fazendo o seu Mauro de otário pra ter vida boa. Anda, vagabunda.

Clara: Matei. Matei ele e a safada da Mariana. Nossa, foi tão fácil dar veneno de rato pra aquela ratazana maldita. Aquela inseta precisava sair do meu caminho. Já o Otávio, coitado. Ganhou cinco facadas e morreu como o songa monga que ele sempre foi.

Samara: Você vai pra cadeia.

Samara tenta sair mas Clara a segura:

Clara: Você não tem provas, sua quenga empoeirada.

Samara: Me solta, me solta, sua cadela. Você vai apodrecer na cadeia.

Clara: E você vai queimar no fogo do inferno.

De repente, Clara empurra Samara da escada. Samara rola escada abaixo, parando no chão da sala, expressando um semblante inconsciente.

De repente, um flash branco passa pela imagem, congelando o rosto de Samara, que expressa um semblante inconsciente.



2020

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