**Cena 01:
Clara (assustada): O que é isso, cara ? Me solta.
Eu não sou tua mãe pra te dar dinheiro. Me deixa em paz.

Otávio: Você quem escolhe. Eu deveria entrar lá dentro agora e contar todos os seus planos. A final, eu não sou nada seu.

Clara: Você não teria coragem. É um inseto lerdo que não vive sem mim.

Otávio: Eu caí na realidade, Clara. Eu não sou mais aquele otário que aguentava você me humilhando todos os dias. Ou você me dá o dinheiro agora, ou eu entro lá dentro e faço um escândalo.

Clara coloca a mão na cabeça, pensando:

Clara: Tá bom, fala logo então. Quanto você quer ?

Otávio: Eu quero 200 reais agora.

Clara: Espera, vou lá dentro pegar.

Clara entra dentro de casa, pega o dinheiro e volta até Otávio:

Clara: Tá aqui.

Ela entrega o dinheiro na mão de Otávio:

Clara: Agora me deixa em paz. Vai embora e nunca mais me procura.

Otávio: Tá achando que eu só vou querer isso ?

Otávio ri:

Otávio: Isso tá bom somente por agora. Depois eu vou querer mais. Meu silêncio não vai te custar barato não, sua vadia suja.

Clara solta um riso de deboche.

Clara: Ficou maluco, só pode. Tá achando que eu vou te sustentar ?
Vai ganhar o seu, vagabundo.
Faz igual a mim, trabalha.

Otávio ironiza:

Otávio: Trabalhar igual a você ? Nunca.
Você é um monstro. Uma vagabunda que só presta pra roubar.
Coitado do Mauro, caiu direitinho no teu papo de serpente venenosa.

Clara: Olha lá como você fala comig...

Otávio: Ou o quê ?
Vai me matar igual fez com a Mariana ?

Clara se assusta:

Clara: Do que você tá falando ?
Tá ficando maluco mesmo.

Otávio: Eu vi nos jornais, a esposa do Mauro morreu e eu aposto que tem dedo seu nessa história.
Você me falou que ia seduzir o...

Otávio solta um riso e olha pra Clara:

Otávio (lembrando das coisas que Clara disse a ele): Meu Deus, como eu não lembrei disso antes ? Você tirou a Mariana do seu caminho matando ela.

Clara: Fala baixo.

Otávio: Tudo isso pra ficar com o Mauro e roubar o dinheiro del... Você realmente é um lixo, Clara.
Felizmente eu achei um modo de me aproveitar disso.
Por todas as humilhações que me fez passar, eu vou deixar você sem nada. Eu vou fazer você virar mendiga, ouviu bem ? E sabe o que vai acontecer se você não colaborar ? Você vai presa. E eu aposto que você não quer viver na cadeia cercada daquelas mulheres imensas que adoram carne nova no pedaço.

Clara fica com ódio de Otávio depois de ouvir o que ele falou:

Clara: Você não tem o direito de fazer isso comigo. Logo você que dizia ser meu amigo.

Otávio: Claro, agora que você tem rabo preso comigo eu sou seu amigo. Porque antes eu era um embuste. Um inseto, não é assim que você fala ? (T) Acabou, Clara. Eu não vou ser manipulado por você mais uma vez, ouviu bem ? Eu não vou deixar você se dar bem nessa história.

Clara: Vai pro inferno, eu te odeio, maldito.

Otávio: Isso, mostra o seu veneno. Joga ele pra fora vai, pode jogar.

Clara: Tomara que você morra atropelado por um caminhão de lixo. Os lixeiros iriam simplesmente te recolher, jogar dentro do carro e te levar pra um lixão. Não ia fazer falta a ninguém, seu monte de merda.

Otávio (frio): Acabou ? Ótimo.
Agora me fala, onde podemos conversar melhor sobre esse assunto que tanto te interessa ?

Clara pensa em algum lugar longe dali:

Clara: Na nossa antiga casa. Hoje, as nove da noite. Me encontra lá pra conversarmos. Aqui é arriscado, tanto pra mim quanto pra você.

Otávio: Tá bom. Mas se você não for, eu venho aqui na mesma hora e faço um escândalo enorme r conto tudinho que eu sei pro coitado do Mauro.

Clara: Tá, tá bom. agora vai embora, sai daqui, seu demônio.

Otávio ironiza:

Otávio: Até depois, "amiga".

Otávio vira e sai, soltando gargalhadas baixas.

Clara entra dentro de casa e senta no sofá da sala:

Clara (com ódio): Merda... Já não basta aquela vagabunda da Márcia, ainda vem esse nojento do Otávio me afundar. Eu vou acabar com esse miserável.

**Cena02: Márcia está dentro do seu quarto com o telefone na mão discando o número de Joana e logo em seguida, loga pra mesma:

Márcia: Atende, Joana.

Joana atende o telefone:

***Chamada:

Márcia: Alô, Joana ?

Joana: Sim, ela mesma.

Márcia: Aqui é a Márcia. Lembra ?

Joana: Lembro sim. Aconteceu alguma coisa ?

Márcia: Está muito ocupada ?

Joana: Eu estava, mas pode falar.
Aconteceu algo ?

Márcia: Não. Na verdade eu preciso de um favor seu.

Joana: Claro, pode falar.

Márcia: Eu queria saber se a Clara está aí.

Joana: Bom, ela não está aqui. Ela está na casa do dono da emissora. A esposa dele morreu e ela está dando uma força a ele.

Márcia fica surpresa depois do que ouvio:

Márcia: Que triste, meus pêsames pra ele.
Me diz uma coisa. Depois dessa novela das sete, a Clara vai fazer outra ?

Joana: Eu fiquei sabendo que ela vai fazer um teste para a novela das nove, mas provavelmente ela vai passar. Ela, segundo os autores é a melhor atriz atualmente na emissora.

Márcia: Aah, grande título. Você poderia me ajudar ?

Joana: Pode falar.

Márcia: Já que você é uma atriz aí, tem moral, poderia me conseguir um teste pra essa novela das nove ?
O meu sonho é ser atriz.

Joana: Assim, é difícil eles colocarem alguma atriz estreante como protagonista no horário nobre. Mas eu vou ver se consigo um teste pra você fazer e te falo.

Márcia fica feliz:

Márcia: Sério ? Muito obrigado, Joana. Você está me ajudando muito. Muito obrigado mesmo.

Joana: Imagina.
Olha, depois quero sair pra encher a cara com você e seus amigos.

Márcia: Claro, vamos marcar de sair qualquer dia desses.

Joana: Ótimo, agora eu tenho que ir. Depois conversamos.

Márcia: Tchau, bom trabalho.

Joana: Obrigado.

Joana desliga.

***Fim da chamada.

Márcia começa a comemorar pulando dentro do quarto:

Márcia: Adoro, agora vou tomar tudo dessa rapariga da Clara.

Natália entra no quarto:

Natália: O que foi ? Porque tá igual uma louca pulando aí ?

Márcia: Falei com a Joana e ela vai conseguir um teste pra mim da nova novela das nove. Eu vou tomar tudo o que é da Clara.

Natália: Gente, eu amo, adoro. Quero ver aquela vagabunda comendo o pão que você amassou.

Márcia: Se eu bem conheço, ela não vai querer comer. Mas eu farei ela engolir, nem que seja à força.

Natália: Adoro, quero estar junto pra humilhar a safada, fazer ela se sentir um lixo, o que de fato ela é.

Márcia concorda com a cabeça.

Márcia: Cadê o Zeca ?

Natália: Aquele ali tá apaixonado pelo Cadu, não sai de perto dele.

Márcia: Torço para que eles fiquem juntos, fazem um casal lindo.

Natália: Sim. Ai, amiga, eu estou carente. Quero pegar o Bruno logo, mas aquele puto não percebe isso.

Márcia: Amiga, você tem que tomar uma atitude. Pega ele de jeito logo, fofa.

Natália: Eu prometi pra mim mesma que iria fazer ele comer na minha mão, e assim será.

Márcia: Vadia do mal.

Natália: Cachorra.

Márcia: Cadela baixa.

Natália: Piranha surtada.

Márcia e Natália começam a rir.

**Cena03: Clara está na sala da casa de Mauro. De repente, ela chama Samara:

Clara: Samara ?

Samara aparece na sala:

Samara: Oi, dona Clara. Precisa de algo ?

Clara: Onde o Mauro está ?

Samara: Ele disse que ia pra emissora trabalhar.

Clara: Ele é teimoso, não tinha nada que ir pra emissora.

Samara: Eu acho que será melhor pra ele se recuperar do trauma.

Clara: Vai ver ele fique bem ocupando a mente com o trabalho mesmo. Ele ficou muito mal com a morte da Mariana, coitado.

Samara: Sim, uma pena isso ter acontecido. A dona Mariana era uma pessoa tão boa, tão alegre.
Isso deveria acontecer com quem realmente merece.

Clara estranha o modo de Samara falar:

Clara (estranhando): Como é ?

Samara: Nada, dona Clara.
Com licença, tenho que ir fazer o jantar.

Samara sai da sala e Clara fica pensativa:

Clara: Maluca.

**Cena04: Márcia, Zeca e Natália estão na sala da pensão, assistindo televisão junto com Mãe Celeste e Bruno:

Márcia: Zeca ? Cadê o Cadu ?

Zeca: Ele foi trabalhar, começou hoje.

Mãe Celeste: Rapaz responsável.
Diferente do meu filho que só sabe ficar dentro dessa pensão comendo vento. Já falei com ele, vai procurar um emprego.

Bruno: Mãe, eu não quero deixar a senhora cuidando da pensão sozinha. É minha obrigação te ajudar, eu sou seu filho.

Mãe Celeste: Eu sei que você só quer me ajudar, mas aqui você não ganha nada. Tem que procurar um emprego. Sabe, ganhar o seu pra garantir.

Bruno: Eu já estou velho, larguei uma faculdade na metade e não pretendo voltar. Quero ficar aqui com a senhora pra sempre.

Mãe Celeste: Realmente, eu não entendo tua cabeça, filho.

De repente, o celular de Márcia começa a tocar. Era Joana:

Márcia: Gente, com licença. Preciso atender.

Márcia sobe pro quarto e atende o celular:

***Chamada:

Márcia: Joana ?

Joana: Oi, sou eu mesma. Eu consegui um teste pra você.

Márcia fica feliz:

Márcia: Sério ?
Aaah, que coisa boa. Eu não sei como te agradecer. Muito obrigado.

Joana: Imagina, é um prazer ajudar vocês. O teste vai ser semana que vem, às quatro horas da tarde.

Márcia: Muito obrigado, Joana.
Topa sair com eu e meus amigos amanhã pela noite ? A gente vai, toma umas e volta logo.

Joana: Claro, que horas ?

Márcia: Umas nove horas.
Você conhece alguma balada boa aqui no Rio ?

Joana: Conheço, tem uma ótima ali no...

Joana passa o endereço da boate pra Márcia.

**Cena05: Anoitece no Rio de Janeiro. Otávio está sentado em um bar, tomando uma cachaça:

Otávio: Aquela vagabunda, hoje ela me paga, vou arrancar tudo que ela tem.

Otávio começa a rir descontroladamente.



**Cena06: Clara está descendo as escadas:

Samara: Vai sair, dona Clara ?

Clara: Vou, avisa ao Mauro quando ele chegar que eu fui no banco sacar dinheiro.

Samara: Uma hora dessas ?

Clara: E tem hora pra sacar dinheiro, Samara ?
Vou indo, não esquece de avisar a ele.

Samara: Tá bom.

Clara sai de casa, entra no seu carro e sai. Samara observa pela janela.

Samara: Mulherzinha estranha.

**Cena07: Otávio se levanta da mesa do bar, paga a conta e sai andando pelo meio da rua:

Otávio: É hoje. É hoje que ela me paga por todas as humilhações.

Otávio começa a dançar no meio da rua.

**Cena08: Clara chega na sua antiga, entra e começa a preparar o local:

Clara: Você mexeu com a pessoa errada, Otávio.

Ela coloca luvas nas mãos:

Clara: Poderia ter me deixado em paz, mas não. Resolveu me tirar a paciência. Agora vai ir pro inferno, junto com a safada da Mariana.

Ela pega uma faca em cima da pia:

Clara: É hora de descansar e esfriar essa cabeça, amigo.

**Cena09: Otávio está chegando em sua antiga casa, olha e vê as luzes apagadas. Porém não dá importância, pois está bêbado.
Ele entra na casa, acende as luzes e lá está Clara, atrás da porta:

Otávio: Clara, apareça, sua cachorra.

Clara se aproxima por trás dele sem que ele perceba, pronta pra atacar.

Clara: Eu estou aqui.

Otávio vira e olha pra Clara:

Clara: Boa noite, meu amigo.

Otávio: Porque a casa tava com as lâmpadas apagadas ?
E o que é isso na sua mão ?

Clara: Uma faca. Estava cortando cebola pra fazer um jantar para nós dois.

Otávio: Eu não quero jantar, quero o dinheiro que você me deve, sua piranha. (T) E nem venha com jantarzinho que eu não como seus mimos mais não.

Clara: Eu não te devo dinheiro nenhum, Otávio.

Otávio: Deve, e não deve pouco. Como eu falei: por todas as humilhações que me fez passar, eu vou fazer você virar mendiga.

Clara: Ah, é mesmo ? Você é tão otário que nem você mesmo consegue imaginar a sua capacidade de ser burro. Ôh garoto tapado.

Otávio: Você não está em posição de me chamar de otário. A maior otária aqui é você. Se acha a espertona, a inteligente... mas acabou sendo chantageada pelo ex amigo. Você é uma burra, uma cadelinha previsível que insiste em se achar a esperta, mas que na verdade não passa de um parasita sem cérebro.

Clara: Acho que você está meio equivocado.

Otávio: Sua otária, burra e idiota.

Clara solta um riso:

Otávio: Eu quero 5 milhões.

De repente, ela enfia a faca que está em sua mão na barriga de Otávio, que geme de dor:

Otávio (sentindo dor): Ai, sua vagabunda.

Clara: Toma um milhão.

Ela tira a faca da barriga de Otávio:

Clara (com ironia): Você acabou de se tornar milionário.

Otávio começa a agonizar, se segurando em Clara pra não cair.

Clara enfia a faca outra vez na barriga de Otávio:

Clara: Dois milhões.

Ela retira e faca e Otávio cai no chão, agonizando. Ela se ajoelha, segura no cabo da faca com as duas mãos, estende o objeto afiado e dá mais outra facada no ex-amigo.

Clara: Três milhões.

Ela levanta as mãos com a faca e difere outra facada em Otávio.

Clara: Quatro milhões.

E dá mais uma facada no ex-amigo.

Clara: Cinco milhões.

Ela ironiza:

Clara (com ironia): Olha só, chovendo dinheiro. 5 milhões... Tá podendo, hein ?

Ela deita ao lado do corpo de Otávio:

Clara: E de brinde, ganhou uma viajem sem passagem de volta direto pro inferno. Parabéns, meu amigo.

Ela olha para o corpo todo ensanguentado ao seu lado:

Clara: Uma pena isso ter acontecido. Apesar de você ser um inseto, não estava nos meus planos te matar. Sabe, eu queria que você fosse diferente... Menos enxerido, mais companheiro... Mas você foi se intrometer onde não foi chamado. Tá vendo aí o que dá ?

Ela respira fundo:

Clara: Você quem provocou sua morte. Você praticamente pegou essa faca e se esfaqueou quando foi lá em casa me chantagear. De todas as coisas que você poderia ter feito, foi fazer a que mais me assustou e a mais perigosa. Você realmente não me conhecia. Se me conhecesse saberia que eu não iria aturar uma chantagem de quinta dessas.

E sorri:

Clara: Já deveria saber que gente igual a você, gente sem sal, gente sem brilho, os insetos... não sobrevivem perto dos fortes.
Agora acabou, você não vai mais me chantagear.

Clara passa a mão com a luva melada de sangue no rosto de Otávio e depois levanta, jogando a faca no chão e sem sentir remorsos.

**Cena10: Márcia está dentro do seu quarto. Zeca chama ela, gritando:

Zeca (gritando): Márcia ?

Márcia: O que foi, gasguita ?

Zeca: Uma mulher chegou em um táxi ali na frente. Estou chocado. Acho que ela vai ser uma hóspede nova.

Márcia: Adoro. Vamos ver ela.

Os dois descem para a recepção:

Márcia: Cadê ?

Zeca: Olha ali.

E aponta na direção de um táxi parado em frente a pensão. De repente, desce uma mulher bonita, com trajes curtos de dentro do carro:

Márcia: Gente, que piriguete. Achava que era uma mulher elegante. Tô vendo que é barraqueira.

A mulher entra na pensão e logo de cara, fala com Márcia e Zeca:

???: O que é que tão me olhando ?
Nunca viram mulher bonita não ?

Márcia: Nossa, que antipática.

???: Eu, antipática ?

E solta um riso:

???: Meu amor, olha pra mim e chora. Invejosa. Mal cheguei e já quer me gongar.

Zeca: Olha lá como você fala com a minha amiga, sua piranha da rachada solta.

A nova hóspede se aproxima de Zeca:

???: Nossa, que gatinho. Como é seu nome, delícia ?

Zeca: Meu nome é Zeca. Mas pra você é Senhor Zeca.

???: Eu sou Cacau Pipoca. Prazer.

E estende a não pra Zeca, que aperta:

Zeca: Além de ser mal educada, é atirada.

Márcia: Porque Cacau Pipoca ?

Cacau: É meu nome de guerra.
Cacau, porque é a matéria-prima do chocolate, que é doce, igual a mim. E Pipoca, é porque ela pula. E eu adoro pular, se é que me entendem.

Zeca: Que safada.

Cacau: Pra você eu posso ser mais ainda. Delicioso.

Zeca: Credo. Vai com essa perseguida fogosa pra lá, amore.

Cacau: Já vi que esse gosta de banana.

Zeca: Descobriu sozinha ou fez curso, linda ?

Zeca e Márcia riem:

Cacau: Prove a Cacau aqui que você mudará de time.

Zeca: Credo, eu prefiro banana.

Márcia: Vamos subir, Zeca. Deixa essa piriguete mal educada falando sozinha.

Cacau: Olha, piriguete aqui é você, sua cadelinha.

Márcia: Como é que é ?

Cacau: É isso mesmo que você ouviu.

Márcia: Zeca, me segura. Ela tá pedindo uns tapas.

Cacau: Se o Zeca for me dar esses tapas, eu deixo.

Zeca: Credo. Essa racha é muito fogosa.

Cacau: Você me deixa assim, amor.

Zeca: Que afrontosa.
Olha aqui, me deixa em paz, sua racha sebosa.

Cacau: Olha que ela é cheirosinha, hein ?

Zeca: Vem, Márcia. Deixa ela, amiga.

Cadu chega na pensão:

Cadu: O que está acontecendo ?

Zeca: Vamos ficar mais um pouco, Márcia ?

Cadu abre um sorriso e logo depois dá um abraço apertado em Zeca, que retribui:

Márcia: Ei, Cacau Pitoca ?

Cacau:  É "Pipoca", amore. Pipoca.

Márcia: Eu falei assim por que eu quis, sua piriguete sem valor.
Em fim, vamos deixar eles sozinhos.

Cacau: Nunca, não quero perder esse boy pro outro boy.
Quero ficar no meio deles.

Márcia: Desiste, fofa. Eles nunca vão te querer.

Cacau: Vou tentar, pelo menos.

Cacau anda até eles e entra no meio do abraço dos dois:

Cacau: Vamos parar com isso. Me abracem, delícias.

Zeca pega pelo braço de Cacau e empurra ela:

Zeca: Sai daqui, sua fogueteira maldita.

Cacau: Fogueteira, eu ?
Meu amor, o único fogueteiro aqui é você. Quer dar pro seu boy magia aí e vem pagar de santo.
Por isso, sempre que eu dou, eu admito.

Márcia: Meu Deus, agora eu entendi o porque do nome dela.

Cacau: Entendeu agora, burra ?

Zeca: Que afrontosa. Cuidado, a Márcia tem pavio curto.

Cacau: Se fosse pavio longo, eu até colaria o velcro com ela.

Márcia: Nossa... Mas é muito fogosa mesmo, viu ?
Vou subir pro meu quarto que ganho mais.

Zeca: Eu também vou subir. Cansei dessa fogueteira safada.

Cacau: Tchau, piranhas.

Os dois sobem as escadas e vão direto para o quarto deles.

Cacau: Cadê o recepcionista disso aqui ? Espere que seja homem e bem gostoso.

Cadu: Vou subir pro meu quarto também. Bem vinda.

Cacau: Depois quero conhecer seu quarto, gato.

Cadu: Não vai dar. E tchau.

Cacau: Tchau.

Bruno sobe e Cacau fica esperando o recepcionista.

**Cena11: Clara entra em sua casa e sobe direto pro quarto:

Clara: Tenho que tomar um banho, tirar a inhaca daquele bêbado seboso.

Ela entra no banheiro, tira a roupa e começa a tomar banho:

Clara: Preciso me declarar pro Mauro. É cedo, mais sei que ele não vai resistir a mim. E depois tenho que fazer alguma coisa pra prender aquele otário.

Mauro entra dentro do quarto:

Mauro: Clara ?

Clara termina de tomar banho e sai de dentro do banheiro:

Clara: Mauro ? Como foi na emissora ?

Mauro: Foi ótimo. Sabe, consegui esquecer dos problemas mais um pouco.

Clara: Eu preciso te contar uma coisa.

Mauro: O quê ?

Clara: Eu sinceramente espero que você não fique com raiva de mim. A culpa não foi minha...

Mauro: Clara, tá me deixando nervoso. Pode falar logo de uma vez, não vou ficar chateado.

Clara: É que... Esse tempo que eu estou aqui, foi o suficiente...

Ela para de falar e respira:

Mauro: Suficiente pra quê ?

Clara: Desculpa... É muito difícil pra mim falar isso, com todas essas coisas acontecendo.

Mauro: Pode falar, confia em mim.

Clara: É que eu acho que confundi as coisas. Esse tempo que estou aqui foi o suficiente pra eu me apaixonar por você.

Mauro fica sem reação:

Mauro: Nossa...

Clara: Me desculpa, foi inevitável.

Mauro: Eu sei, a culpa não é sua. Ninguém manda no coração... Eu realmente não sei o que te dizer sobre isso.

Clara começa a fazer teatro, chorando:

Clara: Não diz nada. Eu sei que foi uma idiotice eu ter falado isso, mas eu não aguentava mais segurar. Eu tinha que soltar isso de uma vez, se não eu iria explodir.

Mauro: Clara, você é uma mulher legal, linda, divertida... Mas pra mim não dá. A Mariana acabou de morrer, e eu não seria capaz de começar um relacionamento por agora.

Clara: Você tá certo, eu que fui uma idiota por confundir as coisas. Me perdoa ?

Mauro: Não tem o porque de você pedir desculpas, isso é normal. Vem cá, me dá um abraço.

Mauro abraça Clara:

Clara: Eu... Amanhã vou arrumar minhas coisas e vou voltar pra minha casa. Não posso continuar aqui. Seria pedir pra eu me apaixonar mais ainda.

Mauro: Não precisa fazer isso. Você me faz muito bem e eu gostaria muito que você continuasse aqui comigo.

Clara: Isso não vai ser bom. Eu iria sofrer muito em não poder te tocar do jeito que eu quero. Me desculpa, mas vai ser necessário eu ir embora.

Mauro continua calado, pensando:

Clara: Bom, agora eu vou dormir. Boa noite, Mauro.

Mauro: Boa noite, durma bem.

Clara vira pro lado e dorme. Logo em seguida, Mauro deita e fica pensando nas palavras de Clara.

**Cena12: Amanhece no Rio de Janeiro. Márcia está deitada em sua cama dormindo e acorda com Natália jogando água nela:

Márcia (assustada): Mas o que é isso ? Natália, sua cachorra.

Natália começa a rir junto com Zeca:

Natália: Não gosta de água, amiga ?

Márcia: Sua rapariga safada, você vai me pagar.

E solta um grito:

Márcia: Olha pra isso, estou toda molhada.

Natália: Água te dá tesão, amiga ?

Zeca começa a rir alto, Márcia não se segura e acompanha os dois na risada:

Márcia: Vocês me pagam, me aguardem.

Zeca: Gente... Chocado que você é tarada por água.

Márcia: Eu ? Jamais.

Natália: É sim. Ficou até molhadinha com a água tocando seu corpo.

Márcia: Vadia...
Gente, eu esqueci de falar a vocês. Hoje vamos ir numa balada com a Joana.

Zeca: Eu amo, eu adoro. Já quero passar o rodo em geral nessa balada.

Natália: Puta.

Zeca: Nunca.

Márcia: Inclusive, vou ligar pra ela pra irmos juntos. Ela me passou endereço da boate, porém prefiro que ela vá com a gente.

Márcia pega o telefone, disca o número de Joana e liga:

***Ligação:

Joana: Oi, Márcia.
Tenho que ser rápida, estou na emissora.

Márcia: Ok... Eu liguei pra perguntar se você não quer passar aqui em casa pra irmos juntos.

Joana: Claro, eu passo sim.
Só me fala o endereço.

Márcia: Anota aí.
Sabe onde fica a pensão Mother House ?

Joana: Sei.

Márcia: A gente está morando nessa pensão, no quarto 24.

Joana: Ok, eu passo aí. Agora tenho que desligar, beijos pra você, pro Zeca e pra Naty.

Márcia: Certo. Outros pra você.

Joana desliga.

***Fim da ligação:

Márcia: Ela vai vir pra cá.

Natália: Adoro.

**Cena13: Mauro acorda, levanta da cama e vai até o banheiro escovar os dentes. Ele termina, vai até o guarda-roupas e vê que as roupas de Clara não estão lá dentro:

Mauro: Não acredito.

Ele corre, para antes de descer as escadas e avista Clara com suas malas abrindo a porta. De repente ele grita:

Mauro (gritando): Clara.

Clara o olha:

Mauro desce as escadas correndo, agarra Clara e a beija, porém ela o afasta:

Clara: Como assim ?
Você falou que...

Mauro: Esquece o que eu falei. Vamos focar no presente.

Clara: Mas... Como ?
Você mesmo falou que não seria capaz de começar um relacionamento por agora.

Mauro: Eu pensei, pensei muito e decidi que não posso deixar minha vida no túmulo junto com a Mariana. Uma hora ou outra eu iria conhecer uma pessoa que faria eu me apaixonar denovo.

Clara: Você quer tentar um relacionamento comigo, é isso ?

Mauro: Quero. Quero que você venha morar nessa casa, como a minha namorada.
Você aceita ?

Clara: Claro que eu aceito. É tudo o que eu quero. Morar nessa casa, junto com você e te fazer feliz.

Mauro a beija mais uma vez, selando a união deles.
Porém, Samara observava tudo.

Samara (pra ela mesma): Você não perde por esperar, Clara.

Ela decide chamar Mauro:

Samara: Seu Mauro, eu já fiz o café e deixei almoço pronto.
Será que poderia dar uma passada no hospital pra ver como meu marido está ?

Mauro: Claro, Samara. Pode tirar o restante do dia e a noite de folga. Eu me viro aqui com a Clara.

Samara: Obrigado, seu Mauro. Tchau.

Mauro: Tchau.

Clara: Tchau, Samara.

Samara olha para Clara:

Samara: Tchauzinho, dona Clara.

**Cena14: Anoitece no Rio de Janeiro. Márcia, Zeca e Natália estão esperando Joana para poderem ir pra balada:

Márcia: Ela falou que ia chegar às oito horas. Nestante ela chega.

E então alguém bate na porta. Márcia vai atender e vê Joana parada:

Marcia: Entra, amiga.

Joana entra e abraça Márcia, depois Zeca e Natália:

Márcia: E então, vamos ?

Joana: Calma. Antes eu quero saber de umas coisas.

Márcia fica sem reação:

Joana: Eu sei que vocês não são amigos da Clara. Quero saber o motivo de vocês terem procurado ela.

Márcia: Olha, a gente ia te contar. Só estávamos esperando pra confirmar que você não está do lado dela.

Joana: Você acha mesmo que eu iria ficar do lado daquela vagabunda ?
Jamais.

Márcia, Zeca e Natália ficam parados escutando Joana:

Joana: Eu odeio ela, tenho nojo daquela ordinária.

Márcia: Nós também, e vamos te contar o por quê.

Joana: Podem começar.

Márcia: Nós queremos nos vingar dela.

Joana fica surpresa com o que Márcia acabou de falar.

Joana: Como é que é ?

De repente, um flash branco passa pela imagem, congelando o rosto de Joana, que expressa um semblante de surpresa.