Outros Tempos - Capítulo 19 (Últimos Capítulos)

quarta-feira, novembro 18, 2020

OUTROS TEMPOS 


 Uma Novela Criada e Escrita por:
Raffa Lins

Apoio:
Web Novelas Channel (WNC)


CENA 01 / GRAVADORA RODRÍGUEZ / ANTI-SALA / INT. / NOITE /

Recolhendo todo seu material, Liz ao virar-se para trás, vê Laerte, imóvel, lhe observando.

LIZ: Posso saber o que você tá fazendo aqui?

LAERTE: Bom, essa é a minha gravadora, posso andar por onde eu quiser.

LIZ: Tá certo, então eu saio.

LAERTE: (impedindo) Não, não, não, espera! Eu não vim aqui pra isso, vim pra te dar os parabéns pelo sucesso da sua música.

LIZ: (ríspida) Obrigada. Agora que já deu os parabéns, com licença, vou me encontrar com o Otávio.

Passando por Laerte, Liz para ao ouvir o que ele tem para dizer.

LAERTE: (direto) Eu já me cansei de tudo isso, principalmente do meu casamento com a Malu. Cansei também de guardar o que você mais espera...

LIZ: Do que cê tá falando?

Voltando para trás, Liz fica novamente de frente para Laerte.

LAERTE: Tô falando da mesma coisa que você ficou perto em descobrir ao contratar o Dante... (T) Eu realmente sei o que o Dante conseguiu sobre a Malu. Na verdade, um dossiê completo de todos os crimes que ela cometeu pra chegar aqui.

LIZ: (surpresa) Um dossiê?

LAERTE: (firme) É, um dossiê! E eu vou entregar tudo pra você, Liz, todas as provas que incrimina a Malu. Finalmente você vai saber tudo o que ela fez. Tá na hora de destruir a falsa Malu Marinho!!

Fade In - Instrumental, Suspense.

Atordoada com a chance de descobrir a verdade, Liz suspira, tensa.

LIZ: (agitada) O que ela fez? Que provas são essas? Me fala, Laerte!!

LAERTE: (preocupado) Acho melhor não arriscar em te falar, não agora e nem aqui. A Malu é muito perigosa, ela pode descobrir que eu falei algo pra você e mandar te dar um fim. Eu vou te contar tudo, mas não aqui.

LIZ: (nervosa) Esse tempo todo você sabia da verdade sobre essa cretina e agora vai querer economizar nas palavras? O que ela aprontou ou apronta, sei lá, eu quero saber!

A porta da anti-sala é aberta, Otávio entra, vendo a agitação de Liz, tensa.

OTÁVIO: (intrigado) O que tá rolando aqui?

LAERTE: (p/Liz, sério) Eu vou te entregar o dossiê e você verá com seus próprios olhos, tá bom? Amanhã cedo, eu te mando um local longe daqui, que seja impossível da Malu saber. Quando eu te entregar, você faz o que quiser com aquilo, não posso ir direto pra delegacia, ela saberia. (T) Confia em mim, Liz, você terá essa mulher livre da sua vida!

Laerte passa por Otávio, saindo rapidamente da anti-sala, o deixando confuso.

OTÁVIO: Que história de dossiê é essa?

LIZ: (pasma) Ele... o Laerte vai me entregar as provas que incrimina a Malu, mas ele não quis dizer aqui o que ela fez! Eu tô tão confusa agora, Otávio...

OTÁVIO: Fica calma, Liz, se ele quer ajudar, e acha melhor não contar aqui, talvez seja para o seu bem. A Malu vai cair, é só esperar!

Marejada, Liz vai para os braços de Otávio, que lhe abraça, tentando confortá-la.

Corte rápido para:

CENA 02 / MANSÃO MARINHO / SALA DE ESTAR / INT. / NOITE /

Chegando em casa, fechando a porta de entrada, ao acender as luzes, Laerte toma um susto ao ver Malu, com uma taça de vinho nas mãos, paralisada no centro da sala, encarando-o.

MALU: (aflita) Desde a hora que eu cheguei, já é a quarta taça de vinho que eu estou tomando. Eu fiquei aqui, parada, te esperando chegar, nervosa, com medo que você tenha feito alguma burrada. (T) Você contou pra ela? Contou? DIGA!!

Passando por Malu, em silêncio, Laerte tenta ignorá-la, subindo rapidamente as escadas. Insaciável, Malu vai atrás, lhe seguindo.

MALU: (berra/histérica) EU ME SUBMETI A TANTAS COISAS, COMO ME ENTREGAR INTEIRAMENTE A VOCE NA FRENTE DE UM JUIZ. EU ME CASEI, LAERTE, COM VOCÊ. EU ACEITEI TODOS OS DESAFOROS, OFENSAS, AMEAÇAS, TUDO O QUE VOCÊ PEDIU PRA PODER NÃO ME ENTREGAR, PRA ESCONDER O MEU SEGREDO!! (T) VOCÊ NÃO SERIA CAPAZ DE ME ENTREGAR DEPOIS DE TODA HUMILHAÇÃO QUE EU PASSEI, QUE VOCÊ ME CAUSOU!

CORTA P/ QUARTO PRINCIPAL: No corredor, Laerte acelera ainda mais seu passo, com Malu na sua cola. Sendo mais rápido, ele entra no quarto, fechando a porta, em seguida, trancando. Malu fica ao lado de fora, transtornada.

MALU: (off./possessa) ABRE ESSA PORTA!! ABRE!! (chora) Você não pode fazer isso comigo, Laerte... NÃO PODE!! EU ODEIO VOCÊ, EU VOU MATAR VOCÊ, FILHO DA PUTA!!

Contra a porta, ouvindo todo o desespero de Malu, Laerte desliza contra a mesma, em choque, se sentando ao chão. É possível ouvir o barulho de taça se quebrando, após Malu ter jogado-a em direção da porta.

Close nos olhos arregalados de Laerte, ofegante, assimilando o que acabara de acontecer.

Corte rápido para:

CENA 03 / MANSÃO RODRÍGUEZ / QUARTO DE HÓSPEDES / INT. / NOITE /

Gláucia levanta da cama, assutada com o que ouve.

LIZ: (cont.) Ele prometeu em me entregar o dossiê da Malu. Eu tô perto de pôr as mãos no maior segredo daquela cretina! Mãe, se eu conseguir, vai ser a minha liberdade, de tirar essa mulher da minha vida!!

GLÁUCIA: Mas Liz, como você garante que ele realmente vá te entregar isso? Pode ser uma emboscada que os dois estão planejando.

LIZ: Não é, mãe, não tem como ser. O Laerte realmente quer acabar com tudo isso. Foi tarde, mas só agora ele percebeu a seriedade da situação.

GLÁUCIA: Por que ele não entrega pra polícia? Assim, essa mulher já vai presa de uma vez.

LIZ: Ele tá com medo dela conseguir de alguma forma interver antes de chegar na delegacia, fazer alguma coisa com ele. Pela forma como o Laerte tá falando, ela fez alguma desgraça pra ter todo esse medo.

GLÁUCIA: Então fica calma, Liz, descansa e espera o amanhã chegar. Vocês já combinaram o local?

LIZ: (decidida) Não tem como ficar calma, vocês têm que parar de mandar eu ficar calma. (T) Ainda não temos um local, mas ele vai me mandar o endereço amanhã pelo celular, em algum lugar público. Na mesma hora que chegar, eu vou.

GLÁUCIA: (confiante) Vai dá tudo certo, filha, é só confiar.

A cena fica ampla, mostrando Esther, na porta do quarto, com o ouvido colado na porta, conseguindo ouvir toda a conversa do quarto. Close em sua feição, amedrontada.

LIZ: (off./angustiada) Tem que dá certo, tem que dar...

Esther se afasta lentamente, incrédula com o que acabara de ouvir, tensa.

Fade Out - Instrumental, Suspense.

Corte para:

CENA 04 / PLANOS GERAIS / EXTERNAS / MANHÃ /

Fade In - Creep, Radiohead.

Dia Seguinte. Planos Gerais da cidade de São Paulo. Ruas movimentadas, pessoas apressadas, avenidas congestionadas. Tempo nublado.

Close no Parque Ibirapuera, seguido do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, passando pela 25 de Março.

Close na fachada da mansão Marinho.

Corte rápido para:

CENA 05 / MANSÃO MARINHO / QUARTO PRINCIPAL / INT. / MANHÃ /

Close na porta do quarto, fechada. Alguns baixos barulhos de chaves são ouvidos. A porta se abre lentamente. Malu entra, sorrateiramente, indo até o outro cômodo do quarto, a suíte.

É possível ouvir um barulho de chuveiro ligado. Malu aproveita, indo até o celular de Laerte que está sobre a cama. Pegando-o, ela logo se depara com uma mensagem de Liz, escrito: "Eu vou imediatamente pro Jardim Botânico. Por favor, não me deixe na mão, eu preciso me livrar da Malu. Confio em você!"

Automaticamente se assustando com a mensagem, Liz joga o celular de volta para a cama.

MALU: (aflita/falando baixo) Ele vai mesmo me entregar pra ela... filho da puta!

Colocando as mãos na cabeça, sentindo-se perdida, Malu aos poucos vai se afastando, ao ouvir o chuveiro sendo fechado.

Saindo do quarto, Malu novamente o tranca, ficando contra a porta, respirando fundo.

MALU: (fria) Laerte não vai fazer isso comigo... eu não vou deixar!!

Close em seu olhar fixo, pérfida.

Fade Out - Creep, Radiohead.

Corte rápido para:

CENA 06 / MANSÃO RODRÍGUEZ / SALA DE ESTAR / INT. / MANHÃ /

Pegando sua bolsa sobre o sofá, Liz se prepara para sair. Gláucia lhe acompanha até a saída.

GLÁUCIA: Tem certeza que você não quer que eu vou?

LIZ: O Otávio vai comigo, mãe. Eu vou ficar bem.

GLÁUCIA: Ele já vai estar lá?

LIZ: Não sei, ele ainda não me respondeu. Deixei uma mensagem pra ele, dizendo que já estou indo. Tô tão ansiosa, preciso ter essas provas nas minhas mãos hoje!

ESTHER: (off./curiosa) Provas? Perdi alguma coisa?

Gláucia e Liz vê Esther se aproximando na direção de ambas. Elas recuam.

ESTHER: (estranha) Aconteceu alguma coisa, Liz?

LIZ: Não, é que/

GLÁUCIA: (por cima/direta) São coisas da carreira dela, muito importante, já está até atrasada.

LIZ: Realmente Esther, desculpa não poder te dar atenção agora.

ESTHER: (finge) Ah sim... mas seja o que for, estou torcendo por ti, irmã. Fica bem, tá?

Sorrindo, Liz abraça Esther, que retribui.

LIZ: Então é isso, talvez eu não chegue cedo. Tchauzinho pra vocês!!

Se despedindo das duas, Liz sai. Close em Gláucia, encarando Esther.

GLÁUCIA: (séria) Espero que você não resolva sair pra correr hoje, senão nem volte mais. Ouviu bem?

Gláucia se distancia, indo para outro cômodo, sobre olhares nada amigáveis de Esther, que aproveita a sua saída, pegando o seu celular, fazendo uma ligação.

Corte rápido para:

CENA 07 / MANSÃO MARINHO / COPA / INT. / MANHÃ /

Com a conversa avançada na chamada, Malu fica a todo o momento olhando através do portal, na espreita.

MALU: (cel.) Então ela já foi? (T) Eu sei, Esther, fica calma, a gente não vai perder essa. (T) Vai dar tudo certo sim, a gente não pode pensar negativo. (T) Eu vou falar com ele. Siga sua parte no plano. (T) Até mais.

Desligando a chamada, Malu logo faz outra, continuando na espreita, agitada.

MALU: (cel.) Sou eu. Tá tudo certo?

Imagens alternadas entre Malu e André, em seu carro, parado de frente ao apartamento de Laerte.

ANDRÉ: (cel.) Eu vou ficar aqui de frente do prédio, os outros caras estão aí na redondeza, só esperando o Laerte sair.

MALU: (cel.) Se ele passar no apartamento, o caminho que ele vai seguir vai ser pro Jardim Botânico, então não podemos perder de vista!

ANDRÉ: (cel.) Sossega cretina, tá tudo sobre controle. Uma coisa eu tenho certeza, o Laerte não vai sair ileso dessa!

MALU: (cel./pérfida) Não vejo a hora de acabar com esse desgraçado!!

ABERTURA:


CENA 08 / CASA DE JOANA / QUARTO / INT. / MANHÃ /

Sem bater, Joana entra no quarto de Valentin, se deparando com o mesmo deitado na cama. Ao perceber a presença da irmã, ele cobre a cabeça. Joana ignora, indo até o mesmo.

JOANA: Acho que precisamos conversar.

VALENTIN: (sonolento) Não tô afim. Sai do meu quarto, eu quero dormir!

Impaciente, Joana puxa com força a coberta de Valentin, descobrindo-o. Ele se senta na cama, irritado.

JOANA: (nervosa) Agora deu de agir como criança e ficar fazendo birra?

VALENTIN: (rude) Sai do meu quarto!

JOANA: (retruca) NÃO SAIO! NÃO É ASSIM QUE AS COISAS FUNCIONAM, NÃO É TUDO NO SEU TEMPO!

VALENTIN: Tem que ser!

JOANA: Cresce, Valentin, cresce! Para de querer agir como se tudo e todos estivessem contra você, sendo ridículo, irracional.

VALENTIN: Ah, você acha que eu estou sendo irracional? Acha que eu não tenho o direito de sentir o que eu senti ontem?

JOANA: Direito de sentir você tem, são seus sentimos. Mas agir igual um canalha? Destruir um celular só porque a Inês não atendeu? De que jeito você tá pensando em se relacionar com alguem? Na agressividade? Assustando ela?

VALENTIN: Você chegou no ponto exato, maninha. Quem em sã consciência vai querer se relacionar com um garoto perturbado?

JOANA: Eu não disse isso.

VALENTIN: Mas pensou. A Inês apareceu na minha vida de uma hora pra outra, ela aceitou na boa sair pra jantar, vir aqui, conversou e tudo mais. Só que isso não entra na minha cabeça como uma coisa normal, porque ela sempre fez questão em dizer o quão eu era problemático na época da escola. Agora me explica, como eu devo agir após uma pessoa que conheceu o que eu passei, aceitou sair e querer se relacionar comigo?

Joana fica parada, mexida com as palavras de Valentin.

Corte rápido para:

CENA 09 / MANSÃO MARINHO / SALA DE ESTAR / INT. / MANHÃ /

Pronto para sair de casa, abrindo a porta lentamente, Laerte para, ao ser chamado por Malu.

MALU: (off) Vai sair quietinho desse jeito e não vai me oferecer uma carona? Estamos indo para o mesmo lugar.

Fade In - Instrumental, Tensão.

Virando-se para trás, Laerte vê Malu chegando até ele.

LAERTE: Eu não estou indo pra gravadora agora, tenho... tenho uma reunião com alguns investidores em um outro local.

MALU: Eu também sou um dos investidores, ou melhor, a sócia majoritária. Você acha que eu não devo ir?

LAERTE: Apenas um representante já é necessário, e convenhamos, eu irei conseguir coisa melhor do que você indo.

MALU: É, eu imagino. (séria) Então vai, não perca seu precioso tempo, acredito que tenha alguém muito ansioso pela sua chegada. (T) Adeus, Laerte!!

Laerte sai, fechando a porta. Malu dá um longo suspiro, apreensiva.

Corte rápido para:

CENA 10 / JARDIM BOTÂNICO / PARQUE / EXT. / MANHÃ /

Sentado em um dos bancos espalhados pelo Jardim, Otávio se levanta, ao ver Liz chegando. Ao se aproximarem, eles se cumprimentam com um beijo na boca.

LIZ: (agitada) Desculpa a demora, fiquei presa no trânsito. Essa merda de São Paulo é a cidade que não dorme, mas é a cidade do engavetamento.

OTÁVIO: (tranquiliza) Ei, ei, fica calma, não precisa se estressar. A pessoa que deveria estar achando ruim a sua demora, ainda nem chegou.

LIZ: Nossa, eu nem percebi.

OTÁVIO: Espero que ele não demore.

LIZ: (decidida) Eu não ligo se ele for fazer hora, mas a única coisa que eu espero pra sair daqui hoje, é com esse maldito dossiê nas mãos.

Fade Out - Instrumental, Tensão.

Corte para:

CENA 11 / CASA DE JOANA / QUARTO / INT. / MANHÃ /

Continuação imediata na discussão entre Valentin e Joana.

JOANA: Você realmente não tem amor próprio, Valentin. Ouve o que você acabou de dizer. Não tá se achando apto pra ser amado?

VALENTIN: Essa é a única escolha que eu tenho, viver o resto da vida na desconfiança. Eu nunca vou conseguir acreditar que alguém possa se apaixonar por mim assim.

JOANA: E na primeira ligação não atendida, você chuta o balde? Isso é loucura, é/

Joana é interrompida com o toque de seu celular. Pegando-o, ela percebe se tratar de uma chamada de Laerte.

Close em Valentin, se levantando da cama,
aproximando-se da irmã.

VALENTIN: (intrigado) Quem é que está te ligando?

JOANA: (gagueja) É... é o...

VALENTIN: (por cima/nervoso) É o Laerte?

Sendo mais rápido que Joana, Valentin pega o celular de suas mãos, atendendo.

JOANA: (feroz) Devolve o meu celular, Valentin!!

Valentin, com as mãos, impede a aproximação de Joana.

VALENTIN: (cel./firme) É a primeira e última vez que eu falo isso. Nunca mais ligue pra minha irmã, nunca mais resolva ir atrás dela, nunca mais pense nela. EU QUERO VOCÊ LONGE DA JOANA, LAERTE, LONGE DA VIDA DELA, SEU FILHO DA PUTA!!

Desligando, Valentin entrega o celular pra Joana, completamente transtornada.

JOANA: (berra) VOCÊ NÃO TINHA O DIREITO DE FAZER ISSO!!

VALENTIN: (retruca) EU TENHO TODO O DIREITO DE SE INTROMETER NA SUA VIDA COMO VOCÊ FAZ NA MINHA! (T) Você acabou de me falar que eu preciso de amor próprio, mas só com essa ligação, com essa sua reação, você jogou sua auto-estima no lixo! Se humilhar por um cara te fez e faz sofrer, constantemente? Você se esqueceu do dia que chegou aqui, o que já foram várias vezes, chorando, acabada, se sentindo um monstro por causa daquele desgraçado do Laerte?

JOANA: Eu já te disse pra você não inverter os papéis. Quem tem que cuidar de alguém aqui, sou eu de você. O desequilibrado aqui é você, Valentin.

VALENTIN: Pois então somos dois loucos, mana. Você pelo os seus motivos, eu pelos meus. Mas eu não vou deixar você se aproximar daquele merda novamente, ele não é uma boa pra você!!

JOANA: (ri) E desde quando você sabe qual é a boa pra mim? Você não sabe nem da sua vida! (revela/direta) Eu tive que convencer a Inês de querer ficar com você, pra ela não sumir, como todas fizeram!! Graças a mim a Inês cogitou em querer algo contigo!

Fade In - Instrumental, Melancolia.

Valentin recebe a verdade como uma bomba, completamente chocado. Seus olhos encham-se d'água.

VALENTIN: (marejado) Então tudo o que eu disse, é verdade? Nada da minha relação com a Inês é real?

Joana percebe a burrada que fez, tentando reverter.

JOANA: Não é bem assim.

VALENTIN: (chora/incisivo) Então é como? Mais uma vez você se intrometendo na minha vida, e mais uma vez me magoando. (T) Parabéns, irmãzinha, quando você quer machucar alguém, você consegue! Acho que quando o Laerte te faz parecer um minstro, ele só mostra a sua verdadeira faceta!

JOANA: (abalada) Não diz isso, Valentin...

VALENTIN: Quem realmente tá precisando de proteção aqui, é você... e eu vou ter que fazer isso, para o seu bem!

Chorando, Valentin sai de seu quarto correndo, deixando Joana para trás, que se senta na cama, colocando as mãos na cabeça, chacoalhando, desabando a chorar.

JOANA: (em prantos) O que foi que eu fiz?

O choro de Joana ecoa por todo o quarto, instável.

Fade Out - Instrumental, Melancolia.

Corte rápido para:

CENA 12 / CONDOMÍNIO GEORGE SAND / ESTACIONAMENTO / EXT. / MANHÃ /

Fade In - Instrumental, Suspense.

Parando ao lado da garagem do seu antigo apartamento, Laerte desce do carro, com o seu celular no ouvido.

LAERTE: (irritado) Mas esse pirralho do Valentin é um louco mesmo! Quem esse fedelho pensa que é?

Guardando o celular no bolso, Laerte entra em seu prédio pela entrada principal, batendo o portão em seguida.

Close no carro de André, no final da rua, conseguindo ver, de longe, a entrada de Laerte no apartamento. Um outro carro adentra à rua, lentamente, parando ao lado do carro de André.

O vidro se abaixa, close em dois homens (os mesmos que surraram Aloísio no capítulo 07) conversando com André.

ANDRÉ: (p/ os homens) A isca entrou no apart. dele, já já vai sair. O resto, vocês já sabem o que fazer. No melhor momento, podem pegar ele de jeito!

HOMEM 01: Pode deixar!!

O vidro do carro se abaixa, saindo do lado de André, parando em sua frente.

Corte rápido para:

CENA 13 / PRÉDIO - APARTAMENTO / COZINHA / INT. / MANHÃ /

Indo diretamente até a cozinha, apressado, Laerte abre o forno, colocando seu braço dentro, procurando por algo. Passando a mão por todo local, não encontrando nada, Laerte já pense no pior, se levantando.

LAERTE: (perplexo) O dossiê... estava aqui!! Eu não tirei daqui!!

Relembrando de um telefonema recebido, Laerte descobre o que aconteceu.

"SEGURANÇA: (cel.) Um homem que ainda não identificamos, invadiu seu apartamento. Ele estava em atitude suspeita, e conseguiu entrar. Mandamos dois seguranças diretamente para lá, pra capturar esse homem."

Apavorado, Laerte acerta fortes tapas em seu rosto, completamente alterado.

LAERTE: (grita/transtornado) EU SOU UM BURRO... BURRO, BURRO, IDIOTA!! É CLARO QUE O GIGOLÔ DO ANDRÉ VEIO AQUI JUSTAMENTE ATRÁS DAS PROVAS... Meu Deus, o que eu faço?

Laerte continua seu auto batendo, dando diversos tapas, desorientado.

Fade Out - Instrumental, Suspense.

Corte para:

CENA 14 / MANSÃO RODRÍGUEZ / ÁREA EXTERNA / MANHÃ /

Caminhando em volta da piscina, visivelmente tensa, Malu não percebe Inês vindo nas suas costas.

INÊS: Dona Malu...

MALU: (rude) O que foi? Não tá vendo que sai pra fora porque eu quero espaço?

INÊS: Desculpe, mas eu precisava saber o que a senhora quer pro almoço. 

MALU: Eu quero a cabeça do Laerte com molho à bolonhesa, é possível fazer?

INÊS: Não senhora.

MALU: (grita) ENTÃO VAI PRO INFERNO!!

Assustada, Inês volta rapidamente para a área interna da casa.

Malu continua a dar voltas pela piscina, suspirando.

Corte rápido para:

CENA 15 / RUA - CARRO / INT. / MANHÃ /

Fade In - Instrumental, Ação.

Dirigindo seu carro em alto velocidade, Laerte presta pouca atenção no trânsito, tentando fazer uma ligação.

LAERTE: (irritado) POR QUE VOCÊ NÃO ATENDE ESSA MERDA DE CELULAR, JOANA? (respira fundo/tenso) Eu vou ter que ir pra lá, as provas estão lá!

Jogando o celular no banco do carona, Laerte volta a se concentrar na direção, com um olhar um fixo, vidrado. O lugar no momento está vazio.

Desacelerando, pronto para virar uma curva, o carro de Laerte é acertado em cheio por trás, pelo mesmo carro da cena anterior, rodeando pela pista, perdendo o controle.

Imediatamente, os dois homens descem do carro, Laerte percebe pelo espelho retrovisor, tentando acelerar novamente, mas sendo impedido.

HOMEM 01: (bruto/esmurrando a janela) DESCE DO CARRO!!

Com vidro fechado Laerte vai para o banco do carona, mas se assustando com a chegada do outro homem ao seu lado.

HOMEM 02: (ameaçador) Não ouviu o que o meu parceiro disse? DESCE DO CARRO!!

LAERTE: (amedrontado) O que vocês querem? Eu vou chamar a polícia!!

HOMEM 01: E eu vou chamar o meu 38!

Tirando um revólver por debaixo da blusa, o Homem 01 aponta a arma diretamente para Laerte, que se assusta ainda mais, apavorado.

HOMEM 02: Um conselho, cara. Acho melhor você descer, meu parceiro aí não é de papo não, com ele é bala... na cara!

LAERTE: (desesperado) Calma, calma, calma... eu vou descer... eu vou descer!!

Trêmulo, Laerte abre a porta do carro, pronto para sair, mas sendo puxado com força pelo Homem 01, arrastado. Laerte cai no chão, rastejando de costas, com o revólver apontado para si.

LAERTE: (ofegante) É dinheiro que vocês querem? É? Eu posso dar, muito mesmo, até dizer chega. Posso transformar vocês em milionários!! É só dizer quando e onde que eu entrego!!

Os dois homens se encaram, dando uma pequena risada.

HOMEM 02: Não acha melhor você se levantar e nos fazer essa proposta de pé?

LAERTE: Claro... claro, do jeito que vocês quiserem!

Se levantando, Laerte fica parado na frente dos Homens, que aos poucos se aproximam, enquanto Laerte dá pequenos passos para trás.

HOMEM 02: Que proposta é essa?

LAERTE: É grana, muita grana mesmo, números que vocês nunca viram na vida! Mas se vocês fizerem algo comigo, não vão ter nada!

HOMEM 02: É uma proposta tentadora, mas infelizmente temos uma melhor...

LAERTE: (apavora) O quê?!

HOMEM 01: A proposta de fazer você cantar pra subir!!

Indo para cima de Laerte, o Homem 01, com o revólver, acerta uma coronhada em cheio em sua cabeça, fazendo com que Laerte caia ao chão, instantaneamente, desacordado.

Close em seu corpo, inerte ao chão, imóvel.

Ao fundo, é possível ver mais um carro se aproximando, sendo o carro de André, que para ao lado, descendo. Ele encara Laerte ao chão, dando uma pequena risada.

ALOÍSIO: (ri) Na primeira pancada ele já caiu? Mal sabe ele o que espera! (p/ os homens) Zezé, coloca o Laerte no seu carro que o Pepê dirige o dele, na surdina, porque se alguém denuncia, e a polícia de te cata, é prisão da certa.

ZEZÉ/HOMEM 01: Pra onde eu levo o grandão?

ALOÍSIO: Espera a patroa ligar, ela sabe o que é o melhor a se fazer!

A imagem vai ficando ampla, mostrando os três, juntos, carregando o corpo desacordado de Laerte para um dos carros.

Fade Out - Instrumental, Ação.

Corte para:

CENA 16 / JARDIM BOTÂNICO / PARQUE / EXT. / TARDE /

Fade In - Instrumental, Tensão.

Olhando para o relógio, inquieta, Liz se levanta, incomodada.

LIZ: (apreensiva) Meio dia... já é meio dia, Otávio, e o Laerte até agora não deu um sinal.

OTÁVIO: Provavelmente ele foi atrás do dossiê. Ele não seria louco de guardar em um lugar que a Malu teria fácil acesso.

LIZ: Sei não, mas isso não tá me cheirando bem. Já era pra ele estar aqui, nem que seja pra falar que mudou de ideia, mas não é normal esse sumiço.

OTÁVIO: Liga de novo!

LIZ: (impaciente) Eu já liguei mais de trinta vezes e sempre cai na caixa postal.

Otávio também se levanta, ficando ao lado de Liz.

LIZ: Eu tô pensando... será que a Malu fez alguma coisa com ele? Impedindo dele chegar aqui?!

Corte rápido para:

CENA 17 / MANSÃO MARINHO / ÁREA EXTERNA / TARDE /

Recebendo uma ligação, Malu atende rapidamente.

MALU: (cel.) Novidades?

Imagens alternadas entre Malu e André, dirigindo seu carro, seguindo o carro de Zezé.

ANDRÉ: (cel.) Já estamos com ele, do jeitinho que planejamos.

Momento exato em que Malu se alivia, respirando fundo.

MALU: (cel.) Cê não imagina o quão feliz você tá me deixando, André, parabéns!

ANDRÉ: (cel.) Tudo pela minha cretina favorita! (T) Mas o que vamos fazer com o cara? Já já ele vai acordar e o Zezé não é muito paciente não, vai querer dar um "cala te boca" no grandão.

MALU: (cel./ri) Zezé é o nome do teu comparsa? Mas o que é isso? Não tinha nome melhor não? Quer saber, não interessa, nome não faz ninguém. (séria) Eu não quero o Laerte morto, André. Quero ele muito bem vivo, de preferência, andando. De resto, faz o que quiserem, mas segura esse cara aí até eu ter a certeza de que tá seguro pra soltar.

ANDRÉ: (cel.) A gente revirou o carro dele e não estava com o dossiê não. Provavelmente ele foi pro apart. dele pra pegar uma das cópias, que já não estão mais lá.

MALU: (cel./surpresa) Ele foi pra lá? Cara, se tivermos sorte, tudo indica que o Laerte foi atrás da cópia que você recuperou, então quer dizer que só tem apenas mais uma e ele estava indo atrás dessa! (pensativa) Eu preciso saber... com quem será que ele deixou esse último dossiê?!

Fade Out - Instrumental, Tensão.

Corte rápido para:

CENA 18 / MANSÃO MARINHO / COZINHA / INT. / TARDE /

Ritmo acelerado. Puxando Valentin para cozinha, Inês fica preocupada com a presença dele na casa de Malu.

INÊS: (apreensiva) O que cê tá fazendo aqui, Velentin? Se a minha patroa te vê, ela me manda pra rua na mesma hora!

VALENTIN: (ignora) Eu não vim aqui por você, Inês...

INÊS: (estranha) Não?

VALENTIN: Por que você não atendeu as minhas ligações?

INÊS: Eu estava trabalhando, atolada aqui, porque é tanta coisa pra eu fazer, tanto que o meu celular fica até no silencioso. Mas depois eu retornei, várias vezes, mas não completava a ligação.

VALENTIN: Eu quebrei o meu celular.

INÊS: Como assim?

VALENTIN: Por sua causa! Até quando você acha que iria me fazer de idiota?

Fade In - Instrumental, Melancolia.

INÊS: Valentin, eu não sei do que cê tá falando...

VALENTIN: (grita) MENTIROSA!! A Joana já me contou tudo, do trato que vocês duas fizeram.

INÊS: Que trato?

VALENTIN: O seu cinismo me assusta. (mareja) Por que você ainda finge em se importar comigo? Sendo que na verdade ela te pediu pra você não se afastar, pra ficar a força do meu lado, me fazendo de trouxa, fazendo eu me apaixonar por uma mulher que não me ama!

Inês tenta entender tudo o que ouve, confusa.

INÊS: Você acha que eu estou com você à força?

VALENTIN: Tem como não achar? Isso é uma certeza!

INÊS: (firme) Eu não recebi um tostão de dinheiro da sua irmã, ela não me pagou pra pegar na sua mão, pra aceitar aquele jantar, aceitar que você me levasse pra casa, nada... ela não me pagou em nada! (T) A Joana me jogou uma pressão, achei que seria difícil fazer o que ela pediu, mas na verdade, não teve dificuldade nenhuma, Valentin. Os meus dias ficaram melhores desde o dia que eu fui pra sua casa. Então não... não tem cinismo aqui e nem oportunismo pra você acreditar que eu fique a força ao seu lado. (emociona) Eu estou me apaixonando por você, Valentin! Você não enxerga isso?

VALENTIN: (lacrimeja) Como você pensa em me fazer acreditar? Nós começamos errado e vamos terminar acertando. Eu não quero mais você na minha vida! Eu quero você longe de mim!!

Desabando a chorar, Inês fica pávida com o que ouve de Valentin.

INÊS: (chora) Você não pode/

MALU: (off./interrompe) O que está acontecendo aqui? Quem é esse garoto, Inês?

Virando-se para trás, Inês percebe a presença de Malu. Ela rapidamente limpa suas lágrimas, aproximando-se da patroa.

INÊS: Ele é o meu namorado, a gente teve uma briga, prometo que não vai se repetir, porque ele já está indo.

VALENTIN: Eu não sou namorado dela, e isso realmente não vai se repetir porque não temos nada. Eu vim aqui pra falar justamente com você, Malu Marinho.

MALU: Comigo? Eu ainda não sei quem é você.

VALENTIN: Eu sou o Valentin, irmão da Joana, aquela que você conhece, que supostamente você foi responsável pelo flagra que expôs ela pro país inteiro!

Estranhando Valentin, Malu se aproxima, momento exato em que Inês olha para as mãos do garoto, vendo o mesmo segurar uma pasta, um dossiê. Malu também olha, interessada.

MALU: (intrigada/olhando o dossiê) O que é isso na sua mão? É pra mim?

VALENTIN: É/

INÊS: (por cima) Valentin, vai pra casa, por favor! Não faz isso!

VALENTIN: Acho melhor a gente conversar em outro lugar. Na frente da empregada não é muito apropriado.

MALU: Tem razão, vem comigo. (p/Inês) Se vier atrás, te coloco no olho da rua!!

Pegando nos braços de Valentin, Malu e ele saiam juntos da cozinha, deixando Inês aflita.

INÊS: Meu Deus, é o dossiê... ele está com o dossiê! Eu preciso ligar pra Liz agora!

Fade Out - Instrumental, Melancolia.

Corte para:

CENA 19: MANSÃO RODRÍGUEZ / COPA / INT. / TARDE /

Bebendo de uma vez um copo d'água com açúcar, Esther tenta se acalmar, sem notícias de tudo o que está acontecendo. Gláucia se aproxima ao fundo.

GLÁUCIA: Água com açúcar? Tá nervosa?

ESTHER: (revira os olhos) Você...

GLÁUCIA: (provoca) Tá com medo de ser descoberta? Que a sua amiguinha Malu Marinho finalmente vai ter os podres revelados?

ESTHER: Eu não tenho mais nada com a Malu! Eu... eu tenho com a Liz, a minha irmã!

GLÁUCIA: Você não consegue, né? Não consegue manter a farsa tão fácil assim. Seus olhos te condenam, Esther.

ESTHER: Olha, eu não tô com saco pra você encher hoje. Não acha que tem que respeitar a sua filha? Esse momento não é tão importante pra ela? Na carreira? Vai querer mesmo ficar trocando farpas comigo?

GLÁUCIA: Tem razão. Pela Liz...

Gláucia se afasta, saindo da copa. Esther permanece, incomodada.

Corte para:

CENA 20 / JARDIM BOTÂNICO / PARQUE / EXT. / TARDE /

Ainda impaciente com a demora de Laerte, Liz toma uma atitude.

LIZ: (decidida) Eu vou atrás dele!

OTÁVIO: Pra onde, Liz?

LIZ: Não sei! Eu passei a manhã inteira na merda desse parque, já é tarde, ele até agora não veio. Se aquele desgraçado me enganou, eu vou tirar isso a limpo!

OTÁVIO: Indo na casa dele? Na casa da mulher que te abomina? Isso só seria burrice. Alguma coisa aconteceu, provavelmente, você tem que esperar.

LIZ: Esperar até quando? Eu não posso/

O celular de Liz toca, lhe interrompendo.

LIZ: (estranha) É a Inês...

OTÁVIO: Atende!

Liz atende.

LIZ: (cel./intrigada) Inês? Aconteceu alguma coisa?

Fade Out - Instrumental, Tensão.

Imagens alternadas entre Liz e Inês, na cozinha da mansão, agitada.

INÊS: (cel./tensa) Que bom que você atendeu, Liz. Eu não tenho boas notícias, eu acredito que a Malu está prestes a pôr a mão no bendito dossiê!

LIZ: (cel./em choque) Meu Deus... como isso aconteceu?

INÊS: (cel.) O Valentin estava com um nas mãos. Ele é irmão da Joana, que por algum motivo, chegou até esse dossiê. Eu tô perdida nessa história!

LIZ: (cel.) Mas tudo faz sentido! A Joana é a amante do Laerte, eles com certeza mantiveram o caso, por isso ele confidenciou com ela! Esse tempo todo estava com a Joana! Como eu fui tão burra de não desconfiar assim?

Corte rápido para:

CENA 21 / MANSÃO MARINHO / ESCRITÓRIO / INT. / TARDE /

Segurando o dossiê nas mãos, Valentin percebe que Malu não tira os olhos, fixada.

MALU: Então me fala, quanto que você quer pra me entregar o que tem aí nas suas mãos? E o que você me garante que o que tem aí, pertence a mim? Você viu o conteúdo do dossiê?

VALENTIN: Não me interessa o que tem nele, aliás, eu nem faço ideia. Eu sei que pertence a você, porque quando isso chegou lá em casa, eu ouvi a conversa, e só falavam um nome... o seu!

FLASHBACK ON:

"Continuação imediata de uma discussão aflorada entre Joana e Laerte.

JOANA: Concertar o que, Laerte? Você é a pessoa que mais me humilhou, me fez de capacho, e eu ainda beijava seus pés. Você não é digno pra crucificar alguém pelos os mesmos erros que você também cometeu. Eu perdi a amizade da Liz...

LAERTE: Eu sei disso tudo, já to até cansado. Mas eu não vou deixar a Malu impune, não vou. Eu quero revidar, do mesmo jeito que ela fez com a Liz, só que agora com ela. 

JOANA: Revidar? Como? 

LAERTE: Na hora certa você vai saber. (T) Por enquanto, eu só vim aqui pra deixar isso com você. 

Soltando da pasta, Laerte entrega a mesma para Joana, que a pega, pronta para abrir. 

LAERTE: (incisivo) NÃO ABRE! (T) Apenas não abre essa pasta, você não precisa saber o que tem aí dentro, só preciso que você guarde onde ninguém vá saber, apenas você, nem o Valentin. O que tem aí dentro é a minha vida, literalmente. Então, se um dia algo acontecer comigo... você entrega nas mãos da polícia, exatamente tudo o que tiver aí. 

JOANA: Laerte, você tá me assustando. 

LAERTE: É sério, não abra. Só guarde, por favor. Se um dia eu pedir, você me entrega, se eu sumir, você já sabe o que fazer. 

Respirando fundo, Joana fica apreensiva, segurando a pasta, o dossiê. A imagem fica ampla, mostrando Valentin em off, atrás da porta do quarto, ouvindo toda a conversa de Joana e Laerte."

FLASHBACK OFF.

VALENTIN: Eu ouvi perfeitamente que, o que tem aqui é tão importante que o Laerte estava até com medo de arriscar a vida. A Joana escondeu dentro de um altar de santos que a minha mãe mantia... não foi difícil achar.

MALU: Cê tem razão, eu não vou mentir pra você, isso é muito importante, só que pra mim. O Laerte me tirou a chance de ser/

VALENTIN: (corta) Eu já disse que não me interessa, nem o que tem nessa pasta, nem como tudo aconteceu, principalmente a relação sórdida entre vocês dois.

MALU: Então fala logo, o que você quer?

VALENTIN: Uma troca, essa pasta pela a felicidade da minha irmã.

MALU: Seja mais claro, por favor.

VALENTIN: Eu quero que você mantenha afastado o crápula do Laerte da Joana. Não sei como você vai fazer isso, mas eu só tenho a recorrer pra você essa missão. O Laerte já destruiu a vida dela, ele simplesmente é aquele tipo de pessoa que só leva as pessoas para baixo, que no caso, a Joana.

MALU: Que bonito essa sua proteção por ela. Eu posso até tentar fazer isso, mas não garanto nada.

VALENTIN: Pelo tom da conversa, tem alguma coisa aqui que o Laerte também teve de esconder, só que é contra ele. Fica a vontade pra tentar achar algum podre dele aqui.

Esticando o dossiê em direção de Malu, ela automaticamente fica apreensiva, aos poucos indo em direção, em seguida, tocando-o.

Ao pegar o dossiê, sem acreditar, Malu dá um longo suspiro, ofegante, agarrando para si, segurando firme, com toda sua força.

MALU: (pasma) Eu não acredito que eu estou com ele em minhas mãos... finalmente eu consegui!

VALENTIN: Temos um trato?

MALU: (sorri) Todo o trato que você quiser, meu amor. Enquanto Laerte estiver vivo, ele não chegará perto da Joana!

Valentin e Malu trocam olhares. Ela animada, ele receoso.

Fade Out - Imstrumental, Tensão.

Corte para:

CENA 22 / MANSÃO RODRÍGUEZ / SALA DE ESTAR / INT. / TARDE /

Entrando, acompanhada de Otávio, Liz bate a porta com força, fazendo com que Gláucia e Esther vão até o cômodo, assustadas.

GLÁUCIA: Liz, o que é isso?

LIZ: (nervosa) O desgraçado do Laerte não apareceu e tudo indica que a Malu recuperou as provas.

GLÁUCIA: (perplexa) Como isso aconteceu?

OTÁVIO: Uma das cópias estavam com a Joana, ela era amante do Laerte e o irmão dela fez questão de entregar justamente pra Malu.

GLÁUCIA: Meu Deus, mas não era pra ser assim! Tudo está dando errado!

ESTHER: (atenciosa/finge) Liz, porque você não me falou a verdade? Eu poderia ter ajudado!

GLÁUCIA: (irritada) Ajudado? Tudo o que você iria fazer, era atrapalhar, isso se não fez alguma coisa em conjunto com aquela outra cretina pra isso. Você é ridícula!!

LIZ: (marejada) Eu não tô nem com cabeça pra ouvir essa discussão de vocês duas, de verdade. A única coisa que eu quero, é ir pro meu quarto e fingir que esse dia não aconteceu. (p/Otávio) Vai pra casa, eu quero ficar sozinha...

OTÁVIO: Sinto muito em não poder ajudar, mas eu tentei...

Derrubando algumas lágrimas, Liz sobe as escadas, já chorando, em direção ao seu quarto, desolada.

Gláucia, apreensiva pela filha, Otávio, cabisbaixo por tudo e Esther, que disfarça sua felicidade, permanecem na sala de estar, vendo Liz distanciar.

Corte para:

CENA 23 / PLANOS GERAIS / EXTERNAS / TARDE - NOITE /

A noite vai chegando na cidade de São Paulo. Imagens dos comércios já sendo fechados, ruas mais vazias, clima frio.

Close na fachada da mansão Marinho.

CENA 24 / MANSÃO MARINHO / ENTRADA / INT. / NOITE /

Fade In - Instrumental, Suspense.

O carro de Zezé vai se aproximando da residência de Malu. Parando, ele desce do carro, indo rapidamente até o porta-malas.

Abrindo, a câmera fixa em Laerte, amordaçado, com a boca tampada por um pano, olhos vendados, braços e pernas amarrados.

Tirando uma faca do bolso, Zezé corta as cordas, fazendo com que Laerte acorde, se assustando. Ele tenta gritar, mas seu grito fica abafado.

Puxando Laerte do porta-malas, ele cai ao chão.

ZEZÉ: (ri) Calma aí, ô animal. Já tá entregue.

Entrando de volta para o seu carro, dando partida, fritando os pneus, Zezé distância da entrada da mansão em alta velocidade.

Laerte retira a venda dos olhos, mostrando o seu olho roxo, inchado. Ele depara-se com a mansão.

LAERTE: (pérfido) Eu vou matar você, Malu... EU VOU TE MATAR, SUA CRETINA!!

Corte rápido para:

CENA 25 / MANSÃO MARINHO / QUARTO PRINCIPAL / INT. / NOITE /

Deitada na cama, tranquila, Malu ouve a porta de entrada sendo batida. Dando pequenas risadas, Malu se diverte, respirando fundo.

Bruscamente, Laerte entra com tudo no quarto, possesso.

LAERTE: (irado) Me dá uma boa razão pra eu não te esganar, te esfolar, acabar com você viva! Eu vou matar você, Malu!

Se levantando da cama, leve, Malu vai até uma das pequenas mesas do quarto, onde está um champanhe em um balde de gelo.

MALU: Que exaltação é essa? Aonde você estava? Não deu sinal de vida. Fiquei preocupada, sou sua mulher, não apareceu na gravadora... cê não tá me traindo não, né?

LAERTE: Você sabia que eu iria atrás da Liz. Armou essa emboscada!

MALU: (cínica) Você foi? Então é com ela que você tá me traindo?

LAERTE: Isso, mostra todas as suas ironiazinhas, elas vão ficar melhor quando eu entregar pra Liz o seu dossiê. Espero que você não esteja pensando que aquele do meu apartamento era o único. O outro está muito bem guardado, com uma pessoa de confiança.

MALU: Essa pessoa seria a Joana?

Laerte automaticamente se assusta, pávido.

MALU: Assustou, né? É a Joana?

LAERTE: Como você sabe?

MALU: Você é muito ingênuo, Laerte. (T) Não vou negar, você se divertiu muito nas minhas custas, me fez de sua concubina, me fez chorar, me humilhar, resumindo, me fez de idiota! Só que tem um problema, todo jogo, tem um segundo tempo, tem a virada, tem a emoção final... e cê pensou mesmo que essa emoção seria sua?

LAERTE: Você tá blefando...

MALU: Estou, é? Então tá bom!

Abrindo seu closet, Malu retira o dossiê, fazendo com que Laerte arregale os olhos, surpreso.

MALU: E o jogo virou, meu amor, pro meu lado! Aqui está todas as provas que você tinha contra mim, tudo que me mantia nas suas mãos!

LAERTE: Como você conseguiu isso?

MALU: Através do garoto lá, o Valentin. Menino esforçado, fez de tudo pela irmã! Acredita que ele me entregou esse tesouro aqui apenas para que eu fizesse você se afastar da Joana? Na mesma hora, quase caiu uma lágrima, de tanta emoção, de um sentimento lindo e nobre como esse. Família em primeiro lugar.

LAERTE: (histérico) DESGRAÇADO!! EU VOU DAR UMA SURRA NAQUELE MOLEQUE!

MALU: (por cima) NÃO VAI DAR NADA, NÃO VAI FAZER NADA COM ELE! (T) Eu sou de palavra, prometi que você ficaria longe deles e é isso que você vai fazer, querendo ou não!

LAERTE: Cê acha mesmo que eu vou te obedecer? O que te garante que eu não tenha outras cópias?

MALU: A sua presença. Você ainda está aqui, Laerte, na minha frente, se borrando. E também eu mandei te seguir (reparando no olho roxo) e pelo visto, fizeram um serviço pesado, mas isso não vem ao caso. Você foi até o seu apartamento, não achou as provas, aquelas que o André conseguiu e que você mandou surrar ele.

LAERTE: E eu fui atrás da outra prova.

MALU: A outra está nas minhas mãos, Laerte. Você tava seguindo o caminho da casa da Joana, era pra lá que você ia, era lá que você deixou a última cópia do dossiê.

LAERTE: Isso não diz nada...

MALU: Então vai, eu pago pra ver você indo atrás de uma outra cópia. Pode ir!

Laerte continua parado, sem se mexer.

MALU: Não tem outra cópia? Que pena! A contrário de você, eu tenho várias.

LAERTE: Do que cê tá falando?

MALU: Você sabe. Eu tive a sorte grande de que você resolveu esconder os seus crimes no mesmo dossiê que o meu. Olha só que maravilha!

Pronto para ir pra cima, Malu vai para trás, impedindo que Laerte se aproxima.

MALU: Ei, nem adianta tentar pegar. Como eu disse, isso que está nas minhas mãos agora, são apenas cópias, as outras estão em um lugar bem guardado, junto com várias outras pessoas de confiança. Porque também a contrário de você, eu tenho gente de confiança ao meu lado, que eu posso me entregar de corpo e alma que eles continuariam ao meu lado. Já você não, só teve a Joana pra esconder, não é? Apenas a sua amante. Isso é uma grande decadência, Laerte.

LAERTE: Não faz isso...

MALU: (debocha) Isso o quê? Tá com medo que eu entregue pra polícia a documentação onde você sonega os impostos da gravadora? A sonegação fiscal, as lavagens de dinheiro, evasão de dívidas, e uma grande gestão fraudulenta! Que mais? Ah, lembrei. Tem também onde você manteve a Liz como laranja por incríveis dez anos, recebendo essa lavagem de dinheiro pelo nome dela, que provavelmente ela nem saiba! Como você gostava de falar comigo mesmo? Lembrei também... É CRIME!! Pelas minhas contas, você vai passar uns 30 anos em cana. É, eu sei que é pouco, mas esse é o Brasil que conhecemos e vivemos!

Atordoado com tudo o que ouve de Malu, tentando raciocinar, Laerte se afasta, tenso.

MALU: Você me disse que se eu não fizesse o que você ordenasse, os meus shows seriam pras presidiárias de São Paulo. Pois dessa vez, eu te dou a mesma dica, com sorte, você consegue achar algum presidiário com uma voz boa, potente, pra você financiar e agenciar... no presídio, claro.

LAERTE: Eu posso não ter a confissão da morte do Dante, nem as fotos da sua ficha naquele reformatório e nem dos assassinatos com o nome de Esther, mas eu posso abrir a boca pra todo mundo, pra quem quiser ouvir, que você não é Malu Marinho, é Esther Brandão.

MALU: Olha, eu nem deveria, mas vou te dar uma dica. Eu, no seu lugar, não faria isso não. No máximo que iria acontecer comigo, era prestar alguns esclarecimentos com a polícia. A minha ficha, dificilmente eles vão ter, a Olívia está aí pra adulterar qualquer coisa que eu quiser. O ouro que você tinha mesmo, era realmente a minha confissão e a gravação de áudio da morte do Dante, mas isso, eu já resolvi. Peguei um martelo, mas bem grande mesmo e destrui o pen drive!!

LAERTE: (berra) VOCÊ NÃO VALE NADA... CRETINA!! ASSASSINA!! ASSASSINA!!

MALU: (ri) Como você é engraçado, Laerte. Eu até que gosto desse apelido, cretina... pegou bem, né?

LAERTE: (perverso) Desembucha, o que você quer pra não entregar essa documentação pra polícia?

MALU: Agora sim estamos falando a mesma língua, finalmente!

Retirando da mesma pasta, Malu coloca sobre a mesa uma outra documentação.

LAERTE: Que isso?

MALU: Essa é a papelada do nosso divórcio. Tá na hora de acabar com essa merda de casamento!

LAERTE: O que eu deveria ter feito faz tempo... isso só será um alívio!

MALU: Aproveita e assina esse outro documento aqui, pra não precisa prolongar, igual o divórcio.

LAERTE: Que documento é esse?

MALU: É uma documentação onde você passa todos os seus bens e ações da gravadora para o meu nome, onde eu me torno a única dona e proprietária da Gravadora Rodríguez! Pode ficar tranquilo, que já estão tudo oficializados pelo juiz.

LAERTE: (em choque) Cê pirou, eu não vou fazer isso!

MALU: (firme) Ah, mas vai sim. Senão eu mando agora mesmo tudo isso pra delegacia, e além de sair dessa casa com o divórcio, vai sair algemado. E você não vai se ferrar sozinho não, a Liz também, porque não se esqueça que você fez ela assinar tantas coisas como laranja, que ela pode muito bem se enquadrar também como uma corrupta! Não vai querer que a tua amada vá presa ou pague uma multa com o dinheiro que obviamente ela não tem, né? Como pôde ver, você não tem saída Laerte Rodríguez, ou me passa as ações da gravadora, ou as consequências serão inevitáveis... (incisiva) ASSINA ESSA MERDA DE DOCUMENTO... JÁ!!

A câmera fixa em Laerte, sendo ameaçado por Malu, que vira o jogo, tendo todos seus crimes expostos por ela, congelado em tom amarelo em um disco de vinil, ao som de: "Huggin & Kissin, Big Black Delta."



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