Más Intenções - 01x12 (Final)

quinta-feira, fevereiro 06, 2020



Capítulo 12
(I plot, You twist)

Aviso: Essa novela não é recomendada para quem não raspa a Maria Joaquina.


Cena 1/ Mansão de Genésio/ Sala de Estar/ Interior/ Tarde.
Rodolfo encara César.

RODOLFO: César, eu acho que você tá louco ou deve ter algum tipo de doença mental desconhecida. Porque eu não entendo. Não entendo como é que você vem até minha casa me fazer uma pergunta dessas, o que é que você tem na cabeça hein?

CÉSAR: Responde a minha pergunta. Foi você que mandou aquele homem atirar em mim?

RODOLFO: E se fui eu? O que você vai fazer? Vai me denunciar?

CÉSAR: Rodolfo, por favor. Me fala a verdade. Eu prometo pra você que se você colaborar comigo, eu não vou fazer nada. Não vou te denunciar. A única coisa que vou fazer é sumir da sua vida. Só que antes disso acontecer, eu preciso saber: foi você?

Rodolfo olha pra César, gélido.

RODOLFO: Fui eu!

César chocado, coloca a mão na boca.

RODOLFO: Não era isso que você queria tanto saber? Pois bem. Fui eu!

César fica tão chocado que deixa cair algumas lágrimas no rosto.

CÉSAR: Por que você fez isso comigo? (chora) Eu sou seu irmão. Eu cuidei de você. Eu te peguei no colo, eu ajudei a trocar suas fraldas, eu te defendi inúmeras vezes quando você se metia em problemas e você me apunhalou pelas costas?

RODOLFO: (cínico) A culpa foi sua!

CÉSAR: (grita) O quê?

RODOLFO: (impassível) Não adianta gritar nem fazer drama. Falar que é meu irmão mais velho, que ajudou a trocar minhas fraldas ou a cuidar de mim não me comove, meu amor. Tudo o que aconteceu com você foi consequências que você sofreu dos seus atos. E eu avisei várias vezes pra você. Não foi apenas uma vez, foram várias! Que era pra você não se meter na minha vida, não se meter no meu caminho, e o que é que você fez? Exatamente o contrário. Você tentou destruir a minha relação com a Lara, acabou com o meu namoro com o Vicente e de quebra veio aqui pra acabar com meu sossego. Porque eu poderia estar indo agora tirar o meu sono da tarde, e o que aconteceu? Você veio até aqui, pra me atormentar. Pra acabar com a minha paz, mas agora que você já tem as respostas que você queria tanto ter, pode se retirar.

CÉSAR: (limpando o rosto) Eu tenho mais uma coisa pra perguntar.

RODOLFO: (revirando os olhos) Oh, meu Deus...

CÉSAR: Foi você que matou aquele homem?

Rodolfo respira fundo.

RODOLFO: Não. Não fui eu. Ah, e você deveria me agradecer, porque aquele tiro sim poderia ter te matado. Mas eu pedi pra que não fosse assim. Porque eu não queria que você morresse. Você pode não acreditar, mas eu gosto de você, César. Gosto mesmo, de verdade. (frio) Só que tudo tem limite. Agora sai!

César passa por Rodolfo e fica a encará-lo.

CÉSAR: Tudo o que eu queria era que nada disso tivesse acontecido.

RODOLFO: Acredite. Eu também não.

César sai e Rodolfo fecha a porta. Ele passa a mão nos cabelos, respirando fundo.

Cena 2/ Mansão Albuquerque/ Escritório/ Interior/ Tarde.
Teresa sentada de frente para Graça.

GRAÇA: Olha, Teresa, por mais que você tente, você não vai conseguir me convencer a aceitar o Rodolfo de volta.

TERESA: Acho que você não entendeu o que eu disse. Ou você aceita o Rodolfo de volta no hospital, ou então eu te processo.

GRAÇA: Isso seria burrice da sua parte. Você provavelmente sairia perdendo nesse processo. O Rodolfo foi demitido por justa causa. Eu não vou admitir ele, e o mínimo que eu posso fazer agora é te indenizar pela morte do seu pai.

Teresa fica olhando pra ela com cara de paisagem.

TERESA: Então tá. (se levanta) Então faça sua obrigação como dona dessa porcaria e pague essa maldita indenização. Quanto ao cargo que era do Rodolfo, você pega ele e enfia você sabe aonde. Passar bem!

Teresa sai irritada.

Cena 3/ Bar de Flávio/ Interior/ Tarde.
César chega ao bar e vai até Camila que está atrás do balcão.

CÉSAR: Oi Cami.

CAMILA: E aí, meu amor, conseguiu o que você queria?

CÉSAR: Consegui, o Rodolfo confessou tudo.

CAMILA: (ansiosa) E você conseguiu gravar a confissão dele?

César afirma com a cabeça e mostra a conversa que gravou com Rodolfo no celular pra ela.

CÉSAR: Eu só não sei se eu quero fazer isso.

CAMILA: César, você precisa denunciar o Rodolfo. O que ele fez foi crime! Sem contar que pode ter sido ele o assassino do tal criminoso.

CÉSAR: Ele afirmou que não foi ele.

CAMILA: E você vai mesmo confiar na palavra dele?

CÉSAR: Ele confessou pra mim, Camila. Se ele tivesse matado o homem, ele teria falado também. E eu dei a minha garantia que não denunciaria ele. Eu não sei o que fazer agora.

CAMILA: Mas eu sei. Você vai até a delegacia entregar essa gravação.

César fica tenso.

Cena 4/ Mansão de Genésio/ Cozinha/ Interior/ Tarde.
A empregada figurante está preparando o jantar, quando Rodolfo surge de repente.

EMPREGADA: Oh, seu Rodolfo. O senhor precisa de alguma coisa?

RODOLFO: (coçando a cabeça) Preciso. Preciso que você pegue o celular da Carolina, mas sem ela ver. Aliás, aonde ela tá?

EMPREGADA: Tá na piscina.

RODOLFO: Ótima oportunidade pra você fazer isso sem ela ver.

EMPREGADA: Mas...

RODOLFO: Mas nada meu amor, se você fizer isso eu aumento seu salário.

EMPREGADA: (enxugando as mãos) Pode deixar, já volto.

Ela sai.

Cena 5/ Mansão de Genésio/ Sala/ Interior/ Tarde.
Teresa abre a porta enquanto Rodolfo vem da cozinha.

TERESA: Ah, você tá aí.

RODOLFO: E queria que estivesse aonde? Ah, esquece. E por favor, me dá uma boa notícia, porque eu estou literalmente na merda.

TERESA: Pelo visto, você vai continuar na merda. Porque não consegui o seu cargo de volta.

RODOLFO: (se irrita) Ah, que droga!

TERESA: Eu sinto cheiro de clima ruim.

RODOLFO: É, o César teve aqui.

TERESA: O que ele queria?

RODOLFO: Infernizar a minha vida!

TERESA: Só isso?

RODOLFO: Ele já está sabendo o que aconteceu.

TERESA: (arregala os olhos) Você contou tudo pra ele?

RODOLFO: Tudo não. Não mencionei a sua participação, nisso você pode ficar sossegada.

A empregada aparece.

RODOLFO: (para ela) E aí, conseguiu?

EMPREGADA: (entregando o celular) Tá aqui!

TERESA: (para Rodolfo) Que merda é essa?

Rodolfo não responde e mexe no celular. Em seguida, entrega o celular de volta pra empregada.

RODOLFO: Dá um banho nesse celular, depois coloca de volta aonde você achou!

EMPREGADA: Sim senhor.

Ela volta por onde veio.

TERESA: (sem entender) O que foi isso, Rodolfo?

RODOLFO: As provas contra nós dois que aquela vagabunda da Carolina tinha nas mãos agora já não existem mais. E você vai tratar de dar a parte dela na herança, que isso só tá acontecendo por culpa tua que não cumpriu com a sua palavra. Resultado: mais problema pra minha mente e pra minha cabeça. Tô cheio! Cheio de problema hoje. Primeiro o mundo conspirando contra mim, depois o César vem aqui encher meu saco e agora isso. Daqui a pouco é um raio que vai cair na minha cabeça.

Cena 6/ Delegacia/ Interior/ Tarde.
O delegado acaba de ouvir a gravação de César, que está sentado em sua frente.

CÉSAR: Como o senhor pode ver, o Rodolfo confessou tudo.

DELEGADO: (desconfiado) Sei... Bom, eu vou enviar os meus homens até lá.

Ele disca o telefone.

DELEGADO: (tel) Prepara a viatura.

Ele desliga e se levanta. César passa por ele e sai da sala. O delegado sai em seguida.

Cena 7/ Mansão de Genésio/ Sala de Estar/ Interior/ Tarde.
Rodolfo está com Teresa quando o celular dele começa a tocar.

RODOLFO: (cel/atende) Alô? (T) É ele. (sério) O quê?

Rodolfo desliga.

TERESA: O que houve agora?

RODOLFO: O delegado acabou de me ligar... Aquela desgraça daquele César... (encarando-a) Me denunciou.

Teresa chocada.

RODOLFO: Ele gravou toda a nossa conversa, só pode. (olha pra ela) Pelo menos agora ele acha que você não tá envolvida. (começa a andar pela sala) Liga pro advogado. Tira uma boa quantia de dinheiro no banco, a gente vai precisar muito hoje.

Teresa pega seu celular e começa a discar.

Cena 8/ Mansão Albuquerque/ Sala/ Interior/ Tarde.
Evódia ajuda Lara a carregar as malas para baixo. Graça vem do escritório e fica surpresa.

GRAÇA: O que significa isso, gente?

LARA: Eu vou viajar, mamãe. Vou passar uns tempos fora do país.

GRAÇA: Pra onde você vai, filha? E assim tão de repente?

LARA: Vou passar uma temporada em Monterey.

GRAÇA: Oh meu amor.

Ela abraça a filha. As duas se apartam do abraço.

GRAÇA: Você tem certeza de que é isso mesmo que você quer?

EVÓDIA: Não tá vendo as malas aqui, dona Graça?

LARA: Evódia, cala essa boca! (T) E sim, mãe. Eu preciso espairecer um pouco... depois de tudo o que aconteceu, acho que uns tempos longe, vai me fazer bem.

GRAÇA: Posso te acompanhar até o aeroporto, pelo menos?

LARA: (sorri) Claro.

Elas pegam as malas. Evódia ajuda. As três saem da mansão.

Cena 9/ Delegacia/ Celas/ Interior/ Noite.
Rodolfo atrás da cela, com cara de cú. O delegado vem caminhando pelas celas vazias e o encara.

RODOLFO: E aí? Até quando eu vou precisar ficar nesse lixo?

DELEGADO: (ironiza) Tempo suficiente pra sua irmã pagar sua fiança, ou melhor, sua passagem pra liberdade.

RODOLFO: (rindo) Delegado Prates, quem te viu, quem te vê. A segurança deste país tá fodida tendo homens como o senhor num cargo social tão importante. Alguém traz um dinheirinho, uma merreca, 40 mil reais pra soltar um homem que atentou com a vida de outro homem e você solta. É...

DELEGADO: Você diz como se fosse todo mundo. Já diz o ditado: paga quem pode. Aceita a propina, quem tem juízo!
Rodolfo ri debochado. O delegado deixa o local.

Cena 10/ Pedra das Flores/ Transição de tempo.
Passagem de tempo. Legenda: 1 mês depois.

Cena 11/ Fórum Judicial/ Sala de Audiência/ Interior/ Manhã.
Juiz em sua bancada. Teresa e Vânia com seus respectivos advogados, sentados na mesa em lados opostos.

JUIZ: Com todas as provas apresentadas aqui. Sendo elas, os testemunhos prestados pelo irmão da vítima e também, do homem que realizava o serviço na casa no dia em que tudo ocorreu, além do vídeo que comprova a agressão sofrida pela senhora Teresa no local em questão, a ré, Vânia da Silva está condenada a 3 anos de detenção em regime aberto, prestando serviços comunitários. A audiência está encerrada, estão todos liberados.

Ele bate o martelo. Teresa olha pra Vânia se sentindo vitoriosa, e esta, retribui com raiva.

Cena 12/ Mansão de Genésio/ Quarto de Teresa/ Interior/ Manhã.
Rodolfo está jogado na cama enquanto Teresa está de pé.

RODOLFO: Essa casa tá uma paz sem aquela vadia da Carolina aqui. Se eu soubesse que pra ela ir embora, era só ela receber a parte dela na herança, eu mesmo teria pedido pra ver aquele testamento antes de você ter mandado alterar.

TERESA: (se irrita) Ah, esquece isso. Passado. Águas passadas, mortas. Chega! Deixa aquela cachorra lá no canto dela, não fica trazendo essa energia ruim pra cá não que agora é só alegria meu filho.

RODOLFO: Hum, pelo visto deu tudo certo lá na audiência.

TERESA: Cê nem imagina o quanto. (ri) Você precisava só ver a cara daquela piranha me olhando, Rodolfo. Ela ali, doida pra cometer um homicídio, ali mesmo, na frente do juiz. (ri) Imbecil, achou que podia levantar a mão pra me bater, se ferrou! Bem feito! Vai passar três anos servindo a gente pobre pra aprender. Perdedora! Aliás, todo mundo é perdedor. Ela, o César, a Manuela... a Manuela ainda não perdeu não, mas a hora dela vai chegar.

RODOLFO: Enquanto isso, a gente tá ganhando cada vez mais. Quem diria que o César fez de tudo pra me colocar na cadeia e mesmo com provas na mão, não conseguiu. Bastou esquentar a mão do delegado pra todo o plano daquele idiota ir por água abaixo. Se ele acha que acabou e está se dando por vencido, ele tá muito enganado. O que é dele tá guardado.

Rodolfo fica pensativo.

Cena 13/ Casa dos Boaventura/ Sala/ Interior/ Manhã.
Manuela está sentada na mesa, de frente pra Vânia.

VÂNIA: Olha a que ponto a gente chegou. Minha própria filha me condenou.

MANUELA: Mãe, pelo menos você não tá presa. Poderia ser pior. Você poderia ter quebrado um braço da Teresa naquela surra. Aí sim né, você seria condenada em regime fechado.

VÂNIA: Ainda bem que isso não aconteceu. Porque se acontecesse era bem capaz disso acontecer também.

Manuela olha pra ela, confusa.

VÂNIA: Ah, você entendeu o que eu quis dizer né?

MANUELA: (respira fundo) Enfim... Eu vim só pra saber como a senhora tava, eu preciso sair já.

VÂNIA: Mas já?

MANUELA: É, eu fiquei de encontrar com o Bráulio pra acertarmos os detalhes do nosso casamento.

VÂNIA: Você não tinha me contado que pretende se casar.

MANUELA: É que foi tudo de última hora. Bom, agora a senhora já sabe. (dá um beijo nela) Até mais tarde.

Manuela sai.

Cena 14/ Presídio Feminino/ Frente/ Exterior/ Manhã.
Vicente e Amanda esperam encostados no carro.

VICENTE: Será que ela vai demorar muito?

AMANDA: Tá ansioso pela saída da sua prima?

VICENTE: Tô ansioso é pra receber os 150 reais que ela pegou emprestado na minha mão e até hoje não pagou.

Os portões se abrem e uma moça sai do local, com roupa de funkeira, parecendo a Natália Coimbra, só que bonita e com 20 anos mais ou menos.

DENISE: Tô saindo. (para o guarda) Tchau seu Brito. Tchau. Se cuida, vê se não esquece do remédio pra gases hein. (para outros guardas) Tchau vocês aí, olha pra onde apontam essas armas. Olha lá. Tô saindo, mas qualquer dia desses aí tô de volta! Pega a visão.

Os portões por trás dela se fecham. Denise encara Vicente e Amanda.

DENISE: É, parece que dessa vez vocês chegaram no horário mesmo.

Os três se unem num abraço.

AMANDA: Que saudade, sobrinha.

DENISE: Eu também titia. Mas para de pegar na minha bunda.

Cena 15/ Mansão de Amanda/ Sala de Estar/ Interior/ Manhã.
Vicente e Denise estão sentados, ela devorando um pote de sorvete de morango.

DENISE: Vou te contar. Sorvete de chocolate é superestimado. Ai que saudade eu tava disso aqui. Sério. Parece que morri e tô no céu.

VICENTE: Arrumou alguém por lá na cadeia?

DENISE: Se toca viado, tá achando que cadeia é tinder? Um monte de bicha feia por lá, nem raspam a buceta.

VICENTE: É, mas beleza não é tudo né? Eu bem sei disso.

DENISE: Ih rapaz, já vi que brigou com macho.

VICENTE: Ele me colocou galha.

DENISE: Foi é? Me diz quem é, vou meter bala no cu dessa poc.

VICENTE: Pra ser presa de novo?

DENISE: Já me acostumei.

Ela se levanta e vai até a cozinha.

VICENTE: (fala alto) Ainda não esqueci do dinheiro que cê me deve hein?!

A campainha toca. Ele se levanta e vai atender. É Teresa.

VICENTE: (frio) O quê que você tá fazendo aqui?

TERESA: (sorri) Eu soube que a Denise saiu da cadeia. (T) Não vai me deixar entrar?

VICENTE: Claro.

Ele se afasta e Teresa entra. Vicente fecha a porta.

VICENTE: Antes de falar com a Denise, a gente precisa ter uma conversa.

TERESA: É alguma coisa que você queira me contar?

Teresa fica de frente para ele, aguardando por uma resposta.

VICENTE: Falsa!

Teresa fica chocada.

VICENTE: Mentirosa.

TERESA: (sem entender) Vicente?

VICENTE: Você escondeu de mim que o Rodolfo me traía. Você sabia de tudo o tempo todo e nunca me contou nada.

TERESA: Quem foi que te disse isso?

VICENTE: (explode) Não interessa, o que importa agora é essa nossa conversa. Você é cara de pau, Teresa. Você fingiu ser minha amiga esse tempo inteiro.

TERESA: Espera aí, eu nunca fingi nada. Você tá sendo cruel comigo Vicente, que isso.

VICENTE: Então fala a verdade.

TERESA: Eu sabia sim. Sabia que o Rodolfo iria ficar noivo da Lara. Eu sabia sim de tudo isso, mas nunca apoiei ele. Sempre falei pra ele tomar uma atitude, ou eu mesma tomaria pelo seu bem. Eu me preocupei com você. Eu fiquei realmente preocupada em você sair dessa história machucado.

VICENTE: Se você tava preocupada comigo, porque você não me contou?

TERESA: Por que eu precisava do Rodolfo naquele momento, será que você não entende?

VICENTE: Eu entendo que você tá se enrolando nas próprias palavras. (T) Eu nunca pensei que você fosse capaz de me esconder uma coisa dessas. (T) Quer saber de uma coisa? Me esquece. Tá? Esquece que eu existo.

Vicente sobe as escadas, correndo. Teresa se senta no sofá, abalada. Ela acaba chorando. Seu celular apita. Ela pega o aparelho e olha o visor, ficando surpresa com o convite de casamento de Bráulio e Manuela.

TERESA: (ainda com o rosto marejado) Não acredito... (lendo) Eu segui o seu conselho de viver a minha vida, e agora estou me sentindo realizada. Espero você nesse dia tão importante da minha vida. Com amor da sua queridíssima irmã com “y”, Manuela. (para si) Vagabunda...

Cena 16/ Meses depois/ Casa dos Boaventura/ Sala/ Interior/ Noite.
Manuela já está com 8 meses de gravidez. Ela conversa com Carolina pelo celular.

MANUELA: (cel) Como tá aí em Pedra Furada?

CAROLINA: (cel) Maravilhoso. Aliás, qualquer lugar é maravilhoso, longe daqueles dois lixos.

MANUELA: (cel) Você vai vir pro meu casamento né?

CAROLINA: (cel) Não sei, Manu... tá tão bom aqui que dá até medo de voltar. E ainda assim, seu casamento não é amanhã? Então. Não vai dar tempo de eu chegar aí não.

MANUELA: (cel) Ué, é só vir de helicóptero. Rapidinho.

CAROLINA: (cel) Sei não... Mas eu vou fazer um esforço. Por você!

Cena 17/ Casa de Camila/ Sala/ Interior/ Noite.
Camila está sentada no sofá com um barrigão enorme. César vem da cozinha e entrega um copo d’água pra ela.

CAMILA: Obrigada, amor.

Ela bebe e em seguida, entrega o copo vazio.

CAMILA: César. Eu tô achando que o nosso filho não vai ficar aqui dentro por muito tempo não.

César vem da cozinha e senta-se ao lado dela, abraçando-a.

CÉSAR: Não precisa ficar nervosa. Já disse que tô do teu lado. Vou ficar até o último minuto.

Camila sorri pra ele, se sentindo mais confortável.

CÉSAR: (toca na barriga dela) E aí, filhão? Tá ansioso pra sair daí é? Tá ansioso? Tá igual a sua mãe? Hein?

Ele continua falando com a barriga fazendo voz de retardado, enquanto Camila continua sorrindo feito boba. (emoji revirando my eyes)

Cena 18/ Restaurante/ Interior/ Noite.
Denise e Teresa jantam juntas.

DENISE: Mulher, eu fiquei mal viu? Mal mesmo com você e o Vicente de mal. Mal mesmo, eu tô mal de verdade. Mas é mal. Mal com L.

TERESA: E você acha que eu também não tô? (T) Pior que o Vicente não entende.

DENISE: (comendo) Relaxa, é assim mesmo, depois tudo se ajeita.

TERESA: Bom... Eu não te convidei pra jantar pra gente falar do Vicente. Vamos falar de negócios.

DENISE: (com a boca cheia) Diz aí.

TERESA: A Manuela, minha irmã, vai se casar amanhã... Eu vou precisar de um serviço seu.

Denise a encara.

Cena 19/ Amanhece/ Mansão Albuquerque/ Sala de Estar/ Interior.
Bráulio desce as escadas ajeitando a gravata. Logo se encontra com Graça.

BRÁULIO: E aí, mãe? Como é que eu tô?

GRAÇA: (animada) Tá lindo, filho. Maravilhoso.

BRÁULIO: O motorista que vai buscar a Manu?

GRAÇA: Já falei com ele.

BRÁULIO: (sorri, satisfeito) Ótimo.

Cena 20/ Casa dos Boaventura/ Sala/ Interior/ Manhã.
Vânia ajuda a arrumar Manuela. Ela se maquia enquanto Vânia termina de ajeitar o cabelo dela.

VÂNIA: (feliz) Nunca imaginei que veria você assim filha. Casando...

MANUELA: (terminando de se maquiar) Nem eu... Tô muito feliz, mãe. Torcendo pra que tudo dê certo hoje.

Cena 21/ Casa dos Boaventura/ Frente/ Exterior/ Manhã.
O carro particular dos Albuquerque para em frente à residência. Do outro lado da rua, em outro carro está Teresa no volante, Denise no carona e um rapaz de 28 anos, amigo dela, atrás.

TERESA: Chegou a hora. Vai ser como a gente combinou. Sejam rápidos, a gente não tem muito tempo.

Denise sai do veículo junto com seu amigo e os dois vão caminhando até o carro particular. O amigo de Denise fica mais pra trás. Denise se aproxima do motorista e bate na janela do carro. Ele abaixa o vidro.

MOTORISTA: Pois não?

DENISE: Oi, e aí, tudo beleza? É que eu tô um pouco perdida por aqui, sabe?... Eu sou nova na cidade.

O amigo dela, portando luvas e ferramentas no bolso da calça, se aproxima do carro cuidadosamente e se abaixa, ficando embaixo do carro.

DENISE: (continua falando com o motorista) Eu preciso muito chegar na casa da minha amiga. Eu acho que ela me deu o endereço errado, tá ligado? (pegando um papel do bolso) Olha... (entregando a ele) O endereço é esse aqui.

MOTORISTA: (olhando o papel) Você vai precisar andar bastante aqui... Vai seguir direto, depois vira na entrada à sua direita...

Corta para Teresa dentro do seu carro, nervosa e inquieta.

TERESA: (para si) Vai logo, vai logo...

Ela vê a porta da sua antiga casa se abrir e fica temerosa.

TERESA: Droga... droga....

Logo em seguida a porta fecha de novo.

TERESA: Só pra me causar tensão, né, suas filhas da puta.

Corta para o amigo de sapa Denise saindo debaixo do carro. Ele faz sinal pra ela e corre de volta pro carro de Teresa.

DENISE: (pega o celular) Olha, minha amiga mandou mensagem. Ela tá aqui perto. (para o motorista) Valeu mesmo parceiro. De coração. Bom dia aí pra você.

O motorista levanta o vidro. Ela volta pro carro de Teresa disfarçadamente e os três esperam. Logo, Manuela sai de casa e entra no carro. Vânia fica pra trás. Teresa observa. O carro dos Albuquerque dá a partida. Teresa liga o motor e os segue.

Cena 22/ Carro dos Albuquerque/ Interior/ Manhã.
O motorista dirige. Manuela está no banco traseiro.

MOTORISTA: Animada pra casar, dona Manuela?

MANUELA: (feliz) Você nem imagina o quanto.

Ele continua a dirigir. Close através do vidro traseiro, o carro de Teresa os seguindo logo atrás. O motorista limpa o rosto com um lenço. Ele liga o ar condicionado do carro e ao olhar pra frente vê um caminhão sair lentamente de uma outra rua. O motorista pisa no freio, mas o mesmo não funciona. Ele pisa mais vezes, e nada.

Cena 23/ Pedra das Flores/ Rua/ Exterior/ Manhã.
Visão aérea do carro dos Albuquerque se chocando com a lateral do caminhão.

Corta para Teresa freando o carro e saindo. Mesmo sendo responsável pelo acidente, ela fica chocada com o resultado. Vários curiosos se aproximam do local do acidente.

Cena 24/ Casa de Camila/ Interior/ Manhã.
César se arrumava para o casamento e estava terminando de abotoar a camisa.

CAMILA: (off/grita) César.

Camila chega à sala vestida para o casamento, mas suando muito. César vai acudi-la.

CÉSAR: O que foi meu amor?

CAMILA: (respirando rapidamente) César, eu não tô nada bem.

CÉSAR: (preocupado) O que cê tá sentindo?

CAMILA: Eu acho que já tá na hora... Nosso filho vai nascer.

César fica surpreso.

Cena 25/ Hospital Albuquerque/ Corredor/ Interior/ Manhã.
Camila na maca sendo empurrada pelos enfermeiros. César do lado, segura sua mão. Ela respira muito, bastante nervosa e sentindo muita dor.

Cena 26/ Pedra das Flores/ Exterior/ Noite.
Transição do tempo da manhã pra noite.

Cena 27/ Hospital Albuquerque/ Sala de Parto/ Interior/ Noite.
Som de batimentos cardíacos. César está ao lado de Camila, segurando sua mão enquanto ela faz força.

MÉDICO: Vai, força!

Ela faz mais força.

CAMILA: (sofrida) Eu não aguento mais.

CÉSAR: (segurando a mão dela) Só mais um pouco, meu amor.

Camila faz força, mas sua pressão cai e ela acaba desmaiando.

CÉSAR: (desesperado) Camila... Camila. (para o médico) Doutor, a minha mulher desmaiou.

MÉDICO: O bebê está atravessado. Vamos precisar fazer uma cesariana. (para os outros) Vamos, me ajudem aqui.

Cena 28/ Hospital Albuquerque/ Sala de Espera/ Interior/ Noite.
Vânia, Graça, Bráulio e Flávio esperam, aflitos.

BRÁULIO: Sem notícias até agora. Eu tô muito preocupado com a Manuela e meu filho, mãe.

GRAÇA: Eu procurar saber notícias. Fica calmo.

Ela deixa o local. Vânia começa a rezar silenciosamente.

FLÁVIO: Meu Deus... Proteja a minha irmã e o meu sobrinho.

VÂNIA: Eu não aguento mais esperar. A Camila entrou lá dentro de manhã e tá lá até agora! (aflita) Ah, meu Deus e a Manuela que teve esse acidente, meu pai.

Graça vêm com um dos médicos que fazia a cirurgia em Manuela. Bráulio vai até ele.

BRÁULIO: E aí? Como a Manuela tá? E o meu filho?

MÉDICO: Calma. Você precisa ficar calmo. (T) Fizemos uma cesariana, o bebê está bem. Ele tá em observação no berçário.

BRÁULIO: E a Manuela?

MÉDICO: Ela teve lesões graves no crânio. Teve uma hemorragia interna devido ao impacto do acidente. Nós conseguimos estancar, mas ela está em coma.  

Bráulio chora, desesperado. De repente, César vem correndo, em desespero. Ele abraça a mãe, chorando. Flávio fica atento.

CÉSAR: (chora) Mãe...

VÂNIA: (desesperada) O que foi? E a Camila? E o meu neto?

Vânia faz César se apartar do abraço e segura em seus ombros esperando por uma resposta.

CÉSAR: (chora, desesperado) O meu filho... ele se foi.

VÂNIA: (desacreditada) O quê?

CÉSAR: (chora) O meu filho morreu.

FLÁVIO: (vai até ele) E a minha irmã?

César o encara.

Mais afastado, Felipe vê disfarçadamente toda a movimentação e pega seu celular. Ele disca e leva o aparelho à orelha.

FELIPE: (cel) Rodolfo?

Cena 29/ Mansão de Genésio/ Sala/ Interior/ Noite.
Rodolfo está sentado no sofá falando ao celular com Felipe.

RODOLFO: (cel) Conseguiu fazer o que te pedi?

FELIPE: (cel) Consegui. Tá todo mundo sofrendo. Como você mesmo disse que iria acontecer.  

RODOLFO: (cel/sorri) Adoro. E o César?

FELIPE: (cel) É o que mais tá sofrendo.

RODOLFO: (cel) Tem certeza que ninguém te viu?

FELIPE: (cel) Tenho. Tá tudo sob controle.

RODOLFO: (cel) Ótimo! Amanhã você passa aqui em casa pra pegar o resto do seu pagamento, tá certo? Qualquer novidade, me avisa.

Rodolfo desliga e vai até o escritório.

Cena 30/ Mansão de Genésio/ Escritório/ Interior/ Noite.
Teresa está sentada na antiga cadeira do pai tomando uma taça de vinho, enquanto olha cada detalhe daquela mesa. Ela pega um retrato aonde tem ela e seus irmãos quando pequenos. Fica a observá-lo.

TERESA: Tudo poderia ser diferente. (solta um riso) Pena que todo mundo resolveu tomar o caminho errado nessa história.

Ela vira o retrato. Toma um gole do vinho. Rodolfo entra no escritório.

RODOLFO: Tudo saiu do jeito que você planejou. O Felipe acabou de me ligar avisando.

Teresa pega uma outra taça que estava em cima da mesa e põe vinho. Entrega a Rodolfo.

TERESA: Realmente. Sabe que eu jamais pensei que isso fosse dar tão certo assim? É...

RODOLFO: Ele disse que o César tá sofrendo muito, achando que o filho dele morreu.

Teresa olha pra ele sorrindo.

TERESA: Coitado do César...

RODOLFO: (sorri) Imagina só hein? Imagina só como ele ficaria se soubesse que nós dois mandamos trocar o filho vivo dele pelo filho morto da Manuela e do Bráulio.

TERESA: César é muito idiota. Ele se acha muito esperto, mas não enxerga um palmo do que está na frente dele. (T) A Manuela não conseguiu se casar com o Bráulio... Tá em coma... (toma um gole do vinho) César vai continuar sofrendo, achando que o filho morreu... (T) Coitado...

Ele ergue sua taça.

RODOLFO: A nós?

TERESA: (ergue sua taça) A nós! 

Ambos brindam. Em seguida ambos tomam o vinho, trocando olhares. Fade out.

(Continua...



















...não disse quando)

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