Redenção - Capítulo 01 (Estreia)
segunda-feira, abril 23, 2018
REDENÇÃO - CAPÍTULO 01
"COMO TUDO COMEÇOU..."
CENA 1/PRESÍDIO FEMININO/INTERIOR/MANHÃ
Uma carcereira do presídio feminino anda nos
corredores onde tem as celas com várias detentas dentro. Ela vai direto até a
cela de Norma e rapidamente abre o portão.
CARCEREIRA: Detenta? Pode cair fora! Hoje é o
seu dia, você tá livre!
Norma abre um enorme sorriso.
NORMA (sorrindo): Graças a Deus eu vou sair
desse inferno, e pra nunca mais voltar!
Norma rapidamente se despede de suas colegas e
sai da cela em seguida.
CENA 2/PRESÍDIO FEMININO/EXTERIOR/MANHÃ
O portão se abre e Norma é libertada com as
roupas em uma mala e com sua bolsa em seu ombro. Ela vibra e pula de alegria ao
sair do presídio.
NORMA (feliz): Eu tava sonhando tanto com esse
dia, e finalmente esse dia chegou!
Ela abre a bolsa e olha a foto da filha ainda
com nove meses de idade.
NORMA (emocionada): Eu vou te encontrar, minha
filha. Vou ser feliz ao teu lado de novo. Tudo que eu mais quero é reencontrar
você! Eu sei que vai ser muito difícil eu esquecer tudo que aconteceu comigo há
exatamente dezoito anos atrás. Mas eu vou conseguir superar... - (Ela sorri
emocionada/olhos cheios de lágrimas) – Com a ajuda de Deus, eu vou conseguir!
18 anos atrás...
VILA MADALENA – SÃO PAULO
2000
CENA 3/VILA MADALENA/APRESENTAÇÃO DE
CENÁRIO/NOITE
Em São Paulo, na cidade de Vila Madalena, as ruas
estão movimentadas com vários pedestres e um grande número de carros, ônibus e
motos passando. Close na casa simples de Norma. Do lado de fora, pode-se ouvir a
briga de Norma e Carlos.
CENA 4/CASA DE NORMA/SALA/INTERIOR/NOITE
Close em Carlos e Norma brigando.
CARLOS: Eu já tô cheio de você querendo me
controlar!
NORMA: Eu querendo te controlar? Eu tô é certa!
Pega o dinheiro do trabalho e gasta tudo com cachaça, ao invés de comprar as
coisas pra casa, pra sua filha! Tô errada? Não tô!
CARLOS: É muito melhor viver lá no bar do que aqui,
ouvindo essa ladainha sua!
NORMA: Quer saber? Eu não te aguento mais! Se
for pra continuar assim, eu prefiro pedir o divórcio, porque com você eu não
fico mais!
Carlos a olha fixamente com um olhar profundo
de raiva para Norma.
CARLOS: O divórcio?
NORMA: É, o divórcio sim! Por que a surpresa? Eu
não quero mais viver ao seu lado, não quero mais saber de você nunca mais! Nem
se preocupa com a Laís, a sua própria filha!
Carlos aperta o pescoço de Norma.
CARLOS: E daí que eu não me preocupo? Você quer
o divórcio, sua vagabunda? Escuta bem o que eu vou te falar, sua vadiazinha: você
não vai pedir porra de divórcio nenhum. Eu vou te matar se fizer isso, ouviu?
NORMA (quase engasgada): Tem coragem de matar a
mãe da sua filha?
CARLOS: Tenho! Você ainda não viu do que eu sou
capaz, Norma. – (Aperta ainda mais o pescoço de Norma, sufocando-a). - Me testa
pra ver. Anda, me testa!
Carlos a solta e Norma fica tossindo.
CARLOS: Vai fazer comida que já tô brocado de
fome. Anda, vadia!
NORMA: Eu não vou fazer é nada! Eu sei do que
você é capaz, e essa é a minha decisão! Eu já me cansei, todo dia é essa merda
de vida! Nunca que eu deveria ter me casado com você. Eu quero e vou me separar,
queira você ou não!
CARLOS: Sua vaca!
Carlos levanta a mão direita para bater em
Norma, mas no mesmo instante, Norma segura bem firme a mão de Carlos.
NORMA: Nenhum homem levantou a mão pra mim,
ouviu? Nenhum homem vai encostar a mão em mim, muito menos você! Eu também
posso ser perigosa. Espera só um momento em que eu possa avisar os homens lá do
morro pra ir atrás de você e mandar abrir uns buracos nessa sua cara de covarde
que você tem! Me testa pra você ver! Posso ser muito pior do que você.
Norma o solta. Ela pega as roupas dele e coloca
rapidamente numa mala, e fecha. Logo em seguida, ela pega a mala e joga em cima
dele.
NORMA (gritando): Sai daqui! Fora da minha casa!
Carlos, em seu momento de fúria, agarra Norma, arranca o vestido dela. Ele tira a cacinha
dela a força, vira ela de costas, tira sua calça, seu pênis pra fora e começa a
passar em volta do ânus da mulher.
CARLOS: Agora você vai ver o que é bom!
Carlos penetra em Norma com força. A
mulher grita de dor e o sangue aos poucos desce sobre a perna dela.
Após o ato, Carlos tira o cinto da sua
calça.
CARLOS: Eu te avisei, não te avisei? Agora eu vou
te ensinar a me respeitar!
Carlos, com o cinto em mãos, vira Norma e bate
com a fivela de ferro na cara dela, que cai no chão com o impacto da batida.
Norma passa a mão sobre a cara já marcada pela
fivela do cinto. A boca dela chega a sangrar.
NORMA (chorando): Seu covarde!
CARLOS: Covarde? Olha bem... Onde já se viu uma
mulher querer mandar no marido? Vocês mulheres só servem pra pilotar fogão e
trepar!
NORMA: Seu merda! – Se levanta rapidamente e dá
um soco na cara de Carlos, que ri em seguida.
Carlos pega ela pelos cabelos e joga em cima do
sofá, dando vários chutes nela. Em seguida, ele rasga a roupa dela, deixando-a
nua e bate sem a menor piedade em Norma com o cinto. Norma não consegue se
soltar e chora com a agressão do marido.
CARLOS: Se separa de mim pra você se eu não te
mato, e mato até a Laís! – Continua agredindo Norma.
CENA 5/CASA DE NORMA/QUARTO/INTERIOR/NOITE
Carlos está dormindo e Norma entra no quarto
chorando com uma faca nas mãos. Ela se aproxima dele com a faca, mas desiste
logo em seguida.
NORMA: Não, eu não posso fazer isso. Norma,
você não é nenhuma assassina, não seja alguém tão ruim quanto ele. – Ela deixa
a faca em cima de um criado-mudo e vai até a cama onde está Laís, pegando-a no
colo.
Close no olhar triste dela.
NORMA (chorando): Ô meu amor, é tão difícil.
Mas eu não posso fazer nada, ele é capaz de te ferir também. Vou tentar
esquecer tudo isso que eu tô passando, vou pensar em coisas boas. Vai ser
melhor, não é? Amanhã a gente vai na casa da minha irmã. Depois de tanto tempo,
vou poder ver ela de novo, se Deus quiser.
CENA 6/VILA MADALENA/AMANHECENDO
Imagens da Vila Madalena numa manhã linda com céu
azul, crianças brincando no parque. Close no belo jardim da mansão Dellatorre,
na linda mansão de cor branca.
Close em Norma em frente à mansão com sua filha
nos braços.
NORMA: Deus abençoou minha irmã. A Marcela
conseguiu mudar de vida mesmo. E pensar que foi tão rápido... Com certeza ela vai
ficar feliz ao me ver depois de tanto tempo. – Ela sorri.
Norma vai até a porta e toca a campainha.
CENA 7/MANSÃO DELLATORRE/SALA DE
JANTAR/INTERIOR/MANHÃ
Marcela está tomando café da manhã e ouve o
barulho da campainha. Ela olha para a empregada.
MARCELA: Vai ficar me olhando ou vai abrir a
porta?
EMPREGADA: Vou abrir a porta.
MARCELA (grita): Então vai logo, sua anta! Te
pago é pra abrir a porta, fazer comida e limpar a casa, e não ficar me olhando
com essa cara feia e ridícula que você tem! Anda logo!
A empregada corre para abrir a porta.
Marcela se levanta e vem logo atrás para
receber a visita. A empregada abre a porta e Marcela se depara com sua irmã.
MARCELA (surpresa): Norma?
NORMA (alegre): Marcela, minha irmã. – (Entra
na mansão e dá um abraço bem apertado em Marcela, que não sorri em momento
algum). – Como eu tava morrendo de saudades de você!
MARCELA: É, eu também...
Ela para de abraçar Marcela e olha para o
interior da mansão, todos os detalhes.
NORMA (impressionada): Menina, pelo jeito você
mudou de vida, né? E pra melhor!
MARCELA: É sim. Sabe como é, né? Quem se
esforça alcança tudo o que quer. Eu ajuntei um dinheirão trabalhando e hoje em
dia eu não preciso nem trabalhar pro resto da vida. Mas quem é dedicada assim
como eu, faz questão de estar trabalhando todos os dias, é o meu caso! – (Olha
para a roupa de Norma). - Você pelo jeito não conseguiu nada, não é mesmo?
NORMA: Você sabe que eu larguei a escola ainda
cedo, fugi de casa e não tive nenhum estudo. Eu já trabalhei em casa como essa
e em uma lanchonete graças a uma senhorinha, mas fui demitida há pouco tempo.
MARCELA: Essa é a minha sobrinha? – Ela sorri.
NORMA: Essa daqui é a Laís.
Marcela pega Laís no colo e abraça a sobrinha.
MARCELA: Gente, mas que coisa linda, que fofura
da tia... Ela é muito linda, muito bonita mesmo. Sabe, nem parece ser sua
filha. - (Ela ri). - Mentira! Gente, e ela tem um nome bonito demais.
NORMA: Fui eu que escolhi. Sempre sonhei em ter
uma filha com esse nome. Você tá casada?
MARCELA: Sim, estou. – Entrega Laís para Norma.
NORMA: E seu filho? Como tá ele?
MARCELA: Eu não tenho filho. O meu morreu no
parto.
NORMA: Marcela, eu sinto muito. Mas por quê? O
que houve?
MARCELA: Assim que ele nasceu, eu fiquei entre
a vida e a morte, tive sérios problemas. Em seguida, eu desmaiei e quando
acordei, minha amiga, que estava comigo na hora, disse que ele tinha falecido
logo após. Depois disso, tive um problema muito grave no meu útero, sou
praticamente estéril, Norma. Eu infelizmente não posso ter mais filhos.
NORMA: Ah... Desculpa por ter perguntado isso,
não sabia.
MARCELA: Tudo bem. Eu descobri isso há pouco
tempo. Sentia fortes dores. Bem, mas mudando de assunto... Vem tomar café junto
comigo?
NORMA: Eu morro de vergonha.
MARCELA: Não tenha vergonha, pois minha casa é a
sua casa. E te recebo de coração aberto. Vamos?
NORMA: Tudo bem então.
CENA 8/MANSÃO DOS DELLATORRE/SALA DE
JANTAR/INTERIOR/MANHÃ
Norma come muito rápido com as mãos. Marcela
fica olhando.
MARCELA: Nossa... Que fome, hein?
Marcela pega o copo com suco e toma.
MARCELA: Onde está morando agora?
NORMA (falando de boca cheia): Numa pequena
casa. É muito simples lá, mas eu tenho muito orgulho. E a nossa mãe?
MARCELA: Está viajando pela Itália. Assim que
eu fiquei rica, dei um dinheirinho pra ela se divertir com o pai. Tadinhos,
eles merecem.
NORMA: Faz tempo que eu não vejo ela. Depois de
tudo que aconteceu, ela nem vai querer falar comigo mais. Tô com muita saudade
da mãe e do pai.
MARCELA: Ela perdoa, tem um coração bom, apesar
de tudo que ela fazia com você... Logo em breve ela voltará. Mas quem tem que
pedir desculpas, é ela.
NORMA: É, pois é.
Norma segue comendo. Marcela a olha com cara de
nojo.
MARCELA: Gostei muito da sua filha, achei ela uma
gracinha. Queria poder ter uma assim.
NORMA: Já pensou em adotar?
MARCELA: Já, e não suportei a ideia. E como vai
o pai da sua filha?
Norma para de comer e responde Marcela.
NORMA: Quem? Aquele covarde de merda?
MARCELA: Nossa, o que ele fez de tão ruim assim?
– (Ela repara nos detalhes do rosto de Norma). - Calma aí... Essa marca no seu
rosto foi por culpa dele? Norma, isso é crime! Por que não denunciou esse homem
ainda?
NORMA: Fiquei com muito medo. Ele ameaçou fazer
alguma coisa com a Laís. Tentei expulsar ele de casa ontem, mas eu não
consegui. Infelizmente o desgraçado, mesmo bêbado, consegue ser mais forte que
eu. Tô toda machucada.
MARCELA: Sabe como a gente acaba com isso?
NORMA: Como?
Marcela pega uma faca e pressiona na mesa.
MARCELA: Matando!
Norma começa a rir.
NORMA: Você é muita engraçada, minha irmã!
Podia virar comediante... - Marcela a interrompe imediatamente.
MARCELA (séria): Norma, eu estou falando sério.
Esse homem pode te levar pra sepultura, toma cuidado. Quando começa assim, é
sinal que todo dia vai ser a mesma coisa.
NORMA (parando de sorrir): Você não quer dizer
que já matou alguém, quer?
MARCELA: É claro que não! Mas óbvio que em uma
situação dessas, o melhor seria isso. Norma, você não teria culpa, seria em
legítima defesa se o matasse no mesmo momento que ele agredisse você. Tem que
cortar o mal pela raiz, entende?
NORMA: Não, eu não tenho coragem de matar uma
mosca, quem dirá de ter coragem de matar uma pessoa... Não.
MARCELA: Eu só quis dizer, aí vai de você!
Ricardo aparece muito apressado e beija
Marcela.
RICARDO: Bom dia, amor.
MARCELA: Bom dia.
RICARDO: Quem é ela?
MARCELA: É a Norma, minha irmã.
RICARDO: Você nunca me falou que tinha uma
irmã, nunca pensei. Prazer em te conhecer, Norma. – Ele a cumprimenta.
NORMA: O prazer é todo meu.
Ricardo toma o suco rápido.
MARCELA: Não vai nem sentar pra tomar café?
RICARDO: Não, tenho que ir à empresa rápido,
preciso resolver algumas coisinhas.
MARCELA: Tenho que me preocupar com isso?
RICARDO: Não, é coisinha simples. Bom, tchau
pra vocês!
Ricardo se despede e sai apressado. Norma
continua a comer e Marcela continua olhando pra ela com cara de nojo.
NORMA: Ah, é você que é dona da empresa? Essa
empresa mexe com o quê?
MARCELA: Eu crio vestido, adoro desenhar, é um
passatempo bom, e a gente ganha um dinheirinho extra.
CENA 9/MANSÃO DELLATORRE/EXTERIOR/TARDE
Norma e Marcela saem da mansão.
NORMA: Obrigada pelo café.
MARCELA: Foi nada. Quer uma carona até sua casa?
NORMA: Tem certeza que eu não vou te
atrapalhar?
MARCELA: Imagina, te levo.
NORMA: Tudo bem.
Marcela abre a porta do carro para Norma, que
entra com Laís nos braços. Em seguida, Marcela entra no carro.
CENA 10/CHIQUE LINS/SALA DE RICARDO/INTERIOR/TARDE
Trilha Sonora: Corpo Sensual – Pabllo Vittar (Feat. Matheus
Carrilho)
Ricardo e Camila estão se pegando na sala.
RICARDO: Você tá muito gostosa hoje, sabia?
CAMILA (sensualizando): Você acha?
RICARDO: Claro, aliás, tá todo dia gostosa. Que
tesão. Quer saber de uma coisa?
CAMILA: Que coisa?
RICARDO (sorri): Tô de pau duro. Você me deixa
muito excitado, garota.
CAMILA: Que tal se a gente ir pra um lugar mais
confortável? Tem um Motel aqui do lado que é aberto 24 horas.
RICARDO: Sabia que agora você me deixou com
mais tesão ainda? Sério, tem uma coisa bem dura aqui entre as minhas pernas.
Estou louco para brincar de papai e mamãe com você, ou melhor, de lobo mal e chapeuzinho
vermelho. Que tal?
CAMILA: Adoro! Estou louca para grudar minha
língua no seu mastro. Vou fazer tudinho que você mandar. – Ela diz colocando o
dedo dele na boca dela, e chupando.
RICARDO: Tudinho?
CAMILA: Claro que sim.
Ela passa a mão nas partes íntimas dele.
RICARDO: Vamos logo então?
CAMILA: Vamos, mas não esqueça da camisinha.
Ricardo abre a gaveta da sua mesa e pega uma
camisinha.
RICARDO (sorrindo): Aqui! Eu nunca esqueço.
CENA 11/CASA DE NORMA/EXTERIOR/TARDE
Marcela para com o carro na frente da casa da
irmã.
MARCELA: Então é aqui que você mora?
NORMA: Sim, é muito simples a casa.
MARCELA (sussurrando): É um muquifo, isso sim.
NORMA: O que?
MARCELA: Nada, esquece.
NORMA: Obrigada por tudo.
MARCELA: De nada. E lembre-se que se precisar
de qualquer coisa é só me ligar que eu venho. Toma aqui o meu cartão com meu
número.
Ela dá o cartão com o número de celular para
Norma.
NORMA: Sério que não quer entrar? Eu posso
fazer um cafézinho pra gente.
MARCELA: Não, obrigada. Tenho que ir para a
minha empresa agora. Sem eu aquilo lá não vai pra frente. Deixa o café pra
depois.
NORMA: Tá bom. Depois nos vemos mais.
MARCELA: Tudo bem.
Norma sai do carro e se despede da irmã.
Marcela acelera o carro. Norma entra dentro da casa com sua filha nos braços.
NORMA: Tá vendo filha? Mesmo ficando podre de rica,
a Marcela é tão humilde. Parabéns por ter ganhado uma tia tão boa.
CENA 12/CARRO DE MARCELA/TARDE
Trilha Sonora: Saga – Filipe Catto
Marcela segue andando com o carro direto para a
empresa.
MARCELA: Por que raios eu fui aceitar aquela
ratazana dentro da minha casa? Que nojo dela! A mulher não tem um pingo de
etiqueta, parece um porco comendo. Quando eu chegar na minha empresa, eu vou
ter que me desinfetar dessa capivara maldita. E onde eu tava com a cabeça
quando eu dei meu número de celular pra ela? Agora essa vaca vai ficar me ligando
toda hora. Ainda bem que não mora comigo e nem nunca vai morar!
Marcela não olha e quase atropela Carlos na
faixa de pedestre. Ela para com o carro e abre o vidro.
MARCELA (furiosa): Você é cego, caralho? Não tá
vendo o semáforo? O sinal está aberto! Ah, quer saber? Estou estressada, então
vai se foder!
CARLOS: Vai se foder você, sua vadia! Eu quase
fui atropelado por sua culpa!
MARCELA: Deveria era ter te matado logo de uma
vez! Deveria ter passado com o carro em cima da sua cabeça e depois acelerado. Iria
ser uma pessoa desgraçada e retardada a menos no mundo.
CARLOS: Quer me matar? Prova eu primeiro. Me
chupa, vadia, eu sei que você gosta de um treco bem grosso e grande, e isso eu
tenho de sobra! Vai, me chupa!
MARCELA: Ah, vai se foder!
Marcela acelera o carro.
CARLOS: Vadia, podia ter te matado...
Ele segue bebendo o litro de cachaça.
CENA 13/MOTEL/QUARTO/INTERIOR/TARDE
Ricardo e Camila estão transando loucamente.
RICARDO: Gata, você é um furacão na cama.
CAMILA (gemendo): Vai, acaba comigo, seu
safado! Ah, enfia!
RICARDO: Chega, calma aí.
Ele para todo ofegante e suado.
CAMILA: Não, não tira a camisinha. O que foi?
RICARDO (ofegante): É sério, já tenho que ir
para a empresa. A otária da Marcela vai querer me procurar se não me ver lá.
CAMILA: Você não gosta mesmo dela, né?
RICARDO: Eu não. Nem pra trepar aquela
geladeira serve. Pra mim ela é a pior mulher do mundo.
CAMILA: E eu?
RICARDO: Se tivesse um ranking pra ver qual é a
mulher mais gostosa e mais linda do mundo, você ganharia de lavada em primeiro
lugar.
Ele se levanta.
CAMILA: Vamos mais uma vez? Estava tão bom.
Vai, por favor...
RICARDO: Caralho. Sério mesmo? Sabia que você
me convenceu? Tu é mesmo uma puta safada, garota!
CAMILA: E eu gosto de ser. Você sabe muito bem
que eu adoro trepar com você. Agora me fode!
Ricardo pega Camila e os dois continuam
transando loucamente. Camila geme de prazer em cima da cama.
CENA 14/CASA DE NORMA/COZINHA/INTERIOR/TARDE
Norma abre o armário e pega o leite em pó para
fazer a mamadeira de Laís. Ela observa o interior do pacote.
NORMA: Poxa vida, já tá acabando? Eu preciso
urgente arrumar um serviço! Eu posso até morrer de fome, mas minha filha não
morre de fome de jeito nenhum.
Close na faca em cima da mesa.
CENA 15/CHIQUE LINS/SALA DE MARCELA/INTERIOR/TARDE
Marcela se olha no espelho.
MARCELA: Agora me diga, espelho: Como alguém
como eu, uma mulher fina e elegante, pode ter uma irmã como aquela? Sinceramente,
não gosto nenhum pouco. Pior se meu nome aparecer junto com o dela na mídia...
Que horror, não quero nem pensar! Já pensou se minha carreira desmorona por
causa disso? E tudo que eu fiz pra conseguir isso? Mas felizmente eu tenho um
amigo pra me ajudar. – Ela sorri.
Ela pega alguns documentos.
MARCELA: Falando em outros assuntos... O Ricardo
precisa ver isso pra mim
.
CENA 16/CHIQUE LINS/SALA DE RICARDO/INTERIOR/TARDE
Camila entra na sala de Ricardo.
CAMILA: Tem alguns papéis aqui pra você
assinar, Ricardo. É sobre o contrato com aquela agência, lembra?
Ricardo levanta e pega os papéis.
RICARDO: Deixa isso pra lá! – (Ele joga os
papéis em cima da mesa). - Eu quero é você de novo. – Ele agarra ela.
CAMILA: Ui. Tomou o quê pra ficar tão
animadinho hoje?
RICARDO: Mamei nos seus peitos mágicos,
delícia.
Os dois começam a se beijar e Ricardo coloca a
mão dentro da calcinha dela.
CAMILA (sorrindo): Vai com calma. Eu vou tirar
minha camisa primeiro e depois o sutiã.
Ele tira a mão da calcinha dela. Camila se
prepara para tirar a sua camisa. No mesmo instante, Marcela entra na sala. Os
dois se assustam.
MARCELA: O que está acontecendo aqui?
RICARDO (assustado): Não é nada. – (Gaguejando).
- A... A Camila trouxe alguns papéis pra eu assinar.
MARCELA: Quantas vezes eu te disse que eu não
quero essa mulher aqui na sua sala, Ricardo?
RICARDO: Amor, ela é minha secretária, tem que
estar todo tempo aqui.
MARCELA: Então vou pedir pra te trocar de
secretária.
RICARDO: Não faz isso, eu te peço.
MARCELA: Por que não? O que está acontecendo,
Ricardo?
RICARDO: Ela é a melhor secretária que alguém
pode ter.
MARCELA: Como assim?
RICARDO: Ela é uma profissional. Você nunca vai
encontrar outra igual a ela. E tem mais! Tá muito difícil conseguir alguém que
preste como secretária hoje em dia, e alguém de confiança. A Camila é sim de
confiança. Está conosco há anos.
MARCELA: Tem razão, mas eu te quero fora da
sala dele agora! Anda! Vaza!
CAMILA: Com licença.
MARCELA: Xispa!
Camila sai da sala.
RICARDO: Por que trata ela assim?
MARCELA: Eu tenho minhas razões. Você sabe
muito bem que eu não gosto dessa mulher, porque acho ela muito ousada e fogosa
demais. Ricardo, você teria coragem de me trair com essa mulher? Teria?
RICARDO (rindo): É claro que não, amor. Você
acha que eu ia fazer isso com uma mulher tão especial como você? É sério, nunca
que eu faria isso.
MARCELA (sorri): Me acha uma mulher especial?
RICARDO: É claro que eu acho. Você pra mim é a
melhor mulher do mundo.
MARCELA: Por isso que eu te amo.
Marcela beija Ricardo.
CENA 17/CASA DE NORMA/SALA/INTERIOR/NOITE
Carlos entra em casa gritando e vai na cozinha quase caindo no
chão. Norma, que está no quarto, vai até a cozinha após ouvir os gritos
estrondosos de Carlos, que chama por ela.
NORMA: Você vai acordar a Laís desse jeito!
CARLOS: Eu quero mais é que a Laís se lasque!
NORMA: Você tá bêbado de novo!
CARLOS: Eu não tô bêbado. Só tomei um golinho,
foi só um golinho... Ah, eu não tenho que te dar satisfação de nada. Sai da
minha frente que eu quero jantar!
NORMA: Não tem janta pronta ainda, tava
cuidando da Laís.
CARLOS: Mais você é uma desgraçada mesmo, viu? Quero
o jantar, anda!
NORMA: Carlos, deixa de ser ignorante, é só um
pouquinho.
CARLOS: Eu vou te mostrar o ignorante,
vagabunda!
Carlos pega a faca em cima da mesa.
NORMA: O que você vai fazer? Não precisa disso,
eu faço sua janta.
Ele liga o fogão e esquenta a ponta da faca.
CARLOS: Vou te marcar pra sempre com essa faca
quente, como fazem com os gados, mas no seu caso, com vacas que nem você.
NORMA (grita): Não!
Norma empurra Carlos que cai de cara na chama
do fogão. Ele grita de dor. Carlos, com a cara queimada pela chama, segura
firme a faca e corta o braço de Norma, que sangra sem parar.
NORMA: Olha o que você fez. – Tentando estancar
o sangue.
Ela imediatamente pega a faca da mão dele.
NORMA (apontando a faca): Agora já chega! Não
vou mais suportar isso! Agora, de uma vez por todas, vou acabar com essa vida
desgraçada pra sempre!
Close alternativo em Carlos e Norma.
(A cena congela com efeito preto e
branco em Norma suja de sangue e com a faca em mãos apontando para Carlos, que
olha pra ela com medo).
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