Redenção - Capítulo 31 (Última Semana)
segunda-feira, junho 04, 2018
REDENÇÃO – CAPÍTULO 31 (ÚLTIMA SEMANA)
“CARTA NA MANGA E FACA NO PEITO”
CENA
1/CASA DE MATEUS/SALA/INTERIOR/NOITE
Lucas e Mateus
terminam de dançar e de beijar. Lucas sorri.
MATEUS: Eu adoro
esse seu sorriso, me faz bem.
LUCAS: Mateus, você
me faz bem. Me fez deixar a tristeza de lado. Eu posso ter perdido meu pai, mas
eu sou o cara mais sortudo do mundo por ter você aqui comigo do meu lado. Adoro
te sentir... Sentir teus lábios nos meus... – (beija Mateus/sussurra). – E mais
ainda. – Passa suas mãos sobre o corpo de Mateus.
MATEUS (sorrindo):
Seu safado. Calma aí... – Vira, pega o controle na mesa e coloca outra música.
Em seguida, ele
coloca novamente o controle em cima da mesa.
MATEUS: Agora sim.
Trilha
Sonora: Flutua – Johnny Hooker (feat. Liniker)
“Flutua”, de Johnny
Hooker, começa a tocar. Mateus tira sua camisa e começa a beijar loucamente
Lucas, que também tira a sua camisa. Em seguida, ambos tiram a calça e a cueca.
Lucas surpreende e pega Mateus no colo e o leva até o quarto. Em seguida, joga
o namorado em cima da cama.
MATEUS: Nossa,
amor... Você me deixou louco de tesão agora.
LUCAS: Vai ficar com
mais tesão agora!
Lucas sobe
rapidamente em cima da cama e agarra Mateus, que segura bem firme nas suas
costas. Os dois transam loucamente.
CENA
2/JARDIM ORESTES/PENSÃO DA DONA SANDRA/INTERIOR/NOITE
Sandra fecha a
recepção. Norma e Laís ajudam enquanto conversam.
SANDRA: Então quer
dizer que mataram dois policiais?
LAÍS: Nem me choco.
O Hugo tentou matar várias pessoas naquela explosão.
SANDRA: Que horror.
Onde a violência nesse país vai parar?
NORMA: Pra você ver,
amiga.
Ricardo, com uma
maleta, entra na pensão da dona Sandra junto com Camila, que está com outra
maleta. Norma e Laís ficam surpresas.
NORMA: O que é isso?
Como tem coragem de vir aqui?
RICARDO: Norma, me
escuta.
NORMA: Escuta porra
nenhuma! Cai fora daqui!
LAÍS: Mas é muita
cara de pau mesmo.
RICARDO: Norma,
Laís... Eu só quero pedir desculpas pra vocês duas.
NORMA: Você apoiou
uma assassina esses anos todos, sabendo das atrocidades dela... Deveria ir pra
cadeia também. E é isso que eu vou fazer! Vou ligar pra polícia e avisar que
você tá aqui e que foi cúmplice da Marcela esses anos todos.
RICARDO: Norma, eu te
peço...
Ricardo se ajoelha
no chão.
LAÍS: Que vergonha.
CAMILA: Ricardo,
também não é pra tanto.
RICARDO: Eu errei, tá
bom? Eu assumo! Eu sou ser humano como você. Eu encobri sim as atrocidades da
Marcela, mas eu nunca tive coragem de fazer o que ela fazia. Sua mãe mesmo, eu
ajudava ela quando mais precisava. Marcela judiava muito da coitada. A Laís tá
de prova.
LAÍS: Isso é
verdade, mãe. A Marcela nunca deixava a vó em paz.
NORMA: Tá certo. Por
que exatamente veio aqui e por que trouxe essas maletas?
Ricardo se levanta.
RICARDO: Isso daqui
é uma boa parte da grana da Marcela que eu trouxe pra você. Merece muito mais
do que eu.
NORMA: Eu não vou
aceitar não. Isso daí é dinheiro sujo, aposto que é.
RICARDO: Olha, eu
não sei a origem desse dinheiro, mas é dinheiro, então tô aceitando.
LAÍS: Mãe, você
precisa aceitar.
NORMA: Por quê?
LAÍS: Pra cremar o
corpo da vovó, você precisaria de grana. Falou inclusive que ia dar um jeito.
Esse dinheiro chegou na hora certa.
SANDRA: É verdade,
amiga. Aceita!
Norma olha para
Ricardo.
NORMA: Tá, eu vou
aceitar sim, preciso muito. Quanto é exatamente?
Ricardo abre a
maleta.
RICARDO: Aqui tenha
certeza que tem mais de setenta milhõs de reais em notas de cem com elásticos. Se
prepara, porque tá pesada! Tem mais uma maleta na mão da Camila com o restante
do dinheiro. – Fecha a maleta e entrega para Norma, que pega rapidamente.
NORMA
(impressionada): Mas é muito dinheiro. Essa Marcela é muito burra mesmo de ter
guardado tanta grana assim dentro de casa. Por que não botou num banco que
seria mais seguro? – (Sorrindo). - Aquela cobra deve estar espumando de raiva.
LAÍS (sorrindo): Dá
pra mudar completamente a nossa vida.
RICARDO: Eu fiquei
com os dólares que a Marcela guardava no cofre, já que em breve eu não vou
estar mais no Brasil.
LAÍS: Vai mesmo pro
exterior?
RICARDO: Sim, vou
pra Berlim. E lá vou me casar com a Camila.
NORMA: Você sabe que
vai se tornar bígamo se fizer isso, né? Ainda é casado legalmente com a
Marcela.
RICARDO: Eu tenho
que resolver minha vida, não vou pedir pra Marcela assinar um divórcio que ela
não vai assinar. Capaz dela até me matar se me ver de novo.
NORMA: Seja feliz
então.
RICARDO: Eu acho que
isso é um adeus.
Norma olha pra Laís,
que encara ela.
NORMA: Não, eu não
vou abraçar ele.
LAÍS: Vai, mãe. Ele se
redimiu.
Norma olha para
Ricardo.
NORMA: É, parece que
você escolheu mesmo a redenção. E que bom que escolheu. Fez o certo.
RICARDO: Eu nunca
fui de fazer maldade com ninguém. Só encobri a Marcela porque eu precisava ser
sustentado, se não já teria denunciado ela faz tempo. E eu pensei na Laís
também, na decepção que ela ia ter.
LAÍS: Eu te entendo
e você tem o meu perdão.
RICARDO
(emocionado): Obrigado. – Abraça Laís.
Norma abraça
Ricardo.
RICARDO: Aproveita a
grana.
NORMA (sorrindo):
Tenho muito o que aproveitar. – (Termina de abraçá-lo). – Esse dinheiro caiu como
uma luva e no momento certo! Eu sei que é errado, mas não vai ser agora, nessa
altura do campeonato, que eu vou ser orgulhosa. Tenho que pensar em mim
primeiro e no futuro da Laís. E a vaca da Marcela merece ficar na pior.
RICARDO (sorrindo):
É assim que se fala!
NORMA: E desejo
felicidades ao casal.
Camila vai até ela e
a abraça.
CAMILA: Obrigada.
Mesmo não te conhecendo, eu percebo que é uma boa mulher e tem um bom coração.
– (Termina de abraçá-la). – Laís? – (Abraça Laís). – Espero que fique bem. –
Termina de abraçá-la.
NORMA (sorrindo):
Bom... É isso.
CENA
3/JARDIM ORESTES/ENTRADA/NOITE
Um carro preto com
vidros escuros está parado na entrada da comunidade.
Foco em Ricardo, com
seu carro, saindo da comunidade junto com Camila.
Amaral abre o vidro
do carro e observa o carro de Ricardo. Rapidamente, ele dá partida em seu carro
e segue o carro de Ricardo.
Dentro do seu carro,
Amaral pega seu celular e liga pra Hugo. Ele coloca a chamada no viva-voz e
coloca o celular no banco do passageiro.
Hugo atende o
celular.
AMARAL: Chefinho? Tô
seguindo ele como você e a patroa me pediram. Ele tá junto com uma mulher.
HUGO (celular):
Perfeito... Assim que você chegar no local, me liga.
AMARAL: Pode deixar.
A chamada se encerra
e Amaral continua seguindo o carro de Ricardo.
CENA
4/GALPÃO/INTERIOR/NOITE
Marcela está deitada
em um colchão. Hugo observa.
HUGO: O Amaral já tá
seguindo o Ricardo e parece que ele tá com uma mulher.
MARCELA: É a puta da
Camila, a secretária dele, só pode ser. Ah, que raiva! Mas ainda bem que a hora
dos dois estão chegando. – Se levanta do colchão.
HUGO: Não se
preocupe que isso é por pouco tempo, tá? A gente não vai morar aqui não. Assim
que você conseguir se vingar, vamos fugir do país e por navio!
MARCELA: Adoro uma
adrenalina, mas com certeza a polícia tá procurando tanto eu quanto você em
tudo que é canto. Parece que colocaram polícia até nas fronteiras.
HUGO: Mas a polícia
é burra... Com certeza vamos conseguir despistar esses incompetentes.
Marcela começa a rir
descontroladamente.
HUGO (sorrindo): Ué,
por que tá rindo?
MARCELA: A minha
cara e a sua devem estar nos jornais da TV em todo o país. Sabe, nunca na minha
vida que eu pensava que faria tanto escândalo assim. Minhas amigas podres de
ricas, devem estar impressionadas. A minha empresa, a Chique Lins, com certeza
já fechou as portas, e minha fortuna inteira nas mãos do Ricardo.
HUGO: Quanta coisa
você tá passando, hein? Eu tô até achando divertido, tô me sentindo num jogo, sabe?
Num GTA e com cinco estrelas sendo procurado em tudo que é canto. – Começa a
rir.
MARCELA (sorrindo):
Ai, é bom demais! – (Observa Hugo). – Sabe, eu tava olhando umas fotos suas de
quando era pequena, e cara... Você cresceu muito. Não digo só de altura, mas
fisicamente também.
Hugo tira a camisa.
Trilha Sonora: Saga - Filipe Catto
HUGO (sorrindo):
Você quer dizer... Músculos?
Marcela se levanta e
vai até ele.
MARCELA (sorrindo):
Tudo em você.
Os dois trocam
olhares e, em seguida, lançam um beijo. Hugo passa a mão no corpo de Marcela.
HUGO (sussurrando):
Isso é errado...
MARCELA
(sussurrando): A nossa vida é errada.
Marcela continua
beijando Hugo. Ela coloca a mão na região do pênis dele, acariciando, enquanto
o beija de língua. Hugo tira a camisa dela e o sutiã. Ele coloca sua boca nos seios
dela.
Hugo se ajoelha e
tira a calça da vilã e depois a calcinha. Em seguida, Marcela coloca suas mãos
sobre a cabeça dele e empurra com tudo na direção da sua vagina. Ela revira
os olhos de prazer enquanto Hugo pratica o sexo oral em Marcela.
Em seguida, Hugo se
levanta e Marcela se ajoelha. Ela tira o cinto da calça dele, a calça, a cueca
e pratica o sexo oral no garoto, enquanto passa a mão no abdomên do rapaz. Ele
segura bem firme a cabeça dela, dando leves movimentos naquele momento
prazeroso.
Marcela se levanta.
MARCELA (sorrindo): O que tá esperando pra me comer?
HUGO (sorrindo): Sua safadinha.
Hugo agarra Marcela e joga ela contra a parede, enquanto penetra na vilã.
MARCELA (sorrindo): O que tá esperando pra me comer?
HUGO (sorrindo): Sua safadinha.
Hugo agarra Marcela e joga ela contra a parede, enquanto penetra na vilã.
Foco em Marcela
gemendo de prazer, enquanto segura firme na parede arranhando-a com suas unhas.
CENA
5/JARDIM ORESTES/PENSÃO DA DONA SANDRA/INTERIOR/NOITE
Norma, Laís e Sandra
estão comemorando felizes.
NORMA (sorrindo): Eu
sou milionária? Meu Deus, eu não acredito que sou milionária! Eu não tô
aguentando esconder a felicidade que eu tô sentindo. Com esse dinheiro, eu vou
terminar todos os meus estudos, comprar uma casa, dá pra viver muito bem. E não
se preocupe, amiga, eu vou te pagar tudinho.
SANDRA: Esquenta
não, amiga. Só tô triste porque você vai.
NORMA: Por que não
vem comigo?
SANDRA: Aqui é o meu
lugar. Tenho essa pensão há anos, não quero sair. Mas pode deixar que eu vou te
visitar na sua mansão e quero provar muito daquele seu café quentinho que você
sabe que eu amo.
LAÍS: Se não tiver
empregada...
NORMA: Talvez eu
arrume uma, mas só pra arrumar a casa e lavar as roupas, porque na minha
cozinha ninguém toca! – (Rindo). – Já tô falando de uma vez!
As três riem.
NORMA (sorrindo):
Vamos comemorar, gente. Quer saber? Bora sair pra jantar fora num restaurante
chique. Que tal?
LAÍS (sorrindo):
Vamos!
NORMA: Sandra?
SANDRA (sorrindo):
Ainda pergunta? Claro que sim!
Miguel aparece. Ele
observa a felicidade das três e entra sorrindo.
MIGUEL (sorrindo):
Por que essa alegria toda?
Laís vai até ele.
LAÍS (sorrindo): Uma
pessoinha aqui voltou a ser milionária.
MIGUEL (sorrindo):
Mas essa pessoa não vai querer mais me humilhar, vai?
LAÍS: Jamais! Aquela
pessoa ficou lá no passado, essa nova pessoa escolheu a redenção.
MIGUEL (sorrindo): E
será que essa pessoa quer ficar comigo?
No mesmo momento, Cátia
aparece e todos olham ela.
MIGUEL: Ah. Laís, a
sua amiga me viu na rua e pediu pra eu contar onde que você morava, daí eu
trouxe ela. Ela quer muito conversar com você.
LAÍS (sorrindo):
Cátia?
Laís abraça a amiga.
LAÍS: Tava com
saudade de você. Pensei que tinha me esquecido.
CÁTIA: Nunca vou te
esquecer. Eu preciso conversar com você a sós.
Laís termina de
abraçar a amiga e vira para falar com a sua mãe.
LAÍS: Mãe, eu posso
conversar com a Cátia? Eu sei que ela é do bordel e tudo mais, mas é minha
amiga, amo ela.
NORMA: Claro que
pode! Vão lá no meu quarto.
Laís leva Cátia até
o quarto de Norma.
Norma olha para
Miguel.
NORMA (sorrindo): E
aí? Como você tá?
CENA
6/PENSÃO DA DONA SANDRA/QUARTO DE NORMA/INTERIOR/NOITE
Laís e Cátia estão
sentadas na cama.
LAÍS: Como você
convenceu a Simone de te deixar vir aqui?
CÁTIA: Simples, não
convenci. Eu falei pra ela que eu ia comprar algumas roupas porque as minhas
tão rasgadas. Na verdade, eu rasguei de propósito só pra falar pra ela que ia
no centro comprar roupas novas, mas na verdade resolvi vir aqui te ver.
LAÍS: Então tava
morrendo de saudade mesmo.
CÁTIA: Claro que
sim. E eu tô pensando sinceramente em largar essa vida.
LAÍS: Faz bem, amiga.
Essa vida que você leva não é boa. Eu me arrependo de ter me envolvido com
isso.
CÁTIA: Mas você não
fez nada com os clientes, né?
LAÍS: Claro que não,
eu ainda sou virgem. Com quem eu quase transei, foi com o filho da puta do
Hugo, que tentou me estuprar. Falando nele... Sabia que ele explodiu o colégio
onde eu estudava e quando os policiais foram na casa dele hoje o prender, ele
matou os policiais?
CÁTIA (chocada):
Sério? Amiga, eu tô chocada!
LAÍS: Agora tá
foragido e quando pegarem ele... Ah, quando pegarem, ele vai pegar uma pena
muito alta por ter feito o que fez.
CÁTIA: Tomara que
consigam. Eu nunca gostei dele, muito desbocado, assim como a Samanta. Por
falar nela, continua a mesma vaca venenosa de sempre. Ela tá enchendo muito a
paciência da Simone.
LAÍS: A Simone vai
acabar matando ela, escreve o que tô falando.
CÁTIA (sorrindo):
Até que não seria uma má ideia, sabe?
As duas riem.
CÁTIA: Ai, eu
preciso te perguntar, tá entalado aqui na minha garganta desde aquele dia.
LAÍS: Pergunta.
CÁTIA: Lembra
daquele dia que a gente se beijou no banheiro? O que você sentiu? Gostou?
Laís fica meio
confusa com a pergunta de Cátia.
CENA
7/APARTAMENTO DE CAMILA/ESTACIONAMENTO/NOITE
Ricardo entra com o
carro no estacionamento do prédio onde mora Camila.
Amaral para o carro
e observa. Ele rapidamente pega seu celular e liga para Hugo.
Hugo atende.
AMARAL: Eu já achei
o local exato que os dois moram.
HUGO (celular):
Onde?
AMARAL: Num edifício
aqui no centro.
HUGO (celular):
Perfeito! Vem pra cá e me dá a localização exata do prédio.
AMARAL: Tô indo. –
Desliga o celular.
Amaral acelera o
carro.
CENA
8/CASA DE MATEUS/QUARTO/INTERIOR/NOITE
Mateus está com sua
cabeça em cima do peitoral de Lucas. Os dois conversam.
LUCAS: Você acha que
eu faço bem? Quer dizer... Que eu transo bem?
MATEUS (sorrindo):
Até demais. Você não é nada inexperiente.
LUCAS (sorrindo):
Acabou de deixar minha noite mais feliz de novo.
O celular dele toca.
É uma notificação.
LUCAS: Quem será que
tá me mandando mensagem essa hora?
Lucas se levanta da
cama e pega seu celular na mesa. Ele vê a mensagem e se assusta.
Mateus fica
preocupado e rapidamente se levanta da cama.
MATEUS: O que
aconteceu?
LUCAS: Essa
mensagem...
MATEUS: O que tem?
LUCAS: Eu não sei
como a Nina conseguiu enviar mensagem pra mim sendo que eu tinha bloqueado ela,
mas a vaca conseguiu.
Mateus pega o
celular dele.
MATEUS: Ai meu Deus,
de novo não... Na certa ela criou outra conta, te seguiu e, você, sem saber,
seguiu ela. Que mensagem é essa?
Lucas e Mateus se
assustam ao ler a mensagem.
MATEUS: Não, olha só
o que essa vagabunda diz!
LUCAS (lendo):
“Eu ainda não desisti! Se eu não consigo te ver sofrer, Lucas, o melhor que eu
posso fazer é tocar em quem você mais ama... Ou mais amou.”
MATEUS (confuso):
Como assim?
LUCAS: Será que ela
vai fazer alguma coisa com você?
MATEUS: Na mensagem
diz que ela vai tocar em uma pessoa que você mais ama, ou que mais amou. Quem
você mais amou foi seu pai, não foi?
LUCAS (preocupado):
Ai meu Deus... – (Deixa o celular cair no chão e entra em estado de choque). –
Ela... Ela vai matar... Ela vai matar o meu pai! A gente precisa correr!
MATEUS: Vamos! Se
veste rápido aí.
Lucas e Mateus
correm contra o tempo.
CENA
9/CASA DE PEDRO/SALA/INTERIOR/NOITE
Pedro joga um copo
na parede. Ele anda de um lado para o outro e chorando muito.
FLASHBACK:
LUCAS: Quer saber? Fica falando sozinho aí. Sabe por quê? Porque é
assim que você vai terminar! Vai terminar na solidão e sem ninguém pra conversar.
Adeus.
FIM DO
FLASHBACK
Pedro continua andando
de um lado para o outro e a voz de Lucas permanece na sua cabeça.
LUCAS (off/voz):
“Você vai terminar na solidão e sem ninguém pra conversar. Vai terminar na
solidão e sem ninguém pra conversar... Adeus.”
Aquela frase se
repete muitas vezes na cabeça de Pedro, completamente transtornado.
PEDRO (chorando): Me
perdoa, filho. Me perdoa... Me perdoa, eu te peço. Eu preciso... Eu preciso do
seu perdão. O que eu fiz foi muito errado, meu coração tá despedaçado. Eu te
amo, te amo.
A CAM se afasta
explanando a sala toda. De repente, o foco fica somente na janela, onde dá pra
ver claramente Nina sorrindo.
Um minuto depois, em
outro cômodo da casa, podemos ver Nina entrando pela janela e com luvas que
cobrem suas mãos. Ao entrar na casa, ela tira uma faca bem grande e afiada que
estava sendo segurada por sua calça jeans. A faca está coberta com um saco
plástico transparente. Ela tira o saco plástico e fica com a faca em mãos.
Close nela dando
leves passos até a sala, onde vê Pedro andando de um lado para outro. Ela
observa ele atentamente, como uma cobra pronta pra dar um bote.
CENA
10/JARDIM ORESTES/PENSÃO DA DONA SANDRA/QUARTO DE NORMA/INTERIOR/NOITE
CÁTIA: E então?
LAÍS: Cátia, me
desculpa. Eu amo muito você, mas não do jeito que você pensa. Eu não sou
lésbica.
CÁTIA: Você pode ser
bi. Que tal? Eu gosto das duas coisas.
LAÍS: Eu prefiro só
gostar de homens mesmo. Por favor, eu quero que entenda. Não é assim que as
coisas funcionam. Naquele dia, você me pegou de surpresa.
Cátia se levanta.
CÁTIA: Merda, eu
nunca deveria ter dado um beijo em você. Ainda mais com essa minha boca de
boqueteira.
Laís se levanta.
LAÍS: Cátia, não
fala assim. Foi até bom, eu gostei de experimentar outras bocas, mas o problema
é que eu não sou gay, você entende?
CÁTIA: Sim, eu
entendo. Mas podemos ser melhores amigas, né?
LAÍS (sorrindo): Não
só melhores amigas... Eu já tô te considerando uma irmã!
Cátia abraça Laís.
CÁTIA (emocionada):
Te amo muito.
LAÍS (sorrindo):
Também te amo.
Cátia termina de
abraçá-la.
CÁTIA (sorrindo): Me
dá um beijinho?
LAÍS: Cátia... O que
eu disse?
CÁTIA: É só um
selinho de irmãs, não é na maldade.
LAÍS: Por mim, tudo
bem.
Cátia e Laís dão um
selinho e riem em seguida.
CENA
11/CASA DE PEDRO/SALA/INTERIOR/NOITE
Lucas e Mateus
entram rapidamente na casa e vêem Pedro caído no chão ainda vivo com a faca
cravada no peito dele. O sangue jorra pra fora e Pedro cospe sangue. Lucas se
desespera e corre até o pai.
LUCAS (chorando):
Pai. Pai, fala comigo! O que fizeram com o senhor? Fala... Pai!
MATEUS: Ela
esfaqueou ele agora pouco, deve estar aqui ainda. Vou atrás dela!
LUCAS (chorando):
Não! Liga rápido pra emergência, ele precisa de uma ambulância!
Lucas se prepara
para tirar a faca de Pedro, mas Mateus o impede.
MATEUS: Não, isso é
a arma do crime! Suas digitais podem ficar na faca e depois vão te acusar de
ter feito isso! Pega esse pano. – Entrega o pano para Lucas, que em seguida
tira a faca do peito de Pedro.
Após tirar a faca, o
sangue jorra ainda mais.
LUCAS (chorando): Liga,
liga rápido pra ambulância!
PEDRO: Não
precisa...
LUCAS (chorando):
Pai, deixa.
PEDRO: Eu já disse
que não precisa. A minha hora chegou... – O sangue continua saindo pela boca
dele.
LUCAS (chorando):
Fica comigo. – (Pressiona com a mão o corte). – Pega outro pano, Mateus!
Mateus rapidamente
pega outro pano e entrega pra Lucas, que pega e, em seguida, tenta pressionar
no corte. Pedro coloca suas mãos sujas de sangue sobre as mãos de Lucas. Uma
lágrima escapa dos olhos de Pedro, que olha para Lucas que está desesperado.
PEDRO (gaguejando):
Me... Me perdoa. Eu... Eu fui um imbecil com vo... Você.
LUCAS (chorando): É tudo que eu quero, eu quero te perdoar, mas... Mas fica aqui comigo... Você não pode ir. Não pode me
deixar.
PEDRO: Isso é pra eu
pagar tudo que eu fiz. Eu quero te dizer que eu te aceito e... Eu sempre te
aceitei, e tudo que eu fiz foi porque eu fiquei com medo de perder você... Esse mundo é cheio de violência. E eu fui muito, mais muito homofóbico, e disso eu não me orgulho. O ódio não me fez enxergar. Eu espero que você seja feliz com o seu amor. Ame independentemente do
que falam, e nunca... Nunca desista!
LUCAS (chorando): Eu
te levo pro hospital, fica comigo. Você não pode ir!
PEDRO: Só quero que
você saiba de uma coisa: eu te amo e sempre vou te amar, meu filho
LUCAS (chorando): Pai, eu
também te amo.
Foco em Lucas
segurando as mãos de Pedro, que de repente ficam mais leves.
A CAM foca em Pedro
fechando seus olhos aos poucos.
CAM lenta em Lucas
abraçando seu pai e chorando muito.
Em seguida, a CAM
lenta foca na mão direita de Pedro perdendo os movimentos.
CENA
12/APARTAMENTO DE NINA/CORREDOR/NOITE
A camareira volta
até o apartamento de Nina, bate na porta, mas ninguém atende.
CAMAREIRA: Eu que
não vou perder meu emprego por causa de uma vaca atrasa-lado! - Tira a chave do apartamento do bolso e abre a porta.
A camareira entra no
apartamento com os materiais de limpeza. Ao virar-se, se depara com o corpo de
Bruno em cima de um plástico. Ela arregala os olhos e grita escandalosamente.
(A cena
congela com um efeito amarelado, que aos poucos vai se despedaçando como um vidro
no cadáver de Bruno).
E AMANHÃ, 20h30, DEPOIS DAS EMOÇÕES DA ÚLTIMA SEMANA DE "REDENÇÃO", ESTREIA...
DE FELIPE ROCHA
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