Redenção - Capítulo 24 (Últimas Semanas)

quinta-feira, maio 24, 2018


REDENÇÃO – CAPÍTULO 24 (ÚLTIMAS SEMANAS)



“VINGANÇA DOENTIA”

CENA 1/MANSÃO DOS DELLATORRE/QUARTO DE ELVIRA/INTERIOR/NOITE

Marcela continua apontando uma escopeta para Joana e Elvira.

JOANA: Calma, não faz isso.

MARCELA: Tá com medinho agora? Me enfrenta, sua vaca!

JOANA: Marcela, você não tá pensando direito. Por favor, abaixa essa arma!

MARCELA (sorrindo): Eu esperei tanto por isso... Matar vocês duas! Ah, que emoção!

JOANA: Mata só eu. – Fica na frente de Elvira.

ELVIRA: Joana!

No mesmo instante, sem Marcela perceber, Elvira entrega o celular na mão de Joana pelas costas.

MARCELA: Eu vou matar as duas!

JOANA: Ela é sua mãe!

MARCELA: Você acha que eu ligo pra ela? Tantos anos que passou nessa casa ainda não percebeu isso? Eu sempre tive vontade de matar essa velha, desde quando ficou aleijada, mas eu nunca, nunca consegui. E agora que vocês duas sabem do meu segredinho, o melhor a se fazer é isso mesmo. – (Marcela pensa em algo e sorri).  – Calma, era você?

JOANA: Eu o quê?

MARCELA: Aquele número anônimo que mandou mensagem pra mim e a foto da Camila entrando na mansão. Sim, é você, eu tenho certeza! O Ricardo, louco pra foder com a Camila, deixou vocês duas passearem e as duas ficaram na moita na frente da mansão, não é? Aposto!

ELVIRA: A gente não sabe do que você tá falando.

MARCELA: Velha, não precisa mais fingir. Abre o jogo agora. Era a vaca da Joana esse tempo todo, e com a sua ajuda!

ELVIRA: Foi ela sim, eu pedi pra ela fazer isso!

Marcela se aproxima de Elvira e dá uma bofetada na cara dela.

MARCELA: Isso é pra você aprender!

Joana sobe em cima das costas de Marcela, dando vários socos na vilã, que deixa a escopeta cair no chão. A vilã dá uma cotovelada na barriga de Joana, que sai rapidamente das costas de Marcela.

Marcela se vira e dá tapa forte na cara de Joana, que rapidamente revida com outro tapa. Marcela empurra Joana com força que bate com as costas no espelho do quarto, quebrando-o.

Foco nos pedaços de vidro no chão.

Marcela se abaixa pra pegar um pedaço de vidro e Joana dá um chute na cara da vilã.
Joana sai do quarto correndo com o celular nas mãos. Marcela, com a boca sangrando, pega a arma no chão.

MARCELA: Você é a próxima! – Sai correndo do quarto.

Na sala, Joana tenta abrir a porta principal da mansão, mas percebe que está trancada.

JOANA: Merda, onde enfiaram essa chave?  – Corre até a cozinha.

Na cozinha, Joana vê a janela quebrada e fica pensativa.

JOANA: Não, a dona Elvira eu não deixo aqui pra essa mulher matar! - Disca o número de Norma no celular enquanto esconde atrás da cortina.

Foco em Marcela descendo as escadas.

Norma finalmente atende o telefonema.

NORMA (telefone): Alô?

JOANA (celular): Norma? É a Joana. A sua mãe tá em perigo, a Marcela enlouqueceu de vez e vai matar nós duas.

NORMA (telefone): Eu tô indo pra aí, vou ligar pra polícia daqui. E vê se esconde!

JOANA (celular): Venha o mais rápido possível! – Desliga o celular.

Joana sai de trás da cortina e dá leves passos até a porta do porão. Ela abre, fecha a porta, desce a escada e se depara com Ricardo preso.

JOANA: Seu Ricardo?

RICARDO: Joana? Por favor... Me tira daqui.

JOANA: Tiro sim. Mas, e a chave?

RICARDO: Tá ali na mesa junto do lado daquele martelo.

Joana vai até a mesa, pega a chave, vai até Ricardo e abre a coleira e as correntes.

RICARDO: Obrigado, muito obrigado.

Os dois ouvem Marcela gritando da cozinha.

MARCELA (off/gritando): Não adianta fugir, Joana, eu sempre acho o que procuro!

RICARDO (sussurrando): Se esconde.

JOANA (sussurrando): Onde?

RICARDO (sussurrando): Naquele armário ali. – (Aponta para o armário). – Anda!
Joana corre até o armário, abre e se depara com o corpo da empregada em estado de decomposição com as moscas ao redor.

JOANA: Que nojo.

RICARDO: Anda logo antes que ela venha!

Joana entra no armário ficando do lado do corpo. Ela fecha.

Ricardo coloca de volta as correntes com o cadeado frouxo para Marcela não perceber que se soltou.

Na cozinha, Marcela vê o cachorro de Laís. Ela pega ele e sorri.

MARCELA: Coisa feia... – (Ela olha para a faca em cima da mesa) - Calma! Tive uma ideia! O Ricardo tá com sede, não tá? Que tal eu dar um outro tipo de água pra ele beber? – Vai até a mesa com o cachorro nas mãos e pega a faca.

CENA 2/JARDIM ORESTES/PENSÃO DA DONA SANDRA/EXTERIOR/NOITE

Júnior conversa com o amigo vizinho. Após ligar pra polícia, Norma, Sandra e Laís entram no carro.

JÚNIOR: Obrigado mesmo.

VIZINHO: Por nada, eu levo sem problemas.

JÚNIOR: Elas tão desesperadas.

Norma coloca a cabeça pra fora do carro.

NORMA: Vamos logo, moço, minha mãe tá correndo perigo!

O vizinho vai até o carro e entra. Ele dá partida no carro e acelera.

JÚNIOR (acenando): Vão com Deus!

CENA 3/MANSÃO DOS DELLATORRE/PORÃO/INTERIOR/NOITE

Marcela desce a escada do porão com um copo cheio de sangue numa mão e a escopeta na outra. Após descer, ela olha para Ricardo.

MARCELA: Tá com sede ainda?

RICARDO: O que é isso, Marcela? De quem é esse sangue? Da onde tirou isso?

MARCELA (sorrindo): Quantas perguntas...

RICARDO (gritando): De quem é esse sangue!?

MARCELA: Ah, eu falo, tá bom? É o sangue daquele cachorro que eu dei pra Laís. Cravei a faca com tudo nele, gritou para caramba. – (Ela ri). – Ah, como foi bom.

Dentro do armário, Joana começa a chorar.

RICARDO: Psicopata!

MARCELA: Que horror, parece um disco arranhado, fala outra coisa que não seja me chamar de psicopata ou de louca!

RICARDO: Sua doente mental!

MARCELA (sorrindo): Agora melhorou. Tô até vendo nos jornais: Marcela Dellatorre, a doente mental. - (Ri novamente). – Bom, já que está com sede... – Vai até ele com o sangue no copo e coloca a escopeta no chão.

RICARDO: Marcela, não faz isso.

MARCELA: Ora, por que não? Faço o que me der na telha! – (Segura o rosto de Ricardo, abre a boca do rapaz e joga todo o sangue na boca dele, que chega a engasgar). – Pronto, pronto... – Pega a escopeta no chão.

Ricardo começa a tossir.

MARCELA: Vai com calma, isso daqui não é cerveja não. – (Joga o copo no chão) – Que saco, acabei de lavar minhas mãos e acabou sujando de novo. Que merda! – (Vai até o armário). - E aí? Você gostou de ouvir tudo, Joana?

Marcela abre o armário e Joana acaba caindo no chão junto com o corpo da empregada.

MARCELA: Nossa, ali dentro tava um fedor, não tava? Olha só o cheiro de carniça... – Aponta a arma para Joana.

RICARDO: Marcela, para, você não tá pensando direito... Olha o que você fez com essa pobre empregada, vai fazer agora com a Joana? Pensa bem.

MARCELA: Eu não preciso de conselhos de um bosta de Judas que nem você! Quando eu mandar você abrir a porra dessa boca, você abre, caso contrário, eu dou um tiro nessa boca que vai abrir um buraco enorme. Deixa que eu cuido dessa puta aqui!

JOANA: Pode me matar, fique à vontade. Eu só vou sentir muito por causa da dona Elvira.

MARCELA: Sim, a dona Elvira... Mas não se preocupe que as duas vão se encontrar do outro lado.

JOANA: Do outro lado que você vai também. Os sinais já estão aparecendo, não tão?

MARCELA: Do que você tá falando?

JOANA: Não se faça de sonsa... Eu li o livro, sei tudo o que você fez. – (Olha para Ricardo). – Ricardo, com certeza você não sabe um terço do que essa mulher fez.

RICARDO: O que? Como assim?

MARCELA: Cala essa boca...

JOANA: É, ela tá com medo, sabe por quê? Porque sabe que em breve ela não vai poder escapar. Vai tentar correr pra um lado e para outro, mas em qualquer lugar que ela tiver, não vai adiantar em nada!

MARCELA (furiosa/gritando): Eu mandei calar a boca!

JOANA: Ricardo, você sabia que a Marcela...

Antes de Joana terminar a frase, Marcela imediatamente dá um tiro com a escopeta na cara de Joana, que abre um buraco enorme. Foco nos miolos e no sangue esparramado no chão. Marcela passa a mão sobre seu rosto sujo com o sangue de Joana.

MARCELA: Bem... Eu mandei calar a boca, não mandei?

Marcela vai até a mesa, coloca a arma nela, se agacha e pega um monte de garrafa de álcool. Ela tira a tampa de uma garrafa e joga ao redor do porão.

RICARDO: Espera... Você não vai tacar fogo aqui, vai?

Marcela olha para Ricardo.

MARCELA: Ainda duvida? Vou colocar fogo na mansão inteira e dar o fora daqui com o meu dinheiro! Eu que não vou ficar num lugar onde posso ser surpreendida a qualquer momento pela polícia. E você vai ficar aqui, ardendo no fogo.

Marcela continua jogando o álcool pelo porão rapidamente. Ela pega um saco plástico e coloca várias garrafas de álcool ali.

MARCELA: Eu deveria fazer isso mais vezes... Dá uma sensação boa.

Marcela encara Ricardo e sorri. Marcela vai até o quadro, tira ele da parede e olha para seu cofre. Ela abre e se surpreende ao ver nenhuma nota dentro do cofre.

MARCELA (chocada): O que? Cadê meu dinheiro?

Ricardo sorri. Marcela olha pra ele.

MARCELA (furiosa): Caralho, Ricardo! Cadê a porra do meu dinheiro? Espera... Não me diga quê...

RICARDO (sorrindo): É... A Camila pegou tudinho antes de fugir daqui. Roubou todos os seus documentos também. Você tá na miséria, Marcela.

Marcela anda de um lado para o outro.

MARCELA: Foda-se. – (Pega o saco com as garrafas de álcool). – Até nunca mais, Ricardo.

Marcela vai até a mesa, pega sua escopeta, uma pistola onde coloca no bolso, e vai até a escada, subindo até a metade.

RICARDO (sorrindo): Por favor, eu não quero morrer...

MARCELA (sorrindo): Tarde demais. – Dá um tiro no chão e o porão começa a pegar fogo.

Marcela sobe a escada dando gargalhadas. Ricardo fica esperando.

RICARDO: Vadia, eu que não vou ficar aqui pra morrer! – Se solta das correntes, da coleira e sai do porão.

Do lado de fora do porão, Ricardo, com muito cuidado, passa pela janela quebrada e sai da mansão.

CENA 4/AVENIDA/NOITE

Foco no grande trânsito na avenida.

Norma, dentro do carro, fica inquieta.

NORMA: Esse trânsito dessa cidade é um inferno!

VIZINHO: É sempre assim nesse horário.

SANDRA: Deve ser horário de pico.

NORMA: Meu Deus, cada segundo que eu passo aqui, eu penso no que aquela vagabunda pode tá fazendo com a minha mãe nesse momento! Moço, não tem um atalho que você possa ir?

VIZINHO: Infelizmente não.

NORMA: Meu Deus.

LAÍS: Mãe, já não ligamos pra polícia? Eles devem estar chegando lá.

NORMA: Ah, minha filha, se você soubesse a demora que uma viatura chega nas residências... Se as ambulâncias já demoram, imagina a polícia.

SANDRA: Vamos fazer alguma coisa então, nesse trânsito não podemos ficar.

NORMA: Não tá muito longe de lá não, podemos ir a pé.

SANDRA: A pé?

NORMA: Claro que sim, se a gente for correndo, rapidinho chegamos lá.

SANDRA: Ah, eu não aguento correr.

LAÍS: Eu tô de salto.

NORMA: Vamos fazer o máximo possível pra chegarmos lá à tempo. E tira o salto, Laís!

Norma abre a porta do carro e olha para o motorista e vizinho.

NORMA: Você não se importaria, né?

VIZINHO: De maneira alguma, é pra uma boa causa.

NORMA: Obrigada. – Norma sai do carro rapidamente.

CENA 5/MANSÃO DOS DELLATORRE/CORREDOR/INTERIOR/NOITE

Após ter passado o álcool na sala toda, Marcela joga nos corredores e nos quartos de visitas e, em seguida, vai até o quarto de Elvira. Marcela observa Elvira.

MARCELA: Sabe o que eu vou fazer agora? Tacar fogo nisso tudo, e você vai queimar aqui como uma galinha velha assada!

Elvira fica calada.

MARCELA: Sabe o que me parece? Que você não tá nenhum pouco com medo.

ELVIRA: E por que estaria? Meu Senhor Deus está comigo.

MARCELA: Ih, lá vem com esses papos de cristões fanáticos de merda. Teu Deus não tá nem aí pra você e pra ninguém! Fez tanto mal no passado e agora vai pagar! – Joga álcool no quarto.

ELVIRA: Assim como você, não vai demorar pra pagar tudo que já fez... E quando chegar essa hora, o preço a se pagar vai ser alto! A justiça de Deus nunca falha. O que você fez com seu pai e as outras coisas... Pensou que eu não ia entender latim? Pois eu entendi! Quer saber de uma coisa? Eu posso ter sido uma péssima mãe com a Norma, mas eu nunca deixei de pensar nela.

MARCELA: Vamos parar de papo? O porão já tá pegando fogo. Logo esse fogo se espalha pra mansão inteira.

ELVIRA: Eu não tô nem aí, sinto que a minha hora chegou mesmo. Só quero que você saiba que apesar de tudo, eu sempre preferi a Norma do que você. Aquela sim é uma filha de verdade, é uma guerreira! Sabia que a Laís tá morando com ela agora? Pois é.

MARCELA (furiosa): Como? A Laís?

ELVIRA: As duas estão morando juntas, e vão viver felizes vendo a sua desgraça!

MARCELA (furiosa): Não pode ser!

ELVIRA: Parece que não é só minha hora que chegou, a sua também chegou!

Marcela, furiosa, deixa o álcool e as outras coisas no chão e ataca Elvira na cadeira de rodas dando várias tapas nela.

MARCELA (furiosa): Eu te odeio! Te odeio! Te odeio!

ELVIRA (rindo): Bata à vontade! Dia 7 de junho tá próximo. Não tá com medo?

Marcela empurra a cadeira de rodas de Elvira pra fora do quarto. Ela para no meio do corredor.

MARCELA (sorrindo): Vamos lá, vamos dar uma corridinha.

Marcela corre empurrando a cadeira de rodas com Elvira. Ao se aproximar da escada, Marcela levanta a cadeira de rodas e Elvira cai da escada.

CAM lenta em Elvira caindo da escada enquanto Marcela observa sorrindo.

Close em Elvira morta no chão da sala com sangue saindo pela boca. Foco no fogo se alastrando na cozinha e se aproximando da sala.

Em seu quarto, Marcela joga álcool em tudo. Ela vê sua caixa em cima da cama.

MARCELA (chorando): Meus papéis! Não, não! Os dois estavam certos! Se eu encontrar essa Camila, eu juro que eu vou fazer picadinho de puta!

No quarto que era de Elvira, close no livro sendo queimado pelas chamas.

No quarto de Marcela, as luzes começam a piscar sozinhas e a porta fecha sozinha.

MARCELA (desesperada/gritando): Não! – Ela olha a janela.

Foco na mansão em chamas. A janela do quarto de Marcela explode.

A cena escurece.

CENA 6/VILA MADALENA/NOITE

Numa cena silenciosa, o clima frio e meio sombrio de Vila Madalena toma conta num episódio que ficará marcado na cidade.

Foco no trânsito, poucos pedestres na rua e os ônibus lotados.

CENA 7/RUA/NOITE

Trilha Sonora: I Found – Amber Run

Norma, Laís e Sandra correm e avistam a mansão completamente em chamas e os bombeiros tentando apagar. Norma para e começa a chorar muito.

CAM lenta em Norma.

NORMA (chorando): Mãe! – Se ajoelha.

Laís, chorando, abraça Norma e Sandra também.

Close nas três se abraçando, e Norma e Laís chorando.

As duas levantam Norma.

Alguns minutos depois, as chamas vão cessando e os bombeiros trazem alguns corpos em macas cobertos por um saco preto enorme.

Norma conversa com um bombeiro.

NORMA (marejando): Deixa eu ver, por favor.

BOMBEIRO: Não, aqui não.

NORMA (marejando): Eu só quero ter certeza.

SANDRA: Por favor, seu bombeiro. É uma filha que tá desesperada.

O bombeiro abre o zíper do saco e Norma se depara com Elvira totalmente carbonizada. Ela chora muito.

NORMA (chorando/gritando): Mãe! Não!

Ainda ao som de “I Found”, de Amber Run, Laís abraça novamente Norma e juntas as duas choram pela morte de Elvira.

(A cena congela com um efeito amarelado, que aos poucos vai se despedaçando como um vidro em Norma completamente abalada e em choque).

You Might Also Like

0 Comments

Popular Posts

Total de visualizações de página

Translate

ONLINE

Formulário de contato

Nome

E-mail *

Mensagem *