Redenção - Capítulo 22 (Últimas Semanas)

terça-feira, maio 22, 2018


REDENÇÃO – CAPÍTULO 22 (ÚLTIMAS SEMANAS)



“SANGUE NO OLHO”

CENA 1/AVENIDA/TARDE

Num plano aéreo, foco no táxi que leva Marcela em direção ao aeroporto.

CENA 2/AVENIDA/TÁXI/INTERIOR/TARDE

O motorista conversa com Marcela.

MOTORISTA: A senhora quer que eu volte?

MARCELA (furiosa): Anda logo! Eu preciso que você me leve de volta pra casa urgente! Eu pago duas viagens se for preciso, mas retorne e pegue o caminho de volta pra minha casa! – (Aumenta ainda mais o tom). - Anda!

MOTORISTA: Calma, a senhora tá muito descontrolada. Não quer uma água?

MARCELA: Eu quero que você cala essa porra dessa boca e me leva pra casa agora!

O motorista pega o retorno na avenida.

Foco no olhar avermelhado de Marcela, totalmente furiosa com o que acabara de ver.

MARCELA: Isso não vai ficar assim. Não vai mesmo! O Ricardo não sabe com quem mexeu.

CENA 3/MANSÃO DOS DELLATORRE/EXTERIOR/TARDE

Joana e Elvira riem.

JOANA (rindo): Essa hora o vídeo deve ter vazado por toda a internet.

ELVIRA (sorrindo): É pouco pra cobra da Marcela.

JOANA: Ela merecia muito mais. O que a Marcela já fez com você é imperdoável. Ela vai pro inferno.

ELVIRA: A alma dessa aí já foi condenada há muito tempo. E eu tô perto de descobrir o que ela realmente tramou no passado pra conseguir tudo o que conseguiu. Eu ainda não desisti, Joana. Tanto eu, quanto a Norma, merecemos saber da verdade.

JOANA: E vão saber sim! A senhora pode contar sempre comigo.

ELVIRA: Preciso contar muito mais com você agora do que antes. A gente vai descobrir toda a tramoia dessa mulher.

JOANA: A senhora não quer aproveitar pra ligar pra Norma agora não?

ELVIRA: Tá certa. Você trouxe o papel com o número dela?

JOANA: Como eu ia me esquecer? Eu levo esse papel pra tudo que é lugar agora.

ELVIRA: Liga pra ela. Eu preciso conversar com a minha filha.

CENA 4/JARDIM ORESTES/PENSÃO DA DONA SANDRA/QUARTO DE NORMA/INTERIOR/TARDE

Norma e Laís conversam alegremente. Norma vai até sua bolsa e pega uma foto de Laís ainda bebê.

NORMA: Olha só, você era tão linda... Era não, continua sendo. – Mostra a foto para a filha.

LAÍS (sorrindo): Gente, eu era gorda.

NORMA (sorrindo): Olha que bochechas gordinhas. A coisa mais fofa da mãe.

LAÍS: E o pai? Como era ele?

NORMA: Eu não tenho nenhuma foto do seu pai, infelizmente.

LAÍS: Me conta do seu passado com ele, eu quero saber.

NORMA: Bom, a gente se casou em outubro de 99 quando eu descobri que tava grávida de dois meses de você, aí você veio nascer em 2000. Alugamos uma pequena casa na Vila Madalena e lá fomos morar. Até você nascer, Carlos era uma boa pessoa, mas quando você nasceu, ele mudou totalmente a personalidade. Chegava do serviço super bêbado em casa e foi onde eu descobri que depois do serviço, ele sempre passava no bar pra encher a cara. Quando descobri, eu fiz um escândalo dentro do bar e foi onde ele me deu um tapa... – (Começa a chorar). - Depois disso, um tapa se transformou em um soco, e depois em um estupro. Eu sofri tanto nas mãos desse homem...

Laís abraça a mãe.

LAÍS: Mãe, não precisa falar mais nada, ok? Não precisa. Eu nem deveria ter tocado nesse assunto.

NORMA (chorando): Você merecia saber, não falou por mal.

As duas terminam de se abraçar. Norma vai até sua cama e se senta. Laís senta ao lado dela.

NORMA: Agora eu vou te contar tudo do meu passado e da Marcela.

LAÍS: Me conte.

NORMA: A Elvira é sua vó mesmo, você já sabe disso, né? No passado, sua vó não gostava de jeito nenhum de mim. Me batia sem motivo, me arranhava, pegava sempre uma bituca de cigarro do seu vô e apagava nas minhas costas. Marcela vendo tudo aquilo, ficava calada, mas no fundo eu sabia que ela adorava. Eu não achava a Marcela a preferida, ela nunca foi, pelo contrário... Só que também nunca apanhava. Anos passavam e toda noite eu só pensava em sair daquela casa, ter uma vida longe de todos, e esse dia chegou! Quando eu fiz dezenove, eu fugi de casa, larguei todo mundo sem dar explicações. Durante anos, a sua vó e o seu vô achavam que eu tava morta. Marcela sempre alimentava as esperanças de que eu realmente estava morta, e não estava. Nesse tempo, já morei na rua, passei fome, fiquei fedida, imunda, já fui estuprada lá, fiquei inclusive com muito medo de pegar uma DST, mas Deus ajudou que não. Ele me deu uma nova oportunidade, foi onde eu consegui entrar em uma ONG que cuidava de moradores de rua. Laís, foi por pura sorte que eu não me envolvi com drogas. Sempre tive nojo daquilo. Bom, a ONG me ajudou por muito tempo, me deu um teto pra ficar, me deu comida e foi onde, por muito esforço e suor, consegui arrumar um trampo numa lanchonete onde conheci o Carlos, seu pai, e nos apaixonamos. Tivemos nossa primeira vez, não usei proteção nem nada e fiquei grávida de você. A partir daí eu já te contei: eu e o Carlos nos casamos, e eu tive você. Um certo dia, depois de uma noite longa de discussão com o seu pai, isso depois de eu ter me casado com ele e ter te tido, vi um jornal de notícias onde achei uma notícia da Marcela. Fiquei impressionada porque ela ficou muito rica mesmo. Daí decidi ir na mansão dela, porque vi o endereço no verso do jornal. Fui lá, ela me recebeu super bem, mas ela não era quem eu pensava que era: minha irmã era falsa e interesseira, só que não aparentava. Queria você de qualquer maneira só pra ela! Aí foi onde a Marcela cometeu aquela barbaridade de matar seu pai e jogar toda a culpa em cima de mim. Eu fui condenada e o juiz deu a guarda pra ela.

LAÍS (chocada): Meu Deus... E eu fui enganada esse tempo todo. Essa mulher é pior que um monstro, merece pagar por tudo!

NORMA: Pra você ver. Mas sempre tive um amigo do meu lado que sempre me guardava e me livrava de todo o mal. Esse é Deus, com quem eu sempre contei e conto até hoje.

LAÍS: Mãe, você é uma guerreira. Passou pelo inferno, mas nunca desistiu, sempre ficou com o pé no chão batalhando. Você é um orgulho para as mulheres!  - Abraça novamente a mãe.

Sandra entra dentro do quarto com o telefone sem fio nas mãos.

SANDRA: Norma, é pra você. Acho que é a sua mãe.

Norma se levanta da cama, vai até Sandra e pega o telefone.

NORMA: Obrigada, amiga.

Norma coloca o telefone sobre seu rosto.

NORMA (telefone): Alô? Mãe?

ELVIRA (celular): Norma, filha.

NORMA (telefone): Mãe, já tava com saudades da senhora...

ELVIRA (celular): Eu só não liguei antes porque a Marcela tirou todos os meios de contato da casa. Tô ligando de um número anônimo. E a Laís? Como tá?

NORMA (telefone): Tá bem, eu encontrei ela e trouxe pra casa.

ELVIRA (celular): Que bom, porque aqui as coisas não estão nada boas. A Marcela tá completamente louca.

NORMA (telefone): Louca ela sempre foi. Mas, mãe, eu tô preocupada. E se ela fazer alguma coisa mais séria com a senhora? Não é melhor eu ir aí te pegar e trazer a senhora pra cá?

ELVIRA (telefone): Eu tô tão perto de descobrir as coisas aqui... É melhor eu ficar, eu me cuido, juro.

NORMA (telefone): A senhora é quem sabe. Só basta uma ligação e eu vou te tirar daí.

ELVIRA (celular): Se preocupa não, eu tô bem. – (Rindo). – Eu tô muito bem.

NORMA (telefone): Ué, porque tá tão feliz? O que a senhora aprontou?

ELVIRA (celular): Acesse à internet e saberá. Vou indo antes que os créditos acabem.

NORMA (telefone): Tudo bem, te amo.

ELVIRA (celular): Também te amo. Tchau.

Norma tira o telefone do rosto.

LAÍS: Como ela tá?

NORMA: Tá bem, mas eu fico muito preocupada... A Marcela é o diabo em pessoa. Tomara Deus que não aconteça nada de mal com ela.

LAÍS: Tomara mesmo.

NORMA: Ah, ela pediu pra gente ver um negócio na internet.

LAÍS: O que é?

NORMA: Não sei, só sei que ela ficou muito feliz.

CENA 5/MANSÃO DOS DELLATORRE/EXTERIOR/TARDE

Joana e Elvira avistam o táxi em que Marcela está.

JOANA: O táxi!

Joana rapidamente empurra a cadeira de rodas de Elvira até uma moita.

ELVIRA (sussurrando): Eu sabia que a cadela ia voltar.

Dentro do táxi, Marcela pega o dinheiro e entrega para o motorista. Ela sai do carro rapidamente.

MOTORISTA: Calma. E o troco?

MARCELA: Pode ficar com o troco, mas vê se cala essa matraca! Essa porra falou a viagem toda, dá licença!

Marcela bate a porta do carro e corre até a porta da mansão. Ela coloca a mão na maçaneta da porta e percebe que está trancada.

MARCELA: Não acredito que esse filho de uma puta trancou a porta!

CENA 6/MANSÃO DOS DELLATORRE/QUARTO DE MARCELA/INTERIOR/TARDE

Camila fica completamente nua e sorri para Ricardo, que passa a mão na vagina da mulher.

CAMILA: Vou tomar um banho, quero estar completamente limpa.

Ricardo vai até a cama e abre uma mala grande com os objetos sexuais.

RICARDO: Olha o tanto de coisa que eu quero usar em você.

CAMILA: Gente, a Marcela é safada mesmo.

RICARDO: Nunca tive prazer de usar um brinquedinho desses numa geladeira imprestável que nem aquela, sempre tive nojo. Mas com você é diferente... É tudo diferente.

CAMILA: Ai, eu podia abrir suas calças agora mesmo e te chupar com vontade, mas tenho que ir pro banho. Já volto.

RICARDO: Vai, gostosa. Vou estar pelado na cama te esperando.

Camila vai até a porta do banheiro, entra e fecha a porta.

CENA 7/MANSÃO DOS DELLATORRE/EXTERIOR/TARDE

Marcela tenta abrir as janelas, mas não consegue.

MARCELA: Merda, vou me cortar se eu fizer isso... Mas foda-se!

Marcela dá uma cotovelada forte no vidro da janela, que se despedaça. Ela acaba se ferindo, mas sobe na janela e consegue entrar na mansão.

CENA 8/MANSÃO DOS DELLATORRE/QUARTO DE MARCELA/INTERIOR/TARDE

Ricardo, deitado sobre a cama só de cueca, se levanta.

RICARDO: Que barulho foi esse?

Ele vai até a porta do quarto, abre, sai e fecha a porta do quarto em seguida.

Ricardo desce as escadas da mansão, vai até a cozinha e vê o vidro da janela despedaçado no chão, e rastros sangue.

RICARDO: Quem tá aí? Joana?

Ricardo olha de um lado para o outro e não vê ninguém. Ele vai até a gaveta do armário da cozinha e pega uma faca. Ricardo segue o rastro de sangue até a porta do porão, que se encontra entreaberta.

RICARDO: Quem tá aí?

Ricardo coloca a mão na maçaneta da porta para abrir e, de repente, Marcela aparece atrás dele e dá um golpe na nuca de Ricardo com a coronha da escopeta. Após levar o golpe, Ricardo rapidamente cai da escada do porão já desmaiado.

Trilha Sonora: Saga (Filipe Catto)

Close em Marcela sorridente descendo a escada do porão. Foco nos olhos tenebrosos da vilã. A CAM foca diretamente no salto alto dela, dando leves passos descendo a escada do porão. Após descer, Marcela empurra Ricardo com os pés.

MARCELA: Você é muito filho da puta mesmo, né? Conseguiu me enganar direitinho durante anos... Impressionada! Se eu soubesse dessa putaria antes, com certeza você e aquela piranha não estariam vivos pra contar história.

Ela vai até a mesa e pega uma corrente e uma coleira. Marcela, com a corrente e a coleira em mãos, olha para Ricardo desmaiado e sorri.

MARCELA (sorrindo): O show está apenas começando!

CENA 9/MANSÃO DOS DELLATORRE/QUARTO DE MARCELA/BANHEIRO/INTERIOR/NOITE

Foco em Camila tomando banho. Ela passa o sabonete no corpo e lava seus cabelos compridos.

Do lado de fora do banheiro, Marcela abre suavemente a porta do quarto. A cena é silenciosa, apenas o barulho do chuveiro ligado e da água caindo toma conta da cena. Marcela entra no quarto com uma pistola, fecha a porta devagar e tranca com a chave.

No banheiro, Camila fecha o registro do chuveiro.

CAMILA (falando alto): Eu já tô saindo, meu amor. – (Se enrola na toalha). -  Só de pensar no que você tá preparando aí pra mim, eu fico toda molhadinha e louca de tesão por você.
Do lado de fora do banheiro, Marcela deita na cama e fica debaixo do edredom, que cobre a vilã por inteiro.

Camila abre a porta do banheiro e sai em seguida. Ela olha pra cama onde acredita ser Ricardo debaixo do edredom.

CAMILA (sorrindo): Tá todo misterioso hoje, hein? Gosto disso. – (Tira a toalha). – Olha só, completamente pelada pra gente fazer loucuras. Ah, qual é? Sai daí.

Camila se aproxima da cama.

CAMILA (sorrindo): Ricardo, pode sair daí. O que é? Ah, já sei... Quer debaixo do edredom, no escurinho, né seu safado? Pois então eu vou!

Camila sobe em cima da cama ficando em cima do edredom onde está Marcela. Ela percebe um certo volume embaixo.

CAMILA (sorrindo): Que volumão é esse aqui, Ricardo? Já tá no clima... Gosto disso. – (Passa a mão no volume). – Nossa, mas tá muito duro...

No mesmo momento, Marcela sai debaixo do edredom com o revólver, surpreendendo Camila, que dá um baita grito e cai no chão. Camila rapidamente se levanta e Marcela se levanta da cama.

CAMILA (assustada): Marcela?

MARCELA: Peguei você, sua puta!

CAMILA (assustada): Meu Deus, cadê o Ricardo? – (Gaguejando). – Ma... Marcela, e-e-eu... Eu posso explicar.

MARCELA: Explica pra minha arma, sua piranha! – Aponta o revólver para Camila.

Camila vai até a porta, tenta abrir pra sair, mas não consegue. Marcela ri escandalosamente.

MARCELA: Além de puta é burra! Eu tô com a chave, ôh sua piranha!

Camila se ajoelha no chão e se humilha diante de Marcela.

CAMILA: Por favor, Marcela, me deixa sair...

MARCELA (rindo): Eu deixar você sair? Mas é uma burra mesmo se pensa isso! Querida, não percebeu? Agora somos só eu e você! – (Se aproxima de Camila). - Olha, eu sinceramente não queria estar na tua pele agora. – Ela sorri.

Foco em Camila desesperada.

(A cena congela com um efeito amarelado, que aos poucos vai se despedaçando como um vidro em Marcela sorrindo).


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