Redenção - Capítulo 09
quinta-feira, maio 03, 2018
REDENÇÃO - CAPÍTULO 09
CENA
1/CEMITÉRIO/MANHÃ
Todos vão embora
enquanto os coveiros ficam ali. Sandra, segurando seu guarda-chuva, abraça
Júnior e Cláudio na porta do cemitério.
JÚNIOR (chorando):
Obrigado por ter vindo e ter cuidado de tudo.
SANDRA: Não fiz mais
que minha obrigação como amiga. Eu gostava muito da Renata, entrei em desespero
quando vi o corpo dela no chão lá na favela.
Cláudio sai de perto
dos dois chorando muito.
SANDRA: Ah,
desculpa.
JÚNIOR: Não, ele vai
ter que superar. Mais uma vez obrigado, minha amiga. – Abraça Sandra.
Trilha Sonora: Song From a Secret Garden
(Instrumental)
CENA
2/JARDIM ORESTES/VILA MADALENA/MANHÃ
Ao som da soundtrack
“Song From a Secret Garden”, a comunidade acorda em clima de tristeza e na
chuva forte. Close nos comerciantes abrindo seus comércios e no lugar onde
estava o corpo de Renata, o chão sendo limpo pela água da chuva.
Close na pensão da
dona Sandra. Norma bate na porta do quarto de Sandra e entra em seguida. Norma
observa Sandra.
NORMA: Sandra,
pensei que você ia precisar de alguma ajuda pra cuidar da pensão.
Sandra, sem falar
nada, levanta da cama e abraça a amiga.
CENA
3/JARDIM ORESTES/CASA DE JÚNIOR/SALA/INTERIOR/MANHÃ
Júnior e Cláudio
estão sentados no sofá.
JÚNIOR: Quer
conversar?
CLÁUDIO: Não.
JÚNIOR: Eu vou fazer
uma sopinha bem gostosa pra gente.
CLÁUDIO: Qual é,
pai? Parece que você não tá nenhum pouco triste com a morte da mamãe.
JÚNIOR: Claro que tô
triste, a minha esposa faleceu, a mãe do meu filho, a mulher que eu mais amei
na vida e com quem passei dez anos casado. Por que acha que eu não estaria
triste? Por que eu não aparento? Filho, ela sempre vai estar nos nossos
corações, mas esse luto não pode durar pra sempre!
CLÁUDIO: Se eu não
tivesse de castigo, eu teria salvado ela. Levaria quantos tiros fosse preciso,
mas salvaria ela! Você me pôs de castigo por causa da merda de uma droga que eu
fui forçado a comprar. Isso também é sua culpa! – Ele se levanta do sofá e sobe
as escadas, enquanto Júnior observa.
CENA
4/CHIQUE LINS/SALA DE RICARDO/INTERIOR/MANHÃ
Camila e Ricardo
conversam.
CAMILA: E como vai a
Laís?
RICARDO: Vai bem.
Ela tá lá no hospital com a Marcela. Logo, logo elas saem. – (Ele começa a rir).
– Você não vai acreditar.
CAMILA (sorrindo): O
que? Me conta.
RICARDO: Fizemos
sexo no banheiro do hospital.
CAMILA: Não
acredito. Ricardo, você prometeu!
RICARDO: Eu ainda
sou casado com ela, temos que ter relações sexuais, não acha? Mas não foi bem
sexo, sexo. Ela me chupou e eu chupei ela. Que nojo daquela buceta cabeluda.
CAMILA (rindo): Ela
não depila?
RICARDO: Claro que
não, deixa aquele negócio crescer feito a floresta Amazônica.
Os dois riem.
CAMILA: Ricardo,
agora é sério, quando você vai se separar dela?
RICARDO: Eu me
separar dela? Nunca!
CAMILA: Já faz
tantos anos... E se ela acabar descobrindo?
RICARDO: Isso nunca
vai acontecer.
CAMILA: Sei lá, às
vezes tenho um medo dela, daquele olhar.
RICARDO: A Marcela
não é má.
CAMILA: Certeza que
não? Roubou a Laís da mãe dela, matou o pai da Laís e ainda colocou a coitada da
irmã na cadeia. Soube que ela ainda maltrata a mãe. Essa mulher é o cão
chupando manga.
RICARDO: Tá, ele
pode ser má e louca, mas não o bastante pra se ter medo dela.
CAMILA: Eu não
duvidaria, ela é uma assassina.
RICARDO: Então por
isso a gente precisa ser cuidadoso. Se a gente for cuidadoso, ela nunca vai
descobrir do nosso caso. Estamos nessa há anos e ela nunca descobriu, por que
vai descobrir agora?
CAMILA: Eu não quero
ser sua amante pro resto da vida, eu quero ser sua esposa, quero me casar com
você, quero ter filhos.
RICARDO: É essa
mentira que me sustenta e sustenta você, ou você acha que se ela descobrisse
nosso caso, você ainda estaria trabalhando aqui? Ela já teria te botado no olho
da rua. E vamos sim continuar usando camisinha, filho agora eu não quero.
CAMILA: Você que
sabe... Com tanto que me foda gostoso que nem você está acostumado, por mim
tudo bem!
RICARDO (sorrindo):
Safada. – (Vira ela de costas, tira a saia dela, abre o zíper da calça e tira
seu pênis pra fora). – É rola que você quer? – Passa o pênis em volta do ânus
de Camila.
CAMILA (sorrindo):
Mete logo esse caralho em mim! – Close no olhar sedutor dela.
CENA
5/CASA DE PRAZER BELLI/QUARTO/INTERIOR/MANHÃ
Hugo transa
loucamente com a prostituta Cátia.
CÁTIA (gemendo de
prazer): Vai... Isso!
HUGO: Ah, que
gostoso! – Ele penetra em Cátia mais rápido, mas acaba parando.
CÁTIA: O que houve?
HUGO: Droga, eu
ainda tô todo quebrado.
Cátia deita ao lado
dele.
CÁTIA: Alguém te
bateu? Ah, por isso explica as marcas na cara.
HUGO: Foi um filho
da puta lá do colégio, mas eu já acabei com ele.
CÁTIA: Se vingou?
Adoro macho que não leva desaforo pra casa.
HUGO: Foi mais que
uma vingança, foi a coisa mais irada que eu já fiz.
CÁTIA: O que você
fez?
Hugo se levanta.
HUGO: Agora eu tenho
que falar da minha vida com puta? Eu já fiz o que tinha que fazer, já te comi,
agora eu vou embora que eu ganho mais.
CÁTIA: Mas você nem
gozou!
HUGO: Ah, isso
depois eu resolvo na punheta. – Coloca a cueca, a calça e a camisa.
CÁTIA (sorrindo):
Adorei te conhecer. O que achou de mim?
HUGO: É, deu pro gasto.
Pra uma primeira vez num puteiro, foi ótimo! Pretendo voltar sim.
CÁTIA: E pode me
procurar, meu nome é Cátia. Qual é o seu?
HUGO (sorrindo):
Aqui eu quero que me chamem de Juca Punheteiro. – Ele ri e sai do quarto em
seguida.
Hugo vai até a
recepção, tira a carteira do bolso e paga para Simone, a cafetina e dona do
estabelecimento.
SIMONE: O que achou?
HUGO: Bom, mas
depois quando eu voltar, me arruma uma puta menos enxerida, faz favor. –
Entrega o dinheiro para Simone e vai embora em seguida.
Hugo para no meio do
caminho.
HUGO: Merda, preciso
de um guarda-chuva! Porra!
CENA
6/CASA DE LUCAS/SALA DE JANTAR/INTERIOR/TARDE
Nina, Lucas e seu
pai, Pedro, almoçam.
NINA: Que comida
maravilhosa, seu Pedro.
PEDRO: Obrigado.
Aprendi a fazer comida boa assim com a minha mãe, que era lá da roça. Eta
mulher que cozinhava bom demais!
NINA: Eu sei fazer
mais ou menos, acho que vou me dar bem quando me casar com o Lucas.
LUCAS: Pensando em
casamento agora?
NINA: É, por que
não? A gente tem tanto tempo de namoro, já podemos pensar no casamento. O que
acha, seu Pedro?
PEDRO: Por mim, casa
a vontade!
LUCAS: Ai, eu acho
que não tô preparado pra casar, sei lá.
PEDRO: Que negócio é
esse de sei lá? Você não é macho não, porra? Filho meu tem que casar mesmo e me
dar neto!
LUCAS: Tenho que
pensar ainda.
NINA: Lucas!
PEDRO: Vai pensar
ainda? Então quer me dizer que quando eu tiver nos últimos dias de vida, sem
neto, sem porra nenhuma, você ainda vai tá pensando em casar?
LUCAS: Tá, eu me
caso. Eu hein.
NINA (alegre):
Sério? Você aceita se casar comigo? Ôh, meu amor, melhor notícia que eu já
recebi. – Beija Lucas.
LUCAS: Agora sim...
Esse é o macho que tava procurando! Tenho muito orgulho.
CENA
7/CASA DE LUCAS/QUARTO DE LUCAS/INTERIOR/TARDE
O celular de Lucas
toca várias vezes em cima da mesa, ao lado do computador. É Mateus. De repente
o celular para de tocar... Mais uma chamada perdida.
Lucas entra em seu
quarto chorando.
Trilha Sonora: Indestrutível – Pabllo
Vittar
Lucas vai na direção
da mesa, pega seu celular, vê as chamadas perdidas de Mateus e apaga. Ele pega
um fone de ouvido, coloca em suas orelhas e ouve “Indestrutível”, de Pabllo
Vittar.
Lucas deita sobre a
cama, encosta sua cabeça sobre o travesseiro e ali chora muito.
CENA
8/CASA DE MATEUS/QUARTO/INTERIOR/TARDE
Mateus, deitado na
cama, deixa o celular do seu lado.
MATEUS: Merda, ele
não me atende. Queria tanto conversar com alguém...
Trilha Sonora: Flutua – Johnny Hooker
(feat. Liniker)
FLASHBACK:
MATEUS: O que você quer? Se veio pra me bater, me xingar, vai em
frente, eu aguento.
LUCAS: Mateus, eu só vim pra te pedir e falar uma coisa.
MATEUS: Fala.
LUCAS: Me perdoa?
MATEUS: Te perdoar? Ficou maluco? O que você faz comigo é
imperdoável! Mas me responda: por que eu faria isso?
LUCAS: Por causa disso.
Lucas beija Mateus com vontade.
FIM DO
FLASHBACK:
MATEUS: Ai meu Deus,
faz eu me esquecer disso... Daquele beijo. Porra, a gente é só amigo agora. Mas
aquele beijo foi tão bom, foi tão real. Senti algo diferente que eu nunca senti
beijando nenhum cara. Puta que pariu, eu me odeio.
CENA
9/HOSPITAL/QUARTO DE LAÍS/INTERIOR/TARDE
Joana bate na porta
do quarto e Marcela abre a porta.
MARCELA: O que é?
JOANA: Eu trouxe sua
mãe, ela tá doida pra ver a Laís.
ELVIRA: Deixa eu
entrar, por favor.
MARCELA: Mais que
merda! Você não poderia esperar ela chegar em casa não? Veio aqui só pra dar
trabalho, múmia curiosa!
Laís, em cima da
cama do hospital, fala.
LAÍS: Deixa elas
entrarem, mamãe.
MARCELA: Merda. Vai,
entra logo!
Joana entra no
quarto empurrando a cadeira de rodas de Elvira.
ELVIRA (sorrindo): Ô
minha neta, estava morrendo de saudades de você...
MARCELA: Começou a
melação.
LAÍS: Deixa, mãe. Eu
também estava morrendo de saudades da senhora, vó.
MARCELA: Haja
paciência.
JOANA: Caramba, para
de ser chata!
MARCELA: O que? Como
ousa? E o que você veio fazer aqui?
JOANA: Eu vim acompanhar
a sua mãe, não tá vendo ou é cega?
MARCELA: A última coisa
que eu queria ver nesse exato momento é a minha mãe.
JOANA: Como tem
coragem de falar assim da sua própria mãe, uma pessoa doce e simpática?
MARCELA: E como você
tem coragem de se intrometer na minha vida? Some daqui!
LAÍS: Gente, para.
ELVIRA: Já chega!
Vamos embora, Joana. Já cansei dela! Minha própria filha não me respeita!
MARCELA: Isso mesmo,
vai embora. Ninguém precisa de você aqui, muito menos a Laís.
LAÍS: Mãe, não fala
assim...
ELVIRA: Sabe o que
é? Eu preferia mil vezes a Norma do que você! Me arrependo das vezes que
maltratei a Norma. Ai, como eu queria que ela tivesse aqui!
LAÍS: Norma? Quem é
Norma, mamãe?
Marcela fica sem
argumentos na mesma hora.
ELVIRA: Fala,
Marcela, ou será que você foi colocada contra a parede?
LAÍS: Quem é Norma!?
Close em Marcela.
(A cena congela
com um efeito amarelado, que aos poucos vai se despedaçando como um vidro em
Marcela completamente jogada contra a parede).
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