Redenção - Capítulo 08

quarta-feira, maio 02, 2018


REDENÇÃO - CAPÍTULO 08




“LÁGRIMAS DE SANGUE


CENA 1/JARDIM ORESTES/VILA MADALENA/TARDE

TRAFICANTE: Não aqui na minha favela, porra! – (Ele grita). – Podem matar esses filhos da puta! – Ele puxa um revólver do bolso.

Começa um grande tiroteio. Os bandidos se escondem em barreiras e dali ficam atirando nos policiais. Balas acertam janelas de casas. Moradores desesperados correm no meio do tiroteio. Cláudio, da janela de sua casa, vê tudo. Renata começa a correr.

Renata tenta se mover em meio ao caos, mas acaba levando um tiro de revólver na cabeça. Ela cai morta na hora, deixando as sacolas com as verduras caírem no chão. Cláudio vê a mãe caída no chão e se desespera.

(CAM lenta)

CLÁUDIO (grita): Mãe!

(CAM lenta no tiroteio)

Cláudio, da janela de casa, vê a mãe morta no chão e seus olhos começam a se encher de lágrimas.

CLÁUDIO: Meu Deus, mãe! – Coloca a mão na cabeça.

Um policial entra dentro da viatura de polícia pra pedir reforço pelo rádio da polícia.

POLICIAL: Eu preciso de reforço urgente! Aqui no Jardim Orestes, na Vila Madalena. Venham o mais rápido possível, há muitos feridos!

O tiroteio continua. Os traficantes começam a jogar coquetel molotov contra os policiais. Close num traficante pegando uma granada e jogando contra as viaturas de polícia, que explodem em seguida.

CENA 2/OBRA/TARDE

Júnior passa massa na parede na obra. Ele ouve o rádio.

RÁDIO: Agora numa comunidade da Vila Madalena: uma guerra entre policiais e bandidos está acontecendo nesse exato momento...

Júnior para o serviço.

JÚNIOR (preocupado): Jesus! Deus proteja minha família...

O celular toca e Júnior atende.

JÚNIOR: Filho?

CLÁUDIO (chorando): Pai, a mãe...

JÚNIOR (preocupado): O que tem sua mãe? Não me diz que ela...

CLÁUDIO (chorando): Ela morreu.

Júnior fica paralisado e em estado de choque no mesmo momento. Ele fica tremendo com a notícia que acabara de receber e deixa o celular cair no chão.

JÚNIOR (tremendo): Meu Deus... Não acredito.

O ajudante dele chega trazendo um saco de cimento.

AJUDANTE: O que houve, Júnior? Parece que viu um fantasma.

JÚNIOR: A minha esposa...

AJUDANTE: O que aconteceu com a sua esposa?

JÚNIOR (com os olhos cheios de lágrimas): A minha esposa... Eu não acredito, ela morreu! – Ele põe a mão na cabeça.

AJUDANTE: Ô, meu amigo... Meus pêsames.

JÚNIOR: Por favor, segura a onda aqui pra mim? Eu preciso ver ela.

AJUDANTE: Tá bom, pode deixar.

Júnior sai da obra correndo.

CENA 3/HOSPITAL/QUARTO DE LAÍS/INTERIOR/TARDE

Laís acorda. Marcela e Ricardo se alegram.

MARCELA (sorrindo): Filha, como você tá? Tá bem?

LAÍS: Melhor impossível. – (Ela sorri). – Deus me livre morrer perto do meu niver.

RICARDO: Você me deu susto daqueles.

MARCELA: Achei que não íamos conseguir sair daquele colégio a tempo, ainda bem que um dos seus amigos me ajudou.

LAÍS: E meus amigos? Como eles estão?

MARCELA: Estão bem, conseguiram sobreviver.

LAÍS: Eu quero ver eles. – Tenta se levantar.

MARCELA: Não, nada disso, você não vai a lugar nenhum! Tem que repousar. Depois você pode ir ver eles.

LAÍS: Então chama eles aqui, eu quero muito ver eles.

MARCELA: Tudo bem, eu vou lá chamá-los.

CENA 4/HOSPITAL/CORREDOR/INTERIOR/TARDE

Nina e Bruno conversam.

NINA: Nossa, o Lucas tá demorando muito, né?

BRUNO: Será que ele tem alguma diarreia pra demorar esse tempo todo?

NINA: Tô começando a sentir cheiro de vagabunda.

BRUNO: O que? Você acha que ele tá te traindo?

NINA: Olha, não vou mentir, eu tô sim! Eu acho que ele tá me traindo, e veio com essa desculpa de banheiro só pra falar com alguma vagabunda pelo celular. Se eu pegar ele usando o Tinder, eu juro que corto o pau dele fora!

Lucas aparece.

LUCAS (sorrindo): Voltei.

NINA: O que houve? Por que essa demora toda? Cagar é que você não foi!

LUCAS: Ih, tá querendo até saber o que eu fui fazer no banheiro? Sabia que muitos relacionamentos terminam por causa disso? De ciúmes?

NINA: Calma aí... Você não tá pensando em...

Marcela aparece.

MARCELA: A Laís acordou e está chamando vocês lá no quarto dela.

Nina e Bruno se levantam e vão em direção ao quarto. Lucas segue eles.

MARCELA: Gentinha...

Miguel aparece de repente.

MARCELA: Você ainda não foi embora, garoto?

MIGUEL: Desculpa, eu ouvi você falando com eles... É sério que a Laís acordou?

MARCELA: É claro que é sério! Você acha que eu ia brincar com um negócio desses?

MIGUEL: Então... Eu posso ver ela?

MARCELA: Não, você pode! Você pode é dar meia volta e sumir daqui.

MIGUEL: Mas eu só queria ver ela um pouco, só um pouquinho.

MARCELA: Eu vou ter que chamar os seguranças? Eu mandei você cair fora! Aqui você não é bem-vindo!

MIGUEL: Tudo bem, mas fique você sabendo que não vou desistir da sua filha assim tão fácil.

MARCELA: Moleque, você está testando a minha paciência, não sabe do que eu sou capaz!

MIGUEL: Você que não sabe do que eu sou capaz de fazer pra conquistar a Laís e namorar ela.

MARCELA: Que ousadia é essa? Eu posso te colocar na cadeia!

MIGUEL: Pode chamar a polícia, pode chamar até o exército, mas eu vou sim conquistar a Laís.

Miguel vira de costas e vai embora. Marcela o observa.

MARCELA: Quero ver se você vai ter essa coragem quando eu cortar seus pedacinhos pra dar pra um pitbull.

CENA 5/JARDIM ORESTES/VILA MADALENA/ENTRADA/TARDE

Várias viaturas de polícias chegam à comunidade e sobem o morro em alta velocidade. A entrada que dá acesso à comunidade é interditada. Vários jornalistas chegam para registrar o cenário de guerra. Júnior chega apressado e o policial barra ele.

POLICIAL: Onde você pensa que vai?

JÚNIOR: Eu moro aqui! Recebi a notícia de que a minha esposa tá morta por causa desse tiroteio. Meu filho tá lá, eu preciso ir!

POLICIAL: Não posso autorizar ninguém a entrar. Até que o tiroteio termine, a entrada da comunidade estará interditada!

CENA 6/JARDIM ORESTES/VILA MADALENA/TARDE

O tiroteio continua.

TRAFICANTE: Porra! – Atira contra os policiais.

Ele acaba levando um tiro na barriga.

O traficante corre e tenta entrar em uma das casas, mas não consegue. Ele entra até um quintal que dá acesso à casa de Júnior, quebra o vidro da casa e entra. Cláudio, chorando muito em seu quarto, ouve tudo, se assusta e desce as escadas. Ele se assusta ao ver o traficante, vai até a cozinha, pega uma faca e espera o criminoso.

O traficante corre pela casa atrás de um pano para estancar o sangue do tiro, que acabara de levar.

TRAFICANTE: Porra, cadê o pano?

Atrás de uma porta, Cláudio o observa. O traficante corre e sobe pelas escadas. Cláudio vai atrás dele e dá uma facada no músculo da coxa do homem, que imediatamente cai da escada, deixando sua arma cair no chão. Ele grita de dor.

TRAFICANTE (gritando): Porra! Caralho!

Cláudio pega a arma e aponta para o rosto do traficante.

TRAFICANTE: Calma... – Levanta as mãos.

CLÁUDIO: Foi você, não foi? Sim, foi você sim! Você que atirou nela, eu mesmo vi!

TRAFICANTE: Atirei em quem?

CLÁUDIO (chorando): Na minha mãe que não tinha nada a ver com isso!

TRAFICANTE: Cara, fica tranquilo, você tá muito nervoso.

CLÁUDIO: E foi você que me vendeu a maconha outro dia, né? É sim, eu me lembro. Não uso essa merda e eu não queria, mas você empurrou pra cima de mim e depois veio cobrar meu pai, não foi?

FLASHBACK:

TRAFICANTE: Passa a fita aí, parceiro.

JÚNIOR: Que fita?

TRAFICANTE: O dinheiro que o teu filho tá devendo pra boca.

FIM DO FLASHBACK:

TRAFICANTE: Sem rancor, cara.

CLÁUDIO: Sem rancor porra nenhuma! – (Destrava a arma). – Isso é pela surra que o meu pai me deu por sua causa e pelo tiro que você deu na cabeça da minha mãe! – Atira na cabeça do bandido, que morre na hora.

Em seguida ele larga a arma no chão e começa a chorar.

Do lado de fora, a guerra continua. Um dos traficantes sai da barreira e dá dois tiros na direção dos policiais, mas o tiro acerta a viatura e o traficante é atingido por três tiros no peito.

Outro traficante atira no peito de um policial, mas o colete impede.

A força tática entra em ação.

CAM lenta nos vários corpos de bandidos, alguns policiais caídos e uma enorme poça de sangue que acabara de se formar. Close no corpo de Renata, ainda no chão.

De repente o tiroteio cessa, alguns bandidos são levados para a viatura. O corpo de Renata é recolhido pelos paramédicos.

CENA 7/PENSÃO DA DONA SANDRA/REFEITÓRIO/INTERIOR/TARDE

Norma, Sandra e os hóspedes da pensão estão agachados.

SANDRA: Eu acho que já acabou.

NORMA: Liga a TV no noticiário, dona Sandra.

Sandra liga a TV.

NA TV (âncora): Um cenário de guerra na comunidade Jardim Orestes, na Vila Madalena... Vários corpos, muitos feridos. Vamos entrar num link ao vivo com a repórter Daniela Fernandes, que está nesse momento na comunidade.

REPÓRTER: Boa tarde a todos! Como podemos ver, uma guerra tomou conta da comunidade do Jardim Orestes nessa tarde...

CENA 8/JARDIM ORESTES/VILA MADALENA/NOITE

Close na casa de Júnior.

CENA 9/CASA DE JÚNIOR/SALA/INTERIOR/NOITE

Cláudio, ajoelhado, limpa o sangue no chão enquanto Júnior acompanha os policiais até a porta. Cláudio chora.

Júnior se aproxima do filho.

JÚNIOR: Se você quiser eu posso terminar isso até a hora do velório.

CLÁUDIO (chorando): Ela tava tão boa, pai. – (Se levanta). - Como isso pode acontecer com uma pessoa tão boa que nunca fez mal pra ninguém?

JÚNIOR: É sempre assim, filho... A morte não avisa que hora ela vai chegar.

CLÁUDIO: Eu fui um péssimo filho... Tudo isso foi culpa minha.

Júnior o abraça.

JÚNIOR: Ei, isso não foi culpa de ninguém... Aconteceu. Não quero que você fique se culpando assim. Eu amava sua mãe... Deus quis assim, ele levou ela pra um bom lugar.

CLÁUDIO: Ela me deixou, ela nos deixou.

JÚNIOR: Ela não nos deixou, Cláudio. Ela sempre vai estar nos nossos corações. Mas agora a gente deve se despedir dela.

Cláudio o abraça.

CENA 10/VILA MADALENA/AMANHECENDO

O sol vai se pondo na região. Close linda casa de Hugo.

CENA 11/CASA DE HUGO/SALA DE JANTAR/INTERIOR/MANHÃ

Sílvia toma café da manhã. Hugo aparece e senta.

HUGO (sorrindo): Que lindo dia, né mãe?

SÍLVIA: Maravilhoso! Parece que você acordou com bom humor hoje.

HUGO (sorrindo): Agora todos os dias eu vou fazer isso, vou acordar com bom humor. Decidi que o importante é viver e ser feliz!

SÍLVIA: Olha só... Gosto de te ver assim todo feliz. E aí? Tem previsão de quando voltam as aulas?

HUGO: Sem previsão, mas pelo que parece a gente vai ficar um bom tempo em casa ainda. Aposto que depois vai ter que repor tudo.

SÍLVIA: Ainda bem que você me avisou no dia da reunião que eu não podia ir. Já pensou se eu tivesse lá no meio daquele incêndio? Parece que Deus tocou no seu coração pra me avisar.

HUGO: Foi Deus mesmo.

SÍLVIA: Que estranho ter acontecido um incêndio assim de repente, né? Eu vi lá, uma escola tão bem estruturada dessas...

HUGO: Deve ter sido tudo culpa daquelas cozinheiras desastradas. Vai ver deixaram o gás ligado, e do jeito que aquela cozinha é fechada, parece uma cabine, um horror. Bom, mas vamos esquecer tudo isso. – Se levanta.

SÍLVIA (sorrindo): Agora que eu reparei... Onde vai todo arrumadinho assim? Não me diga que você vai sair. Tá todo machucado!

HUGO: Não se preocupe, eu sei cuidar de mim. Decidi que hoje eu vou estourar o cartão de crédito e gastar minhas economias! Vou aproveitar essa vida com o melhor que ela pode oferecer.

SÍLVIA: Tá certo, vai se divertir mesmo, você merece!

CENA 12/CASA DE PRAZER BELLI/QUARTO/INTERIOR/MANHÃ

Hugo beija loucamente a prostituta Cátia.

HUGO (sorrindo): Ainda bem que aqui é 24 horas, vou vir todos os dias.

CÁTIA (sorrindo): Você é tão novinho e é tão gostoso.

HUGO: O que tem eu ser novinho? Tô pagando. Além do mais, esse novinho aqui dá de dez a zero em qualquer marmanjo por aí.

CÁTIA: Ui.

Hugo tira a camisa, a calça e a cueca.

CÁTIA: Que lindo. Você tem uma marca de nascença na coxa.

HUGO: Esquece a marca de nascença. – (Deita na cama). – Tira a roupa, gostosa.

Cátia imediatamente tira toda a roupa ficando completamente nua.

HUGO: Agora vem.

Cátia pula em cima da cama.

HUGA: Agora eu quero um boquete, quero ver esse pau bem duro.

Cátia inicia o sexo oral no garoto.

CENA 13/HOSPITAL/BANHEIRO/INTERIOR/MANHÃ

Marcela termina o sexo oral em Ricardo.

MARCELA: Será que é certo a gente fazer isso aqui? Logo num hospital onde a gente pode pegar uma doença.

RICARDO: Um sexo oral não tem problema algum.

MARCELA: Agora é a sua vez!

Marcela tira a calça e a calcinha. Ricardo segura ela bem firme e a coloca em cima do lavatório. Marcela abre as pernas. Ele observa uma marca de nascença na coxa dela.

RICARDO: Acredite se quiser. Eu fui casado com você durante muitos anos, mas nunca percebi que você tinha uma marca de nascença na coxa, impressionante.

MARCELA: Cala a boca e me chupa! – Empurra a cabeça de Ricardo.

CENA 14/CEMITÉRIO/MANHÃ

CORTES DESCONTÍNUOS:

O caixão de Renata é levado. Atrás vem Júnior, Cláudio e alguns amigos da família, como Sandra.

Renata é sepultada. Júnior chora.

CLÁUDIO (chorando muito): Onde quer que você esteja... Adeus mamãe...

Uma lágrima dos olhos de Cláudio cai sobre o caixão da mãe.

O tempo vira e começa a chover muito.

(A cena congela com um efeito amarelado, que aos poucos vai se despedaçando como um vidro no caixão de Renata).

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