Redenção - Capítulo 03
quarta-feira, abril 25, 2018
REDENÇÃO - CAPÍTULO 03
“A SENTENÇA”
CENA 1/CASA
DE NORMA/EXTERIOR/NOITE
Norma é colocada na viatura
de polícia. Ela bate no vidro traseiro querendo sair de dentro da viatura.
NORMA (desesperada):
Eu não sou assassina! Me tira daqui! – (Ela chora). – Minha filha! Cadê minha
filha?
POLICIAL: Sua filha
vai conosco e vai receber os cuidados dos familiares mais próximos.
NORMA (desesperada):
Não, minha filha não pode ir para os braços da Marcela! Me tira daqui! – Chora.
CENA 2/MANSÃO
DOS DELLATORRE/EXTERIOR/NOITE
Marcela entra com o
carro em sua mansão e sai de dentro dele rapidamente. Ela entra em casa.
EMPREGADA: Senhora,
aconteceu alguma coisa? Por que está suja de sangue?
MARCELA: Olha, faz
um favor pra mim? Cuida da sua maldita vida! Isso daqui não foi nada demais, eu
apenas me cortei. E cadê o Ricardo?
EMPREGADA: O seu
Ricardo ainda não chegou da empresa, senhora.
MARCELA: Mais que
merda! Eu vou subir e não quero que me incomode! Daqui a pouco eu vou sair.
Marcela sobe as
escadas.
EMPREGADA: Parece
que o negócio foi sério.
CENA 3/CHIQUE
LINS/SALA DE RICARDO/INTERIOR/NOITE
Ricardo e Camila
terminam de se vestir.
Camila vai até Zilda,
que continua desmaiada.
RICARDO: Eu vou me ferrar
se essa velha tiver morrido logo aqui dentro.
CAMILA: Calma. E ela
também nem é tão velha assim... Tem cinquenta e pouco.
RICARDO: Será que
ela desmaiou só porque me viu pelado?
CAMILA: Tá na cara
que foi. A Zilda sempre teve desejo por você, eu já sabia.
RICARDO (rindo): Acho
que essa velha aí nunca viu um negócio tão grande e grosso, por isso desmaiou.
Garanto que se tivesse olhado a gente trepando, ela já teria cantado pra subir.
CAMILA: Esse não é o
momento ideal pra piadas, Ricardo.
Camila, preocupada,
vai até a mesa e pega um copo de água. Em seguida, ela joga a água no rosto de
Zilda, que acorda rapidamente.
CAMILA: Tudo bem,
dona Zilda?
ZILDA: Sim, está
tudo bem, minha filha.
CAMILA: O que
aconteceu com você?
ZILDA (inquieta): É...
Eu acho que foi minha pressão.
RICARDO: Vai pra
casa, você precisa descansar.
ZILDA: Não se
preocupe que eu não vou contar nada à Marcela, tá bom?
RICARDO: Era isso
que eu tava com receio... Ainda bem. Obrigado.
ZILDA: Mas eu vou
querer algo em troca.
RICARDO: Só me
faltava essa! Olha, eu juro que vou convencer a Marcela pra te dar um aumento.
ZILDA: Não é isso
que eu quero em troca.
RICARDO: O que você
quer em troca?
ZILDA: Uma noite só
com você!
Camila e Ricardo
ficam chocados. Close nos dois.
CENA
5/DELEGACIA/SALA DO DELEGADO/INTERIOR/NOITE
Marcela conversa com
o delegado.
MARCELA: Eu posso
pelo menos ver ela?
DELEGADO: Claro, só um
instantinho.
O delegado chama um
policial, que acompanha Marcela até a sala de visita.
POLICIAL: A sala de
visita é aqui.
MARCELA: Quando ela
chegar, você pode deixar a gente a sós? Eu quero muito conversar em particular
com ela. Somos irmãs.
POLICIAL: Isso não é
possível, eu tenho que ficar olhando.
MARCELA: Eu já
imaginava isso.
Marcela tira uma
quantia de cinco mil reais da bolsa em notas de cinquenta e cem. Todas com um
elástico segurando.
MARCELA: E seu eu te
der isso aqui?
POLICIAL: Isso é
crime, sabia?
MARCELA: Qual é? Um
dinheirinho extra... Aqui tem três cinco reais. Muito mais do que vocês
policiais ganham hoje em dia. Pensa na sua mulher, nos seus filhos. Com esse
dinheirinho extra aqui, você vai poder tirar a barriga da miséria, o que acha?
POLICIAL: Merda, eu
odeio meu trabalho. Tudo bem. – (Ele pega o dinheiro). – Eu já trago ela.
MARCELA (sorrindo):
Ótimo!
O policial sai de perto de Marcela.
MARCELA: Incrível como tudo hoje é na base do dinheiro.
CENA 6/CHIQUE
LINS/SALA DE RICARDO/INTERIOR/NOITE
Ricardo e Camila
estão chocados com a proposta de Zilda.
RICARDO: Ficou louca,
Zilda?
ZILDA: Não, eu não estou
louca, aliás, estou sim! Estou louca de desejo por você! Quero muito uma noite
contigo. Pra mim você é tudo de bom. É gostoso, é forte, e depois que eu olhei
esse teu instrumento... Nossa, fiquei mais louca ainda.
RICARDO: Zilda,
sinto muito em lhe dizer, mas você é velha.
ZILDA: Vai me
descartar agora só porque eu sou velha? Pois então eu conto pra sua esposa tudo
que você faz com essa daí!
CAMILA: Aceita,
Ricardo! É só uma noite.
Ricardo olha frustrado
para Camila, mas aceita o pedido.
RICARDO: Tá bom,
então eu aceito. Mas só uma noite!
CENA
7/MOTEL/QUARTO/INTERIOR/NOITE
Ricardo transa com
Zilda.
ZILDA (gemendo): Ah!
Vai!
Ricardo deita e
Zilda fica em cima dele.
ZILDA: Vai! Me deixa
molhadinha!
De repente, Zilda
sente uma forte dor no coração.
RICARDO: O que houve,
Zilda?
ZILDA: Ai, tá doendo
muito.
RICARDO: Você viu
que ele é grande. Qual é? Tá muito rápido? Então eu vou mais devagar.
ZILDA (coloca a mão
no peito): Não, é o meu coração, acho que vou...
Zilda cai dura em
cima de Ricardo.
RICARDO (assustado):
Merda!
Ricardo não sente o
pulso dela e se afasta rapidamente do corpo de Zilda. Ele coloca a mão na
cabeça.
RICARDO (preocupado):
Merda, merda, merda! Eu não sabia que essa velha tinha problema no coração.
Droga! O que eu faço agora, meu Deus?
Ricardo se levanta e
coloca rapidamente a roupa.
RICARDO: Vou dar o
fora daqui!
Ricardo sai do
quarto deixando Zilda nua e morta dentro do quarto.
CENA
8/DELEGACIA/SALA DE VISITA/INTERIOR/NOITE
Norma entra junto
com o policial na sala de visita. Ela vê Marcela e fica furiosa. O policial sai
da sala.
NORMA: Sabe o que eu
devia fazer com você agora? Te matar!
MARCELA: Jura? De
repente ficou com vontade de virar assassina? Não estou nem aí pra suas
ameaças! Senta aí, vamos ter muito o quê conversar.
Norma senta.
NORMA: Como você tem
coragem de aparecer aqui com essa sua cara de puta?
MARCELA: Eu fiz
exatamente o que tinha fazer, por isso não vou demorar em te dizer: eu já
queria que você ficasse bem longe de mim. Ia ficar ruim pra minha imagem ter
uma irmã como você, não acha? Teria que andar com você em público e ia me fazer
passar vergonha.
NORMA: E eu achando
que você era simples, que me aceitava.
Marcela ri.
NORMA: Por acaso eu
fiz alguma piada?
MARCELA (rindo): Eu
nunca te aceitei. Lembra de quando a gente era jovem? Nunca mesmo te aceitei, muito
menos quando a gente morava naquele muquifo horrível!
NORMA: Como tem
coragem de dizer isso? Devia ter morado debaixo da ponte então! A mãe e o pai
sofriam pra dar as coisas pra gente!
MARCELA: E hoje eles
tem de tudo! Eu fui a única filha que se preocupou com a mãe e com o pai,
enquanto você saiu de casa, ainda jovem, só porque levava umas tapinhas. E
outra: era melhor ter morado debaixo da ponte, do que viver junto daquelas
putinhas barraqueiras que você chamava de amigas. Mas, olha... Isso agora não
vem ao caso agora.
NORMA: Hipócrita,
ordinária, vaca! Você sabia muito bem o que eu passava nas mãos da Elvira e não
fazia nada!
MARCELA (sorrindo): Isso,
xinga o quanto você quiser. Fala o que bem entender. O importante é que eu vou
ter sua filha só pra mim. Ela merece uma mãe como eu, não uma perdida que nem
você! O melhor que poderia acontecer é isso, sua filha, que agora será minha!
NORMA: Nunca vai dar
o amor ideal a ela.
Marcela se levanta.
MARCELA (sorrindo): Aí
que você está enganada, querida. Eu vou dar sim, muito mais que amor... Eu vou
dar dinheiro! Vou ensinar pra ela que o dinheiro sim traz felicidade, que o
dinheiro é tudo na vida de uma pessoa.
NORMA: Então vai
ensinar pra ela como ser uma patricinha, uma mimadinha que pisa em qualquer
pobre que achar na rua?
MARCELA: Sim, isso
mesmo.
NORMA: Acha isso legal?
Você não tem mesmo coração.
MARCELA: Verdade, eu
até não posso ter coração e nem um pingo de compaixão, mas tenho dinheiro,
diferente de você, assassina! Agora você vai ter que arreganhar as pernas para
as presas do presídio, vai virar sapatona.
Norma se levanta e
dá um tapa forte na cara da irmã. Marcela ri.
MARCELA (falando
alto): Policial, leva essa assassina fora daqui! Vai apodrecer na cadeia!
O policial entra e
segura Norma.
NORMA: Eu juro que quando
eu sair, eu vou... – Marcela interrompe.
MARCELA (debochando):
Você vai fazer o quê? Me matar? – (Ela ri da cara de Norma). – Não tem coragem! Te vejo no
julgamento!
O policial leva
Norma para fora da sala. Close em Marcela sorrindo.
CENA 8/MANSÃO
DELLATORRE/SALA/INTERIOR/NOITE
A empregada abre a
porta e Marcela entra com Laís nos braços e algumas sacolas com chupetas e
mamadeiras. Ricardo vê.
RICARDO: Essa não é
a filha da sua irmã?
MARCELA: Minha irmã
foi presa por assassinato e deve pegar muitos anos de cadeia. A Laís agora será
nossa! Não se incomoda, né?
RICARDO: Não, claro
que não.
Marcela olha para a
empregada.
MARCELA: Leva ela
pro meu quarto, tá? Amanhã bem cedinho, eu vou comprar tudo que ela tem
direito: fraldas, berço, tudo! Depois quero que faça uma mamadeira pra ela.
EMPREGADA: Tá bom.
Marcela entrega Laís
para a empregada, que leva Laís para o quarto. Ela coloca as sacolas em cima da
mesa.
MARCELA: Onde você
estava?
RICARDO: Estava na
empresa, demorei um pouco porque aconteceu uma coisa horrível.
MARCELA (preocupada):
Que coisa? A empresa pegou fogo?
RICARDO: Não, não
foi isso... Foi a Zilda... Ela morreu.
MARCELA: Morreu?
RICARDO: Sim,
telefonaram para a empresa. Disseram que ela estava num Motel...
FLASHBACK:
Ricardo joga muitas notas de cem reais sobre a mesa do gerente do
Motel.
RICARDO: Pronto, aí tem mais de dez mil.
GERENTE: Foi bom fazer negócios com você. – Aperta a mão de Ricardo.
FIM DO
FLASHBACK
RICARDO: Já
recolheram o corpo dela e o enterro será amanhã. Eles já ligaram também para os
familiares dela.
MARCELA (sorrindo): Calma
aí, a Zilda no Motel? – (Ela ri). - Gente do céu... Nunca pensei.
RICARDO: Não está
triste?
MARCELA: Claro que
não! Já era óbvio que isso iria acontecer. Ela estava muito velha, parecia uma
múmia do Egito Antigo de tão velha que ela tava... Que Deus a tenha, claro.
A cena escurece aos
poucos.
CORTES DESCONTÍNUOS
Trilha Sonora: Royals - Lorde
Zilda é enterrada. Marcela, Ricardo, Camila, alguns funcionários da
empresa e os familiares assistem ao enterro.
Marcela, em sua casa, brinca com Laís.
Ricardo e Camila ficam aos beijos na empresa.
Norma é obrigada a limpar os banheiros da prisão.
Dias depois...
CENA 9/TRIBUNAL/INTERIOR/MANHÃ
Norma fica aflita dentro do tribunal. O juiz finalmente fala a
sentença.
JUÍZ: Mediante aos fatos aqui apresentados, eu declaro a ré, Norma
Silveira, culpada! Sob pena de dezoito anos de prisão por assassinato e
tentativa de homicídio da filha! Sua irmã, Marcela Dellatorre, ficará com a
guarda de Laís.
Ele bate o martelo. No fundo do tribunal, Marcela, com Laís nos
braços, ri e Norma a encara.
NORMA: Um dia você me pagar, filha da puta. Eu juro!
Foco na cara de Norma com os olhos avermelhados de tanta raiva, e
no mesmo instante frustrada por não ter mais a filha em seus braços.
NORMA: Você vai se arrepender de um dia ter nascido.
(A cena
congela com um efeito preto e branco em Norma furiosa).
AMANHÃ, ÀS 20h, COMEÇA UMA NOVA FASE
EM
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