Mil e Uma Luas - Capítulo 1 - Estreia
quinta-feira, fevereiro 15, 2018
Capítulo 1: O Início de um Ciclo
//Externas//
1995
Cena 1: //Casa de Diná//
Diná está deitada em sua cama, a ponto de ter o seu bebê.
• Parteira: Calma, vai correr tudo bem, Dona Diná.
• Diná: Eu não tô mais aguentando, começa logo esse parto ou eu vou ter essa criança sozinha, mesmo!
• Parteira: Ô mulher avexada! Calma, deixe eu pegar uma vasilha com água morna.
Ela vai até a cozinha e volta com uma bacia de água morna e um pano em seu braço esquerdo.
• Diná: AAAHHH! A bolsa estourou.
• Parteira: Na hora certa!
Ela põe a vasilha na cama e se organiza.
• Parteira: Agora, Diná, faz força!
• Diná: AAAAAAHHHHHH.
Diná respira ofegante.
• Parteira: Mais força! Põe toda a força possível.
• Diná: AAAAAAHHHHHH. AAAAAAHHHHHH.
• Parteira: Isso, continua assim mesmo, com for... ça.
A parteira fica assustada, já que Diná começa a sangrar.
• Diná: Eu... Não consigo. Pare.
• Parteira: Me dá só um minutinho, já volto.
Ela sai correndo da casa.
Uma amiga muito próxima de Diná, Sulamita, espera na porta, notícias do bebê.
• Sulamita: E aí, nasceu?
• Parteira: Não e tá complicado. Chame alguém agora! Temos que levá-la para um hospital ou ela vai morrer. Tá sangrando bastante...
• Sulamita: Aí Meu Deus... Alguém me ajuda aqui, alguém que tenha carro!
Um morador se prontifica.
• Morador: Eu posso! Pra onde?
• Sulamita: Maternidade.
• Morador: Vamos.
Sulamita entra na casa junto com o morador.
• Sulamita: Amiga, vamos precisar ir para o hospital.
• Diná: O que houve?
• Sulamita: Chegando lá, eu te conto.
• Diná: EU NÃO SAIO DAQUI SE NÃO SOUBER DO QUE ESTÁ ACONTECENDO.
Nesse momento, o sangue começa a soltar jatos para todo lado.
• Diná: AI MEU DEUS, EU... EU TÔ SANGRANDO!
Sulamita corre e põe uma compressa sobre o útero dela enquanto o morador a pega nos braços.
• Sulamita: Vamos rápido!
• Diná: EU NÃO QUERO MORRER, NÃO DEIXA MEU BEBÊ MOR...
Diná desmaia.
• Sulamita: Toca para maternidade rápido!
Eles entram no carro e vão.
Cena 2: //Maternidade - Exterior//
O carro com Diná chega.
• Sulamita: Alguém me ajuda, grávida sangrando!
• Recepcionista: Alguém da obstetrícia, por favor!
Um maqueiro e duas enfermeiras chegam.
• Enfermeira: Levem ela direto para o centro cirúrgico. Eu vou chamar o Doutor!
A maca vai às pressas para o centro cirúrgico. A enfermeira anuncia no microfone.
• Enfermeira: Doutor João Moura, centro cirúrgico agora!
Um carro para e desce Samantha em trabalho de parto junto com seu marido.
• Olavo: Vamos, Samantha. Calma, respira!
• Samantha: É mais fácil você parir do que eu, eu tô calma já!
Eles entram.
• Olavo: Bom dia, a minha mulher vai ter bebê.
• Recepcionista: Aí Jesus, as crianças tão nascendo tudo hoje? Leve ela para a Emergência Obstétrica.
Olavo sai empurrando Samantha, que está sentada em uma cadeira de rodas.
• Olavo: Meu amor, não precisa ficar nervosa. Só respira e o bebê já já chega, tá! Eu vou estar do seu lado.
• Samantha: Ah, Olavo, me deixa em paz! Meu humor de grávida já está para poucos e você ainda vem me encher o saco? Eu sei como é ser mãe, respira e a criança sai!
• Olavo: Está bem, está bem!
• Samantha pensando: Ah, Puta que Pariu!
Cena 3: //Bloco Cirúrgico - Corredores//
Sulamita segue segurando a mão de Diná que continua desmaiada.
• Sulamita: Aí minha amiga, vai dar tudo bem! Eu tô aqui junto contigo, seu bebê vai nascer saudável!
• Doutor: Lamento, moça, mas não pode passar daqui.
• Sulamita: Eu... Eu sou acompanhante dela!
• Doutor: Espere na sala de espera, em alguns minutos eu venho aqui lhe chamar!
Ele segue com a maca.
• Sulamita: Aí Senhor Jesus Cristo, ajuda, vem aqui neste momento! Dê proteção à Diná, salva ela... A criança já não tem pai, vai ficar sem mãe também? Eu não tenho condições de criar.
Sulamita se senta chorando numa cadeira.
//Sala de Cirurgia//
A maca com Diná chega e ela é colocada no soro. A anestesia é colocada.
• Doutor: Alguém me dá um bisturi, rápido. O sangue aumentou!
Ele põe a mão e com muita dificuldade, puxa o bebê.
• Doutor: Alguém me dá compressa. Tenho que estancar esse sangramento agora ou ela morre!
Ele começa a operar ela.
• Enfermeira: Doutor, acho melhor o senhor pontear o útero. Deve resolver, como na maioria dos casos. Isso deve ter sido alguma veia que a criança ficou presa!
• Doutor: Vou fazer isso mesmo! Mas essa mulher não vai mais poder ter filhos, outra gravidez, e ela corre risco de morrer.
//Alguns minutos depois//
O sangue estanca.
• Doutor: Ufa, já não estava mais aguentando. Ela vai ter que ficar anestesiada durante 2 horas!
Ele pega o bebê nos braços.
• Doutor: Vejamos, um menino! Que lindo... Fofo.
Ele entrega a enfermeira e sai da sala.
Um maqueiro chega.
• Maqueiro: Doutor, na Emergência, uma mulher tá dando a luz! Urgente.
• Doutor: Ah, Meu Deus.
Eles seguem.
• Sulamita: Doutor, doutor, como está a minha amiga?
• Doutor: Ela tá bem. Vai ficar sedada ainda. O bebê é um menino!
• Sulamita: Obrigada, obrigada, Deus lhe pague! Obrigada, Meu Senhor Jesus!
• Doutor: Moça, depois eu falo melhor com você, eu tô indo fazer outro parto!
Ele segue.
Cena 4: //Emergência Obstétrica - Leito//
• Samantha: AAAAAAHHHHHH! ESSA CRIANÇA VAI ME MATAAAR! AAAAAAHHHHHH!
• Olavo: FORÇA, AMOR! VOCÊ CONSEGUE!
• Samantha: CALA A BOCA, OLAVO. EU NÃO AGUENTO MAIS! EU TÔ PARINDO, NÃO VENCENDO UMA PROVA, AAAAAAHHHHHH!
O doutor chega.
• Doutor: Olá, bom dia. Sou o Doutor e vou fazer seu parto... Agora, ponha força!
• Samantha: AAAAAAHHHHHH! AAAAAAHHHHHH! AAAAAAHHHHHH!
• Doutor: SÓ MAIS UMA VEZ E ELE SAI! TÔ VENDO A CABEÇA!
• Samantha: PELO SANGUE DE CRISTO, DEUS ME AJUDA! AAAAAAHHHHHH, AAAAAAHHHHHH!
O bebê nasce.
• Olavo: NASCEU, NASCEU! MEU BEBÊ!
• Doutor: Parabéns, é uma...
Samantha vê que é menina e interrompe.
• Samantha: Uma criança linda! Me dê meu bebê... Quero sentir ele perto de mim. Obrigada, doutor. Pode ir. Volte ao trabalho!
Ela pega o bebê dos braços do doutor.
• Doutor: Está bem... É... Bom dia.
Ele sai assustado com a atitude de Samantha.
• Olavo: Mas é menino ou menina?
• Samantha: MENINO! UM BEBÊ FOFO.
• Olavo: Deixa eu ver...
• Samantha: Não! É... Melhor não. Ele nasceu agora. No momento, as mães sabem segurar o bebê com mais cuidado.
• Olavo: Tá bom.
• Samantha pensando: QUÊ? Ah, não, eu quero menino... A ultrassom confirmava, era menino! Ah, droga!
O telefone de Olavo toca.
• Olavo: Vou precisar atender, volto já.
• Samantha: Tá bom.
Olavo sai.
• Samantha: Menina xexelenta, cara de chata! Eu te odeio desde já... ENFERMEIRA!
A enfermeira vem.
• Samantha: Leve ela para o berçário, por favor. Quero dormir um pouco, estou com exaustão de tanto fazer força.
• Enfermeira: Está bem, parabéns viu.
Ela leva a bebê.
• Samantha: Aí, eu preciso falar com o safado do Capetinga!
Olavo chega.
• Samantha: Amor, nossa filha está no berçário! Me dá seu telefone rápido, eu preciso falar com minha tia, ela sabia da minha gravidez.
• Olavo: Tome, está aqui! Vou ver a nossa bebê!
Ele entrega o telefone e sai.
• Samantha: Espero que o Capetinga possa atender o telefone.
Ela liga.
• Samantha: Vai, porcaria, atende!
• Capetinga: Oi, minha delícia...
• Samantha: A sua delícia já teve bebê! Estou no hospital.
• Capetinga: Mas já? Essa porra nasceu rápido, tu ainda está com oito meses.
• Samantha: É, essa peste apertou para nascer cedo demais...
• Capetinga: E então? Que sexo é?
• Samantha: Uma menina. Eu odeio menina!
• Capetinga: Calma, com o coroa junto de você, tem que ser boa mãe. Você vai gostar dela depois!
• Samantha: O caramba, que eu vou gostar dela! Eu vou ser direta. Vem aqui nessa maternidade dos infernos e troca essa criança por qualquer outra, que seja menino!
• Capetinga: Você tá doida? Eu posso ser pego!
• Samantha: Garanto que não! Tô na emergência de obstetrícia, aqui é calmo demais. Você entra e sai sem que ninguém perceba! Vem logo, tô esperando.
• Capetinga: Tá, tá bom. Já tô indo! Qual maternidade?
• Samantha: Só tem uma nessa cidade! Outra maternidade por aí, fica fora da cidade. Agora, vem logo!
Ela desliga o telefone.
Cena 5: //UTI - Sala de Recuperação//
Diná está dormindo no leito, Sulamita está ao seu lado, segurando o bebê.
• Sulamita: Mas que menino lindo, fofo demais.
O médico chega no quarto.
• Doutor: Moça, quero falar algo sério.
• Sulamita: Diga, doutor. Fale somente a verdade!
• Doutor: É... A paciente teve complicações na cirurgia... Foi grave e ela não pode mais ter filhos.
• Sulamita: Aí meu Deus...
• Doutor: Sinto muito... Preciso ir.
• Sulamita: Está bem, obrigada pela informação.
Ela entra e senta na poltrona.
• Sulamita: Coitada...
Diná começa a despertar.
• Sulamita: Ai, até que enfim. Já estava preocupada.
• Diná: Sulamita... Onde estamos?
• Sulamita: No hospital, seu bebê já nasceu.
• Diná: Como? Eu estava em casa.
• Sulamita: Você desmaiou, por isso não se lembra de nada. Mas está tudo bem, só não pode fazer esforço.
• Diná: Quero ver meu bebê... É menino menina?
• Sulamita: Um lindo menino. Uma dádiva de Deus!
Ela põe o bebê nos braços de Diná.
• Diná: Ah, meu bebê... Lindo bebê!
Diná começa a se sentir mal.
• Sulamita: Tá tudo bem?
• Diná: Não, não, Chama um médico!
Sulamita pega o bebê e Diná vomita.
• Sulamita: ALGUMA ENFERMEIRA, ELA TÁ VOMITANDO! TÁ PASSANDO MAL!
As enfermeiras vêm.
• Enfermeira 1: Vamos precisar deixar ela sedada! Ainda está com dores.
• Sulamita: Tá, tá bom, o que importa é que ela fique bem!
A enfermeira 2 põe o sedativo no soro e Diná adormece aos poucos.
• Enfermeira 1: Preciso que me dê o bebê, ele tem que ir para o berçário! Lá ele vai estar quentinho.
• Sulamita: Tudo bem.
Ela entrega o bebê.
//2 Horas Depois - Anoitece//
Cena 6: //Hospital - Corredor - Berçário//
Sulamita aproveita que Diná ainda está sedada e vai ver o bebê.
• Sulamita: Quanto bebê... Posso considerar 1995, um ano agitado! Olha só. Esse berçário tá lotado!
Nesse momento, Capetinga chega no corredor bem vestido se passando pelo marido de Samanta e empurrando uma cadeira de rodas onde ela está. Eles disfarçam.
• Samantha: Olha, amor, nossa bebê ali!
• Capetinga: Muito fofa... A sua cara.
• Samantha: Calma, ela nasceu hoje. Ainda tem muitos anos pela frente!
• Capetinga: Sim, kkkkk. Estou muito eufórico pela alegria de ser pai!
Eles se beijam e ficam olhando pelo vidro.
• Samantha: Amor, quero ir ao banheiro, me leva por favor.
• Capetinga: Claro.
Eles saem. Sulamita olha o bebê calada.
//Entrada do Banheiro Feminino//
• Samantha: Vê só, eu não tô com muita paciência para me fingir de boa mãe! Então, entra logo na porra do berçário.
• Capetinga: Tá, tá, calma. Mas aquela mulher idiota tá lá feito uma múmia, olhando pelo vidro.
• Samantha: Eu dou um jeito nela, vai logo!
Eles voltam.
//Berçário//
Samantha e Capetinga voltam ao corredor. Capetinga encosta a boca no ouvido de Samantha.
• Capetinga: É agora!
Ele sai andando e chega na porta do berçário. Ele bate. A enfermeira do berçário vem e abre.
• Enfermeira: Moço, veja o aviso, não pode bater!
• Capetinga: Desculpe, eu queria pegar minha filha no braço, ainda não tive essa oportunidade.
• Enfermeira: Tá bom, venha...
Ele entra.
• Enfermeira: Qual o leito?
• Capetinga: Aquele ali.
Eles vão até o leito.
• Enfermeira: Parabéns, uma linda menina.
• Capetinga: Obrigado.
Ele pega a bebê no braço.
• Enfermeira: Amanhã, ela vai poder ir para...
Capetinga puxa uma arma e dá uma coronhada na cabeça da enfermeira. Ela cai no chão.
Sulamita se assusta.
• Sulamita: AI MEU DEUS. SOCORRO.
Samantha se levanta da cadeira de rodas e tampa a boca de Sulamita.
• Samantha: Fica quietinha ou eu mando ele matar você. Agora, fica calada!
Sulamita fica assustada e se debate.
• Samantha: Ainda bem que esse corredor tá vazio.
Uma mulher entra no corredor e Samantha puxa uma arma.
• Samantha: Sai daqui, desgraça! Se você dizer a alguém o que viu aqui, eu te mato!
• Mulher: SO... SO... SOCORRO!
Samantha dispara duas vezes e as balas pegam na barriga. A mulher morre na hora.
• Samantha: Tá vendo, moça, se você tentar alguma coisa ou falar para alguém, isso vai acontecer com você!
Capetinga vai até o berço vizinho e pega o bebê de Diná no braço e troca ele de lugar com a bebê.
• Capetinga: Prontinho. Boa sorte para vocês!
Ele sai do berçário.
• Samantha: Parabéns, gostei!
• Capetinga: Eu sei, posso virar profissional!
• Samantha: E você, moça, bico calado!
Ela joga Sulamita no chão e sai andando até a cadeira de rodas, se senta e Capetinga empurra pelos corredores como se nada tivesse acontecido.
• Sulamita: Aí Meu Deus...
Sulamita fica assustada e tremendo.
Samantha para e olha para o rosto de Sulamita.
• Samantha: Caladinha, viu!
GANCHO
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