INCÓGNITA - CAPÍTULO 2

terça-feira, setembro 29, 2020

    INCÓGNITA

      CAPÍTULO 2 - As máscaras caem 

          

Uma novela de
MISTER HUDSON

Supervisão de Texto
MEGAN CLARKE E TEDILDE MOREIRA

Personagens desse capítulo

SHERON MENEZZES - Larissa
DAN FERREIRA - Ronaldo
DAVID JUNIOR - Humberto
SILVIO GUINDANE - Dr. Eduardo


.

Cena 1: Apartamento de Humberto/Interior/Noite

Continuação imediata da última cena do capítulo anterior

 

(Larissa se senta no sofá, exausta)

 
Larissa: - Ah...quem diria...? Nós três, aqui, nós servindo desse néctar dos deuses...e sem a companhia daquele que nos proporcionou esse prazer.

Humberto: - E isso não é motivo pra botar aquele sorriso esperto nesse rostinho bonito de novo?

Larissa: - Muita coisa vem na minha cabeça, Humberto. Você sabe muito bem as circunstâncias que o “teu” irmão me encontrou, e o que ele fez comigo e por mim.

 
(Humberto abaixa a cabeça em sinal de concordância) 
 

Câmera corta para: “flashbacks”

 

Cena 2: Flashback: Rua Augusta/Bairro Cerqueira César/São Paulo/1994/Noite

(Larissa, nua, coberta somente por um casaco de pele, caminha pelas calçadas da Rua Augusta, em meio a outras garotas de programa, sempre cabisbaixa. Emiliano se aproxima com o carro e desce o vidro do mesmo):

 

Emiliano: - Muito boa noite a todas essas lindas modelos...especialmente você, mocinha.

 

(Larissa levanta a cabeça e caminha até o vidro do carro, trêmula. Emiliano ergue e acaricia a mão da moça). 

 

Emiliano: - Venha, meu bem. Não quero te fazer mal...

 
(Larissa entra no carro e os dois partem à mansão do cirurgião, na Avenida Angélica). 

 

Corte para: “dias atuais”

 
Cena 3: Apartamento de Humberto/Interior/Noite

Larissa: - Depois daquela noite, eu me tornei uma outra mulher. Mas...mesmo com uma “capa” mais refinada, mais vistosa...eu continuava aquela mesma menina: tímida, insegura, frágil...e que vendia o corpo pra botar dinheiro dentro de casa e sustentar os devaneios de uma velha nojenta que eu era obrigada a chamar de mãe.

 

(Ronaldo se aproxima de Larissa e afaga seus cabelos)

 
Humberto: - “É” ...meu irmão foi um “gentleman”. E... amava você.

Larissa (exalando um risinho baixo): - Hum. Eu mal podia imaginar que esse paraíso no qual eu vivia...poderia se tornar no interno na terra.
 

Corta para: “flashbacks”

 

Cena 4: Mansão dos Silva/Interior/Noite chuvosa/1997

(Emiliano e Larissa estão no quarto de Ronaldo, na época com 2 anos de idade). 

 
Emiliano (enraivecido): - Sua vadia! Quando eu tirei você daquele esgoto eu sabia que você se dividia pra vários, inúmeros homens! Mas, quando eu te trouxe minha vida (chorando/trêmulo) era pra mim, SÓ pra E-U ter sido o único por toda a sua vida!

Larissa (chorando/trêmula): - Me perdoa, me perdoa, me perdoa....

Emiliano: - Como é que.... (chorando)...como é que você pode? ELE?

 
(Larissa continuando chorando, ajoelhada ao lado da cama de Ronaldo. Emiliano a agarra pelos ombros e a empurra, fazendo com que bata contra o batente da porta, enquanto desfere inúmeros tapas pelo seu corpo. A criança chora.). 

 

Corta para:

 

Cena 5: Apartamento de Humberto/Interior/Noite

 

(Humberto ri)

 

Humberto (pensativo): - É... como esse mundo é pequeno.

Larissa (reflexiva): - Cruel. Foi a partir daquele momento que o meu martírio começou, e os anos de felicidade à vista foram compensados com várias prestações de...tapas, socos, pontapés e humilhações.

Ronaldo (inquisitivo): - Mãe, eu sempre quis entender esse “teu” comportamento.

 

(Larissa se levanta)

 
Larissa: - Eu queria te proteger, meu filho. Garantir a você o que eu não tive. Isso eu não posso negar...seu pai me proporcionou. A mídia era sempre ácida com os homens em que os flashes das câmeras não captavam uma companheira ao seu lado. Eu fui um trunfo. Um manequim. Uma casca de uma árvore oca.

Ronaldo: - E pra quê? Pra receber 23 anos de sofrimento?

 

(Larissa se ajoelha em frente à Ronaldo)

Larissa: - Eu sei, meu anjo, eu sei. Mas o Emil...o “teu” pai, tá morto. A gente conseguiu, a gente sobreviveu, e agora vamos ficar com o que dele e compensar toda essa trajetória de carnificina (chorando).

 

(Ronaldo se levanta, revoltado. Se vira para Larissa e Humberto, com um semblante choroso).

 
Ronaldo: - Por causa de tudo isso...eu fiz muita “merda” nessa vida..., mas ele deu forças pra fazer uma que eu nunca...nunca vou me arrepender.

Larissa: - Filho! Ronaldo!

 

(Humberto segura Larissa)

Humberto: - Calma, calma, shiu...ele tá de cabeça quente. Eu entendo, eu entendo. Adolescente revoltado

 

(Larissa interrompe Humberto)

 
Larissa (raivosa): - Revoltado? Ele já não tem mais sentimento, assim como eu perdi os meus. O Emiliano acabou com o meu “eu”. Toda aquela sensibilidade, aquela...jovialidade, a esperança de construir uma vida digna e feliz, foi devastada como um incêndio devora uma floresta...e como acabou com a vida daquele infeliz.

Humberto: - O mais importante é que tudo isso uniu a gente, hum? Foi nosso irmão que nos uniu, de certa forma.

 

(Larissa se levanta e encara Humberto, friamente)

 Larissa : - Nosso elo...nosso elo, de verdade, começou depois que eu conheci o seu irmão. O.../ (corta)

 
(Larissa é interrompida por uma sirene de um carro policial. Ela e Humberto se apoiam no parapeito da janela e observam Ronaldo sendo abordado por policiais, que revistam o seu automóvel). 
 


Cena 6: Apartamento de Humberto/Exterior/Noite

 

(Larissa  e Humberto descem as escadas e se deparam com o porta-malas do carro de Ronaldo com quilos de entorpecentes). 

 
Larissa : - Meu Deus, meu filho, o que é isso?

Policial: - Sra. Larissa Figueiredo Silva, correto?

Larissa : - Sim, óbvio...alguém me explica, o que está acontecendo aqui!

 

(Ronaldo, de bruços contra o carro policial, grita)

 
Ronaldo: - Não fiz nada, mãe, eu não “tava” com droga nenhuma, eu sou inocente, porra, me larga!

Policial: - Nós encontramos três quilos de maconha no porta-malas do seu filho, isso caracteriza crime de Tráfico de Drogas. É inafiançável. Houve um flagrante aqui, minha senhora. Ele precisa ser levado para a Delegacia.

Larissa : - Mas...isso não pode ser dele, ele não se droga há tempos, isso é um absurdo, um absurdo!

 

(Larissa se abraça com Humberto, desesperada. Ele se dirige aos policiais)

 

Humberto: - Amigo, colabora, ela não tá bem. O moleque “tava” com a gente até agora, alguém botou isso aí. Olha as câmeras de segurança, alguém deve ter botado is...//

 

(O policial interrompe Humberto e se dirige ao outro)

 
Policial: - “Vamo” para com isso, anda, bota o moleque dentro do carro.

Larissa  (chorando): - Eu...nós vamos até a Delegacia, não vou deixar meu filho sozinho.

 
(O carro da polícia parte com Ronaldo em seu interior, enquanto Larissa e Humberto seguem num automóvel próprio, rumo à Delegacia). 
 

Cena 7: Delegacia Geral de Polícia/Noite/ Sala do Delegado (Interior)

 

(Os policiais abrem a porta da sala do Delegado, Dr. Eduardo Spiller. Segurando Ronaldo pelos braços, o colocam sentado, algemado na cadeira. Após evadirem do local, o Delegado gira lentamente a sua cadeira e fixa os olhos em Ronaldo). 

 
Dr. Eduardo (num tom debochado): - Que auspicioso! Num dia, testemunha, no outro...preso por tráfico de drogas!

Ronaldo: - EU NÃO TENHO NADA A VER COM AQUELA “MERDA” QUE TAVA NO MEU CARRO, EU MAL CHEGUEI LÁ FORA E JÁ FUI LOGO SENDO ABORDADO, EU NÃO TENHO...

 

(Ronaldo é interrompido pelo Delegado)

 

Dr. Eduardo: - Pode ir parando aí, “mermão”. Nós recebemos uma ligação anônima e você foi preso em flagrante. Vai responder ao inquérito, SIM!

 

(Ronaldo bate a mão na mesa, revoltado. Os pingos de suor gotejam incessantemente da sua pele). 

 

Ronaldo: - EU NÃO TENHO CULPA DE NADA!

 
(O Delegado segura fortemente um extrator de grampos, em pronta posição para um ataque).  
 
Cena 8: Delegacia Geral de Polícia/Noite/ Sala da Espera da Sala do Delegado (Interior)

(Larissa observa atentamente a discussão entre Ronaldo e o Delegado na janelinha de vidro da porta da sala do Chefe de Polícia). 

 
Corta para: “flashback” – Capítulo 2 (trecho)

Larissa: - Ah, Dr...ao mesmo passo que o Emiliano era um padroeiro da Medicina e o “queridinho” da mídia...ele era um verdadeiro demônio com a família dele.
(O Delegado ri, de maneira diabólica)
Larissa: - Eu não “tô” contando nenhuma piadinha aqui “não”, Dr.

Dr. Eduardo: - Ah, Sra., Sra... só é muito curioso. A Sra. choro pelo luto de um homem que, pelas “suas” palavras a fez sofrer tanto...será que os dólares, os euros que ele depositou em paraísos fiscais aqui e acolá não compensaram, E AINDA COMPENSAM esse seu...sofrimento?

(Larissa se levante, enfurecida)

 
Larissa: - CHEGA! Eu não vou ficar ouvindo esses impropérios! Passar bem!”

 
Cena 9: Delegacia Geral de Polícia/Noite/ Sala da Espera da Sala do Delegado (Interior)

Larissa(surpresa/ansiosa): - Foi ele...meu Deus, FOI ELE!

 

(Larissa, enfurecida, invade a Sala do Advogado, e empurra bruscamente Ronaldo para o lado). 

 

Larissa: - SEU DESGRAÇADO, CANALHA!

 

(Larissa desfere um forte tapa no rosto do Delegado)

 

Larissa (enraivecida/gritando): - Foi você, seu desgraçado! Você plantou aquela droga no carro do MEU filho só pra ele ser preso, não foi? HEIN? Você tem uma...uma animosidade doentia dentro de você, eu percebi isso desde aquele maldito depoimento que eu dei nessa “merda” de Delegacia...fala....FALA!

 

(O Delegado olha fixamente para a Larissa)

 

Dr. Eduardo (enraivecido): - Eu não vou só falar...como eu vou fazer!

 

(Humberto tenta controlar Larissa enquanto outros policiais e guardas chegam para apartar a situação. O Delegado saca a arma da bainha e a aponta para a testa de Larissa). 

 

-GANCHO-

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