INCÓGNITA - CAPÍTULO 1 (ESTREIA)

segunda-feira, setembro 28, 2020

 INCÓGNITA 

CAPÍTULO 1 - Enfim, sós





Uma novela de
MISTER HUDSON

Supervisão de Texto
MEGAN CLARKE E TEDILDE MOREIRA

Personagens desse capítulo

SHERON MENEZZES - Larissa
DAN FERREIRA - Ronaldo
DAVID JUNIOR - Humberto
SILVIO GUINDANE - Dr. Eduardo


.

CENA 1:

CENA 1: DELEGACIA GERAL DE POLÍCIA/MANHÃ/SALA DO DELEGADO (INTERIOR)


Passou-se 1 mês desde a morte de Emiliano Figueiredo Silva, famoso cirurgião plástico paulista, incidente ocorrido na madrugada de 13 de maio de 2019. 

A viúva, Larissa Figueiredo Silva está sentada, numa desconfortável cadeira de madeira, frente ao Dr. Eduardo Spiller, Delegado-Chefe que vem investigando o caso. O sol que bate no vitrô incomoda a socialite, que, durante o depoimento, cerra os olhos e observa a inquisição do delegado:


Larissa (trêmula): - Aqui, Dr. Um ingresso para a apresentação do grupo de Ballet “Le Papillon”.

Dr. Eduardo - (ressabiado): -  Hum...a Sra. Estava sozinha ou acompanhada de mais alguém?

Larissa (trêmula): - Acompanhada. De meu filho e cunhado. Para uma...figura pública como eu, exalar a cadência e a harmonia familiar é sempre um propósito.

Dr. Eduardo: E... a Sra. tem alguém motivo específico pra... manipular essa imagem de matriarca exemplar e conservar o seu nicho familiar à mídia?

Larissa (ofegante - raiva): O Sr. está me ofendendo, Sr. Delegado. O Sr. não sabe O QUANTO eu tenho sofrido com tudo isso. Eu tenho pesadelos com o corpo do meu marido sendo consumido pelo fogo e o Sr. fica.... fica

Dr. Eduardo: Calma, minha Sra. Ninguém quer brincar com suas memórias aqui. O problema é que...as câmeras de segurança próximas do Largo São Francisco registraram imagens suas do seu filho e seu cunhado rondando o local, no dia da morte do Sr. Emiliano.


(LARISSA FIXA OS OLHOS NO DELEGADO, GÉLIDA E TRÊMULA)


(O DELEGADO SE VIRA E APANHA DOIS PACOTES. ELE RETIRA, COM LUVAS, UM DOSSIÊ E UM APARELHO CELULAR)


Dr. Eduardo: - Leia. É um histórico de mensagens encontradas pela perícia do celular do seu marido, encontrado a 5 metros do local onde se encontrava o automóvel.


(LARISSA SONDA AS FOLHAS DO DOSSIÊ, APAVORADA)


Dr. Eduardo: - E então...?

Larissa (soluçando): - EU CONFESSO! Eu vou...eu vou contar tudo.


CENA 2: DELEGACIA GERAL DE POLÍCIA/MANHÃ/SALA DO DELEGADO (INTERIOR)


Larissa (soluçando): - Eu...eu e... minha família fomos...comemorar o aniversário da minha mãezinha. Ela mora num condomínio, num apartamento que eu comprei pra ela porquê...

Dr. Eduardo: - Por que?

Larissa  (soluçando): - ...ela morava conosco, na nossa casa, na Avenida Angélica, mas...o Emiliano era cruel com ela, maltratava a coitada, tadinha...


(O DELEGADO ENTREGA UM COPO PLÁSTICO COM ÁGUA, A FIM DE ACALMAR A SOCIALITE)


Dr. Eduardo: Interessante...o teor das discussões não havia sido identificado pela perícia, parece que as mensagens, “algumas”, haviam sido excluídas do aparelho.


(LARISSA ENXUGA AS LÁGRIMAS COM UM LENÇO)


Larissa: Ah, Dr...ao mesmo passo que o Emiliano era um padroeiro da Medicina e o “queridinho” da mídia...ele era um verdadeiro demônio com a família dele.


(O DELEGADO RI, DE MANEIRA DIABÓLICA)


Larissa : Eu não “tô” contando nenhuma piadinha aqui “não”, Dr.

Dr. Eduardo: - Ah, Sra., Sra... só é muito curioso. A Sra. choro pelo luto de um homem que, pelas “suas” palavras a fez sofrer tanto...será que os dólares, os euros que ele depositou em paraísos fiscais aqui e acolá não compensaram, E AINDA COMPENSAM esse seu...sofrimento?

(LARISSA SE LEVANTA, ENFURECIDA)


Larissa : - CHEGA! Eu não vou ficar ouvindo esses impropérios! Passar bem!


(LARISSA EVADE A SALA DO DELEGADO)

Dr. Eduardo: - Vadia...

 

CENA 3: DELEGACIA GERAL DE POLÍCIA/MANHÃ/EXTERIOR


(LARISSA ENTRA EM SEU AUTOMÓVEL, COM RONALDO, SEU FILHO, NO BANCO DO PASSAGEIRO)

Ronaldo: E aí?

Larissa: Tenso. Com pitadas de sadismo e muitas de deboche.

Ronaldo: Impressionante como você consegue agir com tanta frieza.


(LARISSA ERGUE OS OLHOS PRA CIMA E SE ACOMODA)


Larissa: Quando você convive com o Diabo, você acaba se pós-graduando em três coisas: fingimento, falsidade...e deboche.


(LARISSA DÁ A PARTIDA NO CARRO E VAI EMBORA DA DELEGACIA)

 

CENA 4: MANSÃO DOS SILVA/INTERIOR/TARDE


(LARISSA ADENTRA A SALA DE ESTAR E SE JOGA NO SOFÁ)


Larissa: É, Ronaldo...sabe o que tudo isso parece? Que nós saímos do Inferno e voltamos pro purgatório.

Ronaldo: Pra que isso, mãe? Não deu tudo certo, nosso álibi nos protege.

Larissa: É, mas eu não gostei desse Delegado. Muito ácido...questionador...e o pior: esperto.

Ronaldo: “Ihh”, relaxa. Nós temos o ingresso, os fotógrafos tiravam fotos nossa no Municipal. Pra todos efeitos nós três saímos ilesos.

Larissa: É...ao menos você e Humberto seguiram direitinho a cartilha. Um deslize em algum depoimento poderia “ferrar” com tudo.

Ronaldo: O Delegado questionou algo dos outros depoimentos?

Larissa: Não. E é isso que incomoda: a esperteza. É óbvio que ele deve ter evitado qualquer associação justamente pra nos induzir a erro e confrontar qualquer detalhe diferente entre os depoimentos.

Ronaldo: O que com certeza não aconteceu...


(RONALDO ABRAÇO SUA MÃE POR TRÁS, E LHE FAZ UM AFAGO)


Larissa: Ah, meu filho...você e toda essa...estabilidade financeira foram as únicas coisas boas que teu pai deixou de bom na minha vida. O restante foram marcas, cicatrizes, cortes. Na pele...e no meu coração.

Ronaldo: E você não denunciou...

(LARISSA INTERROMPE RONALDO)


Larissa: Por inteligência, meu filho.


(O TELEFONE INTERROMPE A CONVERSA DOS DOIS. RONALDO ATENDE)


RONALDO: Alô

HUMBERTO: Sou eu, Ronaldo, Humberto. Já que, os depoimentos acabaram, que tal vocês virem hoje, aqui, pra um, jantarzinho?


(RONALDO ABAIXA O APARELHO E SE DIRIGE À LARISSA)


RONALDO: Tio Humberto tá querendo que “a gente” vá jantar, lá no apê dele.

LARISSA: Hum...ótimo. Estamos precisando de um “happy hour”.


(RONALDO RETORNA A FALAR COM O TIO PELO TELEFONE)


RONALDO: Tudo certo, tio, 20h estaremos aí...” ok”, até.

“Transição de tempo ao som do instrumental ‘Pelo Caminho’, da novela ‘A Favorita’”


CENA 5: APARTAMENTO DE HUMBERTO/INTERIOR/NOITE


(HUMBERTO ABRE A PORTA DO APARTAMENTO, DANDO A MÃO À LARISSA)


HUMBERTO: “Mademoiselle” ...

LARISSA (sorridente): “Monsieur” ...


(HUMBERTO CAMINHA ATÉ O APARELHO DE SOM, E COMEÇA A TOCAR UM TANGO ARGENTINO)


HUMBERTO: Sabe que até pensei em estender um tapete vermelho? “Pra” sua entrada combinar com o triunfo do nosso plano.

LARISSA: “Hum” ...

(LARISSA COCHICHA NO OUVIDO DE HUMBERTO)

LARISSA: Não seria má ideia (a socialite dá um riso sarcástico)

(RONALDO PIGARREIA, PARA CHAMAR A ATENÇÃO)

HUMBERTO: Ah, esqueci de você. Confesso que, a beleza “da” sua mãe me despertou o dobro da atenção que sempre senti, agora, com esse sorriso incandescente, que se expande nesse rostinho tão jovial.

RONALDO: Muito poético “pro” meu gosto.

HUMBERTO: Relaxa, garoto. Deu tudo certo.

RONALDO: Isso pode ter dado. O que eu não sei é se esse “enrosco” de vocês dois vai.

LARISSA: Isso que você chama de enrosco, Ronaldo, eu “chamo” é de salvação.

HUMBERTO: Vamos deixar de conversa fiada e começar essa noite “glo-ri-o-sa”.


(HUMBERTO SERVE CHAMPANHE EM TRÊS TAÇAS, E AS SERVE, UMA A CADA UM)


HUMBERTO: Um brinde à Emiliano Figueiredo Silva. Carrasco dizimado pelo fogo, assim como todas as lembranças que temos dele, a partir de hoje.


TODOS ERGUEM AS TAÇAS E BRINDAM E HUMBERTO E LARISSA SE BEIJAM

-GANCHO-

You Might Also Like

0 Comments

Popular Posts

Total de visualizações de página

Translate

ONLINE

Formulário de contato

Nome

E-mail *

Mensagem *