Más Intenções - 02x09 (Final)
quarta-feira, setembro 30, 2020
Capítulo 21
"Bye bye"
Criação
Megan Clarke
Roteiro
Megan Clarke e Isabela
Ágata
CENA 1 – DELEGACIA/ CELA/ MANHÃ:
Teresa está deitada no chão, com os cabelos bagunçados, sujos
e a baba escorrendo pela boca enquanto ela dorme. Um policial chega ao local
com César, que está com duas xícaras de café na mão, olhando a situação e com uma
expressão de desprezo. O policial pega o cassetete e bate com força nas grades
da cela, acordando a bela adormecida, que levanta atordoada ao ver o irmão.
CÉSAR: (debochando) Eita que a soneca foi boa né, irmãzinha?
Tava até babando.
TERESA: (se levanta, furiosa) O que você tá fazendo aqui?
Fora, seu desgraçado.
CÉSAR: (debochando) Calma, Teresa. Sendo seu irmão, tudo que
diz respeito à você, me interessa. Por isso eu vim aqui. Queria falar algumas
coisas contigo. Inclusive, trouxe café.
TERESA: (furiosa) Você traiu minha confiança só pra me
colocar aqui dentro como uma cachorra. Eu confiei em você com tudo que tinha
pra vingar o papai pelo que o Rodolfo fez.
CÉSAR: (ergue uma das xícaras) Vai querer ou não?
TERESA: Enfia esse café no meio do seu rabo e sai daqui,
antes que eu/
CÉSAR: (interrompendo-a) Antes que você o quê? Vai tentar me
matar? Me estrangular pelas grades? Ou vai surtar aí que nem uma doida? Me
poupe, que isso é pouco perto do que você faz de ruim contra as pessoas.
TERESA: (furiosa) Eu só fiz justiça, somente a justiça. Coisa
que nesse país é difícil de acontecer de maneira justa. (T) E você não fez
nada, né? Não tira seu cavalo da chuva porque de bobo você não tem nada. Tenho
certeza que isso aqui foi armação pra ficar com a minha parte da herança.
César coloca as xícaras de café no chão, afastadas.
CÉSAR: (ri) Quem manda ser burra? Achou que ia ficar só de
sombra e água fresca porque a sua amiga nunca ia contar nada? Pois saiba que
não é assim que as coisas funcionam. O mundo é dos espertos e enquanto eu
apenas ligava todos os fatos, você estava se matando com o Rodolfo por aí que
nem gato e cachorro.
TERESA: (grita) Então me explica como funciona! Anda, seu
filho da mãe! Não sou sua irmãzinha?
CÉSAR: Só sei que não é pagando o delegado pra não ser presa,
meu amor. Onde que uma pessoa é tão idiota ao ponto de usar propina em pleno
2020? Sabe usar os podres não? (T) Nem pra isso você presta, sinceramente. Mas
sabe de outra coisa? Eu armei isso tudo mesmo. Planejei cada detalhe. Ao
contrário de você.
TERESA: (grita) Sabia! Bem que algo me dizia! (T) Agora eu
quero saber. Como foi que você armou? Fala! Eu faço questão de saber de tudo.
CÉSAR: Pra quem está numa cela imunda, numa situação bem deplorável,
eu acho que você já tá exigindo demais de quem só veio aqui te oferecer um
cafezinho. Mas pensando bem... como sua vida vai ser em uma cela pelos próximos
10 anos, vou ser bonzinho. (fala com um sorrisinho) Puxa o banquinho e senta.
Teresa fica cara a cara com ele pelas grades da cela, pronta
pra escutar tudo. O áudio é cortado e César começa a falar, explicar tintim por
tintim como arquitetou tudo (diga-se de passagem, um plano que tinha tudo pra
dar errado), e à medida que ele vai falando, Teresa vai ficando cada vez mais
furiosa. César termina de contar e gargalha por conta da reação surpresa e
raivosa dela.
TERESA: (gritando enquanto se agarra nos ferros) Para de rir,
seu desgraçado! Eu vou quebrar a sua cara e te mostrar quem manda aqui. Você não
me conhece.
CÉSAR: (ri) Não conheço mesmo. Deus me livre ter qualquer
ligação com uma pessoa tão descontrolada assim.
TERESA: (gritando) Isso foi sacanagem comigo. Tá me ouvindo? (T)
Cadê a consideração por mim?
CÉSAR: (incomodado) Aí não. Eu não vou mais conversar com
você gritando desse jeito. (T) Até mais! Não é bem uma despedida, mas um até
logo. (ri) Eu sei que qualquer hora você vai sair da cadeia doida pra me dar o
troco.
TERESA: (gritando) Você não vai pra lugar nenhum. Você é tão
criminoso quanto eu!
Teresa põe as mãos pra fora e agarra o pescoço de César, que
começa a bater na grade, tentando se soltar.
CÉSAR: (grita) Me larga porra!
Ela faz força com as mãos, sufocando-o. Num ato de defesa,
César põe uma das mãos dentro da cela e dá um soco na costela dela, que solta
um berro de dor e larga ele. César pega uma das xícaras que estavam no chão e
joga o café na cara dela, sujando o cabelo e a blusa que ela vestia.
CÉSAR: Policial, eu quero sair.
O policial aproxima-se dele, e guia César pra fora. Teresa
fica puta da vida.
TERESA: (gritando) ISSO NÃO ACABOU AQUI, NÃO MESMO, SEU FILHO
DA PUTA. VOCÊ VAI SE VER COMIGO AINDA, EU NÃO VOU DEIXAR BARATO, CÉSAR. TÁ ME
OUVINDO? QUE ÓDIOOOOO.
Close nela que está toda suja, se balançando os ferros com
raiva enquanto grita. Fade out.
CENA 2 – CEMITÉRIO FLORES DA PEDRA/ MANHÃ:
Fade in. Close no caixão descendo lentamente, com muitas flores sendo jogadas,
cobrindo a parte de cima dele e um choro feminino ao fundo. Algumas sombras em
volta observando.
Close agora em Carolina, César, Vânia e Denise, que
conversavam olhando o caixão.
CAROLINA: Que horror. A vida é como um carrossel, nunca para
de girar, uma hora você tá embaixo, na outra tá em cima e nisso, você vai
mudando de acordo a situação que passa.
DENISE: Você copiou isso de Grey's Anatomy? Sabia que direito
autoral dá em merda?
CÉSAR: Você fala como se importasse com leis.
Eles observam o desespero de Graça, que chorava do outro
lado, amparada por Lara e alguns amigos. César, Denise, Carolina e Vânia fazem
o sinal da cruz ao mesmo tempo e viram-se na intenção de deixar o local.
CÉSAR: (fala para elas enquanto passa por alguns túmulos) Acho
que vou visitar a Camila. Acordei pensando nela hoje e não me sai da mente até
agora.
VÂNIA: Eu vou com você, faz tempo que não vou até lá pra ver
como tá a situação. Vou comprar algumas flores lá fora.
Vânia escuta seu nome e o nome de César ser chamado de longe.
VÂNIA: (estranha) Tem alguém me chamando ou eu tô escutando
coisas?
DENISE: Ih gente, virou médium agora?
César escuta seu nome ser chamado.
CÉSAR: Agora sou eu que tô ouvindo meu nome…
DENISE: Pronto, ficou doido de vez, tinha que ser essa poc
chorona.
Eles se viram e percebe que a pessoa que os chamavam era Lara,
que vem em passos rápidos, com um óculos escuro no rosto.
LARA: (envergonhada) Me desculpem pela gritaria.
CÉSAR: Imagina. Eu é que me desculpo por não termos ido falar
com vocês, mas vocês estavam tão tristes que preferimos deixa-las sozinhas. Mas
eu queria prestar os meus sentimentos. O Bráulio era uma pessoa muito… muito
querida.
Carolina e Denise se olham, perplexas com a falsidade de
César.
LARA: Sim... E eu vim justamente agradecer a presença de
vocês aqui.
VÂNIA: Onde está a Graça? Vi ela com você e ela não está
aqui.
LARA: A mamãe foi pra casa, o motorista veio buscá-la. Tá muito
abatida com tudo o que aconteceu. Como eu poderia imaginar que a Teresa fosse capaz
de matar o meu irmão, logo ela que dizia amar tanto ele.
VÂNIA: Infelizmente a expressão “eu te amo” não é usada com
tanta verdade hoje em dia. E eu posso imaginar como a sua mãe está se sentindo
agora. Perder um filho é uma dor imensa.
LARA: (sem jeito) Eu não sabia senhora já perdeu um filho,
dona Vânia.
Vânia e César se olham, tensos. Lara encara os dois.
LARA: O que houve? Porque essas caras?
CÉSAR: (tenso) Tem uma coisa que você precisa saber.
LARA: Ah sim... Eu também preciso contar uma coisa pra vocês,
por isso eu vim até aqui.
CÉSAR: (estranha) Nossa... Então tá. Pode falar primeiro então.
LARA: Bem... Não é a melhor hora pra dizer isso, só que eu
venho guardando isso desde que fui viajar. (Vânia fica curiosa, Carolina e
Denise apenas escutando) Meses depois de sair do país, eu descobri que estava
grávida. Hoje eu tenho uma filha.
César surpreso.
CÉSAR: Sério? Poxa. Parabéns.
LARA: Ela é minha filha com o Rodolfo.
A expressão surpresa dele se transforma em reação de choque
total, assim como Vânia, Carolina e até mesmo Denise.
LARA: Não sei como vou contar pra ele. Pra ser sincera eu não
sei nem se vou conseguir olhar na cara dele. Aí eu queria que ele soubesse por
meio de alguém pra evitar uma confusão maior.
VÂNIA: (sem reação) Uma filha?
LARA: É... ela se chama Maria.
VÂNIA: (emocionada) Meu Deus do céu, Lara. Não sei o que te
dizer, porque...
CÉSAR: (interrompendo-a) Olha, Lara, nós ficamos tocados com
essa notícia. (T) É muito bom ter essa felicidade num momento difícil... Só que
o Rodolfo não vai poder ficar sabendo que teve uma filha com você.
LARA: Não vai me dizer que ele foi embora da cidade?
CÉSAR: Não, mas ele realmente partiu faz um tempinho. (T)
Levou alguns golpes de facada na prisão. Foi fatal.
Denise não se aguenta e começa a rir, mas logo se contém, prendendo
o riso.
DENISE: (disfarçando) Foi mal.
LARA: (chocada) O quê? Como assim? O Rodolfo preso e agora
morto?
VÂNIA: Me surpreende a sua mãe não ter te contado.
LARA: Ela ficou tão chocada com a morte do Bráulio que nem
deve ter tido cabeça pra me contar.
CÉSAR: Infelizmente, Lara. (T) É uma história muito longa,
temos muita coisa pra falar, mas isso é o que podemos dizer por agora.
LARA: (marejando) E agora? Como é que eu fico? E a minha
filha? Vai crescer sem pai?
VÂNIA: Calma, minha linda, você só tá em choque.
LARA: (marejando) Não, não. Vocês não entendem o que eu tô
dizendo. Eu decidi voltar pra cá somente por ela. Tudo bem que a morte do meu
irmão coincidiu com tudo. Mas...
CÉSAR: Lara, relaxa. Nós somos família dela também. Ela pode
crescer sem pai, mas não vai ficar sozinha. A gente te ajuda a criar ela.
Lara enxuga as lágrimas e balança a cabeça.
LARA: (tenta relaxar) Tudo bem... Eu agradeço pelo apoio. (T)
Não é à toa que o Rodolfo gostava muito mais de você que seus outros irmãos.
CÉSAR: É... no fundo eu sei que sim.
CENA 3 – BOATE ANTI/ INTERIOR/ NOITE:
Passaram-se alguns meses, a obra havia sido concluída e finalmente ocorria a
inauguração da boate. A casa estava cheia. As dançarinas em um pequeno palco
subiam e desciam no pole dance, pessoas das mais variadas condições festejavam.
Em um canto afastado, pintado de azul e rosa, apenas héteros e um nome brilhoso
indicava Cantinho da Damares. Do outro lado, LGBT's faziam a festa
requebrando ao som de Bitch Better Have My Money - Rihanna. Em uma área
VIP, César observava toda a movimentação ao lado de Denise.
DENISE: Viado, vou te dizer… Mandou bem no projeto, que lugar
foda. Eu tô apaixonada, nunca vi algo tão bonito e bem feito.
CÉSAR: (ri) Sério? Não exagera.
DENISE: É sério. Diante daquela boate lá da concorrência,
aqui é um paraíso, dá nem vontade de sair.
CÉSAR: (ri) E que tal trabalhar aqui? Aceita?
DENISE: (surpresa) O quê? Eu trabalhar nesse lugar? (César
concorda) Demorou, posso começar amanhã mesmo.
Eles dão um aperto de mão. Vânia vai chegando junto
acompanhada de um lindo rapaz, sem camisa e visivelmente embriagado.
VÂNIA: (sorrindo) Meu filhinho, que orgulho. Olha a energia
que esse ambiente traz, quanto tempo eu não sentia isso.
CÉSAR: (ri) Mãe, quem é esse?
VÂNIA: É o Matteo, um turista italiano que veio passar uns
dias na cidade e acabou esbarrando em mim lá fora. (gargalha) Ou melhor, eu
esbarrei nele.
CÉSAR: Não vai fazer besteira, hein dona Vânia? Depois não quero
ouvir você reclamar de dor nas costas.
VÂNIA: (ri) Eu já fiz, meu amor. Ah, e já avisando pra você
que mamãe tá de viagem marcada!
CÉSAR: (incrédulo) Como é? Vai pra onde?
VÂNIA: Vou aproveitar a minha vida na cama desse garotão
lindo lá em Roma, viajo depois de amanhã.
CÉSAR: (incrédulo) Sério mãe? Mas logo agora?
VÂNIA: César, me deixa, tá? Já passei muito tempo comendo o
pão que a Teresa amassou, agora eu quero mais é curtir a vida. Só se vive uma
vez! (T) Bom, agora eu vou indo. Amanhã nos falamos, meu bem. (se aproxima
dele) O beijinho da mamãe...
Ele dá um beijo no rosto dela, que vai embora em seguida. César
ainda incrédulo, balança a cabeça.
DENISE: (ri) É, pra uma coroa, ela tem um fogo da porra viu.
CÉSAR: Nem me fala...
Um garçom chega e serve duas taças de champanhe. Denise pega
uma e entrega pra ele, erguendo.
DENISE: Vamos fazer um brinde!
CÉSAR: Brinde a quê?
DENISE: (pensativa) Ao fogo no cu!
César dá de ombros e os dois brindam, virando as taças de uma
só vez e rindo de Denise, que se engasgou.
CENA 4 – PRESÍDIO/ CELA/ INTERIOR/ NOITE:
O lugar está bem arrumado. Um colchão confortável em cima da
famosa cama de pedra, uma mesa e duas cadeiras com estofado, uma televisão em
cima de uma hack pequena, um caixa de som e um frigobar. Em uma das cadeiras,
uma mulher está sentada, mexendo no celular e uma taça com champanhe. Ao lado
dela, uma detenta segurava uma bandeja.
DETENTA: Vai querer mais champanhe, senhora?
MULHER: Não, não quero. E quantas vezes eu vou ter que
repetir que é Dona Teresa, sua burra? – foco no rosto de Teresa, bem arrumada –
Vou reclamar pra chefia, já tá me estressando, porra.
DETENTA: Me desculpa, dona Teresa. Não vai mais se repetir.
TERESA: Ótimo. Agora se retire e vá terminar de preparar meu
risoto que tá na hora. Lembra de não colocar azeitona, que eu odeio e faço
questão de enfiar na sua goela.
A detenta sai apressada, colocando a garrafa de champanhe em
cima da mesa. Teresa pega o controle da TV e muda de canal repetidas vezes.
TERESA: Ai, que programação chata, não passa nada de novo…
(chamando) Neide!
Uma carcereira aparece e para na entrada da cela.
TERESA: Olha, avisa pro seu chefe que esses canais que ele
disponibilizou pelo gato que fez na TV à cabo não são bons como eu esperava. Diga
que eu quero que ele providencie novos. Não é possível que a HBO não pegue
aqui, tô perdendo minhas maratonas durante a semana toda. E outra coisa, diga
que eu não gosto dessa porcaria de Disney Channel viu? Esse lixo do caralho.
A carcereira afirma, continua calada.
TERESA: Diga também que meu celular não vai receber a
atualização pro iOS 14, ele tem que providenciar um modelo mais recente e dos
bons, nada de semi-novo fuleiro. Agora pode ir.
Teresa desbloqueia o celular, abre o Instagram, fica
pensativa por alguns instantes e pesquisa o nome de Denise. Lá ela vê uma foto
de César junto de Denise e ao fundo toda a boate. Ela sorri.
TERESA: Como é? Olha só que otária, me trocou por esse
traíra. Qual é, Denise? Me decepcionou, minha amiga. Pensei que fosse até o
fim. (T) E quanto a você, meu irmão lindo – foco no rosto de César na tela do
celular – espera que vai chegar o dia que eu ainda vou foder a sua vida até
pedir arrego. Como dizem por aí… Winter is coming, bebê.
Ela desliga a TV e liga a caixa de som, abre o Spotify e
coloca pra tocar Minha Periquita - Banda Katryna.
TERESA: Quero só ver quem mais vai se foder até o fim dessa
história, e espero que não seja eu!
Logo em seguida, se levanta e começa dançar e cantar pela
cela. Fade out.
CENA 5 – PRESÍDIO/ SALA DE VISITA/ MANHÃ:
Dia seguinte. Uma porta de ferro é aberta e Felipe sai dela
algemado com um carcereiro segurando-o pelo braço. Ele é colocado sentado numa
cadeira de frente para Evódia que já o aguardava ali.
FELIPE: (emocionado) Desculpa, mãe. Eu não consegui fazer o
que me pediu.
EVÓDIA: É, eu tô vendo.
FELIPE: Por favor, me tira daqui.
EVÓDIA: (pega nas mãos dele, que estão em cima da mesa) Não
se preocupe.
FELIPE: Contrata algum advogado pra mim. Eu não posso passar
a vida nesse lugar. A comida aqui é horrível, tem gosto de mijo misturado com
água sanitária.
EVÓDIA: Relaxa. Minha patroa vai me ajudar. Ela me deve muita
coisa.
CENA 6 – MANSÃO ALBUQUERQUE/ ESCRITÓRIO/ MANHÃ:
Graça está sentada na cadeira, concentrada olhando o
computador com vários documentos em cima da mesa. Batidas na porta.
GRAÇA: Entra.
A porta é aberta e Evódia entra, chamando a atenção da
mulher.
GRAÇA: Ah, é você?
EVÓDIA: Precisamos conversar.
GRAÇA: Não tá vendo que eu tô ocupada?
EVÓDIA: Estou, mas esse assunto é do seu interesse.
GRAÇA: Tá. Fala.
EVÓDIA: É sobre o Felipe, meu filho.
GRAÇA: (ri, debochada) Esse assunto é do meu interesse ou do
seu?
EVÓDIA: Eu não estaria rindo se fosse você. Eu quero que você
dê um jeito de tirar ele da cadeia.
GRAÇA: Tá ficando louca, Evódia? O seu filho foi cúmplice do
assassinato de um paciente no meu hospital.
EVÓDIA: Então isso quer dizer que você não vai contratar um
advogado pra tirar meu filho da prisão?
GRAÇA: É, minha querida. Agora volte pro seu serviço.
EVÓDIA: (respira fundo) Está bem. (T) A sua filha Lara perdeu
um irmão, mas ela vai adorar saber que tem outro.
Evódia vai dando as costas quando Graça se levanta num
rompante.
GRAÇA: Espera.
A empregada vira-se para ela com um sorrisinho no rosto.
EVÓDIA: Eu sabia que você ia mudar de ideia, mas não
imaginava que seria tão rápido.
GRAÇA: Eu vou fazer o que você tá pedindo. Desde que você
deixe essa língua dentro da boca, como sempre fez todos esses anos.
EVÓDIA: (dando um sorrisinho) Uma mão lava a outra.
A mulher deixa a sala, fazendo Graça suspirar, tensa.
CENA 7 – MANSÃO DE AMANDA/ SALA DE ESTAR/ TARDE:
Amanda está sentada no sofá junto com Vânia e no outro, de
frente para elas, está Graça.
GRAÇA: Eu soube que você tinha voltado pra Pedra das Flores e
eu vim correndo pedir a sua ajuda porque advogado bom nessa cidade tem vários,
mas excelente aqui só tem você.
AMANDA: Claro meu bem, pode falar.
GRAÇA: Preciso que me ajude a tirar o filho da minha
empregada da cadeia.
VÂNIA: Sem querer me meter, mas já me metendo, que empregada
é essa?
GRAÇA: A Evódia.
VÂNIA: Esse filho dela não é o Felipe, é?
GRAÇA: Você conhece?
VÂNIA: Infelizmente.
AMANDA: Gente.
GRAÇA: (p/ Vânia) Sinto muito por isso.
AMANDA: Agora você quer que eu o tire da cadeia?
GRAÇA: Quero.
Amanda olha para Vânia e depois olha pra Graça.
AMANDA: Desculpa Graça, mas acho que não posso fazer isso.
GRAÇA: Eu pago até cem mil dólares pra você tirar ele da
cadeia.
AMANDA: Tudo bem, eu faço.
VÂNIA: (incrédula) Amanda, você vai tirar esse delinquente da
cadeia?
AMANDA: Ué. Pagando bem, que mal tem?
GRAÇA: (se levanta) Obrigada meu bem, eu sabia que podia
contar com a sua ajuda.
Elas duas se cumprimentam com dois beijinhos no rosto e
depois disso, Graça vai embora.
VÂNIA: (nervosa) Eu não acredito que você vai tirar esse
homem da prisão por cem mil dólares.
AMANDA: Meu amor, você acha que eu sou uma advogada rica
porque sou honesta? E outra, eu tenho uma dívida antiga com essa mulher.
VÂNIA: Não me diga que vocês eram amigas.
AMANDA: Quase isso.
VÂNIA: (em choque) Amanda... vocês eram namoradas?
AMANDA: Eu não sou lésbica, Vânia.
VÂNIA: Então que ligação você tem com a Graça?
AMANDA: Não é com ela. É com o ex-marido dela.
VÂNIA: (chocada) Como é que é?
Amanda respira fundo antes de falar.
AMANDA: O Vicente... ele é meu filho com o ex-marido dela.
Vânia fica boquiaberta.
VÂNIA: Então... o Vicente é...
AMANDA: É. Ele é meio-irmão dos filhos dela.
Vânia fica em choque.
(Continua...)
(brincadeira kkkk)
CENA 8 – HOSPITAL ALBUQUERQUE/ QUARTO DE MANUELA/ TARDE:
10 anos depois. Manuela ainda está dormindo, César e Vânia estão ao seu
lado. Ele com uma aparência mais velha, com mais barba e usando um par de
óculos. Vânia está praticamente a mesma coisa de sempre porque dorme no formol.
VÂNIA: Dez anos se passaram. (p/ César) Eu já perdi as
esperanças, meu filho.
César conforta a mãe com um abraço, e nesse mesmo instante,
as pálpebras de Manuela começam a se mexer. Ela começa a acordar aos poucos. Vê
os dois se abraçarem e tenta pronunciar alguma palavra. César e Vânia se
afastam ao perceber que Manuela acordou, eles se emocionam.
VÂNIA: (emocionada) Não acredito. (pega na mão dela) Filha...
sou eu... mamãe.
César faz carinho no rosto dela, enquanto derrama lágrimas,
bastante emocionado.
CÉSAR: (sorri) Você acordou, meu amor.
Manuela olha para eles, confusa.
VÂNIA: Filha... (T) Consegue falar alguma coisa? (T) Consegue
nos ouvir?
César e Vânia olham para ela, aguardando alguma reação.
MANUELA: (confusa) Quem são vocês?
César e Vânia se entreolham, impactados. Em seguida encaram
Manuela, em choque.
(Agora sim.
Continua...
Ou não...)
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