Más Intenções - 02x03
quinta-feira, setembro 17, 2020
Capítulo 15
“Espyonahji”
Criação
Megan Clarke
Roteiro
Megan Clarke e Isabela Ágata
Megan Clarke
Roteiro
Megan Clarke e Isabela Ágata
Personagens vivos:
César - Chay Suede
Teresa - Manoela Aliperti
Rodolfo - Bruno Guedes
Vânia - Adriana Esteves
Carolina - Gabz
Bráulio - Humberto Carrão
Vicente - Igor Fernandez
Felipe - Sérgio Malheiros
Evódia - Cláudia Raia
Flávio - Klebber Toledo
Personagem morto-vivo:
Manuela - Giovanna Lancellotti
Personagem morto:
Já tá no inferno
Figurante com fala:
Zilda - Não escalei, preguiça
Esquecida no churrasco:
CENA 1 – CASA DE VÂNIA / SALA /
TARDE:
César vem da cozinha com uma xícara de café,
entregando para Carolina, que está sentada em uma das cadeiras da mesa de
jantar.
CAROLINA: Vem cá, esse café não foi a Vânia que
fez né?
CÉSAR: Não, pode ficar tranquila.
CAROLINA: Ótimo. De água sanitária já basta as
que vendem nos mercados. (começa a beber).
César senta-se no sofá, pensativo.
CAROLINA: Já sabe o que vai fazer com a
gravação?
CÉSAR: Tô pensando.
CAROLINA: Não pensa demais não porque você sabe
como o Rodolfo e a Teresa são. Quando a gente tá indo, eles já estão voltando.
CÉSAR: Não dessa vez. E se for pra fazer merda,
que pelo menos seja uma merda bem feita.
Alguém bate na porta. César levanta-se para
abrir. Foco em Carolina que continua tomando seu café.
CÉSAR: (off) Flávio?
FLÁVIO: (off) E aí, eu passei aqui ontem, mas
não tinha ninguém em casa.
Flávio vai entrando, olha pra Carolina.
FLÁVIO: Boa tarde.
CAROLINA: (dá um sorrisinho) Boa.
CÉSAR: (p/ele) A gente tinha dado uma saída. (T)
Essa é Carolina, minha irmã. (Flávio e Carolina se cumprimentam/ César fala
p/Carolina) Esse é Flávio, meu cunhado... (se corrige) Ex-cunhado, melhor
dizendo.
FLÁVIO: Ex-cunhado e irmão de coração.
CÉSAR: (sorri) Senta aí, Flávio. Me conta como é
que andam as coisas. Você quer um café?
FLÁVIO: Não, valeu, eu parei de tomar tem uns
três meses pra ver se resolvia a minha crise de ansiedade.
CAROLINA: Fez bem, viu. (cínica) Café é um
veneno.
CÉSAR: Mas você tá bem mesmo né?
FLÁVIO: (solta um riso) Tô sim.
CÉSAR: E os negócios lá no bar?
FLÁVIO: Sua mãe não contou que o bar faliu?
CÉSAR: (surpreso) Sério?
FLÁVIO: Infelizmente. Mas o bom é que agora eu
vou abrir um negócio novo com seu irmão.
CÉSAR: (surpreso) É mesmo?
FLÁVIO: É. Ele comprou uma parte do bar e
viramos sócios. Ele vai entrar com uma grana aí pra construção de uma boate no
lugar onde era o bar. Inclusive, as obras já começam amanhã.
CÉSAR: Que notícia mais interessante...
César e Carolina surpresos, se olham
discretamente. O celular de César começa a tocar.
CÉSAR: (olhando o visor) Bráulio... (atende)
Fala, Bráulio.
CENA 2 – HOSPITAL ALBUQUERQUE /
QUARTO MANUELA / TARDE:
Vânia no quarto. Manuela na cama, dormindo
serenamente. Bráulio entra no quarto.
VÂNIA: (sorri) Oi Bráulio.
BRÁULIO: Tudo bom, dona Vânia?
VÂNIA: Mais ou menos. Difícil ver minha filha
assim nesse estado, em coma, sem viver a vida dela. E você? Tá sempre aqui
nesse hospital... vai pra casa, descansar, ficar com o seu filho.
BRÁULIO: Eu não posso, tô tendo que segurar as
pontas aqui depois que minha mãe resolveu viajar pro exterior. (T) Eu estava
falando com o César agora.
VÂNIA: (surpresa) Foi?
BRÁULIO: A gente teve um pequeno desentendimento
mais cedo, liguei pra pedir desculpas, a gente sempre se deu tão bem né. (T) Eu
tô até pensando em dar um emprego pra ele, contratar ele como babá do meu
filho. Ele tem um jeito com o Cassiano. Parece até que... (ri) sei lá.
VÂNIA: Faz isso mesmo, acho que vai ser ótimo
pros dois. Mas vem cá, por que vocês dois se desentenderam?
BRÁULIO: É uma coisa que eu já ia contar pra
senhora. Aquele motorista que estava dirigindo no dia do casamento. Ele acordou
do coma e confirmou que os freios do carro não estavam funcionando.
VÂNIA: (chocada) Alguém sabotou o carro pra
matar a minha filha?
BRÁULIO: É. E o César desconfia da Teresa.
Close em Vânia, em choque.
CENA 3 – MANSÃO DOS BOAVENTURA /
ESCRITÓRIO / TARDE:
Rodolfo concentrado, mexendo no notebook, ao
mesmo tempo em que analisa alguns papéis. A porta se abre.
TERESA: (entrando) Chegou pra você.
Ela joga algumas correspondências em cima da
mesa. Rodolfo pega e começa a abrir uma por uma, lendo-as.
RODOLFO: (reclama) Contas... contas... CONTAS.
(levanta-se) Não aguento mais esse inferno. A vontade que eu tenho é de pegar
uma faca e me matar.
TERESA: É, meu filho. Abrir um negócio custa
caro, literalmente. A gente gasta todas as energias.
RODOLFO: Vem cá, onde é que eu tava com a cabeça
quando resolvi comprar aquele bar hein? Ai não, pelo amor de Deus. Não suporto
mais tanta coisa pra fazer, pra resolver...
TERESA: Ainda tem essas contas aí pra pagar né?
E o salário das pessoas que você contratou pra fazer o serviço da obra.
RODOLFO: Ah não, pelo amor de Deus, (aponta pros
documentos) resolve essas coisas aí pra mim, tô de saco cheio dessa merda toda.
TERESA: Eu hein, contrata uma secretária.
RODOLFO: E você é o quê?
TERESA: Sua sócia! Muito diferente.
RODOLFO: Sócia que só come e caga né?
TERESA: Para de reclamar. Vê se relaxa esse cu.
RODOLFO: Vou relaxar sim... Agora!
Ele então pega o celular e liga para alguém.
CENA 4 – MANSÃO ALBUQUERQUE / SALA
DE JANTAR / COZINHA / TARDE:
César vem com o bebê no canguru em direção a
cozinha. Ele começa a ouvir umas vozes, duas pessoas conversando, a empregada
Evódia e mais alguém.
César coloca o bico no bebê para ele fazer
silêncio e fica encostado na parede, ao lado da porta de vidro da cozinha.
Coloca o olho bem devagar no vidro e percebe que é Felipe (enfermeiro do
hospital Albuquerque e amigo de Rodolfo) quem está conversando com a empregada.
EVÓDIA: Quem era no telefone?
FELIPE: Rodolfo. Tá querendo que eu vá lá amanhã
entregar um pacote pra ele.
EVÓDIA: Felipe, já tô cansada de falar pra você
não se meter com esse Rodolfo. Ele enganou a filha da dona Graça, quase se
casou com ela pra dar um golpe. Esse cara é perigoso.
FELIPE: Fica tranquila. É mais perigoso pro
Rodolfo se meter comigo do que o contrário.
Close no olhar de César, que estranha.
CENA 5 – MANSÃO ALBUQUERQUE /
CORREDOR / TARDE:
Carolina mexendo no celular com um sorriso no
rosto. Ela dá de cara com César, que acabara de subir as escadas.
CÉSAR: Vem cá, esse Felipe que trabalha no
hospital. Ele é amigo do Rodolfo né?
CAROLINA: É, porquê?
CÉSAR: Eu acabei de ver ele. Tá lá embaixo na
cozinha.
CAROLINA: Gente? O que ele tá fazendo aqui?
CÉSAR: Sei lá, conversando com a Evódia. Os dois
se falando de um jeito como se fossem íntimos. Não sei, achei estranho esse
negócio aí. Ela falando pra ele não se meter com o Rodolfo, que sei lá o quê.
CAROLINA: Devem ser namorados.
CÉSAR: (estranha) Mas a Evódia trazendo namorado
pra cá? Na idade dela?
CAROLINA: Vai saber né César? Se dona Graça fica
sabendo de uma merda dessas...
Carolina entra no quarto e deixa César sozinho,
desconfiado.
CENA 6 – PEDRA DAS FLORES / NOITE:
Anoitece na cidade.
CENA 7 – CASA DE VÂNIA / SALA /
NOITE:
César usando uma camisa moletom cinza, ajuda a
colocar as coisas do jantar na mesa. Vânia vem da cozinha.
VÂNIA: O Bráulio comentou comigo hoje sobre o
tal motorista que estava dirigindo o carro no dia do acidente da Manuela. Ele
falou que vocês dois brigaram porque você desconfiou da Teresa.
CÉSAR: Desconfiei não. Eu desconfio da Teresa!
VÂNIA: Eu também.
CÉSAR: Sério?
VÂNIA: Claro. A Teresa ficou puta da vida quando
descobriu que a Manuela tinha roubado o Bráulio dela. Mas ela não armou aquele
acidente pra deixar a Manuela em coma não, aquilo foi pra matar mesmo.
CÉSAR: Pois é, foi isso que eu falei pro
Bráulio, mas ele espumou né? Fazer o quê.
VÂNIA: Bráulio é uma anta. E quer saber mais? Se
foi mesmo a Teresa né, porque a gente não tem provas... eu acho que ela não fez
sozinha não.
CÉSAR: Você acha?
VÂNIA: Aquela ali nunca teve capacidade pra
fazer as coisas sozinhas, ela teve ajuda de alguém, tenho certeza disso. (T) E
vem cá. Essa gravação que você me mostrou. Vai fazer o quê agora?
CÉSAR: Tô com um pouco de dúvida do que eu ainda
vou fazer. Você acredita que lá na casa do Bráulio ouvi uma conversa da
empregada com o Felipe? Ele dizendo que vai entregar um pacote pro Rodolfo
amanhã... com certeza é alguma droga. Quem me garante que esse Felipe não é
cúmplice do Rodolfo? E se ele ajudou o Rodolfo a ocultar o crime do cara que
atirou em mim lá no bar?
VÂNIA: Ou então ajudou o Rodolfo até mesmo em
coisa pior, vai saber. (T) Peraí César, eu tive uma ideia aqui... Porque você
não pede ajuda pra Zilda?
CÉSAR: Que Zilda? Aquela empregada lá da mansão?
VÂNIA: É, você não disse que esse Felipe vai
encontrar o Rodolfo amanhã? Vê se ela não descobre alguma coisa pra você?!...
CENA 8 – MANSÃO DOS BOAVENTURA /
SALA / NOITE:
Rodolfo e Teresa jogam baralho enquanto
conversam.
TERESA: Eu estava pensando na Camila hoje.
(sorri) A gente já se divertiu tanto nessa vida... (T) Quem diria que um dia
ela seria minha cunhada. (joga uma carta) Se eu soubesse que teria tão pouco
tempo até ela partir, teria aproveitado melhor a companhia dela.
RODOLFO: Normal sentir falta da sua amiga, mas
não fica pensando muito nessas coisas não, senão vai acabar que nem o César.
TERESA: Eu acho que até entendo ele. O César
amava a Camila. (pensativa) Se eu soubesse que ele iria tentar se matar eu
nunca teria mandado trocar aqueles bebês.
RODOLFO: Ah, eu não tô acreditando Teresa. Eu
não acredito que você tá arrependida de ter se vingado do César.
TERESA: Arrependida eu não tô é de ter me
vingado da Manuela. É diferente. Agora do César... Sei lá. Se eu pudesse, eu
contava pra ele toda a verdade, pelo menos ia minimizar o sofrimento dele,
coitado.
RODOLFO: Você não é louca de fazer uma coisa
dessas. Teresa, se o César descobre que o Cassiano é filho dele, a nossa vida
vai virar um inferno, e a última coisa que eu quero pra mim agora é problema.
Pelo amor de Deus.
TERESA: Tem um jeito dele descobrir sem saber
que foi a gente. O César não vai saber nunca que a gente mandou o Felipe fazer
a troca dos bebês. É só a gente mandar um recado anônimo contando, sei lá. Ele
faz o exame de DNA e fica com a criança pra ele. Simples.
RODOLFO: Você tá louca. (joga as cartas na mesa)
Cansei, eu não tô mais com clima pra jogo.
Ele se levanta. Teresa fica pensativa.
CENA 9 – CARRO CAROLINA / MANHÃ:
Dia seguinte. Carro estacionado em frente a
mansão Boaventura. Carolina no volante e César no banco do carona. Cassiano no
bebê conforto no banco de trás. Os dois observam a fachada da mansão, ambos com
os vidros fechados.
CAROLINA: Vou te falar César, eu achei uma bela
duma sacanagem a forma como o Bráulio tratou você.
CÉSAR: Esquece isso, são águas passadas, a gente
já se entendeu.
CAROLINA: Tem certeza?
CÉSAR: Fica fria.
Eles veem Zilda, a empregada
acho-que-ex-figurante sair da mansão carregando dois sacos pretos de lixo.
CÉSAR: Vou lá.
Ele sai do carro e anda até a mulher.
CÉSAR: (se aproxima) Zilda.
ZILDA: (chocada) César? É você mesmo?
Eles se abraçam.
ZILDA: Meu querido, quanto tempo. (se afastam)
Olha só pra você, como mudou.
CÉSAR: Eu tô muito feliz em te ver Zilda, tá bem
disposta você.
ZILDA: (ri) Para com isso. Você é que tá ótimo,
tá bonitão.
CÉSAR: Não fala assim que eu fico sem jeito.
ZILDA: (empolgada) Por que você não entra? Eu
fiz aquele bolo de limão que eu sempre fiz e você gostava tanto.
CÉSAR: Ah, eu adoraria, mas é que tem o Rodolfo
e a Teresa aí dentro, eu não me dou muito bem com eles... sabe como é.
ZILDA: (respira fundo) Eu entendo meu filho,
duas bombas de Chernobyl.
CÉSAR: Pois é, mas vem cá, (pretensioso) aquele
amigo do Rodolfo, o tal Felipe.
ZILDA: Sim, o médico, enfermeiro, traficante,
sei lá o que ele é.
CÉSAR: (cont.) Eu soube que ele vem aqui hoje.
Se não for pedir demais eu queria um favor seu.
ZILDA: Claro meu anjo, pode pedir o que quiser.
CÉSAR: Eu queria que você registrasse pra mim
tudo sobre esse encontro dos dois. Por favor, Zilda, é muito importante pra
mim.
ZILDA: Claro. Me passa o seu contato.
CENA 10 – HOSPITAL ALBUQUERQUE /
QUARTO DE MANUELA / TARDE:
Teresa entra no local, olha para Manuela
dormindo serenamente. Ela se aproxima da irmã e a olha com desprezo.
TERESA: É impressionante como você não morreu.
Mesmo depois de ter capotado aquele carro sabe-se lá quantas vezes...
Close em Manuela, dormindo.
BRÁULIO: (off) Teresa?
Teresa se assusta e vira-se. Vê Bráulio parado
na porta do quarto.
TERESA: (com a mão no peito) Que susto, Bráulio.
BRÁULIO: O que você tá fazendo aqui?
TERESA: Eu vim ver a Manuela, tadinha. Mesmo com
as nossas brigas, ela continua sendo a minha irmã, eu não poderia deixar de
vir.
BRÁULIO: (sorri) Que bom. (sentido) Sempre soube
que no fundo você tem coração.
TERESA: Mas e você? Como tá com o bebê e tudo
mais?
BRÁULIO: (suspira) Difícil, mas o César tá me
ajudando. Não sei se já sabe, mas eu o contratei pra ser babá do Cassiano.
TERESA: (chocada) Sério?
BRÁULIO: O que foi? Você ficou estranha de
repente.
TERESA: (disfarça) Impressão sua. (T) Mas você
tá muito abatido, Bráulio. Vamos na lanchonete comer alguma coisa.
BRÁULIO: (sorri) Tá bem. Vamos.
Teresa vai até Manuela e lhe dá um beijo na
testa. Logo em seguida, os dois saem. Close em Manuela dormindo.
CENA 11 – PEDRA DAS FLORES / OBRA
EM CONSTRUÇÃO / MANSÃO BOAVENTURA/ SALA / TARDE:
Pedreiros trabalhando na construção da boate,
onde era localizado o antigo bar de Flávio. O celular de Rodolfo toca enquanto
ele observava tudo. Ele atende.
RODOLFO: Alô?
ZILDA: Seu Rodolfo, aquele seu amigo tá
aqui.
RODOLFO: Droga, já tinha esquecido disso. Fala
que eu já tô indo.
Rodolfo desliga e vai até Flávio.
RODOLFO: Vou ter que dar um pulo em casa.
FLÁVIO: Pode ir, eu seguro as pontas aqui.
CENA 12 – MANSÃO DOS BOAVENTURA /
ESCRITÓRIO / TARDE:
Felipe entra no escritório, seguido de Rodolfo.
RODOLFO: Zilda, por favor, traz dois sucos de
laranja.
ZILDA: Sim senhor.
Ela sai. Rodolfo fecha a porta e senta-se na
cadeira atrás da mesa.
RODOLFO: Ainda bem que você veio logo. Eu tô
precisando muito relaxar, ando tão estressado que você nem imagina.
FELIPE: Problemas?
RODOLFO: Vários, parece que eu respiro
problemas. Inclusive eu tô com um agora que envolve até você no meio.
FELIPE: Ah não. Vai me dizer que alguém
descobriu que eu te vendo/
RODOLFO: (corta) Não é nada disso. A Teresa tá
arrependida de ter trocado os bebês. Ela está pensando em contar toda a verdade
pro César.
FELIPE: (coloca a mão na cabeça) Cara... isso
não pode acontecer.
RODOLFO: Já pensou no problema que vai dar? A
gente vai ter que fazer alguma coisa. Ah, tive uma ideia. Chama ela pra sair.
Vai criando uma intimidade com ela, sei lá. Tenta fazer ela tirar essa ideia
maluca da cabeça.
FELIPE: Pode deixar comigo.
Batidas na porta. Zilda entra com uma bandeja de
sucos. Ela serve os dois copos pros dois.
FELIPE: Obrigado.
ZILDA: Com licença.
Ela deixa o local, mas mantém a porta recostada
de uma forma que pareça estar fechada.
RODOLFO: Enfim, vamos ao que interessa agora.
Felipe então mostra pra ele o pacote de heroína,
Rodolfo sorri, seus olhos brilham ao olhar para a droga. Rodolfo pega o pacote
das mãos de Felipe e entrega um envelope com dinheiro dentro para ele.
RODOLFO: (balançando o pacote) Sempre soube que
podia contar com você.
FELIPE: Sempre. Tô aqui pra qualquer coisa, você
sabe né? Se até pra ajudar a matar o teu pai eu servi, por que não serviria pra
entregar o pacotinho?!
RODOLFO: Não fala sobre isso por aí também, hein
merda.
FELIPE: (ri) Mas vamos combinar que o que você
fez foi errado né?
RODOLFO: Eu matei meu pai sim, mas por
necessidade, você sabe disso. Nunca me deu o que era meu por direito, tinha que
morrer mesmo. Só assim pra eu ter tudo o que eu tenho agora. E se quer saber?
Injetar a sopa na veia dele foi pouco. Pouco perto do que ele realmente
merecia.
Corta para Zilda que está do lado de fora,
ouvindo tudo chocada. Close no visor do celular nas mãos dela, mostrando que
ela acabou de gravar a conversa.
CENA 13 – MANSÃO DE AMANDA /
QUARTO DE VICENTE / TARDE:
Vicente deitado na cama, com o celular no
ouvido.
VICENTE: Tô ligando porque fiquei preocupado com
você.
CÉSAR: (off) Preocupado comigo é? (ri) Olha só.
VICENTE: Ué, você ficou de um jeito naquele dia
no shopping.
CÉSAR: (off) Eu sei. Sinto muito por ter
preocupado você, mas relaxa que agora já tá tudo bem.
VICENTE: Então tá. Olha, a Denise vai sair agora
de noite, minha mãe também. Eu não vou ter nada pra fazer, você não quer jantar
aqui em casa hoje? Aí você se distrai um pouquinho, sei lá.
CÉSAR: (off) Claro. (ri) Eu vou sim.
VICENTE: (sorri) Certo. Tô te esperando.
CENA 14 – MANSÃO ALBUQUERQUE /
QUARTO DO BEBÊ / TARDE:
César desliga e olha o celular.
Close no visor: notificação de nova mensagem de
Zilda no WhatsApp. Ele desbloqueia a tela e vê que é um áudio de 24 segundos,
dando o play em seguida.
Gravação:
RODOLFO: (off) Eu matei meu pai sim, mas por
necessidade, você sabe disso. Nunca me deu o que era meu por direito, tinha que
morrer mesmo. Só assim pra eu ter tudo o que eu tenho agora. E se quer saber?
Injetar a sopa na veia dele foi pouco. Pouco perto do que ele realmente
merecia.
Fim
da gravação.
Close
na expressão dele, em choque.
CENA 15 – CASA DE VÂNIA / SALA /
NOITE:
Já em casa, César conversa com Vânia.
VÂNIA: César, isso é real mesmo? O Rodolfo matou
o Genésio?
CÉSAR: Eu tô falando pra você, mãe. Você mesma
ouviu ele confessar aí nessa gravação. (T) Não bastasse tudo o que o Rodolfo
fez comigo, ele ainda matou o papai pra herdar toda a fortuna.
VÂNIA: Fortuna essa que era pra ser sua. Você
mesmo me disse que a Carolina te falou que o Genésio te colocou como sucessor
dele.
CÉSAR: (corrigindo-a) Sucessor da Teresa e do
Rodolfo, dona Vânia.
VÂNIA: Ah, que seja. Mas o Rodolfo vai perder
tudo. Você sabe né? Se ele for preso, a justiça vai banir ele da sucessão dos
bens.
CÉSAR: (pensativo) Eu preciso fazer uma coisa.
CENA 16 – HOSPITAL ALBUQUERQUE /
ESTACIONAMENTO / NOITE:
Teresa vêm saindo do hospital, quando César a
pega pelo braço.
TERESA: (assusta-se) O que é isso? (vê que é
ele) César?
CÉSAR: Eu tenho uma coisa muito séria pra falar
com você. Envolve o nosso pai.
A expressão de Teresa se transforma, ela fica
extremamente séria.
CENA 17 – CARRO DE TERESA / NOITE:
Teresa no volante, César do lado dela. Ela com o
celular dele na mão.
RODOLFO: (off) Eu matei meu pai sim, mas por
necessidade, você sabe disso. Nunca me deu o que era meu por direito, tinha que
morrer mesmo. Só assim pra eu ter tudo o que eu tenho agora. E se quer saber?
Injetar a sopa na veia dele foi pouco. Pouco perto do que ele realmente
merecia.
TERESA: (chocada) O que significa isso?
CÉSAR: Você é tão esperta, ainda pergunta?
TERESA: (impactada) Eu não acredito... Eu fui
enganada.
CÉSAR: (ironiza) Ou nem tão esperta assim.
TERESA: (esbraveja) Eu vou matar o Rodolfo. Eu
vou acabar com aquele desgraçado. Ele vai pagar por tudo o que ele fez.
CÉSAR: Calminha aí. Não banca a justiceira agora
não porque você é tão criminosa quanto ele.
TERESA: De que merda você tá falando?
CÉSAR: Eu já sei toda a verdade sobre o assalto
que vocês dois forjaram no bar, sei também toda a verdade sobre o tiro que eu
levei nesse assalto e que o Rodolfo matou o homem que vocês contrataram pra
fazer o serviço.
TERESA: (gagueja) Co-como é que... como é que
você descobriu isso?
CÉSAR: Não interessa. Eu não vim aqui pra ficar
de lorota com você. Eu vou ser direto. Eu te ajudo a acabar com o Rodolfo se
você me ajudar.
TERESA: (temerosa) E o que é que você quer?
Close no olhar dele, decidido.
CÉSAR: Eu quero que você faça o Rodolfo passar a
boate pro meu nome.
(Continua...)
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