Castelo de Vidro - Capítulo 04
quinta-feira, setembro 24, 2020
Castelo de Vidro
NOVELA DE
Gabriel Malifer
COLABORAÇÃO
Gabriel Pretto
Ivette Dorleak
AUTORIZAÇÃO
Web Novelas Channel
Capítulo 04 - Doces Mentiras
O CONTEÚDO ABAIXO NÃO É RECOMENDADO PARA MENORES DE 12 ANOS. CONTÉM LINGUAGEM IMPRÓPRIA, CONTEÚDO SEXUAL E VIOLÊNCIA
CENA 01/COLÉGIO MARANHÃO/PÁTIO/INTERIOR/DIA
Laila, ao perceber a presença da sua irmã vindo acompanhada da de Alice, resolve pensar em alguma estratégia para que elas não acabem se colidindo.
Laila (nervosa): Err… Amiga, eu vou ter que ir no banheiro, sabe por conta daquilo…
Alice: Ai meu Deus! Então corre!
Laila sai correndo para um canto escondido, Alice estranha mas resolve acreditar que a amiga estar a falar a verdade. Alice cruza com Nina e Nana.
Alice: Nina! (Olhava para Nana) Amiguinha nova sua?
As meninas começam a conversar, bastante animadas, se conhecendo. Ao fundo, Laila fica observando, suspirando aliviada por ter conseguido fugir.
CENA 02/NEW YORK/APT. JONES/ QUARTO SARA/INTERIOR/DIA
Sara está deitada sobre a cama, abraçada a um urso de pelúcia. Brian e Regina entram calmamente ao quarto, e aos poucos vão sentando na cama da filha. Essa que se levanta e os encara. Regina resolve iniciar uma conversa sincera ao lado de Brian, para que consigam a compreensão da filha. Focamos no relógio do quarto e vemos o tempo passando. Em seguida, o foco volta para a cama e eles finalizam a conversa. Sara olha no olho deles.
Sara: I accept…
Os olhos da menina brilham, lágrimas estavam sendo seguradas. Brian e Regina suspiram aliviados e sorriem, logo após, eles sorriem e propõe um abraço coletivo. Por fim, os três se jogam sobre a cama e brincam um com o outro.
CENA 03/MORRO DO SOL/CANTINHO DA MAURA/INTERIOR/DIA
Sobral e Januário estão comendo queijo quente no restaurante. Eles apreciam o aperitivo alegremente enquanto discutem sobre alguns resultados de futebol e notícias do mundo atual. Enquanto os dois comem, Socorro os observa do balcão com uma cara nada satisfeita. Quando os dois terminam de comer, eles se levantam, tiram do bolso 30 reais para pagar a conta, vão até o balcão em frente de Socorro e colocam as 3 cédulas de 10 reais na frente dela.
Januário (debochado): Toma aqui a gorjeta, Rosa Palmeirão. Tá bravinha hoje, em? Se quiser um sessão privada para relaxar, vai lá na minha casa essa noite…
Sobral (tirando sarro): Ih! Cuidado, Januário! Isso não é jeito de tratar uma dama. Ainda mais essa mulher vulcão ai. Vai que ela te tira um pedaço.
Os dois riem e se dirigem até a saída. A câmera foca no rosto irritado de Socorro. Furiosa, ela sai de trás do balcão, se enfia na frente dos dois e agarra o braço de Sobral.
Socorro (furiosa): Você só sai daqui quando disser exatamente o que vocês tavam fazendo com o Carlinhos!
Sobral (surpreso): M...minha senhora…
Socorro (interrompendo): ‘’Senhora’’ é uma banana! Se você pensa que vai levar um garoto tão doce como o Carlinhos pro mundo do crime, você tá redondamente enganado. E não me provoque!
Sobral (ameaçador): Olha aqui, sua mulherzinha. Eu acho melhor a senhora mudar o tom pra falar comigo! Você tá achando que tá lidando com quem? Com a cortesã que te colocou no mundo!? Você tem algum ideia do que eu sou capaz? Não? Se não sabe, eu te mostro!
Socorro (revoltada): Cala essa boca! Eu acho que é você que tá precisando experimentar um gostinho do que eu sou capaz! E é agorinha mesmo que tu vai sentir esse dissabor na boca. Ou melhor, na pele!
Com toda a sua força, Socorro começa a beliscar o braço de sobral com suas unhas. O líder da facção mais poderosa do Morro do Sol começa a gemer de dor.
Sobral (em dor): Ai! Me solta sua felina!
Maura, ouvindo os gritos de Sobral, corre para ver o que está acontecendo. Chegando lá, ela se depara com sua amiga beliscando o braço do traficante. Maura corre para tirar Socorro de cima dele. Ela consegue e a segura. Socorro começa a berrar para Sobral, que tenta revidar mais é contido por Januário. Os dois olham com repúdio Socorro e saem às pressas do restaurante.
Maura (segurando Socorro): Socorro, por favor. Você deve estar equivocada. Devia ser outro garoto. O Carlinhos é um garoto inteligente. Eu tenho certeza que ele não falaria com essa gente.
Socorro consegue se soltar e olha para Maura.
Socorro (nervosa): Mas Maura! Eu tenho certeza que era Carlinhos. E eles com certeza deviam estar incentivando ele a entrar para aquela vidinha indigna de marginal que eles têm! Eles não podem fazer isso com um jovem feito o Carlinhos! Não podem! Eu não vou deixar eles fazerem isso!
Socorro se senta em uma mesa para se acalmar. Maura a olha com um olhar preocupado.
CENA 04/REAL BRASIL/SALA DE ANA MARIA/INTERIOR/DIA
Ana Maria, Fortunato, Elisa e Roberto estão em torno da bancada de Ana. Ela e Fortunato estão sentados um em frente ao outro. Elisa e Roberto estão ao lado de Fortunato e Ana respectivamente. Fortunato ajusta sua gravata e bate duas palmas.
Fortunato (sorridente): Muito bem! Acho que estamos pronto para começar essa agradável conversa entre irmão e irmã sobre o bem mais precioso de suas vidas trabalhistas.
Ana faz uma cara feia para Fortunato.
Ana Maria (controladora): Sim...está tudo pronto. Mas antes de nós começarmos a dialogar, eu vou pedir a Elisa e ao Roberto que saiam da sala.
Fortunato revira os olhos. Elisa e Roberto ficam surpresos com a fala de Ana Maria.
Roberto: Meu amor...você tem certeza que nã-
Ana Maria (irritada): Eu não gosto que questionem os meus posicionamentos, ainda mais que eu sou a dona dessa multinacional! Minha paciência já está curta com você, Roberto. Agora trate de me obedecer e sair dessa sala! São assuntos confidenciais que serão tratados aqui!
Roberto engole seco com a ameaça de sua esposa. Ele e Elisa obedecem às ordens da dona da Real Brasil e se retiram da sala apressados. Elisa fecha a porta quando sai. Fortunato e Ana ficam sozinhos. Eles se entreolham de forma ameaçadora.
Ana Maria (séria): Agora que nós estamos sozinhos aqui, você pode começar a destilar as suas calúnias. Me diga quais são as suas intenções com a Real Brasil. E se você pensa que vai tirar um centavo da minha empresa, fiq-
Fortunato (interrompendo em um tom debochado): Opa, opa, opa! Você disse ‘’minha empresa’’? Ué, Aninha? Que estranho você usar essas palavras para se referir a Real Brasil. Ontem de noite, naquele seu áudio, você também usou esses termos. Mas quando eu vim aqui te visitar, você disse que a empresa era do nosso pai. Mudou de idéia?
Ana Maria (controladora): Você cala a sua boca com essa sua inveja porque quem é autoridade máxima aqui dentro sou eu. E esse não é o assunto em pauta aqui neste momento. O que está em pauta é o seus interesses com a Real Brasil.
Fortunato franze a testa.
Fortunato (incomodado): Tudo bem. A minha principal intenção com a Real Brasil é tornar as ações da empresa e todas as suas políticas mais honestas. Quero destruir com todas as medidas corruptas impostas pela atual dona. Papai não gostaria de saber que a multinacional na qual ele deu o sangue para manter esta caindo nas graças da corrupção. Você não acha, maninha?
Ana engole seco.
CENA 05/REAL BRASIL/CORREDORES/INTERIOR/DIA
Helena está carregando alguns papéis para a sala de Renata. Ela está sorridente e otimista com seu primeiro dia de trabalho. Neidinha passa por ela no corredor e percebe Helena. Ainda preocupada com o incidente entre ela e Lucas, ela a chama para conversar.
Neidinha: Senhorita Helena?
Helena para e olha para Neidinha.
Helena (sorridente): Sim?
Neidinha: Preciso conversar com você. É rapidinho.
Helena (curiosa): Pode falar.
Neidinha se aproxima de Helena.
Neidinha: Primeiramente, gostaria de dizer que você não está em nenhuma encrenca no momento. Então não se preocupe com isso. Olha, eu fiquei sabendo do que aconteceu entre você e o Lucas essa manhã. Você não precisa se explicar. Analisei as câmeras de segurança e percebi que ele te atacou e que você fez isso em legítima defesa. Mas eu preciso pedir que não faça nada parecido novamente contra o Lucas. Você sabe que ele é o filho da dona da empresa. não é?
Helena gela de cima a baixo e arregala os olhos.
Neidinha continua a caminhar pelo corredor e sorri para Helena, como uma forma de dizer que ela está fazendo um bom trabalho. Helena continua a caminhar em direção a sala de Renata com um rosto um pouco preocupado.
CENA 06/REAL BRASIL/SALA DE ANA MARIA/INTERIOR/DIA
Ana Maria e Fortunato ainda estão conversa sobre os interesses do homem com a Real Brasil. Ana está chocada pelo o que o seu irmão acabou de dizer sobre saber suas condutas corruptas dentro da empresa.
Ana Maria: Do que você está falando?
Fortunato (ameaçador): Não se faça de sonsa comigo, Ana Maria. Você muito bem do que eu estou falando.
Ana Maria (chocada): Como você sabe disso!?
Fortunato: Não interessa como eu sei disso. O que importa é o que eu vou fazer com isso se você não me der o que eu quero. E o que eu quero é o controle da Real Brasil.
Ana Maria (sarcástica): Ui! Tô morrendo de medo! O que você vai fazer com isso se eu não te der a chefia da empresa?
Fortunato: Eu vou vazar todos os seus esquemas criminosos e todo mundo vai ficar sabendo da criminosa que você é.
Ana Maria engole seco e fica de pé.
Fortunato (ameaçador): Então, irmãzinha, como vai ser?
Ana Maria (berrando): EU DISSE SAI DAQUI, SEU SEU CHANTAGISTA!
Ana Maria pega um copo de água e joga na cara de Fortunato. Ela vai até a cadeira dele e começa a bater ele. Ao ouvir os gritos de Ana, Eliza e Roberto entram correndo dentro da sala e se deparam com Ana dando uma surra em Fortunato. Os dois correm para tirar ela de cima do irmão.
Dois seguranças entram na sala e levam Fortunato a força para fora do local. Ele faz uma cara feia para a irmã e sorri maleficamente.
CENA 07/EDIFÍCIO ROYAL/COBERTURA/INTERIOR/DIA
A campainha da cobertura toca e Dorotéia vai correndo até a porta para abrir. Quando a porta é aberta, podemos visualizar Bonifácio que sorri e em seguida adentra.
Dorotéia: Irmão!!! Que bom te ver aqui, o que aconteceu?
Bonifácio: Eu vim aqui conversar com você, te visitar… A verdade é que eu ando muito mal de saudade, Dó!
Dorotéia: Como é que é??? Por quê você não me falou isso antes?
Closes alternados em Bonifácio que engole a seco e abaixa a cabeça e em Dorotéia, surpresa e ao mesmo tempo preocupada com a situação.
CENA 08/REAL BRASIL/SALA DE NEIDINHA/INTERIOR/DIA
Neidinha está sentada em sua mesa confrontando Lucas sobre o tapa de Helena. Ela está com uma cara séria e ameaçadora. Lucas está com uma cara de culpa e constrangimento.
Neidinha (sério): Então o senhor pode confirmar que foi você que a agarrou, a levou para um canto e tentou beijá-la?
Lucas (arrependido): S...sim senhora…
Neidinha ofega em raiva e bate em sua mesa, claramente desapontada pela ação do garoto.
Neidinha (impondo disciplina): Aí, Lucas! Pelo amor de deus, garoto! O que você tem dentro dessa cabeça?
Lucas (constrangido): Cérebro?
Neidinha: Exatamente! É bem pequeno! Menor do que uma formiga! Tu é burro, rapaz? Acredito que não. O que você tinha na cabeça pra dar em cima de uma mulher na qual você mal conhece simplesmente porque tem um crush nela? Não é assim que isso funciona, rapaz! E se você continuar com isso, isso pode configurar um crime de assédio no qual eu terei de reportar a sua mãe! Você quer ir pro olho da rua.
Lucas (envergonhado): Não senhora.
Neidinha: Pois então se comporte como um cavalheiro! Isso é uma multinacional, não um clube.
Neidinha suspira e bebe um pouco de água de seu copo.
Neidinha (séria): Sem mais conversa por agora. Agora volte para o trabalho e não faça nada parecido.
Lucas se levanta da cadeira, vai em direção a porta, saí da sala e fecha a porta. Ele começa a caminhar pelo corredor com um rosto constrangido e a câmera o acompanha.
FLASHBACK ON
O Flashback mostra o momento em que Lucas escora Helena contra a parede, olhando ela com uma expressão apaixonada.
Helena (desconfortável): Mas o que você pensa que está faze…
Helena reconhece Lucas.
Lucas (apaixonado): Moça...me desculpe por...ter lhe interrompido dessa maneira. Mas…
Helena (interrompendo): ‘’Mas’’ o quê? O que você pensa que tem na cabeça!? Você sabia que você pode ser demitido por isso? E você não se atreva a me chamar de ‘’moça’’ novamente. Eu tenho nome! Helena da Silva!
Lucas (envergonhado): Bom...Helena...eu acredito que você me lembra de mim. Eu...sou o homem que esbarrou com você ontem e te ajudou a juntar seus papéis. O...o meu nome é Lucas. Isso é...muito constrangedor, mas eu não consigo deixar isso guardado para mim mesmo.
Helena (confusa): O que você está dizendo?
Lucas: Eu...eu sinto algo por você. Eu sei que...eu mal te conheço...mas...mas...ah droga! Eu não sei o que dizer. Mas é que…
Lucas para de falar e encara Helena, que está incrédula com o que o rapaz disse. Lucas suspira, coloca suas mãos na cintura de Helena e se aproxima dela com seus lábios para beijá-la. Helena empurra Lucas, fazendo com que ele a solte, e acerta um tapa em sua cara. Lucas olha para ela com surpresa e constrangimento.
Helena (irritada): Escuta aqui, seu pervertido! Eu não sou nenhuma cortesã para beijar um cara que eu mal conheço. Eu vou pedir que você não entre mais em contato comigo, ou irei denunciar você á administração da Real Brasil. Agora se você me dá licença, eu preciso ir embora.
Helena faz uma cara feia para Lucas e vai embora. A câmera foca em Helena enquanto ela vai embora.
FLASHBACK OFF
Lucas para por um momento e pensa no doce olhar de Helena. Ele suspira apaixonado e coloca as mãos no peito. O garoto se recompõe e pensa e continua a pensar no tapa de sua amada. Ele passa a mãe aonde Helena acertou o tapa e beija a mão. Finalmente, Lucas continua a andar de volta para o trabalho.
CENA 09/MORRO DO SOL/CASA DE ZEFERINA/QUARTO DE ZEFERINA/TARDE
Zeferina está deitada na cama tirando um cochilo. A cortina está aberta e a janela também para manter o ambiente ventilado. De repente, casualmente, Carlinhos entra no quarto com alguns remédios, uma seringa e um copo de água. Ele coloca os produtos em cima de um criado mudo, armazena um pouco de xarope dentro da seringa e tira algumas cápsulas de uma cartela. Ele toca gentilmente no rosto da avó, que acorda.
Carlinhos (calmo): Vovó, acorda. Está na hora de você tomar remédio.
Zeferina sorri para o neto e se senta na cama. Ela toma seu xarope e suas cápsulas, as quais ela toma um pouco de água junto para engolir.
Zeferina: Obrigado, meu neto. Agora eu voltar a descansar. Mas antes preciso lhe fazer uma pergunta. Aonde você conseguiu dinheiro para comprar os remédios.
Carlinhos (mentindo): Eu estou trabalhando para conseguir dinheiro.
Zeferina: Com o quê?
Carlinhos: Vendendo bala com um cara na rua. Ele paga bem. Vou começar a trabalhar com ele agora.
Zeferina: É muita gentileza sua, meu neto. Não sei nem como posso lhe agradecer. Agora eu vou voltar a descansar.
Carlinhos: Ok. Vou voltar para o meu quarto. Qualquer coisa me chame.
Carlinhos beija a testa da avó, ajuda ela se deitar e sai do quarto. Ele deixa a porta aberta. Zeferina fecha os olhos para voltar a dormir com um pouco de desconfiança com a explicação de seu neto.
CENA 10/REAL BRASIL/SALA DE MANOEL/INTERIOR/DIA
Manoel está organizando alguns documentos em uma pasta em cima de sua mesa. A pasta tem uma etiqueta colada nela escrita ‘’Relatórios’’. Ele pega alguns papéis menores em sua mesa e prende com um clipe de papel. De repente, ele ouve seu celular notificar dentro de seu bolso. Ele deixa a pasta de lado e pega seu celular dentro do bolso do casaco. No que ele tira, um papel cai no chão. Esse é o bilhete com o telefone de Liliana. A mensagem consistia em uma notificação de uma de suas redes sociais. Ele junta o papel do chão e o admira por alguns segundos antes de franzir a testa. Ele pega o celular do bolso, digita o numero dela e telefona. Depois de alguns segundos, Liliana atende.
Liliana (do outro lado da linha): Alô?
Manoel (animado): Alô, Liliana? Sou eu, Manoel. Aquele da boate.
Liliana (empolgada): Ah, Manoel! Que ligação agradável! Estava esperando pelo seu retorno. O que deseja?
Manoel: Escuta, você tem algum compromisso essa noite?
Liliana: Não. Por quê?
Manoel: Eu queria te encontrar essa noite. Agora não dá porque eu estou no trabalho.
Liliana (animada): Um encontro? Com você? Nós dois sozinhos.
Manoel: Exatamente. Você aceita?
Liliana: Claro! Só me diga o horário e o ponto de encontro que estarei presente.
Manoel: Excelente! Pode ser na boate as 8 da noite?
Liliana: Pode sim.
Manoel: Perfeito! Te vejo essa noite. Até logo.
Liliana: Até!
Manoel desliga e coloca o telefone no bolso. Ele suspira e esfrega as mãos em emoção. O irmão de Ana Maria guarda o bilhete em sua carteira e volta para o seu trabalho.
CENA 11/REAL BRASIL/REFEITÓRIO/INTERIOR/MEIO-DIA
Ana Maria e Renata estão sentadas juntas almoçando. Seus pratos consistem em tomates, arroz integral, feijão vermelho e peixe frito. Elas tomam água com gás possuem alguns guardanapos junto. Ana está conversando Renata sobre seu encontro com Fortunato.
Ana Maria (aborrecida): Fez um monte de calúnias na minha cara aquele invejoso.
Renata (fingindo choque): Sério? Mas como é que pode isso? O que você fez com ele?
Ana Maria: Mostrei pra ele o que acontece quando me rebaixam. Joguei água na cara dele e mandei os seguranças tirarem ele do prédio. E se ele voltar aqui, vou ser eu mesma que vou enxotar ele pra rua. Quem ele pensa que é pra falar assim comigo?
Renata: Você fez certo, Ana. Eu faria o mesmo. Isso é pura inveja.
As duas ficam em silêncio por uns segundos. Ana suspira antes de continuar a falar.
Ana Maria: Eu sei que provavelmente estarei fazendo uma tempestade em um copo de água, mas eu estou preocupada com uma coisa.
Renata: Com o que?
Ana Maria: Com o Roberto, Renata. Ontem a noite ele chegou em casa tarde. Eu percebi isso. Pela manhã eu perguntei pra ele o porquê do atraso e ele ficou nervoso. Disse que tinha que resolver algumas coisas na Real Brasil. Mas se ele pensa que eu sou tonta pra comprar isso, ele tá redondamente enganado. Renata, eu acho que ele está me traindo com outra mulher.
Renata engole seco.
Ana Maria: Eu ainda não tenho nenhuma prova que comprove minhas suspeitas, mas eu acho que ele está me traindo.
Renata (falsa): Nossa. Eu espero que seja só um equívoco seu. Acho que o Roberto nunca faria isso.
Ana Maria (irritada): Falaste corretamente. ‘’Acho’’. No fundo todos os homens são as mesma coisa. Ratos assanhados que só ligam para os corpos femininos. Mas se tem pulga nessa história, pode ter certeza que eu vou descobrir. E quando eu achar a mocréia, se é que tem uma, que está dando em cima do meu marido, eu vou esfregar a cara dela na merda. Pode ter certeza disso.
Ana Maria respira profundamente para se acalmar. As duas continuam a almoçar.
[A câmera congela em Renata, tentando esconder sua preocupação]
0 Comments