O Guarda-Chuva Rosa- Capítulo 02
terça-feira, abril 02, 2019
Capítulo
2
Cena 1/Cortiço/Casa de Johanna e
Ednna/Sala/Interior/Noite
Continuação da Cena Anterior
Johanna: (Abismada:)
Mas o que significa isso? O que essa jiboia faz aqui?
Ednna: (Larga
a bolsa no sofá:) Eu que pergunto, o que essa quenga tá fazendo na minha casa?
Johanna: “Sua
casa” uma pinoia! Minha casa! E quenga é a senhora sua mãe!
Ednna: Eu
sabia, sabia que você ia me perseguir pra sempre, não é, Johanna? Claro, nunca
superou o fato do Alfredo me amar muito mais!
Johanna: (Ri:)
É uma abestalhada mesmo. Amar, você? Você era só uma rameirinha que ele usava
quando queria fazer ciúme pra mim!
Ednna: Ele
nunca reclamou da rameira aqui, mas e de você?
Johanna: Cascavel
miserável. Você não presta! Roubou tudo o que era meu e agora vem querer esse
barraco também?!
Dona Raimunda: Ei, barraco não!
Ednna: Por
mim você poderia ficar até no olho da rua, por que é lá que você merece ficar,
libertina!
Johanna: Rameira!
Ednna: Quenga!
Johanna: Sessentona
cafona!
Ednna: Cadela
assanhada!
Johanna: Lambisgóia...eu
te quebro!
Ednna:
SSHHH
Johanna:
SSHHH
Johanna e Ednna partem uma
para cima de si. Rapidamente, Brigitte e Brígida separam as patroas, enquanto
dona Raimunda assiste ao espetáculo, sentada no sofá.
Ednna: (Toda
descabelada:) Selvagem!
Johanna: Eu
posso virar uma tigresa, meu bem!
Dona Raimunda: Já chega dessa baixaria aqui no meu
barraco...digo, cortiço! As duas já fizeram galinhagem o suficiente. É isso: As
duas vão morar em conjunto aqui, e se não gostarem, mudem-se!
Johanna: (Ajoelha
para Raimunda:) Pelo amor que você tenha pela sua vovozinha, não me deixa ficar
aqui com essa boçal sem classe! Eu morro!
Dona Raimunda: Minha vovozinha morreu quando o Titanic afundou,
e a outra foi comida pelo lobo mau! Boa sorte para as duas, vocês vão precisar.
(Sai).
Ednna: (Se
recompondo:) Se você pensa que eu vou aturar os seus chiliques de menina
mimada, tá muito enganada!
Johanna: Inveja,
meu amor, você tem inveja de mim! E eu é que não vou te aturar mais nem por um
minuto! (Abre a porta:) Eu vou embora!
Ednna: Sai
daí, cabrita, eu que vou primeiro!
Brigitte: Dona Johanna!
Johanna: O
que é agora, protozoária?! Vai defender essa aí?!
Brigitte: Devo lhe dizer que a senhora não tem mais pra onde ir. A casa foi
vendida, a Top Model não tem cama e
que a senhora está proibida de dormir na casa da Beth!
Johanna: É
chumbo pra todo lado, não é possível!
Brigitte: (Aproxima-se de Johanna:) Sei que não suporta a dona Ednna, mas pense
bem. Ou é isso, ou é a rua. E eu não quero ver a senhora nessa situação
deplorável.
Johanna pensa por alguns
minutos, recua e fecha a porta.
Johanna: Está
certo, eu fico. Mas eu não vou dividir o meu quarto com ela não!
Ednna: Seu
quarto coisa nenhuma, nosso quarto!
Brigitte: Não podem entrar em um acordo?
Johanna: Acordo,
com essa daí? Só se for o tratado de tapa na cara.
Ednna: Você
nem tente.
Brígida: (Grita,
alucinada:) Chega! Basta de tanto chilique. Vocês duas não tem onde cair
mortas, são duas pobretonas que não tem dinheiro nem pra comprar sabão e que
ainda tem a coragem de bancarem as ricas. Se enxerguem!
Johanna e Ednna olham
assustadas para Brígida.
Ednna: Brígida...não
precisa se exaltar...
Brígida: (Grita
mais alto:) Quem está exaltada?! Eu não estou exaltada! Vocês duas, venham para
o quarto agora, E AI DE QUEM RECUSAR!
Johanna, Ednna e Brigitte
entram no quarto junto de Brígida.
Brígida: (Pega
dois travesseiros e divide a cama em duas partes iguais:) Pronto. Da esquerda
pra direita é o lado da dona Johanna, e da direita pra esquerda é o da dona
Ednna. E quem passar a fronteira leva um beliscão nos lugares mais profundos do
corpo! Entenderam?!
Johanna e Ednna: Sim, senhora.
Brígida: Ótimo!
Agora eu vou voltar pra minha casa, deitar na minha cama e encostar a cabeça no
meu travesseiro, por que eu posso! E amanhã bem cedo eu quero as duas
energúmenas levantadas, arrumadas, de banho tomado e com o café servido na
mesa. E seu ficar sabendo de qualquer briga entre vocês duas...EU PUXO O PÉ DE
VOCÊS ENQUANTO VOCÊS DORMEM. (Sorri:) Dito isso, obrigada pela atenção e tenham
uma boa noite. (Sai mostrando a língua para Brigitte, que faz a mesma coisa).
Johanna: Nervosa
a sua secretária, não?
Ednna: E
olha que nem é segunda.
Trilha Sonora: Erva Venenosa – Rita Lee
Cena 2/Cortiço/Pátio/Interior/Noite
Yasmin está sentada no
pequeno muro da fonte, observando o céu. Manuela chega.
Manuela: Yasmin,
o que você tá fazendo?
Yasmin: Parei
pra pensar um pouco na minha vida. O céu tá lindo hoje.
Manuela: (Olha
para o céu, e fica fascinada:) Nossa, eu nunca tinha visto tanta estrela junta.
Yasmin: É
por que o poste da nossa rua desligou. Sem luz, os nossos olhos podem ver as
estrelas com muito mais clareza.
Manuela: E
você, está bem?
Yasmin: Quase.
Manuela: E
o que falta pra você ficar bem?
Yasmin: Virar
uma modelo.
Manuela: Você
ainda não tirou essa ideia da cabeça?
Yasmin: Claro
que não, e nunca vou tirar. É o meu sonho, Manu, e o seu também. Eu não vou
desistir dele.
Manuela: É.
Você sempre foi muito dedicada e persistente.
Yasmin: Se
eu não fizer por mim, quem vai fazer? Ninguém! Esse é o grande barato da vida:
A gente tem que correr atrás das nossas conquistas, dos nossos sonhos. Qual é a
graça de ter tudo assim, de mão beijada? Eu prefiro ir à luta. A vida é muito
mais divertida quando a gente batalha pra ter o que a gente quer. A aventura é
o tempero da vida.
Manuela:
Ai, Min, você é tão dedicada. Queria ser assim também.
Yasmin:
Mas você também pode ser dedicada.
Manuela:
(Suspira:) As vezes eu penso em desistir de tudo.
Yasmin: (Olha
para a amiga:) Manu...você tá bem?
Manuela: Sim...só
tô preocupada com a situação lá de casa.
Yasmin:
Sua mãe, de novo?
Manuela: Não
suporto mais a minha casa. A minha mãe continua se sujeitando a fazer tudo o
que o idiota do meu padrasto manda. Ela parece um cachorro, que não pode sair
sem dizer onde vai.
Yasmin: Você
não precisa ficar lá, sabe disso.
Manuela: Cê
sabe que eu dependo deles.
Yasmin: Não
depende nada! Você já tem 19 anos! Já é dona de si. Não precisa ficar aturando
ele de graça.
Manuela: E
de que me adianta a maioridade? Eu não tenho casa, Min, não tenho onde morar.
Se eu sair de casa, eu fico na rua.
Yasmin: Pode
ficar lá em casa.
Manuela: Com
o seu padrasto? Não, obrigada (Ri:).
Yasmin: É,
acho que se e eu e você morássemos juntas com ele, a gente acabava com ele
(Ri).
Manuela:
(Suspira profundamente:) O clima lá em casa tá péssimo.
Yasmin:
Viu só? É por isso que a gente precisa convencer a senhorita Cabello a nos
contratar!
Manuela: Tá
bom, Min, suponhamos que ela, por um acaso do destino, queira nos contratar: O
que mudaria nas nossas vidas? A gente ia continuar dependendo das nossas
famílias.
Yasmin: Ai,
Manu, como você é tança! Ela é dona de uma agência de modelos! Ela ia nos
arranjar um apartamento de luxo, a gente ia ganhar dinheiro desfilando!
Manuela: Ah,
você tá falando daquela agência de modelos sem nenhuma modelo e ainda por cima
falida?
Yasmin: Afe,
cê vê tudo pelo lado negativo! (Pega nas mãos de Manuela:) Presta atenção,
Manu. A gente pode mudar de vida em um estalar de dedos! Se você não tem
coragem de pedir emprego pra ela, eu peço, pra nós duas! É só você confiar em
mim! Você confia?
Manuela olha para Yasmin e
ela faz uma “carinha de cachorro sem dono”. Convencida pela amiga, Manuela
balança a cabeça positivamente para Yasmin.
Yasmin: (Dá
um pulo e abraça Manuela com muita alegria:) Isso! Perfeito! Cê não vai se
arrepender! A gente vai conseguir realizar o nosso sonho, acredita!
Manuela: (Corresponde
ao abraço:) Se você diz.
Yasmin: (Sobe
as escadas e pergunta:) E alguma vez eu não consegui o que eu queria?
Manuela: O
Pedro Cavalcante, talvez?
Yasmin: Palhaça.
Yasmin sobe para casa e
Manuela fica observando as estrelas. Até ouvir um vidro se quebrando. Era na
casa de Johanna e Ednna, provavelmente brigando.
Cena 3/Cortiço/Casa de Johanna e
Ednna/Quarto/Interior/Noite
Johanna e Ednna estão
separadas por duas camadas de travesseiros que dividem a cama em dois.
Johanna: Parece
um pesadelo: Estou falida, pobre, morando num cortiço e ainda tenho que dividir
minha cama com a escória fluminense.
Ednna: Eu
também não estou muito feliz, jararaca.
Johanna: E
pensar que há pouco tempo eu estava viajando em Paris, Grécia, Mônaco...
Ednna: Eu
sei, ariranha, eu tava lá com você. E isso foi há mais de 15 anos!
Johanna: Pois
pra mim parece que foi ontem! E agora estou aqui, no baixo meretrício,
justamente com você.
Ednna: Olha,
Johanna, se eu fosse você...
Johanna: O
que evidentemente não é.
Ednna: Eu
dormiria logo. Afinal, você precisa descansar a mente pra tentar tirar aquela
sua empresa de meia pataca da lama amanhã.
Johanna: E
se eu fosse você, Ednna, eu cuidaria pra não ultrapassar nem um milímetro com
essa sua mão centenária da fronteira travisseiral! (Dá um tapa na mão de Ednna,
que passou o limite dos travesseiros).
Ednna: (Acaricia
a própria mão:) Zarolha.
As duas ficam em silencia
por alguns minutos, até Johanna se pronunciar:
Johanna: As
vezes, eu só queria entender como foi que eu deixei a minha própria empresa
ficar na berlinda. Minha fazenda foi hipotecada, vendi minha casa, não tenho
dinheiro pra nada, e todos as minhas modelos me deixaram à ver navios. Me sinto
um lixo.
Ednna: Você
ficaria triste se eu concordasse que você é um lixo?
Johanna:
Eu te sufocaria com esse travesseiro.
Ednna: Então
é melhor eu poupar as minhas narinas.
As duas riem.
Ednna: Fale
sério, você não faz a mínima ideia de como trabalhar com modelos, não é?
Johanna: (Ri:)
Não. Mas e você, por acaso sabe alguma coisa sobre tecidos?
Ednna: Nada.
Johanna: Nunca
fez nenhuma roupa?
Ednna: Bem,
já fiz uma.
Johanna: Qual?
Ednna: Era
pra ser um cachecol, mas ficou um trapo todo remendado. Tentei vender pra uma
senhora que passava na rua, não deu certo.
Johanna: Ela
não gostou do modelo?
Ednna: Ela
achou um ultraje eu oferecer aqui pra ela. Bom, depois disso, ela correu atrás
de mim por toda a Avenida Brasil tentando me enforcar com o cachecol (Ri).
Johanna: (Ri:)
E conseguiu?
Ednna: Claro
que não! Ednna Caffona é atlética, consegui driblar a velha. Tadinha, caiu num
buraco do asfalto, tá sendo procurada até hoje.
Johanna: Somos
péssimas.
Ednna: E
como.
As duas riem.
Ednna: Sabe
o que é pior nisso tudo, Johanna?
Johanna:
A nossa situação de mendigas?
Ednna:
Não...é essa sua mão de bruxa passando a fronteira! (Ednna bate nos dedos de
Johanna com um frasco de remédio).
Johanna:
(Diz, nervosa:) Sua mercenária dos infernos! Não se pode ter um momento de
trégua nesse diacho de casa que você consegue estragar tudo!
Ednna:
Cala essa boca mole, jararaca! (Ednna bate com o travesseiro nas fuças de
Johanna).
Johanna:
Cascavel! (Johanna revida).
Ednna:
SSHHH
Johanna:
SSHHH
E assim, as duas inimigas
movimentam todo o cortiço com sua briga, cada qual batendo na outra.
Trilha Sonora: Erva Venenosa – Rita Lee
Cena 4/Copacabana Palace/Quarto de Donna
Cabonna/Interior/Manhã
Donna Cabonna olha-se no
espelho enquanto Katherine acorda ainda sonolenta.
Donna: Bom
dia, flor do dia. Quem é vivo sempre acorda.
Katherine: Sorry, lady Cabonna. Dormi mais que a cama.
Donna: Percebi.
Vamos, tome banho e se sente na mesa, nosso café não demora pra chegar. Temos
muito o que fazer.
Mostra-se as paredes do box
de vidro com Katherine tomando banho. Seu corpo aparece embaçado por causa do
vapor. Após vestir-se, Katherine senta-se à mesa.
Donna: (Toca
uma campainha:) Helcimara, Helcimara! Onde está aquela inútil?
Mara chega suada e cansada
ao quarto de Cabonna, com uma bandeja de café da manhã em mãos.
Mara: Perdão,
dona Cabonna, eu me atrasei um pouco.
Donna: Um
pouco? Um muito! Serve logo esse café.
Mara: Agora
mesmo, senhora.
Donna Cabonna bebe o café,
mas logo o cospe, pois o mesmo estava frio.
Donna: Mas
que porcaria é essa?
Katherine: Você está bem, Donna?
Donna: Bem,
bem irritada! Droga, Helcimara! Esse café tá gelado!
Mara: Ai,
minha Nossa Senhora das Dores Gordinhas! Me desculpe, dona Cabonna, eu juro que
não irei me descuidar mais...
Donna: Você
está sempre me dando essas desculpas esfarrapadas, e sempre comete os mesmos
erros! Qual é o seu problema, menina? Tem deficiência?!
Mara: (De
cabeça baixa:) Não, senhora.
Donna: Então
por que você anda tão descuidada? Eu poderia morrer de hipotermia se tivesse
tomada um gole a mais dessa porcaria que você fez! (Joga a xícara no chão, que
se quebra, assustando Mara).
Mara: É
que minha mãe está muito doente, e eu ando muito nervosa com toda essa
situação...e também eu...
Donna: E
eu tenho culpa se essa velha ordinária está nas últimas?
Katherine: Donna, por favor, não precisa exagerar.
Donna: Cala
a boca, Kate, essa gentinha tem que ser posta no seu devido lugar. Onde você
pensa que está, Helcimara? Em um boteco? Uma festa? Eu sou Donna Cabonna, uma
estilista internacional, e não vou admitir que sonsas como você estraguem o meu
dia com essas pobrices!
Mara: Eu
já pedi desculpas!
Donna: Desculpa
não resolve nada! Eu não sou como esses seus amiguinhos da sua mesma classe!
Não sou qualquer um!
Mara: Eu
também não sou qualquer uma!
Donna: (Ri
e faz uma pausa:) Você é vizinha de valão de esgoto à céu aberto. Micheteira
barata, ratazana. Gente como você nunca vão ser nada, além de empregadinhos.
Mara: (Larga
a bandeja:) Pois eu vou ser uma modelo!
Donna: Modelo?
(Ri:) Só se for de comercial de bacon! Você já se olhou, Mara? Olhe para você,
gorda, obesa, baleia. Acha mesmo que uma rolha de poço como você vai subir numa
passarela, e ainda por cima, desfilar? Eu te asseguro, as únicas vezes que você
irá para a passarela, vai ser para limpar a sujeira dos outros! Por que é pra
isso que você serve, pra limpar o que os outros sujam!
E eu rezo para que logo
mais você se livre desse problema familiar. Tomara que aquela velha morra logo!
Por um instante, Mara
sentiu o sangue ferver por todo o seu corpo. Cheia de fúria e de raiva, ela
olha para os olhos de Donna Cabonna e lhe dá uma tapa na cara.
Donna: (Cai
no chão:) O que é isso?!
Katherine: (Levantando Donna:) Donna! Mara, você perdeu a noção?!
Mara: Quem
tem que morrer é a senhora, Donna Cabonna, a senhora!
Donna: (Com
a mão na cara e perplexa:) Sua servente miserável, como é capaz?!
Mara: A
senhora é um lixo, um nada. Esse seu dinheiro nunca vai ser suficiente pra
comprar o caráter que falta na senhora!
Donna: Imbecil!
Sua atrevida!
Mara: Eu
odeio a senhora como eu nunca odiei alguém tanto na minha vida.
Donna: Vá
embora do me quarto, imediatamente! Está demitida!
Mara: (Arranca
o avental e joga em Donna:) Eu vou com muito prazer. Cansei de ser humilhada
por uma perua infeliz como a senhora! Eu vou, mas escreva isso, dona: Um dia eu
vou ser uma modelo de sucesso, e nesse dia, eu vou fazer questão de esfregar a
minha vitória nessa sua cara cheia de plásticas!
Donna: (Põe
a mão no rosto:) Plásticas?!
Mara: E
muito das mal feitas. Eu vou embora, mas um dia a senhora vai ver que a
gordinha aqui vai ser um sucesso! (Pega em uma parte de sua barriga:) Isso aqui
não é gordura, é gostosura!
Donna: Eu
odeio você!
Mara: (Num
último olhar ela fecha a porta e diz:) O sentimento é mútuo. (Sai).
Trilha Sonora: O Melhor Pra Mim – Ivete Sangalo
Cena 5/Cortiço/Casa de Johanna e
Ednna/Cozinha/Interior/Dia
Johanna e Ednna estão
tomando café, quando Brígida entra em casa.
Brígida: Ora,
ora, vejam só se Johanna Cabello e Ednna
Caffona não estão confraternizando entre si como boas e velhas amigas!
Johanna: Cala
a boca, serviçal, e me passa o açúcar. Preciso de energia, não dormi a noite
toda.
Brígida: A
senhora tem insônia?
Johanna: Não,
eu tenho carma mesmo, e o nome dele é Ednna.
Ednna: É
claro que ela tinha que botar o meu nome no meio! O que eu fiz agora, querida?
Johanna:
O que? Você ronca, funga, ofega no meu cangote a noite toda, parece uma
britadeira! Nunca vi alguém roncar tanto.
Ednna: Calúnia,
eu não ronco!
Johanna: Pelo
contrário, muge.
Ednna: Venenosa.
Johanna: Crápula.
Rapidamente, Brigitte chega
à casa de Johanna e Ednna toda ofegante e assustada.
Brigitte: Dona Johanna, dona Johanna!
Johanna: Pelo
amor dos meus chamapanhes, o que é agora, Brigitte, alguém morreu?
Brigitte: Pior.
Ednna: Credo,
criatura.
Johanna: Chega
de rodeios, Brigitte! Fala de uma vez o que você quer!
Brigitte: É que...
Johanna: Ah,
eu não vou perder meu tempo com as suas baboseiras. (Levanta-se e caminha em
direção à porta).
Brigitte: A Top Model explodiu.
Johanna para por um
momento. Ela vira-se assustada para Brigitte, que treme as mãos segurando sua
prancheta.
A tela congela com um guarda-chuva
rosa parando ao lado de Johanna, que fica de boca aberta para todos.
Trilha Sonora: I Will Survive – Gloria Gaynor.
0 Comments