Herói Nacional - CAPÍTULO 32

sexta-feira, julho 20, 2018


HERÓI NACIONAL

 


CAPÍTULO 32

WEB NOVELAS CHANNEL

CENA 01. CINEMA. SALA 02. INTERIOR. NOITE
Está passando o filme romântico: Intrigas e Amor (não definido pela direção se é fictício ou realista). Bem, mas o clima era agradável, sensação também. Melissa e Lorenzo estavam sentados na última fileira do Cinema comendo pipoca e tomando refrigerante, como de costume. Nas cenas de comédia, riam. Várias pessoas se apaixonavam pelo casal. Numa cena escura, Lorenzo olha para Melissa, ela olha para ele, e os dois se beijam! Todos aplaudem o filme, mas naquela cena, pareciam mesmo, aplaudir Lorenzo e Melissa.
CORTA PARA:

CENA 02. SÃO PAULO. INTERIOR. NOITE/DIA
Planos de arquivo do amanhecer em São Paulo, vista aérea/plana da cidade, as lagoas, os arranha-céus, os prédios, marcando com trânsito movimentado, grande quantidade de trabalhadores. Segue a penitenciária.
CORTA PARA:

CENA 03. PENITENCIÁRIA. CELA 35. INTERIOR. DIA
Téo limpa o lavabo da cela 35. Ele se assusta com a grande quantidade de sujeira, como uma caixa de esgoto, baratas, alguma coisa podre.
TÉO ― Nossa, isso aqui tá precisando de uma limpeza! Tá tudo um caos! Como de costume. Quer saber, vou jogar só um balde de água. Não vou esfregar com a flanela não.
Téo joga um balde d’água no lavabo, porém os presos veem e corrigem a atitude.
PRESO 1 ― Ô tio, quê que você tá fazendo aí?
TÉO ― Tô limpando o lavabo como vocês pediram! Passei a noite toda trabalhando, agora depois disso mereço um descanso.
PRESO 1 ― Que descanso o quê? Descanso uma ova! Vai limpar o lavabo de novo. Tá errado! Tudo errado. Só jogar um balde não resolve. Tem que tirar as impurezas.
TÉO ― Quem é você mesmo para criticar meu serviço? Se quiser, pega essa flanela e faz! Eu não vou sujar minhas mãos com isso não, deve ter até rato nesse buraco! Se bobear, sai uma cobra! Cara, saiu um tanto de baratas. Alguém devia fiscalizar isso aqui. Tô fora!
Téo larga o material de limpeza e sai da cela, porém um dos presos, negro e de bom porte e tamanho, o interrompe.
PRESO 2 ― Aonde você vai?
TÉO ― Tô largando o serviço!
PRESO 2 Mas eu acho que você não fez direito. Volta e faz como o cara ali te pediu.
TÉO ― E o que eu vou ganhar por isso?
Um dos presos se aproxima de Téo, mostra a mão e os músculos.
PRESO 2 ― Eu acho melhor continuar o serviço. Um magrelo como você é fácil de se lidar. Até de olhos fechados.
Todos riem.
Um dos presos acende o cigarro e passa para os outros. Todos observam Téo, que volta ao serviço, a esfregar a flanela no buraco.
TÉO ― Ahhh, que nojo! Isso aqui não é nada agradável, nem um paraíso!  
Todos riem.
PRESO 1 ― Então você veio para o lugar errado, princesinha. Pensava mesmo que aqui iria ter sossego? Todos de nós já fizemos isso que você tá fazendo aí. A carga fica sempre para os recém-chegados, um prazo estabelecido entre a gente... é, seu manda chuva, nós vamos ensinar você a ser gente de verdade, um de nós!
TÉO ― Eu? Um de vocês? Cara, você não bate bem da cabeça hein? Nunca!
PRESO 1 ― Vamos ver quem vai rir por último aqui, quem rir por último, ri melhor!
CORTA PARA:

CENA 04. MANSÃO DELLACOURT. INTERIOR. DIA
Luigi chega com Pérola em casa. Manuela e Ivonete na sala. Pérola na cadeira de rodas.
LUIGI ― Olá família!
MANUELA ― Pérola, meu Deus, nós estávamos tão preocupados com você.
IVONETE/MARILDA ― E eu mais ainda. Depois do que aquele louco fez! Minha filha, achei que você nunca iria mais sair viva... peraí... não que eu seja pessimista sabe, mas as vezes a gente faz previsões. Mas vamos apagar com uma borracha. Que bom que você está aqui linda, não nos conhecemos, mas meu nome é Mari / (corrige) Ivonete! Desculpa, nem sei de onde surgiu esse nome. Agora me dê um abraço.
Ivonete e Manuela abraçam Pérola.
PÉROLA ― Prazer em te conhecer Ivonete. Você é o tipo de pessoa que eu gosto. Mas tô boa e não tô né, a gente sempre encontra algo para não deixar cair a peteca, não é verdade?
IVONETE/MARILDA ― Nossa Pérola, você não sabe o quanto eu rezei, ninguém pode ter me visto, nem vocês mesmos, mas a gente reza no pensamento sabe... (tira do bolso) Olha aqui, meu mini terço, ele me acompanha todo dia, onde eu estiver, a gente reza. Para falar com Deus não tem hora e nem dia, ele é disponível!
PÉROLA ― É verdade. Olha Ivonete, agradeço pelas orações. Vou te confessar sabe. Quando eu acordei naquele hospital fiquei com medo de já ter passado dessa para melhor.
Ivonete se assusta.
IVONETE/MARILDA ― Que isso minha filha. Ah, não fala numa coisa dessas não. Eu fico assustada.
Todos riem.
LUIGI ― (rindo) Ivonete não gosta dessas coisas, né Ivonete?
IVONETE/MARILDA ― É mesmo seu Luigi, ai eu fico até arrepiada, pensar que um dia a gente vai ter que ir, largar tudo, até o nosso corpo... ah gente, chega! Vocês tão me assustando com esse papo! Uma gordinha fofinha como eu tem sempre que se preservar e manter os pensamentos positivos.
MANUELA ― Ah gente tadinha. Que judiação!
IVONETE/MARILDA ― É mesmo ué, eu nunca deixei de ser criança!

Todos riem.
PÉROLA ― Ah, Ivonete! Acho que a gente vai dar super bem sabe? Eu tive uma boa impressão de você. Parece que você até salvou a casa, do que aquelas outras empregadas sonsas. Você é extrovertida e maluquinha ao extremo.
IVONETE/MARILDA ― Ah, sou mesmo minha filha! Eu sempre gosto de uma aventurina a mais sabe? Quem sabe até alguém para lavar minhas calcinhas.
Todos riem.
IVONETE/MARILDA ― Bom, vamos parar de ficar jogando conversa fora, Dona Lígia logo estará aí, depois da delegacia, e seu Luigi não deve estar gostando de eu ficar aqui. Né seu Luigi?
LUIGI ― De forma alguma, aqui todo mundo se diverte nessa casa. Porque não, amigos? Bom, agora vocês me deem licença, eu tenho que sair um pouco.
IVONETE/MARILDA ― Vá com Deus seu Luigi.
MANUELA ― Eu também vou gente a casa de teatro. Tenho uma carreira pela frente, que está falida.
IVONETE/MARILDA ― Ah, não diga assim Manu! Você atua muito bem.
MANUELA ― Como é que você sabe?
IVONETE/MARILDA ― Você nem imagina que nesses últimos dias eu estava vendo você ensaiar a nova peça.
Entra um flashback não exibido quando Ivonete/Marilda batia na porta do quarto de Manuela, chamava por ela, trazendo uma bandeja com pão com manteiga e suco de maracujá, mas a mesma não atendia. Ela abria a porta e via Manuela recitando o texto:
MANUELA ― E lá vai ela caminhando pelo jardim... Oh, meu Romeu. Existe coisa mais belas do que essas lindas flores iluminando o jardim? Eu te amo meu Romeu, vamos fugir, nós juntos.
Ivonete/Marilda se divertia rindo e vendo Manuela ensaiando com um boneco.    
Fim do flashback.
MANUELA ― Ah sim! É a nova versão de Romeu e Julieta, dessa vez numa feira medieval, a Gigi está produzindo. Coitada, nesses últimos dias ela esteve ausente no teatro, precisou fazer uma viagem para negociar com os diretores, mas hoje ela está de volta! Eu sinto que depois ela tá mais ágil sabe, com mais inspiração... a casa de teatro até encheu! Dá uma passada lá! A vida dela mudou de uma hora para outra, que revolução, maior do que as Revoluções da História, maior do que a Revolução Francesa.
IVONETE/MARILDA ― Ah, gostei da metáfora! Mas então, vá logo senão chegará atrasada. A estrela precisa brilhar. E me convide para o espetáculo. Não quero ficar fora disso.
MANUELA ― Pode deixar Ivonete. Você é sempre tão especial. Tchau Pérola.
PÉROLA ― Tchau.
Manuela vai embora.
Ivonete/Marilda ri e Pérola sem entender, questiona.
PÉROLA ― Do que você tá rindo Ivonete?
IVONETE/MARILDA ― Ah, Dona Pérola! Eu tô rindo de uma coisa aqui, que eu tava lembrando, da primeira vez que fui participar de um teatro! Minha filha, que desastre, que horror, eu não sabia se eu lia o papel ou ajudava o Romeu, pegou fogo nas calças dele, minha filha do céu, eu deixei cair fogo na bunda dele! Gente... foi um espetáculo inesquecível. Ah, eu não sei o que eu fiz. Mas na época eu era muito desastrada, eu era conhecida como a que aprontava na escola. Vem para a cozinha que eu partilho mais dessa história, quero te contar todo o babado miga! Ainda fiz um bolo de chocolate sabe? Senhor Luigi pediu, falou que você gostava.
PÉROLA ― Claro! Mas antes me diga uma coisa, você tem ideia onde é essa Penitenciária?
IVONETE/MARILDA ― Sei não... não faço a mínima ideia... mas para quê você quer saber onde é, Dona Pérola?
PÉROLA ― Calma Ivonete. “Dona Pérola” não, me envelhece muito, parece até que eu tô muxibenta, com rugas, varizes... ah não, só Pérola. Eu quero o endereço dessa Penitenciária, eu ainda tenho umas verdades para dizer na cara de Téo Dellacourt!
IVONETE/MARILDA ― Xiii! Acho que isso não vai dar boa coisa.
PÉROLA ― Você verá, Ivonete! Téo Dellacourt que me aguarde para o último acerto de contas entre nós dois. Cara a cara, frente a frente!
CORTA PARA:

CENA 05. CASA DE EUSÉBIO. INTERIOR. DIA
Guto sentado no sofá da casa de Eusébio vendo televisão, diz:
GUTO ― Eusébio sabe o que eu tava pensando? Eu acho que não quero te dar trabalho, sabe? É, você vai gastar muito dinheiro comigo. E não precisa. Igual minha mãe falou. Ontem conversamos por telefonema. É melhor quando eu crescer, esse sonho agora, eu repensei. É capaz de não dar certo, eu quero desistir! Outra a hora a gente repensa.
Eusébio reage.
EUSÉBIO ― Agora é muito tarde para desistir!
GUTO ― Como assim tarde? Eu tô só a um passo da minha casa!
EUSÉBIO ― Devia ter pensado antes de assinar acordo comigo!
GUTO ― Hã? Como assim? Do que você tá falando? Olha, enquanto você vai à Prefeitura, eu vou para a minha casa, tchau.
Guto se levanta do sofá, pega a mochila, abre a porta. Mas Eusébio o interpela com uma arma e coloca no pescoço dele.
EUSÉBIO ― Você não vai sair daqui tão fácil! Vamos embora!
CORTA PARA:


CENA 06. AVENIDA. INTERIOR. DIA
Isabela atravessa a rua da Avenida. Trânsito movimentado. Luigi vem correndo escutando música, de short. Os dois se cruzam. Luigi tira os auscultadores e questiona:
LUIGI ― Isabela?
ISABELA ― Luigi!
LUIGI ― Vai para onde? Quer uma carona? Eu tô com meu motorista, ele parou a uma distância daqui, incalculável!
ISABELA ― Não precisa não, eu só estava dando uma volta para arejar a cabeça. Tudo bem com você?
LUIGI ― Na medida do possível após o papelão da festa. E você?
ISABELA ― Estou bem.
LUIGI ― E Ná?
Isabela balança a cabeça. Mistério. O que aconteceu com Ná?
CORTA PARA:

CENA 07. PENITENCIÁRIA. INTERIOR. DIA
Lígia conversa com Téo à sua frente por telefone. Téo diz:
TÉO ― Lígia, escuta o que eu tô te falando, aquela víbora me colocou aqui! Eu preciso sair desse lugar o mais rápido possível! Eu não aguento mais ficar aqui, e eu quero ver quem vai ter o acerto de contas! Pérola que me aguarde, dias melhores virão!

CORTA PARA:
FIM DO CAPÍTULO

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