Herói Nacional - Capítulo 30

quarta-feira, julho 18, 2018








CENA 01. CASA DE TIA NÁ. SALA. INTERIOR. NOITE
Atenção Edição: Continuação da penúltima cena do capítulo anterior (CENA 09).
Tia Ná questiona Isabela.
TIA NÁ ― Não dá para escapar, quero saber onde você estava!
ISABELA ― Eu já disse! Não preciso repetir! Só fui procurar alguém, algum gato, sou menina, tenho meus direitos!
TIA NÁ ― É claro que tem! Mas você tem limites. Até quando vai ficar escondendo tudo de mim? Eu sei!
ISABELA ― Você tá botando coisa onde não tem! Tá pensando muito avançado para sua idade.
TIA NÁ ― Tô velha, mas não tô morta e pronta para observar o que está acontecendo ao meu redor... na minha idade era diferente, o rapaz custava para pedir a mulher em namoro.
ISABELA ― Hoje os tempos mudaram!

TIA NÁ ― Antigamente era mais agradável. Seu avô, que Deus o tenha, demorou sete anos para me pedir em noivado!

ISABELA ― Sete anos? Isso é o cúmulo! Parece até que estava condenada.
TIA NÁ ― Por isso é que eu digo... hoje, os rapazes tem más intenções... no próprio dia já querem mandar brasa, sabe? Já querem aproveitar da garota! E você tem que ficar esperta.
ISABELA ― Tá achando que eu fui para o quarto?
TIA NÁ ― Não estou dizendo isso. Apenas aconselhando você, conselhos de uma velha sábia que viu tudo passar rápido, tudo ao seu redor desmoronar, somente fique esperta na primeira vez!
ISABELA ― Vai demorar muito para chegar essa primeira vez!
TIA NÁ ― Ah, vai! Primeiro é príncipe, depois que conhece de cima para baixo, vira sapo!
As duas riem.
TIA NÁ ― Minha neta, eu só estou querendo te ajudar... sua mãe não está presente! Mas eu sinto que é o meu dever, eu tenho um carinho imenso por você e não quero que você seja aproveitada por qualquer homem, agredida, precisamos combater a violência contra mulher! Eu te amo, Isabela, por toda a minha vida!
ISABELA ― Obrigada avó!  Eu também te amo.
TIA NÁ E outra? Cadê a Marilda que ainda não chegou ainda?
ISABELA ― Certamente ela vai passar a noite lá...
TIA NÁ ― Passar a noite lá? Naquela casa carregada? Marilda tá ficando doida!

ISABELA ― Ela é empregada doméstica! Tem quarto, tudo chique!

TIA NÁ ― Eu achei que ela iria ser diarista. Ah, não. Vou falar com Marilda. Desse jeito não dá. Trabalhar igual uma condenada atrás de dinheiro e não ser valorizada é inválido!
ISABELA ― Diarista é diferente de empregada doméstica! Ainda bem que a Marilda vai ser fixada, vão assinar a carteira de trabalho.
TIA NÁ ― Mas ela vai ficar nesse serviço só para pegar aquele mísero papel?
ISABELA ― Mísero papel? Não gostei da caracterização, devia ter aplicado outro termo! É um papel definitivo.
TIA NÁ ― Agora virou poética? Sabe o que eu tô desconfiando? Você deve gostar do sobrinho da Marilda e nunca confessou.
ISABELA ― Eu? Tá doida? Eu nunca faria isso com a minha tia Marilda.
TIA NÁ ― Mas qual é o problema? Pelo contrário, acredito que ela ficaria feliz! Se bem que vocês formam um belo casal.
ISABELA ― Eu acho que tem uma coisa ainda que eu não te contei. No dia que ele veio aqui pela primeira vez, minha toalha caiu e ele viu certas partes íntimas minhas!
TIA NÁ ― Xiii! Então cancela, é proibido!
ISABELA ― Mas será que tem perigo?
TIA NÁ ― Perigo? Sim e não. Olha, eu não sei. Sinceramente. Faz tempo que não meto com isso. Mas de qualquer forma, eu na sua idade, acreditava que com um só beijo, a gente nascia grávida no dia consecutivo. Mas calma. Você vai achar o seu tempo e digo mais: vai se adequar a ele!

ISABELA ― Eu queria achar um homem que derramasse lágrimas por mim!
TIA NÁ ― Tá doida? Bebeu? Pirou! Nem que a vaca tussa, nunca que você vai achar, pode achar rabo de saia, mas um homem que chore por você? Muito difícil, muito raro, só se for sobrenatural! Hoje enquanto nós somos as escravas, eles são os senhores de engenho!
ISABELA ― Comparação ou Metáfora?
Tia Ná em duvida.
TIA NÁ ― Não sei... Suponho que...
CORTA PARA:

CENA 02. SÃO PAULO. INTERIOR. DIA
Atenção Edição. Planos de arquivo do amanhecer na Cidade de São Paulo, vendedores ambulantes de pipoca, algodão doce, verduras, frutas e legumes na rua 25 de Março. Concentração de grande número de pessoas. Metrópole já movimentada. Importação e exportação de vários produtos, caminhões, mercadorias... sistema monetário. Estudantes indo a escola, pais indo para o trabalho com seus filhos (E O QUE MAIS A DIREÇÃO IMAGINAR, direção temos duas linhas de improviso para você) Seguindo para a casa da família de Guto, tratando de cortar imediatamente para:

CENA 03. CASA DE GUTO. INTERIOR. DIA
Eusébio conversa com Olímpia.
EUSÉBIO ― Desculpe por estar tão cedo aqui, mas eu tenho uma surpresa para vocês e queria permitir a senhora Olímpia, principalmente, alegrará muito o Guto! O que eu tenho a dizer é especial.
GUTO ― Especial! Não posso acreditar. O que é?
MELISSA ― Já assumiu o comando da prefeitura. Aposto que é isso.
EUSÉBIO ― Não, não. Na verdade é um presente. Serve como gratidão, retribuição pelo bom recebimento de todos dessa comunidade, principalmente, honoráveis lembranças a sua família, Olímpia! Se eu não estiver sendo dramático com as palavras, mas a caracterização é sincera, não duvidosa! Racional, sabe?
OLÍMPIA ― Agradeço. O que tem a dizer?

EUSÉBIO ― Bom, eu estive pensando. Ainda não me conheces. Mas vai saber que sou uma alma muito generosa que gosta de ajudar as pessoas.
OLÍMPIA ― Seus olhos já me confirmam o que foi dito, o primeiro olhar tem tanta influência! Você nem imagina.
EUSÉBIO ― Sim, já foi comprovado por teorias que a radiação que recebemos do primeiro olhar é intensa, relação entre frequências... até a radiação do nosso espírito, o contato é forte, o toque, tudo! Imenso. Mas em meio a argumentos filosóficos, devemos tratar imediatamente do que eu iria falar... eu estive pensando. Estão aqui há muito tempo nessa cidade, né?
GUTO ― Eu não aguento mais aqui. Por mais que evidenciem nos jornais, nos padrões de felicidade impostos pela mídia que São Paulo é uma das metrópoles mais belas, para quem mora aqui é diferente... dá um enjoo, sabe? Você quer ir para outro lugar, fazer amigos novos, conhecer culturas diferentes. Um aprendizado para a vida! Praia, mar e sol! Em outro lugar, conhecer, descobrir o mundo e seus enigmas, responder as questões filosóficas de principalmente Sócrates e Platão.
EUSÉBIO ― Perfeitamente a sua análise. Bem, continuando... eu gostaria de pedir permissão a você Dona Olímpia, para que eu levasse o Guto a uma cidade, um pouco perto daqui, para disputar uma corrida de kart. O que você acha?
Guto comemora feliz.
GUTO ― Sério? Você tá falando sério mesmo? Kart? Disputar? Meu sonho!
EUSÉBIO ― Sim, é sério. Você não pode mais esperar por esse sonho, menino! Até que a gente construa uma pista de kart nessa cidade vai precisar de muita verba! Sem falar que vou ter que analisar as contas da prefeitura. Mas na cidade em que fui prefeito tá tudo pronto, tudo construído... só tão esperando você. O que você me diz Dona Olímpia? Não será agradável? É a chance! O seu filho está na idade de correr! Ayrton Senna começou a correr desde pequeno, assistir os desenhos da TV.
OLÍMPIA ― O Guto também sempre gostou dos desenhos da TV. Mas eu não sei, sabe? Ele vai ficar longe de mim! Eu não sei se é uma boa ideia.

EUSÉBIO ― Me desculpe, mas realmente a senhora não pode prendê-lo a você por muito tempo! Ele precisa realizar esse sonho, vai ver que o menino tem potencial! O que você me diz?
OLÍMPIA ― Está bem, está bem! Você está certo. É hora do Guto seguir com a vida dele, com o sonho dele, a gente tem que correr atrás, uma chance dessas não pinta duas vezes para ninguém, não é mesmo? Pois bem, doutor Eusébio, quando começamos?
Guto comemorando. Reação deles, alegres, mas não esperavam pelo pior ou melhor.

CORTA RÁPIDO PARA:

LETREIRO: DIAS DEPOIS

CENA 04. UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA DO HOSPITAL. INT. DIA
Na Unidade de Terapia Intensiva, um clarão incide no leito 19, onde está Pérola. Luigi, Lígia e Manuela não estão lá. Não há ninguém. São 7h da manhã, e pelas normas dos hospital, não permitem visitas a esse horário. Porém, o clarão é tão forte que desta vez com mais intensidade... Pérola consegue mexer uma mão, com vários aparelhos ao redor e o medidor de batimentos cardíacos normal, mas o coração não está recebendo sangue o suficiente... Porém, a intensidade do clarão aumenta ainda mais até, definitivamente, Pérola se assustar, acordar e abrir os olhos, e gritar.
CORTA PARA:

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