Herói Nacional - Capítulo 19

terça-feira, julho 03, 2018




novela de 
FELIPE ROCHA


CENA 01. CASA DE GUTO. QUARTO DE GUTO. INT. NOITE
Atenção Edição: Continuação da última cena do capítulo antecedente.
Olímpia abre a porta do quarto de Guto. A cama está coberta de travesseiros. Ela chama por ele, se aproxima da cama, tira o edredom e descobre que não há ninguém lá. Ela grita desesperada.
Nisso, Melissa e Lorenzo chegam ao quarto, preocupados.
MELISSA — O que aconteceu mãe? O que aconteceu?
LORENZO — Dona Olímpia, o que houve?
OLÍMPIA — Olhem para vocês verem, o Guto sumiu! Sumiu! Ah, meu Deus! Que tragédia.
MELISSA — Calma mãe, calma! Ele deve ter saído para dar um rolê por aí, ir para a balada, ou na casa de um amigo. Logo ele volta. Fica tranquila.
OLÍMPIA — Não, não dá para ficar tranquila. Nesse caso ele me avisaria.
MELISSA — Já tentou ligar para o celular dele?
OLÍMPIA — Nossa, é mesmo. Me empresta o seu.
Melissa dá o celular para Olímpia e ela liga várias vezes consecutivas para a Guto, mas a ligação não é bem sucedida.
OLÍMPIA — Sem sinal. O telefone deve ter descarregado. É o cúmulo!
MELISSA vê algo branco debaixo de um edredom e disse:
MELISSA — Peraí... isso... Isso é uma carta, leia mãe!
Melissa entrega a carta para Olímpia que abre e lê.

“Mãe, redijo essa carta para lhe certificar que não se assuste, fui buscar a minha felicidade, o meu sonho. Me perdoe, eu preciso ir a diante com o meu futuro. Peguei algumas economias que eu tinha e o ônibus para São Paulo parte lá pras 22h da noite, o tio me buscará na rodoviária. Dará tudo certo, se Deus permitir, você me encontrará pela televisão e eu voltarei com o prêmio para você. Mande lembranças a Melissa e a Gigi. Beijos. Amo todos vocês”!
Reação de Olímpia.
OLÍMPIA — Eu não posso acreditar! O seu irmão tá indo embora.
MELISSA — Para onde?
OLÍMPIA — A ideia maluca de ir para a Inglaterra tomou conta da cabeça dele. Nós não podemos ficar aqui parados, temos que reagir, vamos atrás dele.
LORENZO — Espere. É só você me dizer onde ele está e eu posso levar vocês até lá, tô de carro.
OLÍMPIA — Ótima ideia, Lorenzo! Ótima! Eu só vou pegar minha bolsa, peraí.
CORTA PARA:

CENA 02.MANSÃO DELLACOURT.QUARTO LUIGI.INT. NOITE
Luigi e Lígia conversam.
LÍGIA — A gente quase não tem tempo de conversar né? Sabe o que eu tava pensando. A loja não está dando lucratividade. Vou fechar, não dá, resultado nenhum. E seu pai já tem a empresa, não sei onde veio aquela minha ideia maluca de passatempo. A concorrência é forte, acirrada. Outras boutiques se instalaram ao lado da minha e possuem maiores qualidades.
LUIGI — Eu compreendo a situação, mãe. Não é culpa sua. Mas realmente ser dona de uma loja não é fácil. Não desanime, se o Santo Pai permitir, você lucrará muito.
LÍGIA — Ah, meu filho! Deus te ouça viu, Deus te ouça! Eu já mandei comprar mais mercadorias. Daqui a pouco vai ter até greve de funcionários. Mal tenho dinheiro para pagá-los.
Os dois riem.
LUIGI — Bom, o que eu queria falar realmente para a senhora é que... Hoje eu encontrei uma senhora na rua, ela chama Marilda, e ela tá precisando muito de emprego. Coitada, precisa de dinheiro para sustentar em casa né? E você também sabe mãe, está passando por uma situação difícil em sua vida. Você que é mãe, sabe. Ela é honesta, eu vejo a garra, a força nos olhos dela. Tentei conversar com o papai, mas a conversa não foi bem sucedida. Parece que ele não gostou ao ouvir o nome, pela reação dele. Por um momento, eu senti que havia uma ligação forte entre a gente. Sabe? Que a gente formava os mesmos cromossomos, o mesmo corpo, mãe e filho... mas não liga para essa ideia maluca, não. O que eu quero que você faça é que tente convencer o papai a deixa-la trabalhar aqui, ela tá precisando muito. Você também manda nessa casa e precisa reagir! Ele não pode tomar o poder daqui para si mesmo, mãe! Você tem potencial para isso! A única pessoa que ele escutaria é você, apesar de todo o jeito preconceituoso.
LÍGIA — (se espanta) Marilda? Eu acho que já ouvi esse nome em algum lugar!
LUIGI — Nossa, você também conhece?
LÍGIA — Não... é que... Ah, não sei meu filho. Talvez seja cisma minha. Eu vou conversar com ele, te prometo viu. (pensa) Marilda... Marilda. Ah, não essa não!
LUIGI — Então tá, valeu mãe.
LÍGIA — Agora vá dormir, tá muito tarde. E você tem aula cedo.
CORTA PARA:

CENA 03. CASA DE TIA NÁ. SALA. INTEIROR. DIA
Tia Ná, Marilda e Isabela.
TIA NÁ — Ah, fala! Fala que é verdade! Eu tô comemorando. Você é dez Marilda! Uma chance dessas não pinta mais de uma vez!
ISABELA — Agora foi esperta né?
MARILDA — Fiz o papel de atriz, da mãe desolada, que precisava de emprego. E eu percebi nos olhos dele que ele conseguiu acreditar na história, foi solidário, e vai conversar com o pai dele. Aí, vem a melhor parte. Se eu conseguir entrar na casa, silenciosamente, posso ir até o quarto deles, pegar o papel de adoção ilegal, e entrar na Justiça. Eu vou bater a boca no trombone!
TIA NÁ — Olha, eu não sei nem por que estou comemorando. Por um lado é arriscado, mas convenhamos que você mandou muito bem. Mas será mesmo que ele vai te aceitar?
MARILDA — Do jeito que ele ficou triste pela minha situação, é bem provável que sim... Isso foi graças a Isabela e a minha inteligência. Você não ajudou nada mãe, só ficou resmungando pelo canto aí.
TIA NÁ — Mas foi por um bom motivo. Agora eu te pergunto uma coisa minha filha. Já se livrou da arma?
CORTA PARA:

CENA 04. DELEGACIA DE POLÍCIA. INTERIOR. NOITE
Continuação da cena do capítulo antecedente.
Na delegacia de Polícia, Renato, Gilberta e Elomir.
ELOMIR — Eu não tô gostando disso! Não tô! Quê que vocês estão fazendo aqui até tarde? Não era para ter fechado!
GILBERTA — A gente estava organizando uma papelada, meu pai. Não é nada demais. Processos, arquivos mortos, depoimentos da vítima... O senhor tem que esperar. Não era necessário comparecer aqui e com esse cinto na mão. O delegado não é bicho não, eu acho uma tremenda falta de respeito com ele! Porque ele é a autoridade.
RENATO — Nada disso Gilberta, nada disso! Eu compreendo que o seu pai está desesperado, pelos olhos dele, estava preocupado com você. Hoje senhor Elomir, não se pode chegar mais tarde em casa né? Assalto, roubo! Como se diz, deve olhar e vigiar, um olho atrás, outro na frente. Sempre andar desconfiado. Mas da próxima vez, o senhor pode ficar em casa, que eu levo ela no meu carro. E não há nada entre nós. A relação que eu tenho com a Gilberta só é pela parceria de trabalho, fique tranquilo. Eu tenho respeito pelos meus funcionários.  (disfarça).
ELOMIR — Já que me confessou com essas palavras sinceras, eu acredito em você! Agora vamos Gilberta.
Gilberta vai embora com Elomir e após isso, Renato suspira:
RENATO — Nada fácil!
CORTA PARA:

CENA 05. MANSÃO DELLACOURT. ESCRITÓRIO. INT. NOITE
Lígia invade a sala de Téo e ele se irrita.
LÍGIA — Boa Noite meu marido!
TÉO — Quê que isso hein? Eu podia estar trocando de roupa nesse escritório. Tô trabalhando, cara. Tá invadindo a minha sala. Não vê não? Que cara mansa é essa hein?
LÍGIA — Ah, meu marido. Deixe de frescura. Pare com isso. Você não é mais bebê não. Com certeza deve ter um tempo para dar atenção a sua esposa, ou caso contrário, não haveria matrimônio entre nós dois, na época que eu era boba, apaixonada por você. Não casei por dinheiro, casei por amor.
TÉO  — Agora, vai, vai. Se for para vir com aqueles dramas do Luigi e da Manuela, me poupe. Eu não tenho tempo para essas atitudes de criança deles. Meninos que não crescem. Eu tenho filhos malucos, de outro mundo! É o cúmulo!
LÍGIA — Olha vamos parar com essa sua sátira sem graça, sabe? Já deu! O assunto é sério, nós precisamos nos prevenir! A Marilda, Téo. A mãe biológica deles. Já começou a interferir. E se nós não tomarmos uma atitude, ela vai descobrir tudo, desde a adoção ilegal, tudo. E a gente, vai perder os nossos filhos, e ainda vamos para a cadeia. É isso que você quer?
TÉO — Eu iria te comunicar Lígia! Essa mulher não pode trabalhar nessa casa. Ela é esperta. Tem cartas na manga. Vai vasculhar todos os papéis.
CORTA PARA:

CENA 06. ÔNIBUS NA RODOVIÁRIA. INTERIOR. DIA
O ÔNIBUS ainda não saiu da RODOVIÁRIA. Porém, os passageiros estão impacientes. Guto preocupado, lembra da família. O motorista avisa.
MOTORISTA — Temos um problema com a gasolina, por favor, desçam todos os passageiros!
Todos descem.
Em seguida, Guto, ao descer do ônibus, avisa Olímpia, Lorenzo e Melissa. Ela corre para abraça-lo chorando.
OLÍMPIA — Meu filho, meu filho!
CORTA PARA:

FIM

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