Outros Tempos - Capítulo 10 (Especial)
terça-feira, outubro 27, 2020OUTROS TEMPOS
Uma Novela Criada e Escrita por:
Raffa Lins
Apoio:
Web Novelas Channel (WNC)
CENA 01 / PORTÃO - CASA / ENTRADA / INT. / NOITE /
Parado em frente de uma casa, afastada de todas as outras da rua, Dante desce do taxi, observando.
DANTE: É aqui!
Batendo palmas, Dante espera pra ser atendido, demorando. Momento em que a porta desta mesma casa se abre.
Close em uma mulher, branca, cabelos pretos, vestido simples, saindo por esta porta, andando em direção do portão.
MULHER: Posso ajudar o senhor?
DANTE: Depende da sua resposta...
A mulher se aproxima de Dante, do lado de fora do portão, o encarando, confusa.
MULHER: Minha resposta?
DANTE: É... qual é o seu nome?
MULHER: (estranha) Meu nome? Eu me chamo Esther... Esther Brandão, por quê?
Ao ouvir o nome dito pela moça, mostrando ser Esther, ele logo dá um sorriso, respirando fundo.
DANTE: Finalmente te achei... Esther!!
ESTHER: (intrigada) Como assim me achou? Quem é você?
DANTE: Não é muito importante quem eu sou, mas sim, o que eu tô fazendo aqui. (T) Ana Luiza Marinho, mais conhecida como Malu Marinho, você se recorda? Vocês duas passaram uma boa parte da sua adolescência no reformatório de São João Del Rei, dividindo o mesmo dormitório. (direto) Eu vou ser rápido. Eu quero saber exatamente tudo o que ocorreu nesse período onde vocês conviveram por uns cinco anos... e você vai me contar!!
Esther encara Dante, assustada, sem palavras.
Corte rápido para:
CENA 02 / CASA DE ESTHER / SALA / INT. / NOITE /
Se santando no sofá, Esther serve um copo d'água para Dante, que não tira os olhos de si.
ESTHER: Olha, eu só te coloquei pra dentro de casa, porque você disse que era algo importante. Eu/
DANTE: (corta) É importante e você vai entender o porquê... melhor, você já sabe a resposta.
ESTHER: (impaciente) Se você ficar falando estrangeiro aí, de resposta, pergunta, ou sei lá o que, eu te boto pra fora de casa, e chamo a polícia!
DANTE: Então eu vou ser direto, como fui antes de entrar: como foi sua convivência com Malu Marinho no reformatório?
Impactada novamente com a pergunta, Esther se senta, atordoada.
Corte rápido para:
CENA 03 / MANSÃO RODRÍGUEZ / SALA DE ESTAR / INT / MANHÃ /
Momento exato em que Otávio, flagra Aloísio beijando Liz.
Fade In - Listen, Beyoncé.
LIZ: (aflita) Otávio, eu posso explicar...
OTÁVIO: Você não me deve explicações, Liz.
LIZ: Esse beijo não foi absolutamente nada do que você tá imaginando.
ALOÍSIO: Como assim, nada? Eu achei que tava rolando algo entre a gente, um clima diferente.
LIZ: (p/Aloísio, nervosa) Não está rolando nada aqui!!
OTÁVIO: Acho que essa conversa você tem que ter é com ele, e não comigo!!
Otávio sai da casa. Liz encara Aloísio, nervosa, mas prefere ir atrás de Otávio. Ritimo acelerado.
Corte rápido para:
CENA 04 / MANSÃO RODRÍGUEZ / SAÍDA / EXT. / MANHÃ /
Pronto para sair da residência de Liz, Otávio para, ao ser gritado por Liz.
LIZ: (grita) OTÁVIO, POR FAVOR... ESPERA!!
Liz rapidamente se aproxima de Otávio, ficando em sua frente.
OTÁVIO: Eu realmente não entendo o que você quer fazer comigo, Liz...
LIZ: Eu quero você, Otávio. É você que eu quero.
OTÁVIO: Alguns dias atrás, nós nos beijamos, foi bom, mas você me dispensou. Logo depois, você foi até o meu apartamento, a gente transou, foi ótimo. (marejado) Agora me fala, qual a sua real intenção comigo? Se divertir? Porque não tô afim, principalmente de ter esse tipo de diversão com você.
LIZ: Nunca foi por diversão, nem pelo momento. Eu sei muito bem do que eu faço, e aquela nossa transa não foi diversão, foi amor... paixão de verdade! Esse beijo que você viu, não significa nada. Aloísio mais uma vez/
OTÁVIO: (por cima) Mas rolou! (T) Agora é sério, só me procure se você estiver realmente interessada em mim. Eu já fui feito de trouxa várias vezes, dessa vez não! Olhe bem com quem você anda! (frio) Adeus, Liz!
Saindo da casa, Liz, amargurada, vê Otávio entrando em seu carro, fritando os pneus, dirigindo em alta velocidade, se distanciando.
Fade Out - Listen, Beyoncé.
Ao fundo, Aloísio vai se aproximando de Liz, sem que ela o veja.
ALOÍSIO: (calmo) Tá tudo bem? Eu não sei o que rolou aqui, mas acho melhor a gente conversar outra hora.
Liz vira-se para trás, alterada.
LIZ: (rude) Não tem outra hora, outro momento, não tem nada. Mais uma vez você confundindo uma amizade com romance, mais uma vez você me colocando numa sinuca de bico atoa, pelo seu jeito impulsivo, por essa maneira ridícula de tentar ter um caso comigo. Mais uma vez você me decepcionando...
ALOÍSIO: (sem entender) Mas Liz/
LIZ: (corta/abalada) Chega, Aloísio. Eu cansei de tentar deixar claro que somos apenas amigos. Aliás, acho que nem isso agora. Só vai embora da minha casa, que eu não tô aguentando mais olhar pra você.
ALOÍSIO: Você tá me expulsando da sua vida? Nós estamos trabalhando juntos pra desmascarar a Malu.
LIZ: Eu estou trabalhando nisso, você só está me ajudando. Agora, eu dispenso a sua ajuda, foi útil, obrigada, mas eu não quero mais. Cansei de você. Adeus!
Dando as costas para Aloísio, Liz bate a porta ao entrar em casa, o deixando ao lado de fora.
Aloísio encara a casa de Liz, furioso.
ALOÍSIO: (frio) Dessa vez, você não vai me tratar como um cachorro, me humilhando, e sair dessa história assim... não vai!!
Corte rápido:
ABERTURA:
CENA 05 / CASA DE ESTHER / SALA / INT. / NOITE /
Continuação imediata da cena 02. Esther fica em choque com a pergunta de Dante.
ESTHER: (disfarça) Malu Marinho, a cantora?
DANTE: (ri) Você é a segunda pessoa que se faz de sonsa na minha frente, após eu perguntar sobre a Malu. É combinado isso? Porque não é possível que seja coincidência.
ESTHER: (retraída) Acho melhor você ir embora.
DANTE: (incisivo) E eu já acho melhor você começar a me contar tudo, exatamente tudo. Se não, quem vai começar a falar, sou eu, só que pra um número maior de pessoas, que vão saber de tudo que anda rolando por baixo dos panos.
Esther engole seco a provocação de Dante, o encarando, séria.
ESTHER: Se você quer saber de tudo mesmo, eu vou ter que começar pelo começo...
DANTE: Eu tenho todo o tempo do mundo pra você agora, pode falar!
Respirando fundo, Esther começa a relembrar do passado.
ESTHER: (voz embargada) Eu nasci numa família completamente desajustada, principalmente pelo meu pai, que agredia, machucava fisicamente e mentalmente eu e a minha mãe, Larissa...
"Passam-se inserts de Alexandre, agredindo fisicamente Larissa, que tenta se defender, em vão." (Capítulo 02)
ESTHER: (emocionada) Nós estávamos seguindo a nossa vida, tranquila, comum, depois que a minha mãe se separou dele. Foi a primeira vez em toda minha vida que eu estava vendo a minha mãe feliz, alegre. Até que um dia, ele provocou um incêndio, na nossa casa...
"Insterts do momento em que Alexandre incendeia a casa de Larissa, a deixando completamente em chamas." (Capítulo 08)
ESTHER: (chora) Logo após ele me sequestrou, e depois a minha mãe. Ela morreu nesse acidente... ele matou a minha mãe!
"Inserts do momento em que o carro onde eles estão bate ao lado de um caminhão, capotando pelo outro lado da pista, caindo na ribanceira, matando Larissa" (Capítulo 09)
ESTHER: Eu perdi a minha mãe por causa dele... a minha vida foi destruída por causa do meu próprio pai!!
Não conseguindo segurar as lágrimas, desabando à chorar, Esther tenta se recompor, respirando fundo.
DANTE: (sério) Pode continuar?
ESTHER: (limpando as lágrimas) Parti daí, eu fui para um orfanato, permaneci por cinco anos lá. Saí apenas com quinze anos. Eu fui adotada duas vezes, na primeira, os meus pais adotivos me devolveram, não tinham grana o suficiente pra me manter. Na outra vez, fui adotada por outro casal, Carla e Mauro Mendes. E foi aí que eu vivenciei o pior dia de minha vida...
DANTE: O que aconteceu?
ESTHER: Algo que ninguém merece passar, ninguém... (relembrando) eu tinha quinze anos, já estava na casa deles fazia uns dois meses, e eu estava conseguindo me adaptar com aquela vida... havia acabado de voltar da escola...
Uma transição leve para a cena a seguir, voltando ao passado de Esther.
Corte rápido para:
CENA 06 / SÍTIO FAMÍLIA MENDES / COZINHA / INT. / TARDE /
Passando pelos cômodos da casa, Esther (15 anos) coloca sua bolsa de escola sobre o sofá, indo diretamente a cozinha.
Ao chegar, ela se depara com Mauro, pegando uma garrafa de cerveja da geladeira. Eles se encaram.
MAURO: O que foi, tá tudo bem?
ESTHER: (seca) Tá sim. Cadê a Carla?
MAURO: Ah, sua mãe teve que ir pra cidade, vai chegar só mais tarde, tá resolvendo algumas pendências.
ESTHER: Tá certo. Eu tô no meu quarto.
Esther saindo da cozinha, para, ao se chamada por Mauro.
MAURO: (por cima) Você acabou de chegar da escola, não vai querer comer nada? Tudo o que você quiser, tem nessa casa. Absolutamente tudo!
ESTHER: (desconfortável) Não, obrigada... eu realmente não quero nada!
Esther sai da cozinha, rápida.
Close em Mauro, que dá um pequeno sorriso, em seguida, bebendo a cerveja.
Corte rápido para:
CENA 07 / SÍTIO FAMÍLIA MENDES / QUARTO / INT. / NOITE /
Anoitece no sítio da família Mendes.
Deitada em sua cama, Esther estuda os deveres da escola, completamente concentrada. Ao olhar no relógio marcando 19h20 PM, ela se levanta da cama.
ESTHER: (espreguiçando) Deixa eu tomar um banho que já passou da hora.
Retirando suas roupas, Esther fica nua, pegando uma toalha pendurada na porta, se enrolando na mesma.
Corte rápido para:
CENA 08 / SÍTIO FAMÍLIA MENDES / BANHEIRO / INT. / NOITE /
Entrando no banheiro, Esther fecha a porta, deixando-a destrancada. Tirando sua toalha, novamente ficando nua, Esther entra no box, fechando o vidro.
Ligando o registro, Esther controla o nível da água, a deixando mais quente. Cantarolando, ela pega uma bucha, ensaboando seu corpo junto com o sabonete.
Com o tempo, o vidro do box vai ficando embaçado, o vapor de fumaça da água fica mais forte, enquanto esta mesma água cai sobre o corpo de Esther, se banhando, tranquila.
Um baixo barulho de porta rangendo é o suficiente pra desviar a atenção de Esther, que para de se ensaboar, olhando através do vidro embaçado, sem enxergar nada.
Fade In - Instrumental, Tensão.
Seus olhos ficam arregalados, sua respiração mais ofegante. Lentamente, ela abre o vidro do box, pensando o pior. Ao olhar para fora, ela vê a porta do banheiro entreaberta, lhe deixando ainda mais assutada.
Voltando para o banho, ela retira todo o sabão de seu corpo, fechando o chuveiro em seguida. Pegando a toalha, Esther se enrola, indo lentamente até a porta do banheiro, vendo ninguém ao lado de fora, apenas as janelas do corredor fechadas.
Ela fecha a porta do banheiro, ficando dentro, se escorando na porta, em choque.
ESTHER: (abalada) Calma Esther, não aconteceu nada, não foi nada... é apenas impressão sua!!
Close em seus olhos arregalados, corpo trêmulo, ofegante.
Corte para:
CENA 09 / SÍTIO FAMÍLIA MENDES / COZINHA / INT. / NOITE /
De roupas trocadas, Esther faz um lanche, pegando o pão de forma, peito de frango, mussarela, e pedaços de carnes desfiadas encontradas na geladeira.
Montando seu lanche, ela o coloca em um prato, em seguida, pegando um copo de suco da jarra encontrada na geladeira, dando uma pequena "golada"
CORTA P/ SALA: Passando com o lanche nas mãos, Esther se depara com Mauro, sentado no sofá, assistindo a uma partida de futebol, com uma cerveja nas mãos e um prato de petiscos. Ele olha para Esther, que tenta passar em silêncio.
MAURO: Vai comer isso mesmo?
Esther para, dando sua atenção para Mauro.
ESTHER: Vou, tô fazendo um regime.
MAURO: Regime? Pra que? Cê tá com o corpo tão lindo, não precisa disso...
Sem dar confianças, mas desconfortável, Esther sobe as escadas, mas algo faz com que ela pare, descendo novamente as escadas, dando sua atenção para Mauro.
ESTHER: Eu estava tomando banho agora a pouco, e... e alguma coisa fez a porta abrir. Você sabe o que é?
MAURO: Talvez seja a janela do corredor aberta que tenha feito ela abrir. É normal, filha, acontece...
ESTHER: (pensativa) É, a janela aberta...
Sua lembrança apenas remete ao momento em que ela sai do banheiro na cena anterior, vendo a janela do corredor fechada.
Mauro para de olhar Esther, se concentrando no jogo movimentado. Ao fundo, Esther sobe rapidamente as escadas.
Fade Out - Instrumental, Tensão.
Corte rápido para:
CENA 10 / SÍTIO FAMÍLIA MENDES / QUARTO / INT. / NOITE /
Apenas com o abajur ligado, lendo um livro, Esther olha o relógio marcando 21h12 PM. Colocando o mesmo prato na escrivaninha ao lado, Esther puxa a colcha da cama, jogando no chão. Ela arruma-se para deitar.
Antes de deitar, Esther para, virando-se para trás, olhando diretamente para a porta do quarto, fixada na fechadura.
ESTHER: (pensativa) Tranco ou não tranco?
Dando alguns passos até a porta, Esther resolve parar, desistindo do que iria fazer. Ela volta novamente para sua cama, se deitando e, em seguida, cobrindo-se.
ESTHER: (aflita) Isso é loucura da sua cabeça... apenas isso!
Esther apaga o abajur, deixando o quarto completamente escuro, apenas iluminado pelo relógio da escrivaninha ao lado.
As horas deste mesmo relógio vão passando rapidamente. Cada segundo vira uma hora, agora, marcando 23h04 PM.
Close na porta, rangendo, aos poucos se abrindo. A imagem ainda permance totalmente escura. É possível apenas ouvir alguns passos.
Continuando dormindo, a respiração de Esther agora é um pouco mais ofegante. Virando-se para o lado da cama, ela acorda, olhando diretamente para o relógio.
Ao acender o abajur, Esther dá um grito tão alto, que ecoa pelo quarto. Momento exato em que a luz ilumina Mauro, de pé, ao lado de sua cama. Foco em seu rosto, pérfido, paralisado.
ESTHER: (amedrontada) O que cê tá fazendo aqui?! Sai do meu quarto!
Se aproximando ainda mais da cama, Esther se afasta, ficando do outro lado, enrolada na coberta.
MAURO: Você quer que eu saia?
ESTHER: (por cima) Agora!! Por favor, sai do meu quarto... (grita) CARLA?! MÃE!!
MAURO: (dócil) Não precisa berrar, filha, sua mãe ainda não chegou, eu tô preocupado. (T) Eu tava lá na sala, vendo jogo, até que me toquei que ela ainda não tinha chegado, sabe? Eu tô com saudades dela, você não tá?
ESTHER: (clamando) Por favor...
MAURO: Eu tô tão solitário, tão sozinho... aí eu me lembrei de você, da minha filha linda que adotei, da minha filha com as pernas macias, da minha filha com o corpo exuberante, que também estava sozinha...
Rapidamente Esther se levanta da cama, ficando apenas de pijama, encarando Mauro, apavorada. Ele a olha da cabeça aos pés.
ESTHER: (chora) Eu juro que eu vou gritar se você chegar perto...
MAURO: (frio) Estamos isolados, grite, mas grite pra valer, porque ninguém vai te ouvir. Não posso forçar você, mas posso fazer você querer...
Ao Lado do relógio, está um rádio grande, som potente. Mauro rapidamente liga este rádio, o aumentando no último, começando a tocar uma música.
Fade In - Peek-A-Boo, Echo 3. (Música no Rádio)
No desespero, Esther joga as cobertas em direção de Mauro, correndo até a porta. Ele se solta das cobertas, correndo atrás de Esther.
MAURO: (impetuoso/grita) EU VOU TE PEGAR!!
Ao abrir a porta, ela é puxada para trás bruscamente, caindo no chão. Mauro pula sobre Esther, se atracando no chão, enquanto ela tenta se soltar de suas garras. Ele tentando imobilizá-la.
ESTHER: (arrastejando/transtornada) ME SOLTA... POR FAVOR!! (berra) SOCORRO!! SOCORRO!!
Puxando Esther pelas pernas, Mauro consegue montar sobre seu corpo, lhe segurando ao chão. Fechando as mãos, ele acerta um forte soco no rosto de Esther, lhe deixando zonza, inconsciente.
ESTHER: (atordoada/chora) O que você tá fazendo? Por favor... PARA!!
Virando o corpo de Esther todo mole, Mauro puxa seu short, lhe deixando apenas de calcinha.
MAURO: (ofegante) Pensa que eu não percebi suas olhadas? Aquele teatro no banheiro? Você sabe que eu tava vendo, sabe que eu tava querendo, se fez de boba, só pra me deixar furioso... e com mais tesão.
Abrindo o zíper de sua calça, Mauro desabotoa, ficando apenas de cueca. Abaixando a calcinha de Esther, ele cospe nos seus dedos, em seguida, passando na genitália de Esther, que tenta se soltar, mas com uma das mãos, ele a segura no chão.
ESTHER: (chora/confusa) Por favor... não...
MAURO: Pode ficar tranquila, meu amor, eu só gosto por trás. Vou te fazer ficar mocinha bem cedo!
Close apenas no rosto de Esther, com os olhos cheios d'água, apavorada.
Ao penetrar em Esther, ela dá um alto grito de dor, desesperada.
Mauro põe uma de suas mãos na boca de Esther, abafando o seu grito, enquanto ele penetra fortemente em Esther, perdendo seus sentidos.
A imagem se desvanece nos gritos de horror de Esther, misturados com os gritos prazerosos de Mauro, intensivo, enquanto a música no rádio continua em alto som.
Fade Out - Peek-A-Boo, Echo 3. (Música no Rádio)
Corte rápido para:
CENA 11 / CASA DE ESTHER / SALA DE ESTAR / INT. / NOITE /
Dante fica perplexo com o que ouve de Esther, sem palavras.
ESTHER: (em prantos) Eu me senti usada, imunda, suja... o que eu acabei de fazer? Eu fui estuprada pelo meu próprio padrasto, que só deveria me acolher, me ajudar... deveria ter gritado antes, acabado com aquilo tudo de uma vez, mas eu não tinha reação, não consegui fazer nada!
Dante ouve calado.
ESTHER: (enojada) Quando ele terminou de fazer o serviço, eu só rezava... rezava pra que aquele homem desaparecesse da minha frente, evaporava, sei lá, eu só precisava entender o que tava acontecendo e o porquê aconteceu.
Transição leve para a cena a seguir, de volta ao passado de Esther.
Corte rápido para:
CENA 12 / SÍTIO FAMÍLIA MENDES / QUARTO / INT. / NOITE /
Sobre o corpo de Esther, ofegante, Mauro dá um beijo em seu rosto, em seguida, se levantando.
Nu, ele para de frente a Esther, que fica imóvel, paralisada, com os olhos abertos, marejada, pálida. Ele a observa, com um olhar perverso, pérfido.
MAURO: (exausto) Agora... eu vou tomar um banho, que ir? Depois cê vai, né? É melhor!!
Pegando sua calça jogada no chão, ao lado de Esther, ele sai do quarto, segurando em seu ombro, deixando a porta entreaberta.
Ao perceber que Mauro saiu, Esther rasteja lentamente até sua cama, onde ao lado dela está a mesma coberta. Esther se enrola, cobrindo o seu corpo nu.
ESTHER: (chora/enojada) Que nojo... que ódio... que raiva... isso não aconteceu comigo... não... não... (grita) NÃAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAO!!!
Close em sua feição de ódio, rancor, com os olhos arregalados, com o canto da boca sangrando.
Se levantando, Esther pega a primeira roupa que vê, vestindo de qualquer jeito. Limpando suas lágrimas, ela se dirige até a porta, saindo do quarto, lentamente.
Corte rápido para:
CENA 13 / SÍTIO FAMÍLIA MENDES / COZINHA / INT. / NOITE /
Chegando na cozinha, cambaleando, Esther abre uma das gavetas do armário, retirando da mesma, uma enorme faca de corte. Ela encara esta faca, rancorosa, trêmula. Olhar fixo.
Corte rápido para:
CENA 14 / SÍTIO FAMÍLIA MENDES / ESCADA / INT. / NOITE /
Subindo as escadas, perto dos últimos degraus, Esther desacelera seus passos, diminuindo o barulho, podendo apenas ouvir o som da água do chuveiro ao fim do corredor. Impulsiva, Esther respira fundo, segurando com força a mesma faca nas mãos, indo em direção daquele mesmo banheiro.
Corte rápido para:
CENA 15 / SÍTIO FAMÍLIA MENDES / BANHEIRO / INT. / NOITE /
Tomando seu banho, Mauro deixa a água quente cair sobre seu corpo, extasiado. As fumaças saindo desta água faz com que o vidro do box fique embaçado, o deixando sem visão.
Fade In - Instrumental, Suspense.
Um barulho de porta rangendo é possível ouvir, mas Mauro não dá atenção, concentrado em seu banho.
Ao perceber o vidro se escurecendo, Mauro passa a mão por este mesmo vidro, vendo apenas o rosto de Esther, parada em sua frente. Ele dá um pequeno sorriso.
MAURO: (abrindo a porta do box/animado) Eu sabia que você iria querer mais. Quer tomar banho com o papai?
Ao abrir totalmente o vidro do box, Mauro vê Esther, com as mãos para trás, paralisada.
ESTHER: (fria) Dessa vez, não foi o vento da janela que fez a porta se abrir...
Empunhando a faca com força, Esther a mostra para Mauro, que automaticamente se assusta. Levantando sua mão para o alto, Esther crava a faca com força no peito de Mauro, retirando em seguida, fazendo com que o sangue respinga em seu rosto.
Prazerosa com o momento, Esther acerta mais uma facada em Mauro, agora, fazendo a faca entrar toda dentro de seu corpo, podendo sentir apenas o cabo de madeira ao lado de fora.
ESTHER: (furiosa/esfaqueando Mauro) MORRE SEU DESGRAÇADO... MORRE!!
O sangue de Mauro é misturado com a água do chuveiro, caindo diretamente pelo ralo. Sem forças, seu corpo cai sobre o vidro do box, o fazendo se quebrar por inteiro, caindo para o lado de fora do box, no chão, de bruços, cuspindo sangue, sem forças.
Ao ver Mauro no chão, Esther se abaixa, agora, esfaqueando suas costas diversas vezes, sentindo o poder e o ódio em suas mãos. Ela não para, insaciável, continuando a esfaquear as costas de Mauro, que a essa altura, completamente esfolada, sem vida.
Esther crava a última facada nas costas de Mauro, a deixando ali mesmo, presa em seu corpo.
Ela se senta no chão do banheiro, ofegante, de frente para o corpo de Mauro, estirado ao chão, morto, com o seu sangue se alastrando em volta de seu corpo, misturado com os cacos de vidro, chegando até os pés de Esther, que se afasta.
ESTHER: (apavorada/incrédula) Eu matei... eu matei uma pessoa... eu matei...
VOZ: (off) Ai meu Deus...
Virando-se para o lado, Esther vê Carla, paralisada, presenciando o corpo morto de seu marido ao lado de Esther, que a encara, com os olhos arregalados.
CARLA: (berra/desesperada) AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA!!!!
Corte para o lado externo do sítio da família Mendes, com o grito de desespero de Carla se transcendendo, ecoando por todo o local.
Corte rápido para:
CENA 16 / CASA DE ESTHER / SALA DE ESTAR / INT. / NOITE /
Esther continua dando seu relato para Dante.
Close nas mãos de Dante nas costas, segurando o seu celular, gravando todo o relato dito por Esther.
ESTHER: (limpando as lágrimas) Ela não queria me ouvir, não quis nem saber o que aconteceu de verdade, eu só conseguia ver o jeito que ela olhava pra mim, amedrontada, apavorada, o mesmo olhar que eu tive do marido dela... eu causei numa pessoa o que ela me causou... medo!
DANTE: E foi aí que você foi parar no reformatório?
ESTHER: Carla chamou a polícia, como eu era de menor, não poderia ser presa. Fui encaminhada pra esse reformatório, onde fiquei lá por mais cinco anos... cinco anos esse perdidos por causa de um pedófilo, de um estuprador desgraçado!
DANTE: Lá você conheceu Malu Marinho, a cantora. Tô certo?
ESTHER: Minha única ligação com essa mulher é isso, apenas no reformatório e nada mais...
Dante encara Esther, sério.
DANTE: (sério) Olha, eu tenho que te dar os parabéns, acredita que eu fiquei mexido com esse relato? É triste demais saber que isso tudo, é mentira.
ESTHER: (estranha) Mentira? (nervosa) Você acha mesmo que eu seria capaz de inventar uma história de horror como essa?
DANTE: Claro que não, eu acredito que essa história existiu, e sei que é verdade. Mas sei também, que não foi você quem presenciou essa história...
ESTHER: Como?
DANTE: Meus parabéns é pelo seu bom trabalho, estudou muito bem o script, o roteiro tá na ponta da língua. Não deixou passar nenhum dos detalhes... aliás, apenas um. (duro) VOCÊ NÃO É ESTHER BRANDÃO!!
ESTHER: (gagueja) Como... como...
Assustada, Esther olha para a porta, vendo a mesma se abrir.
VOZ: (off) Tem razão, ela não é...
Virando-se para trás, Dante fica espantado ao ver quem está entrando na casa.
Close em Malu, impiedosa, encarando Dante.
MALU: (fria) EU SOU ESTHER BRANDÃO!! Mas esse segredinho, não vai pra lugar algum...
Tirando a arma de sua bolsa, Malu aponta diretamente para Dante, que fica em sua mira, completamente aterrorizado, pávido.
A câmera fixa em Malu, revelando ser a verdadeira Esther Brandão, apontando uma arma para Dante, congelada em tom amarelo em um disco de vinil, ao som de: "Killing Me Softly With His Song, Fugees".
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