INCÓGNITA - CAPÍTULO 6

terça-feira, outubro 06, 2020

 Incógnita

Capítulo 6



Uma novela de
MISTER HUDSON

Supervisão de Texto
MEGAN CLARKE E TEDILDE MOREIRA

Personagens desse capítulo

SHERON MENEZZES - Larissa
DAN FERREIRA - Ronaldo
DAVID JUNIOR - Humberto
SILVIO GUINDANE - Dr. Eduardo



Cena 1: Casa do Dr. Eduardo/ Quarto/ Interior/ Noite

Continuação imediata da última cena do capítulo anterior

Larissa está trêmula. Suas mãos e testa suam enquanto a luz da lanterna do celular ilumina o semblante diabólico de Dr. Eduardo:

Larissa (nervosa, confusa): - Eu (T) eu (T) estava (T) estava procurando algum medicamento, alguma coisa para te ajudar, você estava desmaiado, eu não podia (corta)

A socialite começa a ficar cada vez mais ofegante. A luz da câmera do celular, com a tela já bloqueada, reflete em vários cantos do quarto, acompanhando o efeito descontrolado que o sonífero causa em seu corpo. Num rompante, ela desmaia, desacordada, sobre a cama de Dr. Eduardo. Corta para:


Cena 2: Penitenciária/ Cela de Ronaldo/ Interior/ Noite

Ronaldo está recostado na parede gélida da cela, enquanto outros detentos estão fumando. Um deles, Pezão, joga um cigarro e um caixa de fósforos para o rapaz:

Pezão: - Pega aí, mano.

Ronaldo: - Não, cara, valeu (T). Minha vida já está nebulosa demais. E eu já conheço o impacto dessas e de outros tipos de tragadas (T).

Pezão se aproxima de Ronaldo, e o encara, com um semblante curioso:

Pezão: - Qual foi teu rolo?

Ronaldo o encara: Porte de drogas. (T) Drogas que eu nunca portei. (T) Não nessa quantidade.

Pezão: - E “tu” acha que foi aquele cara, o delegado, que malocou a muamba lá?

Ronaldo balança a cabeça, assentindo.

Ronaldo (reflexivo): - Desde quando a investigação sobre a morte do pai começou, parece que esse Delegado persegue a gente, tem uma fixação obsessiva. (T) Os depoimentos, essa prisão, o comportamento dele com relação à minha família.

Pezão (conclusivo): - Ah, agora saquei (T) “Tu” é filho daquele cirurgião plástico, o (T) (corta)

Ronaldo: - Emiliano Figueiredo Silva. Um nome tão imponente quanto a monstruosidade de quem carregou ele.

Pezão: - É, a gente costuma ler uns jornais, “cês” eram bem conhecidos.

Ronaldo: - Um anjo como médico e um demônio como pai. Um sádico, um maldito que batia na esposa e no filho de um jeito banal, asqueroso (corta)

Ronaldo começa a demonstrar a sua revolta e é controlado por Pezão. Ele apanha uma garrafa pet, com água e entrega ao filho de Larissa.

Pezão: - Acalma aí, mano. Bebe um pouco, vê se relaxa. Ficar “revoltadinho” aqui, é só enrascada, fica tranquilo.

Ronaldo toma a água, em goles sequenciais. A câmera corta para o semblante de Pezão, mais afeito a Ronaldo:

Pezão (reflexivo): - Antes de eu parar aqui eu cometi um monte de erros. Eu roubei (T) trafiquei. Mas o único do qual eu não me arrependo foi o de ter matado. Quando eu tinha uns (T) 14, 15 anos, eu mandei o desgraçado do meu padrasto, que surrava a minha mãe, lá pro quinto dos infernos. Não me arrependo de ter passado a navalha naquele filho da puta.

Ronaldo (demonstrando surpresa): E a sua mãe?

Pezão abaixa a cabeça:

Pezão (decepcionado): - Me renegou. Me expulsou de casa, não quis mais saber de mim. Só hoje, depois de muito calejo é que eu entendo a situação de mulheres como ela. E (T) como a da “tua” mãe também.

Ronaldo: - Diferente de você com a sua, eu nunca consegui fazer nada pela minha. Nem confessando que eu matei o meu pai eu consegui ajudar ela.

Pezão: - Mas “tu” tentou. Tentar, às vezes, é muito mais que conseguir. Eu tenho certeza que se tivessem muito mais tentativas, um “montão” de mulheres “aí” se sentiriam mais seguras de denunciar, de serem ouvidas. (T), mas (T) não é assim.

Instala-se um silêncio entre os dois. As emoções se reviram e os olhos de ambos ficam marejados:

Pezão: - Mas, fala aí, “mano”. (T) Eu entendi que “tu” queria salvar a pele da “tua” mãe, ajudar, fazer algo por ela, mas...aquela tal de explosão que matou teu pai...foi tu que planejou, mesmo? Corta para:


Cena 3: Casa do Dr. Eduardo/ Quarto/ Interior/ Noite

Dr. Eduardo segura Larissa pelo busto, segurando-a com os dois braços e a arrasta pelos cômodos da casa, até chegar à porta. Antes de sair, ele apanha as chaves do carro e uma pequena escultura de coruja talhada em madeira, com olhos que lembram botões. Ele repousa a socialite no banco do passageiro de seu carro e parte em direção à Mansão dos Silva. Corta para:


Cena 4: Mansão dos Silva/ Interior/ Noite

Dr. Eduardo adentra o casarão de Larissa. Ele acende algumas luzes, deixando o ambiente em tons escuros. A câmera foca no rosto de Larissa desacordo, com seu corpo sendo arrastado pela Sala de Estar. De repente, o delegado repousa a escultura de coruja no alto de uma estante de mármore e sobe as escadas em direção à suíte da socialite. Corta para:


Cena 5: Mansão dos Silva/ Suíte de Larissa/ Interior/ Noite

O delegado repousa Larissa na cama e a despe, cobrindo-a somente com o lençol, em seguida. Ele tira, da mesma sacola que guardava a escultura de coruja, uma garrafa de champanhe e duas taças. Ele a abre, abafando o barulho com o blazer e espalha a bebida pelo quarto após preencher as taças. Se despe e, antes de deitar ao lado de Larissa, apanha o celular da socialite. A câmera abre o foco na tela do aparelho. O delegado tenta desbloquear a tela digitando a data de nascimento de Ronaldo (09/04/1995)


Dr. Eduardo (rindo): - Vadia previsível (T).

Ele digita uma mensagem para Humberto: “Deu tudo certo...te espero amanhã, bem cedo, para comemorarmos”

O delegado bloqueia a tela, repousa o celular sobre o criado mudo e se deita ao lado de Larissa. De repente, a tela do aparelho se ilumina, com a mensagem de confirmação de Humberto. Corta para:


Cena 6: Penitenciária/ Cela de Ronaldo/ Interior/ Noite

Pezão (curioso): - E aí, “cara”?

Ronaldo (misterioso): - Você sabe, “cara”. (T) Por tudo o que eu contei, ficou bem claro.

Pezão se levanta e fica em frente a Ronaldo. Ele gesticula para que o filho de Larissa também se erga.

Pezão (estendendo a mão): - Eu gostei de “tu”, moleque. (T) “Tu” vai ficar sob minha asa aqui dentro, protegido. Vou fazer muito gosto em te ajudar, mas, se rolar qualquer deslize comigo, a chapa vai esquentar pro teu lado.

Ronaldo (aperto a mão de Pezão, em sinal de cumplicidade): - Valeu, Pezão, mas (T) que tipo de ajuda é essa “cara”?

Pezão: - Amanhã “tu” vai saber, fica “sussa”.

Pezão continua apertando a mão de Ronaldo e em seguida lhe dá um “tapinha” nas costas. Corta para:


Cena 7: Mansão dos Silva/ Interior/ Manhã

A câmera foca na porta do casarão. Humberto a abre, com a chave reserva, carregando uma sacola de palha com alguns pães.

Humberto (alegre): - Larissa? (T).

Sem resposta, ele sobe as escadas, em direção à suíte da socialite. Ele caminha pelo corredor dos quartos, escuro, iluminado tão somente por uma fresta de luz do sol que sai pelo vitrô, ao fundo. A porta da suíte está entreaberta. A câmera acompanha o irmão de Emiliano por trás. Sua mão empurra vagarosamente a porta, num misto de ansiedade e medo. Finalmente, Humberto observa Larissa e Eduardo deitados, nus, com os braços e pernas entrelaçados. A câmera caminha e mostra as roupas espalhadas pelo quarto, em meio ao champanhe que lustra o assoalho. Humberto cerra as mãos e lacrimeja, tentando reter a raiva da situação. Corta para:


Cena 8:Mansão dos Silva/ Suíte de Larissa/ Interior/ Manhã

Humberto contém a raiva e desce as escadas, em disparada, rumo à parte do casarão. Ele fecha a porta com uma força descomunal, desconcertado. O som faz com que Larissa desperte aos poucos. Ela se vira na cama e, de repente, seu rosto encontra com o de Dr. Eduardo, com seus olhos gélidos e os lábios ensaiando um sorriso:

Dr. Eduardo (risonho): - Bom dia, minha princesa. (T) Dormiu bem?

Larissa se levanta. Ele sonda o estado do quarto, com as roupas jogadas, o champanhe espalhado e seu corpo nu, coberto tão somente pelo lençol:

Larissa (com a mão sobre a testa): - O que aconteceu aqui?

Dr. Eduardo (debochado): - Algo que acontece desde Adão e Eva, e que deu origem a Caim e Abel. (T) Só que no seu caso, veio um Ronaldo.

Larissa (assustada): - Eduardo, eu preciso entender o que está acontecendo. (T). Desculpa, mas, essa situação é inusitada, eu sem roupa, esse quarto todo revirado, eu não lembro de nada, nada.

Dr. Eduardo se acomoda sobre a cama e apanha a camisa, jogada ao lado dela. Ele começa a vesti-la quando Larissa, mesmo atônita, nota uma espécie de marca de nascença, no final do dorso do Delegado. Ela tenta iniciar um questionamento, mas hesita, em meio ao nervosismo e incerteza da situação.

Dr. Eduardo (vestindo a calça) - Uma pena que sua memória é fraca.

Dr. Eduardo apanha o par de sapatos quando, subitamente, se vira para Larissa:

Dr. Eduardo: - Se a sua memória é fraca, a minha é bem forte, e você vai gostar do que ela se lembrou. (T) O “teu” filho confessou que o matou o Dr. Emiliano, sabia?


Larissa se levanta da cama, atônita:


Larissa (assustada): - O que? O meu Ronaldo, confessando/(corta)

Dr. Eduarda (sarcástico) – Confessando (T). E com detalhes bem minuciosos (T). Mas, toda confissão ou crime muito “perfeitinho” sempre tem um “Q” de dúvida, e esse não é diferente.

Larissa (conclusiva): - E isso quer dizer que/(corta)

Dr. Eduardo: - Que eu não acolhi a confissão. Acho interessante você botar um pouquinho de juízo na cabeça do “teu” filho. A quota dele tá vazia pra querer se enrascar ainda mais do que já está.


Dr. Eduardo caminha até o criado-mudo ao lado da cama e pressiona o botão central do celular de Larissa. A tela se ilumina e a câmera foca no horário: 10h23.


Dr. Eduardo (vestindo o blazer): - “Aproveita” essa manhã ensolarada, o horário de visitas no presídio é até as 18h. Não é um jantar à luz de velas, mas, quem sabe as suas palavras não iluminam o caminho desse rapaz. (T).

Larissa: - Eu (T) eu acompanho você até a porta.

Dr. Eduardo: - Não precisa, eu sei o caminho até ela.

Dr. Eduardo se aproxima lentamente de Larissa. Ele a segura pelo antebraço, numa agressividade tênue e lhe dá um beijo, suave, e ao mesmo tempo, agressiva. Ele se vira e caminha em direção à porta. A câmera o acompanha pelas costas. Antes de sair, ele observa a estátua de coruja sobre a estante de mármore. Está escondida, mas ainda assim, seus olhos negros parecem observadores. Ele gira a maçaneta e sai da mansão.


Cena 9: Mansão dos Silva/ Hall de Entrada/ Exterior/ Manhã

Dr. Eduardo caminha em direção ao seu carro. A câmera vai mudando lentamente de foco e mostra Humberto escondido, atrás de um dos carros estacionados na rua. Ele espera o Delegado dar a partida e ir embora. Quando isso acontece, ele corre até a mansão e abre a porta, lentamente, a fim de surpreender Larissa, e sobe as escadas até a suíte da socialite. Corta para:


Cena 10: Mansão dos Silva/ Suíte de Larissa/ Interior/ Manhã

A câmera acompanha Humberto correndo e subindo as escadas. A câmera corta para a Suíte de Larissa. A socialite está se vestindo, trêmula quando Humberto aparece ao fundo, enraivecido, observando novamente o quarto, ainda bagunçado pela armação de Dr. Eduardo:

Humberto (enraivecido): - E, aí, vadia? Quis voltar às origens?

Larissa se vira, assustada:

Larissa (assustada): - Humberto? O que você tá fazendo aqui?

Humberto: - Eu recebi um convite pra um café da manhã, só não sabia o brinde era um filmezinho pornô de quinta categoria!

Larissa: - O que? (corta)

Humberto agarra Larissa pelo braço, violentamente

Humberto (enraivecido): - E aí, foi bom, curtiu? Pelo visto, sim. Pro rebu que tá esse quarto, a noite, a madrugada, e de quebra a manhã foram deliciosas.

Num rompante, Larissa morde o antebraço de Humberto, que simultaneamente lhe desfere um forte tapa no rosto, fazendo com que a socialite caia no chão. A câmera foca em seu semblante no momento em que se vira, deixando um pequeno corte no canto do lábio. Ela se levanta, apoiada no beiral da cama.

Larissa (afoita): - Eu jurei pra mim mesma que eu nunca mais ia apanhar de homem nenhum. (T) E não vai ser você que vai quebrar essa regra!

Humberto: - Então fala, sua vagabunda, fala!

Larissa: - Eu não “te” devo satisfação do que eu faço ou deixo de fazer.

Larissa se vira e caminha em direção à Sala de Estar, estarrecida. Humberto a segue:

Humberto: - Ah não? E desde quando essa partida tem só um jogador?

Larissa: - Desde o momento em que você deixa os seus olhos te enganarem. (T) Eu não sei o que aconteceu aqui ontem, a única coisa que (corta).

Larissa se sente lentamente sobre o sofá, passando as mãos em seus cabelos, perplexa:

Larissa (conclusiva): - As taças (T) Ele trocou as taças.

Humberto: - Que taça, do que você tá falando?

Larissa: - Como a gente tinha combinado, eu me encontrei com o Delegado, mas na casa dele. Eu tentei dopar ele pra vasculhar o lugar e achar algo pra (T) pra entender o motivo desse comportamento hostil, dessa obsessão dele pela nossa família.

Humberto gargalha:

Humberto: - E você realmente espera que eu acredite nisso?

Larissa se levanta e olha fixamente para Humberto:

Larissa: - Eu não te entendo, Humberto. A gente combinou que eu ia usar toda e qualquer arma pra arrancar alguma coisa do Eduardo e agora você vem com esse papo de falso moralista pra cima de mim?

Humberto: - Sedução e sexo são coisas muito diferentes, e nenhuma coisa leva a outra.

Larissa: - Chega! Eu não ficar aturando essa ladainha incoerente. Sai (T) Sai daqui, agora. Eu preciso ir até a Penitenciária.

Humberto, com os olhos marejados e atesta condensada por gotículas de suor, se aproxima de Larissa, cerrando os olhos, em pleno estado de raiva:

Humberto: - Então aproveita e já reserva a cela presidencial, porque eu vou derrubar você desse pedestal (T).

Larissa fica tensa:

Larissa: - O que?

Humberto (com a voz trêmula): - Eu vou contar que você assassinou o Emiliano naquela noite. Que você e o Ronaldo sofreram anos de agressão e isso foi decisivo pra você tomar a iniciativa de explodir aquele carro. E que eu fui ameaçado de morte se delatasse você pra Polícia. (T) Que tal?

Corta para:

-GANCHO-


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