A CAIXA DE PANDORA- CAPÍTULO 09
sexta-feira, setembro 04, 2020
CAP 9-
Nova fase, novos rumos
CENA 01:
Hospital/ Entrada/ EXT/ Dia
Malthus: É
esse o hospital?
Bárbara
Cristina: Sim, agora fiquemos aqui esperando essa ninfetinha marmita de
terra...
Horas e
horas depois...
Bárbara
Cristina: BINGO! É hoje mesmo que ela recebeu alta! Olha ela vindo ali... Vá lá
e pegue-a no braço! Anda, anda!
Malthus
faz tudo o que Bárbara pede e sai do carro para carregar Marly nos braços até o
mesmo. Em seguida, ele a amarra sob correntes.
Marly: O que
significa isso? Quem são vocês, o que querem?
Bárbara
Cristina: Pisa fundo, Malthus, tem gente ligando pra polícia... Você é burro
até na hora de sequestrar um resto de bagaço fudido, eu hein...
Marly:
VOCÊ??? O QUE VOCÊ QUER COMIGO SUA LOUCA? Já não basta ter danificado meu rosto
com soda cáustica e me transformando nesse monstro?! (soltando-se das
correntes) Eu vou ligar aqui...
Bárbara
Cristina (toma o celular de Marly e ironiza): O número que você ligou
encontra-se desligado ou fora da área de cobertura, obrigada! (joga pela
janela) Pra quem você ia ligar mesmo?
CENA 02:
Floresta/ INT/ Noite
Ele
dirige quilômetros e quilômetros, até que se distancia da cidade e anoitece.
Malthus
(parando o carro no meio da mata): Aqui tá bom?
Bárbara
Cristina: Tá perfeito, nem sinal da polícia que chamaram até agora... Vai lá,
pode matá-la, tem um revólver no porta-malas. Vou até sair aqui pra ver de
camarote essa bagaceira se transformando em matéria inorgânica quando for
enterrada. Quem mandou ter gritado naquele dia no hospital?!
Marly: Por
favor, NÃO, NÃO ATIRA!
(Sons de
tiro) A bala é disparada.
Após
executá-la, Malthus rapidamente leva Bárbara Cristina para sua casa, já tarde
da noite.
CENA 03:
Leblon/ Apartamento/ Suíte/ Noite/ INT
Ao entrar
no quarto, Bárbara vê Antonino sozinho coberto na cama...
Antonino:
Por que chegou tão tarde hoje, gata?
Bárbara
Cristina: Hoje foi puxado... Mas por que tá todo coberto no lençol? Tá pelado?
Antonino
(retira as cobertas estando totalmente desnudo): Isso responde sua pergunta?
Bárbara
Cristina: Estranho...
Antonino: O
que? Quer que eu bata antes de enfiá-lo em você?
Bárbara
Cristina: Não é isso, eu tô com pressentimento de que tem alguém a mais aqui
além de nós...
Antonino:
Deixa de neura, não tem ninguém aqui além da gente!
Bárbara
Cristina: Olha, eu tô cansada, veste aí um samba canção, hoje não vai dar,
tchutchucão... Sorry. (ironicamente cruza os dedos atrás das costas fingindo
que acreditou nele) É que eu tô cansada, sabe? Por isso que eu tô doida dizendo
essas coisas...
Bárbara Cristina: (fala pensando intimamente
enquanto desliga as luzes do quarto) Ele acha que eu nasci ontem, eu sei que
tem alguém que ele anda colocando aqui, eu vou descobrir quem é, algum dia! Ah
se vou...
Antonino:
Amor, não fique tanto tempo fora assim, o nosso filho precisa de você... Tá
fora desde ontem o dia todo, assim eu fico preocupado!
CORTA
PARA
CENA 04: Floresta/
Cabana/ INT/ Noite
Malthus
retorna ao local onde cometeu o crime comandado por Bárbara Cristina.
Malthus: Que
bom que entendeu o sinal que eu fiz na hora de atirar... Trouxe seus
suprimentos antes de vir pra cá.
Marly: Por
que tá me ajudando? O que te levou a me deixar viver?
Malthus: Porque
você tem uma aura boa, mas vejo seu coração petrificado e com desejo de se
vingar de alguém... Mas, por que a Bárbara e você se detestam?
Marly: Como
você tá sendo altruísta com a minha pessoa, também serei contigo... Ela tentou
me matar porque eu poderia denunciá-la por agressão, ela queimou meu rosto com
soda cáustica...
Malthus
(interrompe): Isso explica o porquê do estado da sua cara... Ok, prossiga.
Marly:
Então, como eu tava dizendo... Ela me queimou com soda cáustica, tudo por quê?
(começa a chorar e espernear) PORQUE ME PEGOU NUA NA CAMA COM O MARIDO DELA,
SENDO QUE EU TAVA TOTALMENTE IMOBILIZADA NA CAMA, quando na verdade eu fui...
eu fui... ESTUPRADA POR AQUELE CRÁPULA! Eu disse isso a ela e ela não acreditou
em mim e fez o que fez... ENTENDEU AGORA O PORQUÊ DESSE DESEJO?!
Malthus:
Saiba que ganhou um aliado! Eu te ajudarei nisso, essa mulher e principalmente
esse crápula inescrupuloso e misógino pagarão por tamanha monstruosidade, disso
fique certa.
Marly (abraça Malthus enquanto chora): Eu nem sei como te agradecer,
parece que caiu do céu esse tipo de ajuda... Eu tô sem chão, desde que isso
aconteceu, minha vida virou um inferno...
Malthus: Calma, calma, vou te ajudar. Também vou te falar uma
coisa, eu não vou com a cara da minha patroa, sabe? Enxugue. (entrega lenços à
Marly para que ela enxugue as lágrimas).
Marly (enxugando as lágrimas): Nossa! E por quê?
Malthus: Ela ofereceu abrigo a mim e a minha mãe, só que ela
vem usando essa bondade como moeda de troca, explorando a gente, como você pôde
ver ela me forçando a te matar, por exemplo.
Assim, secretamente, Malthus ajuda Marly a se reerguer na
vida.
Passando-se exatamente um ano...
CENA 05: Igreja/ Batizado/ INT/ Dia
Bárbara Cristina e Antonino organizam uma linda festa de
batizado para seu filho que acabara de completar 1 ano. O menino foi batizado
de Augusto Henrique. Dante, devido à proximidade com Antonino e Bárbara
Cristina, é chamado para o apadrinhamento.
Passam-se exatamente 16 anos e, assim, inicia-se uma nova
fase.
CENA 06: Floresta/ Cabana/ EXT/ Dia
Com a ajuda oferecida de Malthus, Marly usufrui da cabana e
monta seu próprio barzinho ao saber que passavam muitos caminhoneiros ali. A
partir disso, ela consegue se sustentar financeiramente. E Malthus, claro,
apoiando-a nisso.
CENA 07: Leblon/ Apartamento/ Banheiro/ INT/ Dia
Augusto Henrique
cresce sendo apelidado de Gurrique como forma de abreviar seu nome. Ele se olha
no espelho e vê várias mudanças estranhas ocorrendo em seu corpo, as quais se
referem à puberdade.
CENA 08: Leblon/ Apartamento/ Cozinha/ INT/ Dia
Neste mesmo período e nessa nova fase, era aniversário de
Lincoln e dona Raimunda, que esteve trabalhando durante todos esses anos na
casa de Bárbara Cristina, cuidando até de Augusto Henrique desde que ele
nasceu, estava a chorar bastante, porque não encontrara o filho. Augusto se
dirige à cozinha e vê tudo.
Augusto Henrique: Dona Raimunda? Tá chorando? O que
aconteceu?
Dona Raimunda (chorando): OH meu menino, eu espero que você
nunca fuja de casa e que seja sempre feliz com a família que tem...
Augusto Henrique: Por que me diz isso? O que tá acontecendo
com a senhora?
Dona Raimunda: Porque já se passaram anos que eu estou aqui,
cuidei até de você desde que nasceu... E nunca encontrei meu filho, peço até
hoje à minha santinha que o proteja... Como será que ele tá?!
Augusto Henrique: E por que ele desapareceu? O que houve? A
senhora foi mais que minha babá, foi minha segunda mãe, por que ele deixaria uma
mãezona feito você?
Dona Raimunda: Aí filho... É uma história muito complicada,
sabe? Já faz tanto tempo e jamais seria por minha causa que ele desapareceria.
(enxugando as lágrimas) Mas agora vamos tentar esquecer a tristeza, porque eu
vou fazer aquele omelete do jeitinho que você gosta...
Augusto Henrique: Dona Raimunda, saiba que pode contar comigo
pra tudo!
Eles se abraçam e Raimunda acaba se esquecendo
temporariamente Lincoln, que anda desparecido desde então. Até que dona
Raimunda nota algo de estranho em Augusto...
Raimunda: Gurrique... Você anda colocando silicone nos peitos
escondido dos seus pais?
Gurrique (olhando para os próprios peitos): Não, eu juro...
Deve ser porque eu estou crescendo... Não sei... Enfim, vamos comer...
E Lincoln por onde anda? Como está e como vive e viveu
durante esses anos? Para descobrir, CORTEMOS PARA
CENA 09: Às margens da baía de Guanabara/ Aterro Sanitário/
EXT/ Tarde
FLASHBACK
CAP 6
CENA 11:
Daff Duff/ Centro de contabilidade da empresa/ INT/ Dia
O capanga
faz todo o serviço e, na mesma hora, comunica ao Dante a conclusão do serviço.
No outro dia, Dante se articula fazendo uma denúncia anônima à polícia a qual
chega na empresa interrogando Lincoln.
Delegado:
Senhor Lincoln Aguiar e Neves?
Lincoln:
Pois não?!
Delegado:
Recebemos uma denúncia de que as cinzas do corpo de Adalgiza Pinheiro dos Anjos
estão armazenadas nas gavetas da sua mesa de trabalho, seu chefe já foi
informado sobre o mandato de busca, não se preocupe.
Lincoln:
Tudo bem, seu delegado, pode revistar tudo aí...
Delegado
(revistando as gavetas): Aqui está o pote contendo cinzas...
Lincoln: Mas
isso não é meu! Pode ser muito bem de alguém que tenha fumado e deixado as
cinzas de cigarro bem aí...
Delegado:
Não se preocupe, levaremos estas cinzas para uma análise de reconhecimento de
corpo no IML.
Lincoln:
Independente de qualquer análise, eu não fiz nada doutor Schwitzel, eu juro!
Doutor
Schwitzel: Você está tão aflito, calma, eu acredito em você, volte ao seu
trabalho... e então? Conseguiu identificar o destino do dinheiro?
Lincoln:
Estou quase conseguindo, eu irei ao banco para analisar de quem são os dados
dessa conta.
Doutor
Schwitzel: Estranho, esses dados me soam familiares...
CENA 12:
Daff Duff/ Centro de contabilidade da empresa/ INT/ Tarde
Ao
retornar à empresa com todos os dados de quem pertencia a conta, Lincoln é
surpreendido pelos policiais.
Delegado: O
senhor está preso por homicídio qualificado e ocultação de cadáver! Por
gentileza, algeme-o.
Lincoln:
Não, não faz sentido, por que eu mataria alguém carbonizado? Senhor delegado
deve haver algum engano...
Doutor
Schwitzel: Delegado, o que aconteceu? Por que estão levando meu funcionário?
Delegado:
Doutor Schwitzel, o seu funcionário está sendo preso pelo assassinato de
Adalgiza Pinheiro dos Anjos. Apuramos este pote de cinzas do corpo da moça na
gaveta da escrivaninha dele...
Doutor
Schwitzel: Não, não pode ser... que decepção! E logo ele, por quê?!
Lincoln:
Doutor Schwitzel, eu não fiz nada, eu juro, houve algum engano... não é
possível...
Dante: Oh
papai, esqueça isso... Venha
FIM DO
FLASHBACK
Lincoln
(após ler uma certa notícia no jornal): AQUELE BABACA DE MERDA AINDA VAI ME
PAGAR UM DIA POR TER TIRADO MEU EMPREGO E TER TORNADO A MINHA VIDA ESSE
INFERNO! (amassa o jornal e joga longe).
Uchôa: Calma
mano, de quem você tá falando?
Lincoln:
Uchôa, vamo conversar aqui... Como tu foi meu verdadeiro amigo de rua, durante
esses anos todos, vou direto ao ponto...
Uchôa: Assim
você me deixa nervoso... Diz logo cara...
Lincoln:
Acredite se quiser, mas eu fui contador da Daff Duff, antes de ter que virar
mendigo e um fugitivo da polícia, que acabou de sair nesse jornal de hoje,
sabe?
Uchôa: Daff
Duff? A empresa de moda que faliu agora recentemente? CARALHO, DESESTABILIZEI
BROW!
Lincoln: A
própria... Mas não para por aí... Você já deve ter notado que eu sempre fazia a
gente recuar e evitar lugares com polícia, né?
Uchôa: Pois
é, é isso que eu nunca entendi...
Lincoln: É
por esses anos todos de amigos de rua que eu te falo agora o porquê disso! A
polícia está tentando me prender por um crime que eu não cometi, mas que eu
tenho certeza de que foi AQUELE BABACA, VIGARISTA, CANALHA E DESPREZÍVEL que
implantou as provas do crime na minha sala e desde então tenho comido o pão que
o diabo amassou...
Uchôa:
CARALHO, DESESTABILIZEI AO QUADRADO AGORA, BROW! Sua história é bem mais
complexa que a minha... Só uma coisa, você tem família?
Lincoln:
Tenho, mas faz anos que não os vejo, tenho eternas saudades! Você entende o
motivo de eu não poder vê-los, né?
Uchôa: De
boa, entendo sim.
Lincoln: Mas
por que minha história é mais complexa que a sua? Me fala de você, o que te
levou a essa vida de mendigão?
Uchôa: Pelo
simples fato de eu não ter família... Minha infância e adolescência foi toda no
orfanato, ninguém nunca quis me adotar... Como a vida adulta chega para todos,
já viu né? Fui despejado de lá, enfim... Não tive formação nenhuma, muito menos
família.
Lincoln: Disse
bem, “não tive” no passado, porque agora você tem a mim e eu tenho a você como
um irmão!
Os dois
se abraçam.
Um jornal
do lixão é arrastado pelo vento até Lincoln e ele o pega para ler.
Lincoln: Caraca,
olha essa notícia, Uchôa... Historiadores da UFRJ estudam uma possível
existência de fadas e vampiros com duas cidadezinhas em ruínas...
Uchôa: Tá e
aí? Quer um prêmio Nobel?
Lincoln: É
sério! Eu me lembrei agora que eu tinha falado até com um vampiro, era numa
noite que eu tinha acabado de terminar um namoro, até...
Na mesma
hora, CORTA PARA:
CENA 10:
Cemitério Vertical do Carmo/ Cerimônia de Sepultamento/ EXT/ Tarde
Vendo que
sua empresa foi à falência ao descobrir que a causa disso foi o desvio de
verbas praticado pelo seu próprio filho Dante, doutor Schwitzel se suicida
diante de tanto desgosto. Dante o encontra com o trato digestivo todo corroído
e necrosado após ingerir cal. No mesmo dia, o velório acontece.
Dante
(ligando para seu capanga): Alô, eu preciso que vá ao velório do meu com sua
esposa, você e ela, PRINCIPALMENTE VOCÊ são as pessoas mais próximas que eu
tenho. Não faltem... É daqui a pouco o sepultamento (desliga o telefone e
sussurra para si) Por que esse velho foi inventar de brincar de suicida? Lá vai
eu ter que gastar minhas preciosas lágrimas com ele... Até na hora de morrer esse
velho é PAU NO CU, GRRRR...
Enquanto
isso, acerca da notícia no que tange às ruínas das cidades das fadas e dos vampiros estudadas pelos historiadores da
UFRJ...
CENA 11: Appealing
Bodies/ Caixa/ INT/ Tarde
Malthus:
Paty Bate, pode chamar minha mãe pra vir aqui?! Por gentileza...
Paty Bate:
Certo...
Eleonora
(entrando no caixa): E então filho?
Malthus:
Mãe, olha essa matéria que divulgaram, é sobre as ruínas daqueles reinos...
Acabei de me lembrar que eu, você e aquele carinha lá fugíamos do holocausto
desses reinos... Mas uma coisa que eu tô até hoje procurando entender, é por que naquele dia eu estava completamente
pelado e ensanguentado?! E por que estávamos fugindo? A senhora tem algo a me
explicar?
Eleonora
fica surpresa com a notícia e o questionamento do filho.
GANCHO
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