DIVERGENTES

Novela de Raffa Lins

CAPÍTULO 27

CENA 01 / MANSÃO VASCONCELLOS / SALA DE ESTAR / INT. / NOITE /

Continuação imediata do momento em que Luana acusa Sidney de ter assassinado Mauro.

LUANA: (Fria) Fala, eu quero ouvir os detalhes de como foi. A forma em que você cravou a facada nas costas dele, se ele gritou de dor... EU QUERO OUVIR!!

SIDNEY: (Estressado) CALA A BOCA!! (T) Eu não matei ninguém... Eu não sou assassino!!

LUANA: MATOU SIM, VOCÊ MATOU O MAURO!! É assim que tem que ser, é assim que as coisas funcionam. Por isso, você além de matar o Mauro, tem que matar a sua mulher e o seu filho!! Eu tô aqui pra isso, eu cheguei até aqui pra ver você fazer isso...

Sidney fica assustado, sem reação diante do que ouve de Luana.

SIDNEY: Você é pertubada, é maluca... Eu coloquei um demônio na minha casa!! (T) Eu não matei o Mauro, eu não vou matar a minha mulher, e nem o meu filho, porque eu os amo!! Eles são tudo o que tenho, e se você pensa que isso vai mudar de algum jeito, não vai... NÃO VAI!!

Percebendo que Sidney não caiu na sua conversa, Luana muda sua feição, tentando mostrar arrependimento.

LUANA: (Chora) Desculpa papai, eu não queria dizer isso... Eu sou apenas uma garotinha.

SIDNEY: (Grita) PARA, SOME DAQUI!! (T) Você foi um erro que eu não vou continuar cometendo. Você vai voltar pra onde cê nunca deveria sair, do orfanato!

LUANA: (Em prantos) Não, não faz isso comigo papai, eu/

Luana é interrompida ao ouvir um barulho alto, vindo do andar de cima da casa.

SIDNEY: Quem tá aí? (Grita) DANIEL? BEATRIZ?!

Sidney vai andando em direção à escada, ao ouvir o barulho. Ao colocar o seu pé no primeiro degrau, Luana aparece em suas costas, com a garrafa de vinho na mão, e com toda força, a quebrando na cabeça de Sidney, que instantaneamente cai com o corpo nos degraus da escada, desacordado. Close em Luana, com o olhar fixo em Sidney, com o restante da garrafa quebrada em suas mãos, Luana levanta até o alto a garrafa quebrada, pronta pra acertar as costas de Sidney.

DANIEL: (Grita) PAAAAI!!

De surpresa, Daniel aparece no alto da escada, fazendo com que Luana não acerte seu pai, mudando sua atenção. Ela olha para Daniel, trêmulo.

FLASHBACK ON:

Apenas focando em seus lábios, é a repetição da cena 01 do capítulo anterior, onde ela conversa com Beatriz pelo celular, onde Luana é o foco.

LUANA: Eu vou te mandar o endereço, mamãe. Mas, cê alguém vir junto, ou você chamar a polícia, eu e o Dan... Vamos brincar de quem pula de um lugar mais alto. (Rindo) Como ele tá descansando, acredito que ele vai querer ganhar esse jogo!

BEATRIZ: (Chora) Por favor, não faz nada com ele... eu te imploro!!

Luana dá uma pequena risadinha, desligando o celular.
A cena fica mais ampla, mostrando que a todo momento, Luana estava no quarto de Beatriz e Sidney, sentada ao lado do closet, com as portas abertas, mostrando Daniel dentro dele, desacordado.

LUANA: Obrigado pelo endereço da vovó, Dan, vai ser últil. Agora, tenha bons sonhos!!

Luana fecha a porta do closet, o deixando lá dentro.

FLASHBACK OFF.

LUANA: (Sorrindo) Fica calmo maninho, o papai vai morrer sim, mas o primeiro é você!!

Jogando os restos da garrafa ao chão, Luana sobe correndo as escadas, em direção a Daniel, que corre para a parte cima da casa.

DANIEL: (Desesperado) SOCOOOOORRO!!

No penúltimo degrau, Luana acaba tropeçando, perdendo o contato com Daniel. Ela se levanta, indo até o corredor que dá em direção aos quartos, andando lentamente por ele.

LUANA: (Dócil) Dan... Vamos brincar. Não fuja de mim...

Primeiro ela entra no banheiro, não encontrando nada, continuando andando no corredor, que dá no próximo quarto dos pais. Ela olha por debaixo da cama, abrindo o closet, também não o encontrando. Luana tira a chave da porta, a trancando por fora, fazendo o mesmo com todos os quartos e cômodos da parte de cima.

LUANA: (Grita/Cínica) SEJA AONDE VOCÊ ESTIVER, MANINHO, NÃO VAI SAIR!!

Rapidamente, Luana volta para o andar de baixo, vendo Sidney caído nas escadas. Pegando pela suas pernas, Luana puxa seu corpo, com enormes dificuldades pela casa.

LUANA: (Exausta) Homem casado realmente é um peso!

Mesmo fazendo muito esforço, gritando de dor, Luana consegue arrastar o corpo de Sidney até a cozinha, abrindo uma das portas do fundo, dando de frente com a garagem. Novamente o arrastando até lá, colocando todo o seu corpo na garagem.

LUANA: Mais tarde eu volto, papai...

Antes de sair, ao lado do carro, Luana vê um galão de gasolina. Ela o pega, e coloca na cozinha, em seguida, trancando a porta que dá a garagem.

Corte rápido de cena onde Luana aparece perto do disjuntor, onde o encarando, ela o desliga, fazendo com que as luzes se apagam.

Close na área externa da Mansão Vasconcellos, vista ao lado de fora, completamente escura.

Corte rápido para:

CENA 02 / RUA / EXT. / MADRUGADA /

Descendo do caminhão, Beatriz está de frente a sua casa, onde ela pega suas chaves, abrindo o portão, correndo até a porta de entrada.

BEATRIZ: (Grita) DANIEL!!

Corte rápido para:

CENA 03 / MANSÃO VASCONCELLOS / ENTRADA / INT. / MADRUGADA /

Apreensiva, Beatriz se treme completamente tentando abrir a porta de casa. Ao conseguir por a chave na fechadura, ela gira com toda raiva, abrindo a porta, se deparando com a casa toda escura.

BEATRIZ: (Grita/Em prantos) FILHO?! (T) SIDNEY?!

Adentrando a casa, Beatriz se assuta ao ver uma luz lhe iluminando. Ela rapidamente tenta se aproximar, mas logo, com a lanterna do celular, Luana ilumina seu rosto, para o medo de Beatriz.

BEATRIZ: (Nervosa) Sua Desgraçada, eu mato/

LUANA: (Calma/Se iluminando) Não se aproxima de mim, senão tudo isso vai pros ares...

Beatriz para, sem reação, em choque.

LUANA: (Estranha) Meu Deus, olha o seu estilo, por onde você passou pra chegar até aqui?!

BEATRIZ: (Direta) Eu passo, e passarei por qualquer guerra que for pelo o meu filho, e hoje não foi diferente!!

LUANA: Não me interessa! (T) Tranque essa porta, e me jogue a chave!

BEATRIZ: Eu/

LUANA: (Grita/Por cima) AGORA!!

Beatriz tranca novamente, jogando a chave em direção a Luana, que se abaixa, a pegando.

Respirando mais afundo, Beatriz sente algo estranho.

BEATRIZ: (Amendrontada) Que cheiro é esse?!

LUANA: (Debocha) É gasolina! Aquela que o papai fazia questão de comprar separadamente, caso houvesse uma emergência. (Ri) E olha só, essa é uma emergência! (T) Eu gosto tanto de brincar com trilhos, que a gasolina passa por toda a escada, indo até o quarto do Dan. Será que ele também quer brincar de fogo?

BEATRIZ: (Chora) Por que você tá fazendo isso com a gente?

LUANA: Eu vou te contar, mas lá em cima! Sobe!

BEATRIZ: Por favor, eu/

LUANA: (Por cima) SOBE!!

Beatriz anda lentamente em direção a Luana, passando por ela com uma feição de ódio, subindo as escadas. Luana a acompanha em suas costas.

Corte rápido para:

CENA 04 / MANSÃO VASCONCELLOS / QUARTO / INT. / MADRUGADA /

Beatriz vai se aproximando da porta do quarto de Daniel. Ao colocar sua mão na maçaneta, ela é parada por Luana.

LUANA: (fria) Tá trancado! Eu abro...

Luana passa na frente de Beatriz, indo até a porta, a abrindo. Ao abrir, Luana faz com que Beatriz entre. Ao entrar, ela se depara com Daniel com o braço amarrado na cabeceira da cama. Ela desesperadamente corre até ele.

BEATRIZ: (Desesperada) Filho! Dan!! Acorda, cê tá bem?!

Aos poucos, Daniel vai acordando, e ao fundo, Luana se tranca dentro do quarto, junto com eles.

DANIEL: (Chora) Mamãe...

No desespero, Beatriz desata Daniel, lhe abraçando, ambos emocionados. Ela coloca seu filho no colo, indo até a porta, a percebendo estar novamente trancada.

BEATRIZ: (Histérica) ABRE ESSA PORTA, CRETINA!!

LUANA: (Balançando as chaves) Aonde vocês pensam que vão? Embora? (T) Só se for junto comigo... Pro inferno!!

Luana acende o isqueiro, pronto pra joga-lo ao chão, pra desespero de Daniel e Beatriz.

BEATRIZ: (Grita) NÃAAAAAAO!!

Corte rápido para:

CENA 05 / MANSÃO VASCONCELLOS / GARAGEM / INT. / MADRUGADA /

Desacordado a imagem vai passando por Sidney, que abre os olhos, o arregalando. Ficando um pouco zonzo, ele coloca suas mãos na cabeça, passando pelo corte, sentindo um pouco de dor.

SIDNEY: (Tonto) Ai, ai, minha cabeça...

Lentamente ele se levanta, se escorando no carro, com grandes dificuldades. Totalmente em pé, ele começa a recordar do que aconteceu, se desesperando.

SIDNEY: (Assutado) Meu Deus, meu filho!!

Ele cambaleando vai até a porta da garagem, tentando abrir.

SIDNEY: (Grita) MERDA!!

Ao perceber estar trancada, Sidney joga toda sua força contra a porta, tentando arrombar.

Corte rápido para:

CENA 06 / MANSÃO VASCONCELLOS / QUARTO / INT. / MADRUGADA /

Beatriz se desespera na tentativa de Luana, ao acender o isqueiro.

BETARIZ: (Clama) Não, por favor, não faz isso!!

Luana começa a gargalhar de toda situação, apagando o isqueiro.

LUANA: (Ri) Como é maravilhoso ver o seu desespero!!

A atenção das duas é desviada, ao ouvir altos barulhos vindo de baixo da casa.

BEATRIZ: (Estranha) Que isso?

LUANA: Acho que o papai acordou, então não temos muito tempo...

Luana fica contra a janela, enquanto Beatriz segura seu filho no colo, ambos apavorados.

LUANA: (Cínica) Uma coisa eu tenho que admitir, de todas as mamães que eu tive, você foi a que mais chegou perto de acabar com a minha farsa. Mas estamos vendo aqui que não deu muito certo, não é?

BEATRIZ: O que você quer? FALA! O QUE VOCÊ QUER DE VERDADE?!!

LUANA: (Grita) O QUE DEVERIA TER ACONTECIDO!! (T) Acha que foi fácil pra mim, mamãe, ter que me infiltrar em mais uma família, pra levar ela à destruição? Não é!

Luana respira fundo, tirando todo seu sorriso do rosto.

LUANA: Eu nunca fui feliz de verdade... Aliás, acho que nunca vou ser. (Relembrando) Eu tive sim, um pai e uma mãe, como qualquer um. Mas não tive a sorte que muita das famílias tem. Eu nasci rodeada de pessoas nojentas, cruéis. (Emociona) O meu pai, era a única pessoa que eu me sentia feliz ao lado. Ele me educou, me ensinou metade do que sei hoje, e me fez quem eu sou de verdade!! Já a minha mãe...

FLASHBACK ON:

Close numa garotinha, brincando no quintal, alegre. Foco em seu rosto, mostrando ser Luana (6 anos). Ela entra em sua casa, um pouco desorientada.

LUANA: Mamãe? Cadê você?!

Luana vai passando pelos cômodos da casa, subindo uma pequena escada, entrando em um dos quartos, onde ela se depara com uma mulher nua, sobre o corpo de um rapaz, sentados em uma cadeira, transando.

LUANA: (Assusta) Mamãe?! Cadê o papai?

A mulher se assuta, saindo de cima do rapaz, se tampando com as próprias roupas do chão.

MÃE: (Apavorada) Filha, desce agora!!

O homem ainda continua nu, se levantando.

HOMEM: (Malicioso) Que isso, Dora? Não vai me apresentar a mocinha?

O homem anda em direção a Luana, que dá alguns passos para trás. Ele se ajoelha em sua frente.

HOMEM: Oi lindinha, meu nome é Ralf, amigo da mamãe. Não precisa se assustar, nem ficar com medo de mim. O titio só quer fazer uma coisa com você... (Seus olhos fixos em Luana) Você quer brincar?!

Luana se afasta de Ralf, que se levanta rapidamente, indo até Luana, que fica no topo da escada. Ele pega a garota no braço.

RALF: (Raivoso) Vem comigo, que tá na hora de brincar!!

LUANA: (Grita/Desespero) ME SOLTA!! MAMÃE, SOCORRO!!

Close em Dora, mãe de Luana, sentada ao chão, com a cabeça baixa, chorando.

DORA: (Chora) Me desculpa filha...

Luana começa a se debater, sentindo repulsa de Ralf, que tenta tirar sua roupa. Com toda sua raiva, Luana cospe no rosto de Ralf, logo lhe dando um soco no rosto, que acaba se assutando, tropeçando no alto degrau da escada, caindo rolando até o último degrau. Close em Luana, ofegante, contra a parede, assustada. Sua mãe sai do quarto, vendo Ralf, caído no andar de baixo, com os olhos abertos.

DORA: (Desespera) O QUE VOCÊ FEZ?!

FLASHBACK OFF.

LUANA: (Chorando) Ela não fez nada por mim, ela queria que ele me fizesse mal...

BEATRIZ: (Abalada) Eu sinto muito...

LUANA: (Nervosa) NÃO PRECISA SENTIR, PORQUE É IGUAL A ELA! (T) Vagabunda... Ambas traíram o seus maridos, e mentiram por toda vida!!

BEATRIZ: Eu fiz isso pelo Daniel, pelo bem da minha família, eu nunca quis ferir ele!!

LUANA: (Limpando suas lágrimas) Fez isso por você! (Séria) Calma, que eu ainda não terminei de contar tudo... Naquele mesmo dia, o meu pai chegou em casa, e se deparou com aquele homem no chão, morto. Ele confrontou a minha mãe, que disse tudo... Tudo o que uma criança não queria ouvir e ver...

FLASHBACK ON:

Dora e o pai de Luana discutem, ambos alterados.

PAI: (Cont./Grita) VOCÊ JÁ DEVIA TER TERMINADO TUDO COM O RALF!! AGORA ELE TÁ MORTO, VADIA!!

DORA: (Chora) Ele insistia em vir atrás de mim, eu não sabia como dizer não... eu amava ele, Júlio.

JÚLIO: E a nossa filha, você não ama?!

Close em Luana, ouvindo a conversa atrás da porta.

DORA: Eu amo ela... Ela não tem culpa de ter nascido nesse caso meu com o Ralf, e eu não poderia evitar os desejos dele.

JÚLIO: Eu aceitei você, aceitei criar a filha de outro homem, pra você ir atrás dele de novo, e quase entregar a Luana, como da última vez!!

DORA: O Ralf amava a Luana, só que de um jeito que você não entende... Ele/

Júlio retira de suas costas uma pistola, onde ele acerta um tiro fatal na testa de Dora, que instantaneamente cai ao chão, morta. Luana abre a porta, correndo até o seu pai.

LUANA: (Chora/Desesperada) Pai, o que tá acontecendo? Pai?! Me fala... A mamãe...

JÚLIO: (Frio) Sua mãe é uma vagabunda, ela se vendeu, e eu tentei a fazer mudar de vida. Mas ela me traiu, ela traiu a família, e a morte é a melhor saída pra ela.

Júlio abaixa diante a Luana, apavorada. Ele limpa suas lágrimas.

JÚLIO: (Emocionado) Eu tentei te salvar dela, e dele lá em baixo. E felizmente você tá livre. O papai vai te fazer você entrar numa nova família, que vai te dar todo o amor e carinho. (Sério/Frio) Mas se algum deles, errar como ela errou... Seja forte, e acaba com todos... Mande os para o inferno, pro mesmo lugar que sua mãe e eu vamos!!

Com a mesma arma, Júlio a coloca em sua cabeça, disparando contra si mesmo, se matando. Close no desespero de Luana, que se jogo sobre o corpo de seu pai, apavorada.

LUANA: (Chora) PAPAAAAAI, NÃAAAAAAO!!

A imagem fica em Luana, em desespero, ao lado de seu pai morto.
Minutos depois, ainda deitada ao lado de Júlio, mergulhada em sangue.

LUANA: (Fria) Eu prometo papai, que todos eles vão sofrer, aqueles que merecem... Vão sofrer!!

FLASHBACK OFF.

LUANA: E você mereceu, Beatriz. Mentiu pro seu marido, fez ele acreditar que esse tempo todo tinha um filho de verdade!

DANIEL: (Chorando) O que ela tá dizendo, mãe?

BEATRIZ: Não é nada, filho. Não preste atenção no que essa maluca fala!

LUANA: Toda família tem um centro, onde está a laranja podre. Na sua família, é você! (T) O Sidney deveria ter te matado, essa é a lei da vida!!

BEATRIZ: (Por cima) NÃO É!! (T) As coisas não são assim, e eu sinto que você achou que o seu pai te pediu pra fazer tudo isso, mas ele só queria o seu bem, Luana... Não que você matasse, ou destruísse pessoas que estão erradas, porque todo mundo erra! Como ele errou...

LUANA: (Rude) NÃO FALE DELE, DESGRAÇADA!! EU VOU ACABAR COM TUDO ISSO, VOCÊ E DANIEL DEVERIAM ESTAR MORTOS PELAS MÃOS DO SIDNEY, COMO NAS OUTRAS FAMÍLIAS QUE EU PASSEI!!

Corte rápido para:

CENA 07 / MANSÃO VASCONCELLOS / GARAGEM / INT. / MADRUGADA /

Continuando jogando seu corpo na porta, tentando arromba-la. Sidney não desiste, dando um grande espaço da porta, já visivelmente esgotado.

SIDNEY: (Ofegante/Zonzo) É AGORA!!

Ele corre contra porta, jogando toda sua força sobre ela, conseguindo derrubar. Sidney cai junto no chão, finalmente entrando na casa, com os braços machucados, gritando de dor.

SIDNEY: (Grita) DANIEL!!

Corte rápido para:

CENA 08 / MANSÃO VASCONCELLOS / QUARTO / INT. / MADRUGADA /

Continuação imediata, onde Luana novamente acende o isqueiro, pretendendo o jogar no quarto, onde está rodeado de gasolina.

LUANA: Mais uma vez eu tenho que aplaudir, que você foi a que mais chegou perto de descobrir tudo... Mas em vão!

BEATRIZ: (Chora) Por favor, não joga... Não por mim, mas pelo meu filho! Olha, você quer eu não quer? Então, eu vou colocar ele aqui no canto, e você abre a porta e deixa ele sair, e faz o que bem entender comigo!

DANIEL: (Desesperado) NÃO MÃE, EU NÃO VOU TE DEIXAR... NÃO!!

Beatriz não ouve os apelos do filho, o levando para o canto do quarto, o fazendo sentar.

BEATRIZ: (Sussurrando) Se você ama a mamãe, não sai daqui... Eu amo você, Dan, e faço de tudo por você!

LUANA: (Ri) Dan é tão culpado quanto eu... coitadinho, acreditou em tudo o que eu falava. Me acobertou no acidente da Lurdinha, como também me acobertou na morte do Joel, aquele pedófilo desgraçado!! Se eu mereço morrer pelo o que eu fiz... Daniel também merece!

BEATRIZ: Cê fez uma pressão psicológica com o meu filho... Fez ele agir de maneira que não é dele, indo totalmente contra com o que você pretendia fazer...

LUANA: Eu fiz o Daniel crescer, eu fiz ele entender que nem tudo é perfeito. Deveria me agradecer por fazer ele ser gente.

BEATRIZ: (Rude) Você acabou com o meu filho, destruiu meu casamento, deitou e rolou, e perdi o tempo de acabar fácil com tudo isso...

Beatriz se levanta, caminhando lentamente em direção de Luana.

LUANA: (Maléfica) A vida me fez quem eu sou, divergente de qualquer um, e uma hora ela acaba... Só que quando acaba, não é apenas eu que vou... (Sorri) Te encontro no inferno, mamãe!!

BEATRIZ: Só tem um probleminha... (Histérica) EU NÃO SOU, A MERDA DA SUA MÃE!!

No mesmo instante que Luana solta o isqueiro, Beatriz corre em direção da mesma, jogando o seu corpo sobre Luana, onde o corpo das duas vão contra a janela, quebrando o vidro por inteiro, atravessando para o outro lado, ambas caindo juntas, do mais alto andar da casa.

DANIEL: (Grita/Transtornado) MAMÃAAAAAAAAAAAE!!

A cena continua no grito de desespero de Daniel, vendo sua mãe se jogar pra cima de Luana, caindo, e o fogo se aproximando de seu corpo. A porta do quarto é arrombada, onde Sidney, caindo ao chão junto com os restos da porta, vendo seu filho no canto, em desespero. Sidney corre até ele, o pegando no colo.

DANIEL: (Chora/Histérico) EU NÃO QUERO IR, EU NÃO QUERO IR... A MAMÃE... ME DESCULPA!!

Sidney não ouve os apelos de seu filho, tirando rapidamente o garoto do quarto, que está tomado pelas chamas. A imagem continua no quarto, com o fogo se alastrando, se escurecendo aos poucos, ao som ambiente dos gritos de desespero de Daniel, pela sua mãe.

Corte para:

CENA 09 / MANSÃO VASCONCELLOS / EXT. / MANHÃ /

Dia seguinte, tempo nublado. A câmera vai se aproximando pela residência completamente queimada, com suas estruturas ao chão, rodeada por carros de bombeiros, pessoas curiosas, sem a presenca de ninguém da família.
 Este é o fim da mansão dos Vasconcellos.

Corte para:

CENA 10 / APARTAMENTO / SALA / INT. / MANHÃ /

Na fossa, sentada no canto da sala, com os pés apoiados no sofá, com uma garrafa de cerveja nas mãos, Simone ouve a porta de entrada do apart. ser batidas diversas vezes, sem esboçar reação. Um barulho de chaves é ouvido, e a porta é a aberta por um dos síndicos do prédio.

SÍNDICO: Dona Simone, a dias estamos batendo aqui, e a senhora não respondendo. Isso não é comum no prédio!

SIMONE: (Debocha) Como pôde ver, estou ótima! Agora, cai fora!

SÍNDICO: Sinto muito, mas esse tipo de comportamento não é aceito aqui. A senhora tem meia hora pra juntar suas coisas, e desocupar o apartamento!

SIMONE: (Ri) Estão me forçando a sair daqui? (T) Idiotas, babacas!! Eu nunca gostei de morar aqui mesmo, nesta merda!! (Rude) LIXO, VOCÊ É UM LIXO!!

SÍNDICO: (Sério) O recado já foi dado. Se você não sair, chamaremos a polícia!

O síndico sai do apart. No mesmo momento, Simone se levanta, cambaleando pelos cômodos, chegando até o seu quarto. Ela abre seu armário de roupas, jogando tudo que tem nele, até sentir algo, onde ela muda sua feição, sorrindo.

SIMONE: É, Fábio, meu amor... Você não tá mais aqui, mas o nosso plano de ter a empresa ainda tá de pé! Obrigada por ter me deixado esse presentinho...

Retirando de uma das gavetas um objeto, enrolado numa blusa preta, onde rapidamente ela desenrola, mostrando ser uma pistola. Simone passa ela pelo seu rosto, rindo dramaticamente.

SIMONE: (Maléfica) Tá na hora de eliminar a raça das merdinhas, começando por você... Lívia!!

Corte para:

CENA 11 / EMPRESA DUTRA / ESCRITÓRIO / INT. / TARDE /

Sentada em sua mesa, Lívia observa a entrada de Renan.

LÍVIA: É impressionante que nos momentos que eu mais preciso de você aqui, some. (T) Ficou sabendo do Sidney?

RENAN: Fiquei, tô horrorizado.

LÍVIA: É, também fiquei. Mas, não me interessa isso, que ele resolva os problemas dele, longe daqui.

RENAN: Compaixão passou longe, né? Não tô surpreso também.

LÍVIA: Sabia que eu também não me interesso se você tá ou não? Aliás, eu fechei um investimento milionário!

RENAN: (Estranha) Investimento? Com quem?

LÍVIA: (Animada) Roberto, aquele de meia idade que tava por aqui. Ele fez um proposta, eu estudei, e aceitei.

RENAN: (Nervoso) Estudou? Aceitou? Lívia, você nem entende o que tá fazendo. Meu Deus, que proposta é essa?

LÍVIA: (Tranquila) Ei, fica calmo aí. Eu sei o que eu tô fazendo, e não se esqueça que essa porcaria aqui agora é minha, e eu decido o que faço com ela!

RENAN: Cadê esse projeto?!

Lívia pega uma das pastas na gaveta, entregando para Renan, ainda animada com o investimento.
Minutos depois, folheando as últimas páginas, Renan mostra estar assutado com o que vê.

RENAN: (Apreensivo) Meu Deus, Lívia, você fez uma burrada!

LÍVIA: (Estranha) O quê?!

Renan se levanta, andando por toda à sala, demonstrando nervosismo.

RENAN: Você investiu todos os lucros atuais da empresa num projeto de TRÊS ANOS?!

LÍVIA: (Ri) Isso, qual o problema?

RENAN: (Rude) O INVESTIMENTO É AGORA, MAS VOCÊ SÓ VAI VER A COR DO DINHEIRO DAQUI TRÊS ANOS!!

Lívia dá um pulo da cadeira, apavorada.

LÍVIA: (Assusta) Não Renan, o projeto é pra daqui três anos, mas o dinheiro que eu vou ter é agora!

RENAN: Que dinheiro você vai ter agora, se investiu todo o lucro atual da empresa? (T) LÍVIA, VOCÊ TÁ A UM PASSO DE FALIR A EMPRESA DUTRA!!

Lívia pega sua bolsa no arranco, pegando o seu celular, jogando a bolsa novamente na mesa.

LÍVIA: (Sem acreditar) Não, ele vai te explicar, Renan. Ele me garantiu que era coisa quente, que não tinha o que dar errado.

RENAN: Quando que você assinou isso?

LÍVIA: (Discando) Ontem, mas esse filha da puta disse que eu podia cancelar a qualquer momento... (Impaciente) ELE NÃO ATENDE!! INFERNOOOO!!

Na raiva, Lívia joga o celular na parede, onde ele se quebra.

RENAN: (Desacreditado) Sem o lucro atual da empresa, você não vai conseguir manter ela, muito menos com as despesas. Toda grana do que o Mauro deixou, rodava por essa empresa. Agora, todos os investimentos estão congelados!!

LÍVIA: (Assustada) Isso quer dizer que...

RENAN: (Por cima/Sério) Você perdeu tudo... Toda sua grana!!

Close em Lívia, pálida, seus olhos encham se de lágrimas, sem acreditar.

Corte para:

CENA 12 / CASA DE CARLA / QUINTAL / INT. / NOITE /

Tomando ar fresco, Carla e Lurdinha se deconstrai, ambas se relaxando.

CARLA: (Cont.) Eu tava pensando aqui amiga. Sabe, quando a sua vontade de ficar aqui já não é mais a mesma? (T) Cê já sabe da minha história de vida, né? Fugi de casa, perdi a minha mãe, e tentei reconstruir um futuro aqui né, só que de maneira torta...

LURDINHA: Muita coisa boa te aconteceu aqui, colega. Seus filhos, mesmo que um só ao seu lado, uma amiga que te ama...

CARLA: Um marido que me traía, um emprego que me feria como pessoa, minha filha virando as costas pra mim, e o meu patrão morto, e eu ainda sendo a principal suspeita? Tá ruim, ou será que pode piorar?

Neste momento, o celular de Carla toca, ela se levanta, o pegando na janela.

CARLA: (Estranha) É a Ingrid, a advogada...

LURDINHA: Atende mulher!!

CARLA: (Cel) Alô? Ingrid?

Imagens alternadas entre Carla e Ingrid, na delegacia.

INGRID: (Cel/Animada) Eu tenho ótimas notícias pra você. Uma testemunha veio depor aqui na delegacia, e ela teve contato com o assassino no dia da morte do Mauro!!

CARLA: (Surpresa) Ô meu Deus... Então já descobriram tudo?

INGRID: Sim. O Delegado já mandou uma ordem judicial, expedindo um mandato de prisão, é questão de tempo pra você se livrar dessa acusação.

CARLA: (Apreensiva) Então me fala, quem... Quem matou o Mauro?!