Más Intenções - 01x06
segunda-feira, janeiro 20, 2020
Capítulo 6
(A guerrah dos Boaventurahs)
Não recomendado
para maiores e menores de 50 anos.
Cena 1/ Casa dos
Boaventura/ Quarto de César/ Interior/ Noite.
Manuela com o teste na mão. Ela joga em cima da
cama e passa as mãos pelo rosto.
MANUELA: (desacreditada) Tô grávida. Grávida,
César.
CÉSAR: (chocado) Oh meu Deus.
César vai até Manuela e abraça ela.
CÉSAR: Vem, senta aqui. (fala trazendo-a para se
sentar na cama). Eu vou pegar uma água pra você.
Ele sai do quarto, Manuela ainda chocada.
Cena 2/ Quarto de
Manuela/ Interior/ Noite.
Tempo depois, Manuela já está deitada na sua
cama, recostada na cabeceira, tomando um gole d'água. César sentado ao lado
dela.
CÉSAR: Como foi que isso aconteceu?
MANUELA: Como você acha que os bebês são feitos,
César?
CÉSAR: Eu perguntei porque parece que você e o
Bráulio não estão indo bem né?
MANUELA: A gente terminou, mas isso tem nada a
ver, porque o nosso término real oficial foi hoje.
CÉSAR: Mas você vai falar pra ele que tá grávida?
MANUELA: Eu ainda não sei. Preciso pensar um
pouco. Preciso ficar um pouco sozinha.
CÉSAR: Como você quiser.
Ele se levanta e dá um beijo na testa dela.
CÉSAR: Qualquer coisa é só gritar.
MANUELA: Obrigada.
CÉSAR: Te amo.
MANUELA: Também!
César sai, fechando a porta. Manuela fica pensativa.
Cena 3/ Casa dos
Boaventura/ Frente/ Exterior/ Noite.
Teresa e Rodolfo vinham caminhando pela rua
enquanto conversavam, até que decidiram parar na frente de casa.
RODOLFO: O César tá me infernizando por causa do
meu noivado com a Lara. Ele já sabe sobre mim e o Vicente.
TERESA: Ih gente, pelo andar desse HB20 daqui a
pouco a cidade toda vai estar sabendo dessa baixaria.
RODOLFO: Pois é. Só falta aquele idiota ficar me
chantageando e pedindo dinheiro pra ficar de boca fechada igual fazem nessas
novelas clichês.
TERESA: Isso não vai acontecer, porque amanhã eu
pretendo dar uma geral nessa casa. Mudar algumas coisas, se é que você me
entende.
RODOLFO: Na verdade eu não entendo não. O que é
que cê pretende, Teresa?
TERESA: (sorri) Mais tarde você vai ver com seus
próprios olhos.
Ela abre o portão e vai entrando na frente dele.
TERESA: (sorrindo, malévola) Que comecem os
jogos!
Cena 4/ Amanhece/
Casa dos Boaventura/ Sala/ Interior.
Rodolfo, César e Manuela estão sentados tomando o
café da manhã.
CÉSAR: (para Manuela) Você tá se sentindo melhor
hoje?
MANUELA: Mais ou menos.
CÉSAR: Continua enjoada?
MANUELA: No momento não.
Rodolfo observa enquanto toma um gole do café.
CÉSAR: É melhor fazer um exame pra confirmar.
MANUELA: Não acho que seja necessário.
CÉSAR: (para Rodolfo) E você, não vai trabalhar
hoje?
RODOLFO: Hoje não, tô de folga.
CÉSAR: Ah, eu queria pedir desculpas pela nossa
discussão de ontem.
RODOLFO: Tudo bem cara, eu também passei do meu
limite.
CÉSAR: É. Mas eu ainda não concordo com aquilo.
RODOLFO: (nervoso) Ah, vai tomar no teu cu então.
MANUELA: Acho que vou dar uma saída pra tomar um
ar.
RODOLFO: Poderia sair pra procurar um emprego.
MANUELA: Mesmo se eu fosse sair pra isso, não ia resolver
nada, se fosse contratada, não ia durar muito tempo.
RODOLFO: Posso imaginar que se fosse contratada
não duraria tanto no emprego por conta da licença maternidade.
Manuela e César se encaram e depois olham pra
Rodolfo.
RODOLFO: O que foi? Acharam mesmo que não ia
conseguir decifrar a conversa codificada de vocês?
MANUELA: É...
RODOLFO: É, o caralho e vocês são péssimos pra
falar em códigos
MANUELA: Não queria que mais ninguém soubesse por
enquanto.
RODOLFO: Hum, sabe quem é o pai?
MANUELA: Você acha que eu sou alguma vagabunda
pra não saber quem é o pai do meu filho?
RODOLFO: A Teresa chama você de vadia tantas
vezes que já tô começando a acreditar.
CÉSAR: Rodolfo…
RODOLFO: Mas é verdade.
CÉSAR: (se levanta) Olha, eu vou trabalhar.
MANUELA: E eu no mercado, também vou aproveitar
pra dar uma caminhada, perdi a fome.
RODOLFO: Perdeu a fome? Tem certeza que tá
grávida?
MANUELA: (se irrita) Ah Rodolfo, vai se foder.
Tchau.
César e Manuela saem de casa. Rodolfo continua
tomando seu café.
Cena 5/ Bar de
Flávio/ Interior/ Manhã.
César termina de arrumar as mesas e volta pro
balcão, onde Camila passa um paninho para limpar. César a
encara.
CAMILA: Posso saber porque tá me olhando assim?
CÉSAR: Eu tô te achando linda hoje.
CAMILA: (ri) Todo dia eu tô linda, César.
CÉSAR: Eu só queria puxar papo mesmo.
CAMILA: (ri) Besta.
Ela sai de trás do balcão e os dois ficam lado a
lado observando a rua.
CAMILA: Flávio não vai vir hoje, ele teve que
sair pra resolver alguns problemas no banco.
CÉSAR: Vai ser só eu e você hoje?
CAMILA: Pelo visto sim.
CÉSAR: (sorri) Tô vendo que vai ser um ótimo dia
então.
Ele volta pra trás do balcão e Camila sorri sem
graça. Ela vai pra perto dele, quando um homem, alto, magro e pele clara entra
no bar. Ele se senta em um dos bancos de frente pro balcão. O homem encara
Camila, que se sente incomodada e César percebe.
CÉSAR: Bom dia, companheiro. Vai querer alguma
coisa?
HOMEM: Vou sim, companheiro. (mostra uma pistola)
Todo o dinheiro desse caixa. Passa tudo!
Camila fica nervosa diante da situação, assim
como César que está na mira do homem.
Cena 6/ Casa dos
Boaventura/ Frente/ Exterior/ Manhã.
Manuela vem caminhando pela rua, trazendo algumas
sacolas de compras. Antes de chegar em frente à casa, ela vê uma caminhonete deixar
o local e estranha. Manuela segue andando, passa pela mureta e abre a porta.
Cena 7/ Casa dos
Boaventura/ Sala/ Interior/ Manhã.
Manuela deixa as compras em cima da mesa. Depois
vai até o banheiro, mas não consegue abrir a porta, pois está trancada. Ela
bate na porta supondo que alguém tá lá cagando, mijando ou fazendo qualquer
outra coisa, mas continua sem resposta. Manuela decide ir pro seu quarto, mas a
porta também está trancada.
MANUELA: Ah, qual é?
Eis que Teresa vem pela porta de saída, que
estava aberta e vê Manuela tentando abrir as portas em vão.
TERESA: Aposto como você não tá conseguindo abrir
as portas.
Manuela se vira e a encara.
MANUELA: O que você acha?
TERESA: Eu acho que pra abrir uma porta trancada
é preciso ter uma chave. (tira um chaveiro da bolsa) Pra abrir várias portas é
preciso ter um molho.
MANUELA: (chocada) Você trocou a fechadura?
TERESA: Eu não, quem trocou foi um rapaz que eu chamei
-- (se interrompe) Ah, esquece, você não vai querer saber.
MANUELA: Como você pôde trocar a fechadura, ficou
louca?
TERESA: Você me tirou o Bráulio e eu te tirei a
liberdade de transitar por essa casa. Isso é só o começo Manuela, ainda vou
tirar muitas coisas de você!
MANUELA: Desgraçada. Você sabia que eu tô
apertada? Eu preciso ir ao banheiro!
TERESA: Tô nem aí, faz nas calças. (tira um
dinheiro da carteira) Ou então você pode comprar uma fralda geriátrica que sai
bem mais em conta.
MANUELA: Você acha mesmo que está por cima né
Teresa?
TERESA: E eu realmente estou. Esse dinheiro aqui
é da pensão, que agora é depositada na minha conta. Se eu fosse você corria
atrás dum emprego, porque a cor desse dinheiro é a última coisa que você vai
ver, se depender de mim.
MANUELA: Teresa, você não sabe com quem você tá
se metendo. Sua vadia, eu tô falando sério, eu tô apertada. Abre essa porta ou
eu acabo com a sua raça.
TERESA: (ri) Pra quê esse desespero em ir ao
banheiro gente? Faz no mato minha filha, é lá que cadelas como você fazem todas
as necessidades. Cocô, xixi, sexo. Aposto como você já não deve ter trepado
muito em lugares públicos. Vadia do jeito que é, e vadia da pior espécie,
daquelas que roubam o homem dos outros.
Rodolfo sai do seu quarto e encara as duas.
RODOLFO: Deixe-a entrar no banheiro, Teresa. Na
situação que a nossa irmã tá, não pode ficar prendendo por tanto tempo.
TERESA: (em tom de deboche) Eu posso saber
porquê?
RODOLFO: Porque ela tá grávida!
Teresa fica em choque.
Cena 8/ Bar de
Flávio/ Interior/ Manhã.
César continua refém da pistola do bandido (não é
esse tipo de pistola). Camila segura no braço de César, morrendo de medo.
HOMEM: (apontando a arma para César) Abre logo
esse caixa, mermão. Passa logo a porra do dinheiro senão vou meter minha pistola
em você.
CÉSAR: Ih cara, sai fora. Vai meter essa pistola
em outro.
CAMILA: (nervosa) Dá logo o dinheiro César.
CÉSAR: Ai meu Deus, tá bem!
César abre o caixa e tira alguns trocados que tem
lá, colocando em cima do balcão.
HOMEM: Só isso?
CÉSAR: É, você tá achando que isso aqui é o quê
meu amigo? Banco?
HOMEM: Isso aqui é uma espelunca mesmo. Nem
dinheiro tem nessa porra.
CÉSAR: Calma cara, a gente acabou de abrir.
HOMEM: E eu vou acabar de abrir um buraco de bala
na sua cara.
Discretamente, Camila disca o número da polícia
no celular que está embaixo do balcão. O bandido percebe.
HOMEM: O que cê tá fazendo aí?
Ele dá a volta no balcão e ao entrar, vê o
celular já fazendo a chamada. Furioso, o homem pega o celular e atira longe.
Camila grita de medo. O bandido aponta a arma pra ela.
HOMEM: Você vai se arrepender agora, sua putinha.
César percebe que o bandido vai atirar. O cara
atira, César se coloca na frente de Camila e é atingido no ombro. Ele cai no
chão, derrubando-a. O bandido foge quando percebe a galera correndo de medo.
CAMILA: (desesperada) César, olha pra mim César.
César está revirando os olhos, meio zonzo por
causa do tiro.
CÉSAR: (fraco) Chama uma ambulância.
CAMILA: Ele jogou meu celular longe.
CÉSAR: Pega o meu.
Ela põe a mão no bolso da calça dele e tira o
celular lá de dentro.
Cena 9/ Casa dos
Boaventura/ Sala/ Interior/ Manhã.
Teresa barbarizada com a revelação de Rodolfo.
TERESA: (ri) Você tá grávida? Ah, mas isso é
inacreditável! Desde quando?
MANUELA: Desde ontem.
TERESA: Então seu bebê fecundou ontem?
MANUELA: Eu não vou responder essa pergunta
idiota!
RODOLFO: (passa a mão no cabelo) Ai, sério que
vocês estão tendo esse tipo de discussão?
MANUELA: Eu ainda tô apertada!
TERESA: Tenho nada a ver com seu xixi, querida.
MANUELA: Tô grávida!
TERESA: Foda-se, não fui eu quem fez esse filho.
MANUELA: (aflita) Rodolfo, abre logo essa porta
que eu não tô mais suportando segurar isso aqui.
Rodolfo abre a porta do banheiro e Manuela entra
apressada. Minutos depois, ela sai.
TERESA: Lavou a mão?
MANUELA: Vai pro inferno!
TERESA: O diabo não vai me querer por lá.
MANUELA: Se nem ele te quer por perto, eu também
não. Tô começando a achar que vou ter que me mudar dessa casa, não posso ficar
grávida e morando aqui com você.
TERESA: Isso se sua gravidez durar até o final,
mas não acho que esse filho que você tá esperando tenha tanta sorte assim.
RODOLFO: Tô achando que essa conversa tá ficando
meio pesada.
MANUELA: (nervosa, p/ Rodolfo) E desde quando
você se importa? Vocês dois já estão juntos, são cúmplices, ou acha que não
percebi que sua porta é a única que ainda continua com a fechadura original?
RODOLFO: Até que você não é tão burra como eu
pensava.
MANUELA: Traidor.
RODOLFO: Eu prefiro ficar do lado de pessoas que
me apoiam.
MANUELA: E eu não te apoio?
RODOLFO: Claro que não, você anda colada no César
o tempo todo, se não fosse a diferença de idade, eu diria que vocês dois eram
gêmeos.
MANUELA: (para Teresa) Fique você sabendo,
querida, que o pai dessa criança é o Bráulio e quando ele ficar sabendo dessa
gravidez, a primeira coisa que ele vai fazer é voltar pra mim!
TERESA: Acha que vocês vão voltar depois das
mentiras que você inventou?
MANUELA: Ah, Teresa, se eu quiser, eu posso
acabar com esse namoro de vocês dois agora, só pra te ver no fundo do poço,
remoendo sofrimento.
TERESA: Você não pode fazer nada.
MANUELA: Você é que pensa, se você soubesse...
Manuela é interrompida quando percebe seu celular
vibrando. Ela tira do bolso e atende.
MANUELA: (cel) Alô? (em choque) Quê? Tô indo praí
agora! (encerra a chamada)
RODOLFO: O que foi?
MANUELA: (aflita) Parece que rolou assalto no bar
onde o César trabalha e ele levou um tiro.
Manuela pega sua bolsa que está numa cadeira.
Teresa e Rodolfo olham um pro outro. Manuela sai. Teresa e Rodolfo decidem ir
juntos.
Cena 10/ Hospital Albuquerque/ Recepção/
Interior/ Manhã.
Os três chegam ao local, Manuela vai direto na
recepção. Rodolfo e Teresa ficam para trás, às sós.
TERESA: (p/ ele) Vou aproveitar pra fazer logo a
transição.
Ela pega o celular e abre no aplicativo do banco.
Rodolfo vai até a recepção se juntando à Manuela.
RODOLFO: (p/ a recepcionista) Quem é o médico que
tá cuidando de César da Silva Boaventura? (p/ Manuela) Talvez eu conheça.
RECEPCIONISTA: (digitando no computador) Deixe-me
ver... É o Dr. Miguel Pauzão. (se corrige) Desculpem, é Fauzão. (para si)
Jesus, preciso trocar essa lente de contato.
RODOLFO: (em tom de deboche) E rápido.
MANUELA: Ai, será que não dá pra chamar esse
médico até aqui? Não tô afim de subir essas escadas todas.
RODOLDO: Deixa de ser burra, elevador serve pra
quê?
MANUELA: Ai gente, eu morro de medo desse trem
despencar comigo dentro.
RODOLFO: (revira os olhos) Meu Deus, eu mereço
tanta frescura dessa garota.
MANUELA: (se abana) É sério, idiota. Só de pensar
em entrar nesse elevador, já começo a ficar enjoada.
De repente, o médico que cuida de César aparece.
MANUELA: (para ele) Ai, que bom. O senhor é o dr.
Pauzão, não é?
MÉDICO: Na verdade é Fauzão.
RODOLFO: Desculpe a minha irmã, doutor. Uma
pessoa fala “pau” pra ela, e ela já fica toda ouriçada, aí falam pauzão ela
fica toda... o senhor sabe né?
MANUELA: (p/ o médico) Eu quero saber do meu
irmão, como ele tá?
MÉDICO: Seu irmão tá bem, ele só levou um tiro de
raspão. Vai precisar passar a noite aqui, em observação.
MANUELA: Mas tipo, ele tá bem mesmo?
RODOLFO: Tá surda caralho? Não viu o doutor falar
que ele tá bem?
MANUELA: (grita) Ah, vai pro diabo! (T) Eu vou
ver o César.
Manuela sai, sendo acompanhada pelo médico.
Rodolfo vai até Teresa.
RODOLFO: Já fez a transição?
TERESA: (bloqueando a tela do celular) Já fiz
sim! (p/Rodolfo) Mais um problema resolvido!
RODOLFO: (ri) Você não tava pra brincadeira mesmo
quando disse que ia fazer todo mundo sentir o sofrimento na pele.
TERESA: Pois é. Manuela e César foram os
primeiros, dona Vânia é a próxima! E olha que eu não queria que com o César
fosse desse jeito, mas não tive outra solução. Armar um falso assalto foi o
melhor que eu pude fazer.
RODOLFO: A única parte ruim é que a Camila tava
com o César no momento do assalto.
TERESA: (nervosa) Se aquele bandido fizesse
alguma coisa com a minha amiga, eu juro que cortaria o pau dele fora, eu dei
ordens pra ele dar um tiro de raspão no César!
RODOLFO: E ele cumpriu com a ordem.
TERESA: (mais calma) Ainda bem.
RODOLFO: Ainda bem que o César tá bem. Ele é um
intrometido, filho da puta, cretino, mas a última coisa que eu quero é que ele
morra.
TERESA: Eu também!
Rodolfo a encara.
TERESA: Mas eu ainda tô morrendo de ódio dele por
causa do papai!
RODOLFO: Já fez a transição pra conta do cara?
TERESA: (irritada) Já disse que sim, caralho!
RODOLFO: Ótimo. Agora aquieta esse cu e vamos
sair porque ninguém merece vim pra local de trabalho quando se está de folga.
Eles saem do hospital.
Cena 11/ Hospital Albuquerque/ Quarto/ Interior/
Manhã.
César está deitado na cama, tomando soro na veia
e o ombro enfaixado. Camila em pé ao lado dele, os dois se olham.
CAMILA: Por que você fez aquilo?
CÉSAR: Eu não podia deixar você levar aquele
tiro.
CAMILA: Foi loucura, César.
CÉSAR: (sorri, fraco) É normal a gente fazer
loucura por alguém que a gente gosta.
CAMILA: (sorri) Eu acho que teria feito a mesma
coisa. (T) Tudo bem que eu não fiz hoje, mas numa próxima vez, quem sabe.
Eles riem. César toca na mão dela, que estava sob
a cama.
CÉSAR: Eu sei que eu disse aquele dia que não
queria mais abrir meu coração pra ninguém por causa daquele negócio que
aconteceu no passado.
CAMILA: É normal. Você tem medo.
CÉSAR: Depois de hoje eu tive certeza de que não
preciso mais ter esse medo. Porque você me deu a coragem que estava faltando
pra eu poder seguir em frente.
Cams sorri, ao mesmo tempo está emocionada, o
babado que aconteceu no dia também contribuiu pra isso.
CAMILA: (se emociona, desacreditada) Eu nem
acredito que isso tá acontecendo. (T) Eu esperei por isso. Desde o dia que você
se mudou lá pra rua. (sorri) Desde a primeira vez que eu te vi.
CÉSAR: (também emocionado) Unidos por uma garrafa
de água sanitária.
Camila acaba rindo, César ri junto com ela.
Depois da crise de riso, os dois se encaram por um tempo.
CAMILA: (limpando as lágrimas) Ah cara, que saco,
o quê que a gente tá esperando pra se beijar logo nessa porra?
Ele a puxa e os dois se beijam. Batidas na porta.
Eles param de se beijar.
CÉSAR: Sempre tem que ter alguém pra quebrar o
clima nessas horas.
A porta se abre e
Manuela entra.
MANUELA: Ah,
César, eu fiquei tão preocupada quando soube que você tinha levado um tiro. (p/
Camila) Oi Camila.
CAMILA: Oi, (para
César) Eu vou lá fora um pouquinho, tá?
César assente com
a cabeça e Camila sai do quarto.
MANUELA: Como
você tá, meu amor?
CÉSAR: Eu tô bem,
só sentindo um pouco de dor. (T) E você?
MANUELA: Mais ou
menos. Você acredita que eu fiquei apertada pra fazer xixi porque a vadia da
Teresa mandou trocar a fechadura da porta do banheiro? E como se não bastasse
isso, ela também trocou a fechadura dos quartos.
CÉSAR: (chocado)
Meu Deus, ela fez mesmo isso?
MANUELA: Fez! E
tem mais, o Rodolfo é cúmplice dela. A porta do desgraçado continua intacta.
CÉSAR: Eu tô
achando que essa vingança da Teresa contra você tá indo longe demais.
MANUELA: Vingança
contra mim só não, querido. Contra nós dois! A Teresa quer se vingar de você
por causa do nosso pai, e o Rodolfo se juntou com ela por causa das ameaças que
você fez a ele contra o casamento dele com a Lara. Ou você ainda não percebeu
isso?
CÉSAR: (chocado)
Caralho... A gente tem que dar um basta nessa situação, velho.
MANUELA: Agora.
CÉSAR: Pô velho,
a gente tem que resolver.
MANUELA: (abrindo
a bolsa) Já sei o que eu vou fazer.
CÉSAR: Liga pra
mamãe. Liga pra ela, liga e conta tudo!
Cena 12/
Anoitece/ Restaurante/ Interior.
Teresa, Vicente e
Rodolfo estão jantando.
TERESA: O furacão
Katrina entrou na minha vida, fez o estrago e caiu fora.
VICENTE: O que
aconteceu dessa vez?
TERESA: (o
encara) A galinha vai colocar um ovo daqui há 9 meses!
VICENTE: (confuso)
Eu não entendi, amiga.
RODOLFO: (olha
pra Vicente) A Manuela tá grávida!
VICENTE: (arregala
os olhos) Que babado. E agora? E seu namoro com o Brauliano?
TERESA: (nervosa)
Ah, não sei. Não sei, não sei, não sei.
VICENTE: Ai, eu
to realmente chocado. Perdi até a fome.
RODOLFO: Ah,
então me dá que eu como.
VICENTE: (sorri)
Olha que eu dou hein!
TERESA: (entediada) Ai, sério gente? Aqui?
VICENTE: (ri) Tô
nem aí, eu quero me divertir.
TERESA: Vou fingir que nem conheço vocês dois.
O celular de Teresa começa a tocar. Ela olha a
tela e revira os olhos.
TERESA: Ah pronto!
RODOLFO: Quem é?
TERESA: (sorri irônica e faz voz de nenê) Nossa
querida mamãe!
RODOLFO: Põe no alto falante.
Teresa assim faz, e atende a chamada.
TERESA: (grossa) O que é?
VÂNIA: (off) Teresa, que história é essa que você
tá aprontando com seus irmãos aí hein?
TERESA: A Manuela já foi fazer fofoca pra você
né?
VÂNIA: (off) A sua irmã está grávida, o seu irmão
leva um tiro e você fica perturbando-os, Teresa?
TERESA: Eu não tenho nada a ver com isso. Não fui
eu quem fiz o filho na Manuela, muito menos dei um tiro no César!
VÂNIA: (off) Você trocou a fechadura das portas,
menina!
TERESA: Eu não troquei nada, querida, não trabalho
no chaveiro!
VÂNIA: (off) Eu vou aí e vou te tirar dessa casa,
Teresa!
Teresa ergue a sobrancelha e encara Rodolfo que
está surpreso.
TERESA: Escuta aqui. Aquela casa é minha, você
não pode me expulsar de lá!
VÂNIA: (off) Não interessa! Amanhã eu tô chegando
aí pra te dar o seu!
TERESA: (pega o celular, falando alto) Então
venha querida! Venha me tirar de casa se você é mulher. Eu quero ver você vir
me tirar se você tem coragem. Tá achando o quê? Já enfrentei rato, cobra e barata,
não tenho medo de você também!
Em seguida, Teresa encerra a chamada.
VICENTE: Se eu não tivesse consulta marcada
amanhã, faria questão de olhar essa baixaria de perto.
RODOLFO: Eu faço questão de tirar mais um dia de folga
só pra presenciar isso de perto.
Ele toma um gole do champanhe.
Cena 13/ Hospital Albuquerque/ Quarto/ Interior/
Noite.
César está na cama, deitado. O policial entra no
quarto acompanhado de Camila, Flávio e um assistente.
FLÁVIO: Oi, César. Esse aqui é o policial Durão.
Ele quer fazer algumas perguntas sobre o assalto de hoje no bar.
CÉSAR: (cumprimentando o policial) Claro.
POLICIAL: Quero que me descreva como tudo
aconteceu. Você se lembra do rosto do assaltante?
CÉSAR: É... eu... lembro sim.
POLICIAL: Pode fazer um retrato falado?
CÉSAR: Sim!
POLICIAL: (p/o assistente) Pode começar.
César começa a dar todas as informações.
Cena 14/ Amanhece/ Casa dos Boaventura/ Sala/
Interior.
Rodolfo toma café com Teresa.
RODOLFO: Manuela não dormiu em casa?
TERESA: Provavelmente deve ter passado a noite com
o César. Melhor assim. Não ia ter como ela dormir aqui em casa mesmo, já que a
porta dela tá trancada.
Os dois riem.
RODOLFO: Acho que hoje eu vou na casa da Lara,
ver os preparativos pro noivado.
Teresa fica levemente incomodada.
TERESA: Eu não consigo entender como é que você consegue
sentir vontade de se casar com essa garota, sendo que é mais feliz quando tá
com o Vicente.
RODOLFO: É simples, eu tenho um objetivo.
TERESA: (discordando) Francamente, Rodolfo.
RODOLFO: Liga a tevê aí na Xepord!
Teresa pega o controle e liga a televisão,
justamente no momento do plantão. Os dois ficam chocados quando veem a imagem
do retrato falado do assaltante do bar.
APRESENTADORA: (voz) Um bar localizado no bairro
dos pobres em Pedra das Flores foi assaltado ontem! Um funcionário do bar morreu
ao levar um tiro, mas passa bem. A polícia está atrás do criminoso, cuja a
identidade ainda é um mistério. Eis a imagem do indivíduo. Voltaremos a qualquer
hora com mais notícias.
Rodolfo desliga a tevê, e com os olhos arregalados,
encara Teresa. De repente, ouve-se batidas fortes na porta.
TERESA e RODOLFO: (grita de susto) AHHH!
TERESA: (irritada) Mas que porra!
RODOLFO: (ofegante) Que susto!
Teresa se levanta.
TERESA: E se forem eles? E se descobriram a
gente?
RODOLFO: Eu vou fugir pelos fundos.
TERESA: Vou olhar no olho mágico.
Ela vai até a porta e olha. Em seguida, Teresa
abre a porta. Eles mudam a expressão quando vê Vânia entrar acompanhada de um homem
alto e forte.
TERESA: O que você tá fazendo aqui?
VÂNIA: (encarando-a) Eu disse que vinha. (para o homem)
Pode começar a tirar as portas!
O homem passa por Rodolfo, que o olha, ainda
surpreso. O homem se abaixa e tira as ferramentas de sua maleta.
TERESA: Que história é essa?
VÂNIA: Você mandou trocar a fechadura dessas
portas, mas acontece que essa não é só sua casa, você não mora aqui sozinha...
(enfática) Você não mora mais aqui!
Teresa em choque.
VÂNIA: Eu quero que você pegue as suas coisas e
caia fora desta casa agora!
Teresa olha pra mãe, desacreditada.
Cena 15/ Mansão Albuquerque/ Quarto de Bráulio/
Interior/ Manhã.
Bráulio está dormindo, só de cueca. De repente, a
porta do quarto se abre e alguém vem trazendo uma bandeja de café da manhã,
colocando-a na cama. Bráulio acorda, passa a mão no rosto e olha pra pessoa.
BRÁULIO: (sorri) Nossa, café da manhã.
Ele pega um morango e morde um pedaço. Sua mão
leva o outro pedaço diretamente na boca da pessoa que está sentada em sua
frente.
BRÁULIO: Não sei se mereço tudo isso.
MANUELA: (sorri) Claro que você merece.
Bráulio sorri pra ela.
MANUELA: Você é meu futuro marido. (toca na
barriga) Pai do meu filho. (T) E meu cúmplice!
Ela põe a folha do morango na bandeja e beija
Bráulio loucamente igual a uma cadela no cio.
(Continuahhhhnnnnnn... ooohhhh annnn... ohhhh)
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