Más Intenções - 01x02

terça-feira, janeiro 14, 2020




Capítulo 2
(Baphons do passado... e do presente)


Aviso pras cegas: Cenas 1, 2, 3, 4, 5 e 6 são flashbacks.

Aviso pra surdas: usem um fone de ouvido.

Aviso pras mudas: Essa novela não é recomendada para você que gosta de shippar casais, então cuidado com o tombo amoreh.


Cena 1/ Casa dos Boaventura/ Frente/ Externa/ Tarde.
Legenda: Anos atrás. Vânia, a mãe de Teresa (na época com 14 anos) está carregando algumas caixas e colocando-as no porta malas de um carro que está estacionado em frente à casa. Teresa arrasta duas malas e as deixa perto do portão. Manuela sai da casa e pega as duas malas, ajudando Teresa, que resolve deixar a irmã fazer seu papel de empregadinha. Em seguida vai falar com Camila (também com 14), sua melhor amiga e vizinha da frente, que vinha saindo da sua residência com cara de tristeza. As duas se abraçam.

CAMILA: Você tem mesmo que ir amiga?

TERESA: Infelizmente.

Elas se afastam.

TERESA: Minha mãe conseguiu a minha guarda na justiça. Agora essa piranha quer que eu more no interior com ela. (T) Cuida bem do nosso jardim, tá?

Camila e Teresa olham para um pequeno jardim em frente à casa de Camila.

TERESA: E não diz pra ninguém que eu chamei minha mãe de piranha, porque se ela descobrir, ela me come viva.

CAMILA: (sorriu, meio triste) Pode deixar.

Elas se distanciam. Camila fica parada na calçada, com os braços cruzados. Ela vê César sair da casa carregando um colchão de solteiro em direção ao carro. Sorri disfarçadamente ao vê-lo. César retorna pro portão da casa e a encara, dando um sorriso sem graça. Um carro preto com vidros fumê chega à rua. Todos param pra olhar. Bráulio, nesse tempo era namorado de Teresa. Ele desce do carro, de óculos escuros. Teresa corre até ele, enquanto Vânia acerta com o motorista do carro que vai levar as coisas delas (e elas) para o interior. Manuela fica encarando Teresa e Bráulio, que estão abraçados. 

BRÁULIO: (triste) Então você vai mesmo...

TERESA: Como você pode ver...

BRÁULIO: Eu queria dizer algumas coisas bonitas pra você que nem aquelas cenas românticas muito melosas, mas não preparei nada.

Teresa ri, mesmo estando bem triste.

TERESA: Cala a boca e me beija, idiota.

Ela o puxa e os dois se beijam. Manuela olha com cara de nojo. Vânia percebe e revira os olhos, continua falando com o motorista. Bráulio e Teresa param de se beijar.

BRÁULIO: Como é que a gente vai fazer?

TERESA: Por enquanto, a gente vai se falando por telefone... Lá não tem computador. O que a gente tem vai ficar aqui...

BRÁULIO: (esperançoso) Pelo menos vou ouvir sua voz todo dia.

TERESA: (sorri, triste) Promete que vai me esperar?

BRÁULIO: Você vai ficar lá quatro anos, Teresa.

TERESA: (triste) Não vai me esperar?

BRÁULIO: (se aproxima e toca no rosto dela) Vai demorar... Mas eu vou sim!

Teresa sorri, em seguida o abraça forte.

VÂNIA: (para Teresa) Vambora, menina!

TERESA: (fala baixo pra Bráulio/se referindo a mãe) Ela ganhou falas. Na verdade, uma só pra não ficar mal-acostumada.

Bráulio ri. Os dois se soltam e Teresa se afasta. Ela entra no carro junto com a mãe. O carro dá a partida e vai embora. Bráulio encara Manuela e em seguida entra no seu carro. Manuela o observou ir embora.

Cena 2/ Lanchonete/ Interna/ Tarde.
Manuela está sentada em uma das mesas, conversando com Carolina.

MANUELA: Ele ficou tão triste quando viu ela indo embora... Às vezes fico pensando. O que o Bráulio viu na Teresa hein?!

CAROLINA: (ri) Pergunta pra ele.

MANUELA: Ela é tão sem graça. E ele tão...

Carolina olha para Manuela sorrindo.

MANUELA: Não me olha com essa cara, eu não tô interessada no namorado dos outros.

CAROLINA: (sorrindo) Para de mentira. Você acha que vai enganar a quem? A mim é que não vai.

MANUELA: (ofendida) Eu não sou talarica.

CAROLINA: Eu nunca disse isso! (pega na mão de Manuela) Manu. Eu sou sua irmã. (se corrige) Meia irmã, que se dane, mas sou! E sua amiga também. Se você tá interessada no Bráulio, se joga. Até porque a Teresa vai passar o quê? 4 anos longe. Isso se não resolver morar naquele buraco de uma vez.

MANUELA: Eles dois estão namorando, Carolina, que coisa. Eu não vou roubar o namorado da minha irmã.

CAROLINA: Deixa de ser otária, você acha mesmo que esse namoro a distância vai durar? (ri) Olha, vai por mim. O Bráulio vai se sentir bem melhor se você for dar aquela força pra ele... (cínica) Como amiga. Se é que me entende.

Carolina dá um sorriso e Manuela a encarou, pensativa.   

Cena 3/ Mansão dos Albuquerque/ Sala/ Interna/ Noite.
Bráulio está sozinho tomando uma bebida. Sua irmã, Lara (com 16 anos na época) aparece arrumada e carregando uma bolsa pequena no ombro.

BRÁULIO: Vai aonde?

LARA: Vou curtir a noite com as meninas. Vamos?

BRÁULIO: (desanimado) Melhor não...

LARA: Ih, ficar em casa desse jeito não vai te fazer bem hein. E tá bebendo. Depois que morre de cirrose e não sabe porque foi.

BRÁULIO: (cerrando a boca) Relaxa.

LARA: Tá, vou indo. E vê de para de beber.

Lara dá um beijo no rosto do irmão. Ela passa pelo sofá e caminha até a porta da frente que fica logo atrás. Ao abri-la, dá de cara com Manuela.

LARA: (estranha) Manuela?

MANUELA: Oi Lara, tudo bem?

LARA: Fora o fato da minha mãe não ter pago minha mesada ainda, tô bem sim.

MANUELA: (sem graça) Ah! O Bráulio tá aí?

LARA: Tá! Você veio ver ele?

MANUELA: O que você acha, garota?

LARA: Eu acho que é melhor eu ir. Tô atrasada!

Lara vai embora. Manuela dá muxoxo, revira os olhos, pois achava Lara muito mimada e chata. Manu entra. Ela vai até a sala e encontra Bráulio sentado. Manuela passa pelo sofá, ficando de frente pra ele, que se surpreende ao vê-la ali.

BRÁULIO: (estranha) Manuela? – se recompõe no sofá – O que você tá fazendo aqui?

MANUELA: Eu vim te ver. Saber como você tá. Vi como você ficou depois que a Teresa foi embora, fiquei preocupada.

BRÁULIO: Ficou preocupada comigo?

MANUELA: Fiquei. Posso sentar?

BRÁULIO: Claro, claro. Fica à vontade.

Manuela se senta ao lado dele.

BRÁULIO: Eu tô meio mal. Na verdade eu tô triste.

MANUELA: Eu entendo.

BRÁULIO: Não sei como é que vai ser durante esses 4 anos e namoro à distância nunca dá certo.

MANUELA: Depende muito. No caso da Teresa, não sei se ela vai poder vir pra cá todo final de semana. A mãe tava bem decidida em levar ela pra morar com ela no interior. E quando falo bem decidida é muito decidida mesmo!

BRÁULIO: É isso que me preocupa.

MANUELA: Olha só, eu vou te dar um conselho. Não fica esquentando sua cabeça com essas paranoias de que o namoro não vai dar certo e tudo mais. Só vai acabar com sua mente. E tipo, se você tá vendo que não vai dar certo... pra quê continuar?

BRÁULIO: Eu sei, mas é que eu prometi pra Teresa que ia esperar ela.

MANUELA: Mas e ela?

BRÁULIO: O que tem ela?

MANUELA: Vai te esperar?

Bráulio fica pensativo.

MANUELA: Olha, Bráulio. Só siga o que o seu coração mandar!

BRÁULIO: Você... me ajudaria?

Manuela não responde, apenas sorri pra ele.

Cena 4/ Clipe/
É exibida várias cenas aleatórias e terrivelmente chatas e melosas, bem românticas entre Manuela e Bráulio. Mas só como amigos ainda. Eles na praia (sim, tem praia na cidade), depois na praça tomando sorvete; depois correndo juntos em alguma rua aleatória da cidade; e depois na cama trepando (agora não são mais amigos, são friends namorados).

Cena 5/ Casa dos Boaventura/ Sala/ Interna/ Tarde.
Legenda: Algum tempo depois. Manuela está sentada no sofá, ao telefone conversando com Vânia.

MANUELA: Mãe, nem te conto a novidade.

VÂNIA: Pois, conte! Mas conta logo que eu tenho que ir no banco tirar um dinheiro.

MANUELA: Você nem vai acreditar. É uma notícia maravilhosa!

VÂNIA: O quê?

MANUELA: Adivinha!

VÂNIA: Tá!... Seu pai morreu?

MANUELA: Credo! Não, mãe!

VÂNIA: (com cara de tédio) Aff. Então fala logo menina. O que é?

MANUELA: (animada) Eu tô namorando!  

VÂNIA: (surpresa) Sério?

MANUELA: Seríssimo!

VÂNIA: Com quem, Manuela?

MANUELA: Você vai cair pra trás quando souber.

VÂNIA: Na verdade não, porque tô sentada no sofá.

MANUELA: Ah!

VÂNIA: (se irrita) Que droga, fala logo com quem você tá namorando, merda! 

MANUELA: Com o Bráulio.

VÂNIA: (chocada) Meu Deus, Manuela. Você tá namorando com o namorado da sua irmã?

MANUELA: Você não vai ficar contra mim, né mãe?

VÂNIA: Filha, você sabe que a Teresa não vai gostar nada dessa história né?

MANUELA: Só se você contar pra ela.

VÂNIA: É claro que eu não vou contar. Não é problema meu. (T) Mas acho até bom que esse Bráulio esteja levando a vida dele adiante. Espero que a Teresa faça o mesmo. Aliás já era hora né? Dois anos já se passaram desde que nos mudamos pra cá. Bom... Tá tudo bem aí né?

MANUELA: Tá sim. E aí?

VÂNIA: Estaria tudo ótimo se sua irmã não estivesse me dando tanto trabalho. Fora isso... (T) Ah, o César tá aí?

Manuela percebe César chegando do trabalho.

MANUELA: (olhando pra porta) Acabou de chegar!

CÉSAR: Quem é?

MANUELA: A mamãe. (entregando o telefone) Quer falar com você!

Cena 6/ Mansão dos Albuquerque/ Piscina/ Externa/ Final da Tarde.
Ambiente agradável, com o pôr do Sol que deixa o céu em cores alaranjadas, misturadas com o roxo. A piscina de borda infinita com sua água morna, na qual Manuela e Bráulio estão se deliciando enquanto namoram. Está tocando “The Captain Of Her Heart” ao fundo (música disponível no final do capítulo). Close nos corpos molhadinhos dos dois, assim como os cabelos molhados de ambos, que estão de frente um pro outro, enquanto estão sendo iluminados pelo pôr do Sol.

MANUELA: (beijando-o) Queria conversar com você sobre um negócio.

BRÁULIO: (ri, enquanto a beija) Diz.

MANUELA: (para de beijá-lo) É sobre a Teresa.

Bráulio a encara, desacreditado que ela queria falar sobre Teresa justo naquele momento quentchy.

BRÁULIO: (se irrita) Sério que você quer falar sobre esse assunto aqui? Agora?

Bráulio se distancia dela e sai da piscina. Manuela continua na piscina encarando-o.

MANUELA: Você continua de papo com ela?

BRÁULIO: Eu achava que não tinha problema pra você. A gente tá sim conversando. Mantendo uma relação de amizade. Qual o problema?

MANUELA: (se irrita) Amizade? Ela nem sabe que a gente tá namorando! Pra ela é como se vocês dois ainda estivessem juntos, namorando à distância e você tá agindo como tal!

BRÁULIO: Eu vou dar um jeito nisso depois, Manu.

MANUELA: Depois nada. Agora!

Manuela sai da piscina.

MANUELA: (autoritária) Me dá seu celular! Bora, me dá!

Ele entrega o celular pra Manuela, que começa a mexer no aparelho. Em seguida, ela devolve para Bráulio.

BRÁULIO: O que você fez?

MANUELA: Acabei com essa palhaçada. Bloqueei ela no twitter. Depois vou fazer a mesma coisa na minha conta.

Bráulio fica indignado.

MANUELA: A gente já tá namorando tem 4 anos, Bráulio! 4 anos já se passaram desde que ela foi embora. Ela voltou? Não! (T) Coloca na sua cabeça que a Teresa não vai voltar. Ela não vai voltar pra essa cidade nunca mais!

Cena 7/ Dias Atuais/ Carro de Vicente/ Interna/ Noite.
Continuação do capítulo anterior. Vicente no volante, Teresa no banco do carona. O carro estacionado em frente à casa de Teresa. Os dois veem Manuela e Bráulio saírem da residência. Os dois conversam um pouco e em seguida se beijam fogosamente.

TERESA: Olha só como aquela vadia da Manuela é vulgar.

VICENTE: Gente, eu jamais me prestaria a um papel desses. Nossa, me agarrar com o bofe desse jeito no meio da rua... Jamais.

Manuela e Bráulio continuam se beijando loucamente. Teresa e Vicente observando de longe, horrorizados.

TERESA: Nem os gatos que trepavam no telhado da minha casa lá no interior eram tão vulgares assim. (cutucando-o com o braço) Olha lá. Olha como ela esfrega aquela perna nele. Ai não gente, sinceramente.

VICENTE: Sinceramente amiga.

TERESA: Horror.

VICENTE: Horror total menina, falta de respeito com o próximo.

TERESA: (tirando o cinto) Vou lá acabar com isso agora!

VICENTE: (impedindo-a) Peraí, olha. A Manuela tá voltando pra dentro.

Teresa fica parada. Manuela já entrou. Bráulio atravessa o portão.

TERESA: Vou até lá falar com ele.

Teresa sai do carro e atravessa a rua. Vicente fica observando. Teresa se aproxima de Bráulio, que fica surpreso ao vê-la.

TERESA: Oi, Bráulio.

BRÁULIO: (sem graça) Oi...

TERESA: Você tava indo embora?

BRÁULIO: Já. Tá meio tarde já.

TERESA: É...

Teresa vira o rosto rapidamente e percebe que Manuela está observando os dois pela janela da casa.

BRÁULIO: Olha Teresa, eu só queria que você soubesse que eu não quero nenhum tipo de afastamento entre a gente. Se a gente pudesse manter uma relação, nem se fosse amizade...

TERESA: Relaxa. Eu não guardo nenhuma mágoa de você.

Teresa abraça Bráulio e fala ao ouvido dele.

TERESA: Eu quero que nós dois sejamos grandes. (sussurra) E melhores amigos!

Da janela, Manuela vê e fica furiosa. Do carro, Vicente observava tudo, impressionado com a audácia e ousadia da amiga. Bráulio fica surpreso com a decisão de Teresa, que dá um beijo no canto da boca dele, deixando Manuela ainda mais possessa. Teresa se afasta dele, que está chocado... E atravessa o portão da casa sorrindo maleficamente.

Cena 8/ Restaurante/ Interna/ Noite.
Restaurante chique, com dois andares e música ambiente. Local muito agradável. Rodolfo janta com Lara (agora com 22 anos), irmã de Bráulio e sua atual namorada.

LARA: Sabe amor, eu sinto falta da mamãe. A companhia dela, o papo...

RODOLFO: Eu entendo perfeitamente.

LARA: Ela tinha dito que viajaria por dois meses, mas já tá lá há muito mais tempo.

RODOLFO: Ah, gata, você sabe como é sua mãe né? Dona Graça quando se empolga com alguma coisa...

LARA: Esse é um defeito que ela tem. Se não fosse por você eu me sentiria super sozinha. O Bráulio também mal para em casa.

RODOLFO: (toca na mão dela) Eu nunca vou te deixar sozinha, Lara! E eu também nunca vou cansar de te lembrar disso.

Lara sorri.

LARA: Você é maravilhoso!

RODOLFO: E aproveitando a ocasião.

Rodolfo tira uma caixinha do bolso e abre, revelando uma aliança bem simples, mas bonita.

RODOLFO: Não é nenhum anel com diamante como você merece, mas...

LARA: (encantada) Gente. Não. Imagina. É lindo.

Rodolfo põe a aliança no dedo dela.

RODOLFO: Você quer se casar comigo?

LARA: (feliz) É claro. (T) Claro que eu aceito, meu amor!

Ela o beija, apaixonada.

Cena 9/Amanhece/Casa dos Boaventura/Banheiro/Interna.
César está sem camisa, trajando um short curto de elástico e lavando o banheiro. Ele esfrega a vassoura no chão ensaboado. Manuela está encostada na porta, conversando com ele.

CÉSAR: Rodolfo não dormiu em casa de novo né?

MANUELA: Ele deve estar na casa da namoradinha dele. (muda de assunto) Aliás, você precisava ver a Teresa se pegando com o MEU namorado na minha frente. Assim, descaradamente!

CÉSAR: Tô começando a achar que eu precisava ver mesmo. Porque primeiro você diz que eles estavam só se abraçando e agora fala que eles estavam se pegando. Qual é a versão dublada e a legendada desse filme?

MANUELA: César. Ela basicamente deu um beijo no Bráulio. Canto de boca. Perto da boca! Na boca!

CÉSAR: (ri) Sem querer defender a Teresa, mas ela só tava te dando o troco.

MANUELA: (indignada) Você tá do lado dela ou do meu?

CÉSAR: Ah, qual é? Você sabe que essa seria a consequência por pegar o namorado alheio.

MANUELA: (nervosa) Eles não estavam mais namorando!

CÉSAR: Você praticamente tirou o Bráulio da Teresa, mesmo ela estando longe. Contra fatos não há argumentos.

MANUELA: (irritada) Ai chega, não dá pra falar sobre esse assunto com você!

CÉSAR: Relaxa. Tenta dar um jeito de conviver com isso.

MANUELA: É impossível! (se irrita) Ai, droga!

CÉSAR: Calma.

MANUELA: Calma nada! Eu acabei de me lembrar de um negócio! Hoje vence a conta de luz e água. O banco fecha meio dia. Eu não posso ir, preciso fazer o almoço.

CÉSAR: E eu preciso lavar o banheiro!

MANUELA: César, por favor.

CÉSAR: (nervoso) Qual é? Eu não posso ir pro banco cheirando a água sanitária.

MANUELA: Ninguém vai se importar com seu cheiro. Coloca uma camisa e vai logo, eu termino de lavar essa porcaria!

CÉSAR: (irritado) Pô velho, na moral!

César vai até a sala e pega uma camisa branca com manga, vestindo-a.

Cena 10/ Casa de Camila/ Sala/ Interna/ Manhã.
Camila (agora com 20 anos) passa a vassoura na casa e avista pela janela, César saindo da casa em frente.

CAMILA: Olha só pra ele... Tão...

FLÁVIO: Tão o quê? Gostoso?

Camila se vira e encara o irmão Flávio (26 anos, cabelos lisos, castanhos claros, pele clara, olho verde, porte atlético), que está perto de uma bancada escrevendo num caderninho.

FLÁVIO: Você já repetiu isso várias vezes, parece até um disco arranhado.

CAMILA: Eu não ia dizer gostoso.

FLÁVIO: Ia sim. Você sempre diz!

CAMILA: Na verdade eu ia dizer...

FLÁVIO: (interrompe) Chega, Camila! Você é afim desse cara desde que ele se mudou pra cá. Você era melhor amiga da irmã dele, poderia se aproveitar disso pra dar o bote.

CAMILA: Por favor, Flávio. Não viaja, tá?

FLÁVIO: Por que não chega até ele, diz o que sente e depois dá um beijo? Depois vocês arranjam um lugarzinho pra se pegar.

CAMILA: Tá doido? Eu não vou fazer isso! O César não tá nem aí pra mim.

FLÁVIO: Claro, você nunca chegou junto. Nunca se mostrou sei lá, interessada ou coisa assim.

CAMILA: Se eu chegar perto dele e dizer tudo, como você acha que ele vai reagir?

FLÁVIO: Você parece que tem problema de paralisia. Acha mesmo que vai conseguir conquistar o César estando estagnada e esperando ele vir até você? Se a montanha não vem até Maomé, Maomé tem que ir até a montanha, meu amor.

CAMILA: Eu não quero parecer atirada.

FLÁVIO: Olha só pra você. É como um carro velho estacionado num lugar chique. E ele é como uma toupeira cega que nunca percebe um palmo na frente dele. É lerdo! Aposto como ele é de câncer.

CAMILA: Quê isso. Que horror.

FLÁVIO: Se você não lustrar a sua lataria, não vai ter mais ninguém pra fazer isso por você.

Camila fica pensativa. Flávio entrega uma lista pra ela.

CAMILA: Quê isso aí?

FLÁVIO: Preciso que você vá até o mercado comprar umas coisas pro bar.

CAMILA: Tá...

Camila pega o papel.

Cena 11/ Rua/ Externa/ Manhã.
Camila vem caminhando com várias sacolas de plástico cheias de compras do mercado nas mãos. Ela vai virar uma esquina e acaba se esbarrando com César, que vinha na direção contrária, deixando suas compras caírem pela rua.

CAMILA: (desesperada) Ai meu Deus.

CÉSAR: Jesus, que desgraça.

CAMILA: Não bota Jesus e desgraça numa mesma frase! Loco.

CÉSAR: (se abaixando) Deixa eu ajudar.

Eles catam os produtos que estavam no chão. César levanta com as sacolas todas nas mãos. Camila vai pegá-las, mas ele não deixa.

CÉSAR: Quando falei pra eu deixar ajudar, eu tava falando pra valer.

Ela dá um sorriso sem graça.

CAMILA: Valeu!

Os dois se olham.

CORTA PARA: Camila e César, que já estão em frente à residência da primeira.

CAMILA: Pode deixar que daqui eu assumo. (sem jeito) Eu tô muito grata. Sério. Não sei nem o que te dizer. Na verdade, eu sei sim.

César acha graça.

CAMILA: Obrigada!

CÉSAR: (sorri) Imagina.

Camila começa a sentir um cheiro estranho.

CAMILA: Esse cheiro...

CÉSAR: (sem graça) Acho que sou eu... Eu tava lavando o banheiro e tive que sair correndo pro banco pra poder pagar o...

CAMILA: (o interrompe, desesperada) Ai meu Deus.

CÉSAR: (preocupado) O que foi?

CAMILA: Eu acabei de me lembrar que esqueci!

CÉSAR: Esqueceu o quê?

CAMILA: De comprar a água sanitária! Que merdaaaaaaa. Ai, meu Deus. E agora?

CÉSAR: Calma.

CAMILA: Ai meu Deus.

CÉSAR: Calma. Olha. Eu tenho água sanitária lá em casa. Tenho umas garrafas sobrando.

CAMILA: Sério?

CÉSAR: É, se você quiser... (sorri) Eu posso te dar uma.

Cena 12/ Casa dos Boaventura/ Sala/ Interna/ Manhã.
César entrega uma garrafa de água sanitária pra Camila.

CÉSAR: Agora você pode ficar tranquila.

CAMILA: Poxa, eu nem sei como agradecer, César. Sério, valeu mesmo, por ter me ajudado lá na rua e agora, poxa. Sério, não sei como te agradecer.

CÉSAR: Pode agradecer me indicando alguma vaga de emprego. Se você souber de alguma coisa, sei lá. Assim você pode esbarrar comigo mais vezes por aí, quem sabe.

Camila dá um sorriso bobo.

CAMILA: Pode contar comigo. (T) É... eu posso te fazer uma pergunta?

CÉSAR: Claro! O que quiser.

CAMILA: Você é de câncer?

César a encara, intrigado.

CÉSAR: (sorri, surpreso) Como você sabe?

Cena 13/ Hospital Albuquerque/ Sala de Ressonância Magnética/ Interna/ Manhã.
Genésio, faz a tomografia deitado na maca. A máquina é ligada e o exame se inicia. Numa outra sala, o médico faz as avaliações com os resultados que vão saindo.

Cena 14/ Hospital Albuquerque/ Consultório/ Interna/ Manhã.
Teresa está sentada ao lado de Genésio, ambos de frente para o médico.

MÉDICO: Ainda bem que o senhor veio fazer esses exames a tempo.

TERESA: Na verdade se eu não tivesse trazido ele aqui, a gente nem saberia a causa dessas tosses, essa rouquidão. (encara Genésio) Meu pai tem horror a hospital, praticamente arrastei ele até aqui. Mas enfim. O que ele tem?

MÉDICO: Depois dessa bateria de exames, juntamente com os sintomas, como a dificuldade de deglutição, a voz rouca e a perda gradativa de peso... Notamos que seu pai tem uma doença muito séria.

GENÉSIO: (com a voz rouca) O que eu tenho, doutor?

Genésio tosse. Ele põe um lenço na boca. Teresa põe a mão nas costas dele e encara o médico. 

MÉDICO: Eu vou ser direto… O senhor está com câncer! (T) Câncer no esôfago!

Teresa e Genésio olham para o médico, chocados.

MÉDICO: E deve começar o tratamento imediatamente.

Teresa e Genésio olham um pro outro, chocados. É, parece quem alguém vai tomar naquele lugar. 



(Continua... essa merda)




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