Vale Reler - Tesouros Perdidos Capítulo 14 (Reprise)
sexta-feira, fevereiro 01, 2019
apresenta:
novela de FELIPE ROCHA
escrita por FELIPE ROCHA
com a direção artística de LEONARDO RUSSO
"Essa obra é livremente inspirada na era medieval, fazendo crítica aos reis e rainhas daquela época, mesmo em situações cômicas".
Capítulo 14
Edição
Tesouros Perdidos Capítulo 14 (reprise) = restante do capítulo 29 original +
todo capítulo 30 original + todo capítulo 31 original
CENA 01 / PALÁCIO REAL / INTERIOR /
DIA
O Rei lê um livro sentado no sofá.
Iracema acorda.
Rei Bernardo – Acordou meu amor? Teve
uma boa noite de sono?
Iracema – Excelente. Mas não fique me
conquistando com esse seu jeito de anjo.
Rei Bernardo – Pode ficar tranquila.
Agora me dê um beijo.
Iracema beija Bernardo no rosto e
senta no sofá.
Iracema – Está lendo algum livro
literário?
Rei Bernardo – Não tenho tempo para
livros literários. Estou lendo a Constituição, as leis do país. Pretendo impor
uma nova política.
Iracema – E que política é essa?
Posso saber?
Rei Bernardo – Em breve saberá.
Em seguida, Saulo chega ao palácio.
Saulo – Majestades, perdoem minha
interrupção, mas tenho um assunto de extrema importância para falar.
Rei Bernardo – Pois diga Saulo, qual
é a urgência?
Saulo – Majestade. Telefonaram para o
palácio. A Rainha! A Rainha, Vossas Majestades. A Rainha e a Princesa chegam ao
final da tarde.
Bernardo e Iracema espantados. Eles
se entreolham.
Iracema – Minha irmã?
Rei Bernardo – Droga! E o Fábio ainda
não chegou da viagem!
Iracema – O que faremos agora?
Rei Bernardo – Telefonarei para os
duques. Eles sabem que essa viagem não passa de uma farsa. O Fábio precisa
estar aqui urgentemente para eles se casarem. E depois, temos que resolver o
problema da União das Coroas.
CORTA PARA:
CENA 02 / CASA DE GUMERCINDO /
INTERIOR / DIA
Gumercindo sai de casa, tranca a
porta. Em seguida, Reginaldo aparece à sua frente.
Gumercindo – Um bom dia para o
senhor, quem é?
Reginaldo – Sou Reginaldo. Vim aqui
para falar diretamente com você. Gumercindo, né?
Gumercindo – Como sabes meu nome se
nunca nos vimos?
Reginaldo – Não se faça de bobo. Pelo
meu físico, certamente você deve perceber uma genética.
Gumercindo – Eu não estou entendendo
o que o senhor quer dizer com isso. Sinceramente, deve estar me confundindo com
outra pessoa! Porque você eu nunca vi na vida. O que o senhor vem
fazer aqui? Me amolar sendo que nem me conhece. Vá pedir esmola em outro lugar.
Reginaldo – Sou um homem honrado, de
família. Ao contrário de você, que não paga a dívida.
Gumercindo – Ah, meu filho. Estou
devendo tanto para essa vida que eu acho que vocês inventam as contas para minha
pessoa pagar. Pensam que eu sou um caixa? Então vão assaltar o banco!
Reginaldo – Meu senhor, não utilize
argumentos cômicos. O senhor sabe bem que tem uma dívida na taberna.
Meu filho, Wagner, deu prazo de uma semana e você ainda não arrumou o dinheiro.
Gumercindo – Mas meu filho... Então a
minha única alternativa é virar bandido. Tenham respeito com os velhinhos! Olha
a minha aparência... Jajá estou usando uma bengalinha, minha coluna dói todo
dia.
Reginaldo – Eu vou ser breve e
objetivo. Darei mais uma semana! Ou o senhor paga ou te denuncio para o rei.
Reginaldo vai embora.
Gumercindo – Ah, meu Deus. Coitado do
meu dinheirinho. Ah, se alguém inventasse uma árvore que caísse dinheiro, eu a
plantava no meu jardim.
CORTA PARA:
CENA 3/ PALÁCIO REAL / INTERIOR / DIA
Depois de 6 horas, o Sol se põe. Uma carruagem entra no palácio Real.
Iracema, Saulo e Bernardo esperam na escada. E da carruagem veem as malas, a
Princesa Aurora e a Rainha Georgia.
Eles se entreolham.
CORTA PARA:
CENA 4/ TABERNA / INTERIOR / DIA
Na taberna, Gumercindo aparece
vestido de grávida.
Valdirene – Depois de anos, a grávida
aparece. A senhora não disse que estava precisando do serviço urgentemente e
resolve aparecer só agora? Tô achando isso estranho.
Wagner – Calma Valdirene deixa à
grávida se explicar.
Grávida – Obrigado por me dirigir à palavra, cavalheiro. Respondendo a
sua pergunta, eu passei por sérios problemas de saúde, mas já estou recuperada.
Bom, por onde devo começar o serviço?
Valdirene – Espere. Acho que a senhora está com o vestido muito curto.
Grávida – Os incomodados que se mudem. Eu sempre usei vestidos curtos e
não é você quem vai me impedir. Mas o que está querendo insinuar com isso? Que
relação tem um assunto com o outro?
Wagner – É mesmo Valdirene. O que quer com isso? Eu não vejo problema
nenhum!
Valdirene – É claro, você é homem! Suponho que não trabalhará aqui.
Corre o risco de ser cantada por alguém com esse vestido curto.
Grávida – Olha, mas a senhora me respeite. Eu já sou uma mulher de idade
e não quero ninguém na minha vida. Nenhum homem.
Wagner – A senhora podia dar oportunidades. Quem sabe a senhora não casa
de novo?
Valdirene – Wagner! Pare de cantar essa gordura gratuita!
Grávida – Olha que a senhora me respeite viu... Me chamar de gordura, e
você é o que? Uma magrela.
Valdirene – Antes ser magra do que gorda meu bem, assim, eu mesma,
arrumo um homem que esteja interessado em mim!
Grávida – Doido vai ser o homem que se interessar por essa magrela.
Antes uma gordinha igual mim. Eu sim sou nutrida. Eu tenho
saúde. Ah, minha filha, se eu te contasse... Já correram muitos homens atrás de
mim, sabe?
Valdirene – A senhora está contando vantagem agora é? Quem iria correr
atrás de você, estrupício?
Grávida – Um homem que gostasse de gordinhas. Eu tenho meus charmes, o
meu brilho, os meus métodos. Ao contrário de você, que é uma antipática.
Wagner – Vocês querem parar de brigar?
Valdirene – Não, eu não tenho culpa se essa mulher é doida da cabeça e
fica fazendo insinuações falsas...
Grávida – Olha só gente! Sua magrela! Você nunca vai arrumar alguém na
vida, não é a toa que está encalhada até hoje.
Valdirene – Eu entendi bem ou a senhora está jogando uma praga em mim?
Grávida – Não estou jogando praga, só fiz a verdade.
Valdirene – Sua inútil!
Valdirene pega alguns ovos e taca na grávida.
Valdirene – Vá embora daqui e nunca mais volte! Não queremos você aqui.
Agora vai, vai.
Grávida – Eu que não quero ficar mais um minuto nessa taberna nojenta!
Valdirene – Pois vá. Vá. É bom que vá embora e nos dê sossego.
Valdirene taca uma dúzia de ovos na suposta grávida, que vai embora.
Wagner – Ô Valdirene, você acha que não foi muito dura com a senhora
não?
Valdirene – Dura? Mas ela que foi dura comigo! Você não presta para
nada, para nenhuma coisa, nem a mim você me defende. Ô meu Deus, eu vou para o
meu quarto, descansar.
Valdirene sobe as escadas.
Wagner – Será que eu cometi uma atitude errada? Em qual dos lados eu
deveria ficar? Da minha irmã ou da grávida? Porque as duas estavam erradas! E
agora. Ah, me ajuda meu santinho... Ah, deixa para lá. Vamos trabalhar Wagner,
tenho que lavar uma panelada!
CORTA PARA:
CENA 05/ CASA DE MARIA CHIQUINHA / INTERIOR / DIA
Gumercindo tira os pertences que se usou para disfarçar de grávida e
discute com Maria Chiquinha e Neno.
Gumercindo – Não! Não deu certo. É isso que vocês ouviram. Eu atuei do
jeito que vocês me ensinaram, provoquei, provoquei e ela me expulsou de lá...
Mas bem que eu teria ter arrancado aquela, aquela... Aquela mulher pelos
cabelos. Oh meu Deus! Atrevida.
Maria Chiquinha – Ah, e que disfarce vestiremos?
Gumercindo – Eu não vou vestir mais nenhum disfarce. Nem de grávida, nem
de freira, nem de vedete! Eu vou ter que arrumar um outro jeito de ganhar
dinheiro...
Maria Chiquinha – Mas que jeito Gumercindo? Que jeito? Nesse seu cérebro
tem uma melancia no lugar! Que cabeça fraca, o que você vai arrumar para
conseguir dinheiro meu filho?
Gumercindo – Não importa, não importa. Só preciso descobrir, eu vou
descobrir!
Neno – Bom... Já que os disfarces não deram certo. Eu acho que você pode
ganhar muito dinheiro. Muito dinheiro. Muito mesmo.
Gumercindo – Mas o que você quer que eu faça? Que eu assalte um banco?
Não, negativo. Não nasci para ser marginal...
Maria Chiquinha – Espera Gumercindo, deixe o Neno falar. Nunca que ele
sugeria isso a você.
Neno – Bom... Eu estava pensando. Porque não vamos ao palácio e pedimos
um cargo de Guarda Real do rei para você? Além de ganhar muito dinheiro,
conseguirá pagar a dívida, ou, até então, melhorar de vida.
Gumercindo – Mas é claro. É claro! Neno, você é um gênio. É claro! Eu
ganharei muito dinheiro e estarei rico. Me imagine, sendo Guarda do Palácio? E
estarei livre dessa dor de cabeça da dívida! Neno, obrigado.
Neno – Não tem que agradecer Gumercindo.
Maria Chiquinha – Lamento em não poder participar mais dessa história...
Eu me diverti tanto escolhendo os disfarces para Gumercindo, meu Deus.
Gumercindo – Eu estou livre, livre dessa história de disfarces! Dessa
velha maluca, dessa maluquice toda! O circo acabou... Eu agora voltarei a minha
vida ao normal, serei um homem sério e honrado!
Maria Chiquinha – Gumercindo, você está muito enganado. Acabaram os
disfarces, acabou minha ajuda... Mas o circo, meu bem. O circo está presente em
nossas vidas. Sempre... Você tem muito que aprender.
Gumercindo – Mas olhe bem a minha idade, tenho quase a sua, o que eu
tenho que aprender?
Maria Chiquinha – Você tem que aprender a ser gentil com as pessoas
Gumercindo, a agradecer sempre uma boa ação e enxergar o verdadeiro valor da
vida. Você, claro, vai aprender isso, daqui a alguns anos... Assim como eu fui
adulta um dia... Agora estou na velhice, e sempre quando posso, eu me distraio
com esses disfarces para expressar meus sentimentos. Eu sou muito solitária,
perdi meus dois únicos filhos em acidente e minha mãe e meu pai morreram
naufragados no navio.
Gumercindo chora, mas tenta disfarçar. Uma lágrima desce para o olho
dele.
Maria Chiquinha – Eu, algum dia, fui uma estrela... Eu sinto saudade dos
tempos quando eu era criança... Onde eu subia no auditório da escola e começava
a atuar. Sempre sonhei em participar das refinadas peças de teatros... Mas, na
minha escola, as peças eram simples. Claro, eu aprenderia o verdadeiro valor da
vida naquilo, onde eu não tinha vergonha... Eu vestia de homem, de cego, de um
senhor de idade, poderia ser todo tipo de disfarce. Mas eu não me importava com
isso. Porque era isso que eu gostava de fazer. E o meu sonho foi desperdiçado.
E hoje, como sou solitária, a minha vida acabou. A minha vida é só fazer
costuras, mas com o pouco dinheiro que ganho, não dá nem para comprar o pão de
cada dia. Portanto Gumercindo, eu te darei um conselho... Se for mesmo
trabalhar como Guarda Oficial do Rei, não se perca em um lugar só... Prometa a
mim que vai se aventurar e não dará ao valor ao dinheiro. Porque, nessa vida, a
gente não leva nada, nem os objetos, pertence algum. A gente leva a nossa alma,
a essência, aquilo que nós fomos algum dia!
Neno e Gumercindo choram.
Gumercindo – Texto digno de palavras bonitas... Bem, eu vou indo... E
agradeço toda a ajuda que me deste. Foram tentativas, mas... Não deixaram de
ser boas... Eu sinto que a senhora está certa! Atuar é bom! E eu me divertia
com meus disfarces.
Maria Chiquinha – Portanto Gumercindo, agora que você enxergou, me
prometa que não vai se perder em um só caminho.
Gumercindo – Eu prometo. E me desculpe por te chamar de “velha maluca”,
é o meu jeito né? Mas continua a maluquice de sempre. Eu tenho certeza que com
a ajuda dos seus amigos, você ainda vai encontrar a identidade da menina que
você foi algum dia na vida!
Os dois se emocionam.
Maria Chiquinha e Gumercindo se abraçam.
Neno se emociona.
Neno – Gente, eu estou tão emocionado com essas palavras... Vocês não
imaginam. Eu sentirei saudades. Obrigado por toda a força que você deu ao meu
amigo, Gumercindo. Não se observou resultados, mas tudo valeu a pena!
Maria Chiquinha – Sim, eu acredito! E prometa que vão me visitar sempre,
espero que não se esqueçam de mim, se não ficarei triste...
Gumercindo – Está bem, é claro que não... Desculpe, desculpe mesmo...
(enxuga as lágrimas) Vamos embora, Neno. Tenho que resolver a minha situação.
Maria Chiquinha – Espero que consiga subir na vida Gumercindo e que
consiga pagar a dívida... Se você não conseguir, tente uma vida de aventuras,
uma vida circense!
Neno e Maria Chiquinha se abraçam.
Neno – Bom, nós vamos indo. Um beijo.
Maria Chiquinha – Que Deus os acompanhe...
Neno e Gumercindo vão embora, fecham a porta da casa de Maria Chiquinha...
Ela sorri, olha para o guarda-roupa.
Maria Chiquinha – Cadê você menina perdida? Dê-me seu nome, seu
endereço? Eu quero encontrar a sua identidade! E quero voltar a atuar em peças
teatrais.
CORTA PARA:
CENA 06/ PALÁCIO REAL / INTERIOR / DIA
O Rei Bernardo beija a mão da Princesa Aurora.
Princesa Aurora – É uma honra estar neste palácio.
Rei Bernardo – Encantado. Imagino que percorreram um longo caminho.
Princesa Aurora – Uma distância incalculável Majestade. Você nem imagina
os perigos que passamos. Mas estamos aqui né?
Rei Bernardo – Perfeitamente. Imagino que querem fazer um lanche ou
repousar?
Princesa Aurora – Eu prefiro repousar... Ah, e a propósito, onde está o
meu caminho do destino?
Rei Bernardo – Não entendo vossa pergunta. Poderia explicar melhor o que
desejas?
Princesa Aurora – O príncipe! Onde está o meu futuro marido?
Rei Bernardo – (desconcertado) Certamente ele chegará ao final do dia.
Mas vá repousar. Não tenhamos pressa até vocês se conhecerem e se casarem para
unirem as duas Coroas.
Em seguida, Saulo chega à sala.
Saulo – Vossa Majestade tem dois plebeus querendo falar com o senhor lá
fora.
Saulo e Rainha Georgia se espantam ao se verem.
Rainha Georgia – Você?
Saulo – Você??
Rei Bernardo – Por acaso vocês se conhecem?
Georgia disfarça.
Rainha Georgia – Não, por um momento, eu pensei que fosse um conhecido
meu. Mas minhas hipóteses não foram confirmadas.
Saulo – Imagino que seja a Rainha Georgia.
Rainha Georgia – Sim, sou eu mesma.
Saulo – Encantado.
Rainha Georgia – Encantada.
Saulo – E quanto aos plebeus, Majestade?
Rei Bernardo – Peça que eles esperem um minuto... E mandem as
arrumadeiras providenciar tudo o que a Princesa e a Rainha desejar. Certo?
Saulo – Entendido senhor.
Rainha Georgia – Ah, eu agradeço muito por nos aceitar aqui.
Rei Bernardo – Imagine! Se for para definir o futuro do reino e dos
nossos filhos, porque não...
Rainha Georgia – Vossa Majestade está certa. Vou descansar.
Em seguida, a Rainha e a Princesa vão para os aposentos.
O Rei pisca para a Rainha.
Rainha Iracema – Vou sair.
Rei – Vai aonde?
Rainha Iracema – Vou resolver as questões do palácio... Mais tarde eu
volto.
A Rainha Iracema sai.
CORTA PARA:
CENA 07/ CASA DE GUMERCINDO / INTERIOR / DIA
Laura está a cortar verduras na casa de Gumercindo. Em seguida, alguém
bate na porta e ela atende surpreendida.
Laura – Vossa Majestade?
Iracema – Eu vim porque precisamos tratar de um assunto sério!
Laura se surpreende com a visita da Rainha.
Laura – Entre, por favor, Majestade.
A Rainha entra.
Laura – Estou surpreendida com sua visita. Você deseja algo? Eu estou picando verduras? Quer uma cenoura, tomate, pimentão? Jajá sai o almoço, se a senhora quiser esperar.
Rainha Iracema – Não, muito obrigada. Eu não desejo comer nada, já estou servida. Eu tenho um assunto de extrema urgência para falar com você.
Laura – Majestade, eu não estou entendendo. Nunca estabelecemos um contato direto, alguma ligação. Como me descobriu?
Rainha Iracema – Não se faça de sonsa.
Laura – Como assim?
Rainha Iracema – Eu sei muito bem, que estava se relacionando com o meu marido, Rei Bernardo.
Laura – Eu? Mas deve estar me confundindo com outra pessoa, como ousa vir a minha casa e me acusar assim?
Rainha Iracema – Eu só peço que se comporte diante de vossa rainha e diga a verdade. Assuma! Eu sei bem, eu tenho olhos, eu nunca me engano. Você estava com ele na noite anterior.
Laura – Está bem, eu estava... Mas, foi ele quem forçou nossa relação...
Rainha Iracema – Agora, vossa pessoa vem acusar meu marido? Eu vi quando vocês falavam do filho. Suponho que deveria se prevenir para que isso não acontecesse.
Laura – Foi por descuido, vossa Majestade, isso acontece, eu sei muito bem.
Rainha Iracema – Mas desonrou vossa Rainha. Eu devia é mandar a Igreja te punir com um castigo...
Laura – Não, pelo amor de Deus, eu faço tudo que a senhora quiser, tudo mesmo. Mas não denuncie minha pessoa para a Igreja, por favor. Iria destruir minha vida. E meu pai, já está caduco, está velho, chegou à idade. Ele não aguentaria ver uma coisa dessas.
Rainha Iracema – Mas... Eu decidi que vou perdoar você. Vejo que és muito nova e tem muita vida pela frente, muito sangue para correr! Muito caminho! Ah, e mais uma coisa: afaste-se do meu marido já! É uma ordem, ou te denunciarei para a Igreja.
Laura – Está bem Vossa Majestade, eu me afastarei dele.
Rainha Iracema – Assim fico satisfeita... Bom, eu vou embora. E nunca mais quero ouvir falar de você!
A Rainha Iracema vai embora.
Luana bate a porta, nervosa.
CORTA PARA:
CENA 8/ PALÁCIO REAL / INTERIOR / DIA
No palácio real, o Rei conversa com Gumercindo e Neno.
Rei Bernardo – Bom vocês não conseguiram pronunciar uma só frase até agora... O que é? Medo diante de mim? Pois falem!
Neno – Perdoe-nos Vossa Majestade, mas estamos querendo lhe pedir uma coisa...
Rei Bernardo – Peçam então. Se estiver a meu alcance eu atenderei ao pedido.
Gumercindo – Eu queria te pedir uma ajuda Vossa Majestade... Trabalho nas minas de ouro, agora não estou lá, porque é meu intervalo... Mas com o pouco salário que ganho não dá nem para sustentar minha filha direito. Às vezes ela passa fome, nos passamos muita dificuldade, o senhor compreende? Eu gostaria de saber se há uma vaga como Guarda Oficial do Palácio Real.
Rei Bernardo – Uma coisa de cada vez. O senhor já trabalha nas minas e quer outro serviço? Mas não é possível.
Gumercindo – A intenção seria eu sair das minas e trabalhar servindo ao senhor, Majestade. Eu já disse que ganho pouco dinheiro, pouco mesmo. Ou então, se o senhor desse um aumento de salário para todos lá na mina, já resolveria o caso.
Neno – Concordo...
Rei Bernardo – Aumento de salário para o trabalho das minas nunca acontecerá! Bom, mas eu já tenho o meu servidor real.
Gumercindo – Sinto muito, mas não tem nenhuma vaga? Nenhuma mesmo?
Rei Bernardo – Eu não gosto que fiquem me pressionando, verei a disponibilidade... Passem aqui amanhã no Palácio Real e eu comunicarei a minha decisão, certo?
Neno – Certo.
Gumercindo – Grato, Vossa Majestade.
Em seguida, os dois vão embora.
Saulo – Vossa Majestade vai dar mesmo o emprego para eles? E eu?
Rei Bernardo – Calma Saulo. Você vai continuar quietinho aqui no seu lugar, mas esses dois... Verei, talvez sim, talvez não. Agora vou descansar.
CORTA PARA:
CENA 9/ PALÁCIO REAL / APOSENTO 4 / INTERIOR / DIA
A Rainha Georgia lê um livro.
Em seguida, Saulo abre a porta e ela o confronta.
Rainha Georgia – Você? Mas eu poderia estar trocando de roupa... Vou comunicar ao rei, mais respeito diante da Rainha!
Saulo – Não me venha com esse sermão, porque temos que conversar! Lembra-se de mim?
Rainha Georgia – Mas é claro que eu me lembro de você! Maior decepção amorosa na minha vida...
Saulo – Eu só quero uma chance para explicar tudo o que aconteceu... Você também errou muito no passado.
Rainha Georgia – Você também!
Saulo – Nós dois erramos e sinto que temos uma chance de consertar tudo e esclarecer.
Rainha Georgia – Se você quer que a nossa relação de antigamente se continue, pode desistir, porque isso nunca vai acontecer!
Saulo – É claro que não! Hoje minhas intenções são somente servir ao rei. Entende?
Rainha Georgia – Entendo. Pois dirijo a palavra ao senhor, comece a explicar, quero ver sua versão.
Saulo – Bom, naquela época, éramos crianças, apaixonados um pelo outro. Você era filho do rei e eu um plebeu... Sempre gostávamos de ir ao jardim e nadar no lago, e sempre, juramos promessas que o nosso amor continuaria eternamente, desconsiderando a distância e a discórdia. Só que quando meu pai descobriu, me recomendou afastar de você, para que eu não ficasse falado pelas pessoas... Mas o rei também descobriu, e num confronto, matou o meu pai... Foi aí que eu me afastei de você.
Rainha Georgia – Matou o seu pai? Mas meu pai nunca faria isso! Ele era um homem bom.
Saulo – As aparências sempre enganam. Pois bem, era um momento de discórdia entre os dois... Eles não se entenderam.
Rainha Georgia – Mas você está mentindo.
Saulo – Essa é a realidade, se quer acreditar, acredite. Se não quer, não acredite. Eu conhecia muito bem o rei e ele não tinha as características de um santo como todos os súditos pensavam.
CORTA PARA:
CENA 10 PALÁCIO REAL/ APOSENTO REAL / INTERIOR / DIA
A Princesa toma banho na banheira e massageia seu corpo.
Princesa Aurora – Ah, em breve! Eu me vingarei de todos! Está tudo ocorrendo muito bem, pensam que eu sou uma anjinha. Mas essa anjinha vai perder as asas. Porque eu acabarei com todos, um por um! E matarei aquele Príncipe de merda que quer casar comigo! E aí... Igor, meu amor, eu nunca te trairei com uma só palavra, um homem, eu nunca! Juramos uma promessa, nosso amor vai durar pela eternidade. Porque duas almas gêmeas... Duram até quando a morte nos separa.
CORTA PARA:
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