A Arte de Amar - Capítulo 8

sexta-feira, fevereiro 22, 2019


Elenco Principal deste capítulo:

Deborah Secco como: Mariana (a mocinha)

Juliana Paes como: Bárbara (a vilã principal)

Reynaldo Gianecchini como: Paulo (o vilão principall)

Carlos Casagrande como: Henrique (o mocinho – por momento)

Hall Mendes como: Pedro (co-protagonista)

André Luiz Frambach como: Bernardo (co-protagonista)

Susana Vieira como: Eunice (co-protagonista)

José Mayer como: Carlos (co-protagonista)



Capítulo 08: "Meu Abrigo"
Curitiba - Paraná, 22 de Fevereiro de 2019


CONTINUAÇÃO IMEDIATA DA ÚLTIMA CENA DO CAPÍTULO ANTERIOR
CENA 01: MANSÃO VILAR/SALA/INTERIOR/TARDE
A cena continua do ponto que terminou.
Bárbara fica do alto da escada encarando Paulo, que olha para trás. Bernardo percebe o clima do instante e fica calado, virando seu rosto de volta pra frente.

BÁRBARA: (cont.) Então, o que você tá esperando pra fazer isso? Não é o que você quer? Anda, sobe, faz suas malas e dá o fora. Pode ir, cair fora daqui.

PAULO: (por cima) Não foi isso que eu quis dizer, não começa, Bárbara. Foi um modo de dizer, você sabe muito bem, não é besta/

BÁRBARA: (cortando) Modo de dizer? Sério isso? (rindo) Você pensa o quê? Que eu sou otária, que eu nasci ontem? Me poupe dessa sua vergonha, Paulo.

PAULO: (por cima) Você sabe muito bem, muito bem, o que eu quis dizer. Não vem com essa de vítima, nem vem querendo começar discussão.

BÁRBARA: Onde que eu quero arrumar briga?

PAULO: Eu te conheço, Bárbara, para de querer ser a dona da razão.

BERNARDO: (por cima) Sério mesmo que vocês vão brigar de novo? Sinceramente, eu/

BÁRBARA: (cortando) Cala a boca, Bernardo, isso não é com você. Não se intromete.

BERNARDO: (por cima) Não, eu não vou calar a boca, ao contrário, eu vou falar. (T) Sabe de uma coisa? Eu já cansei de ficar dentro dessa casa diante de toda essa briga, todo dia é uma briga diferente. E é por isso que eu estava conversando com o papai (...) Eu tô dando o fora daqui, porquê não aguento mais isso. Sempre que chego da escola, encontro barulhos de gritos, vidros quebrados ou a Rogéria na cozinha falando só sobre a situação.

Bárbara e Paulo ficam calados diante das palavras do filho. Bernardo se levanta, ficando no centro da sala em frente ao pai e de vista para a mãe.

BERNARDO: (cont.) Vocês já pararam pra pensar o quanto isso é vergonhoso? (T) Eu nunca trago meus colegas do colégio pra cá por conta disso, essa situação já tá insuportável, já chega! - (T) - Agora eu vou ter que aguentar isso todo dia? (...) Não, eu não vou, por mim já deu.

Bernardo vai até o sofá e pega sua bolsa que havia ficado sobre o móvel.

BERNARDO: Agora se me derem licença, eu vou vazar daqui.

Paulo e Bárbara ficam agitados e tentam impedir o filho. Bernardo segue em direção à porta. 
Bárbara vai correndo até ele, tentando impedir, assim como Paulo. Porém, Bernardo consegue sair.

(...)

O silêncio agora se faz presente em meio àquela situação constrangedora.
Paulo e Bárbara se olham com raiva, um clima de tensão.

Paulo agora sai de junto da porta, indo em direção ao sofá da mansão, sentando e colocando as mãos no rosto. Bárbara fica parada na porta, sem reação, olhando fixamente pra ele.
O mesmo tira as mãos do rosto e se levanta com fúria, indo até Bárbara e pegando ela pelo braço.

PAULO: (gritando) Tá vendo só, gostou do que ele acabou de fazer? A culpa é sua, sua e de mais ninguém! Se ele caiu fora foi por causa de você, idiota.

Ela levanta o rosto, olhando nos olhos dele com raiva.

BÁRBARA: (gritando) Culpa minha? O caralho! Ele saiu porquê quis, ninguém obrigou, se ele tá em outro lugar agora, não é culpa minha. Garoto mimado que/

PAULO: (cortando e gritando) Mimado nada, ele foi criado por mim com todo o cuidado porquê você nem deu mimos à ele, sequer atenção.

BÁRBARA: (gritando) Como é? Não dei atenção, que história é essa? Deu pra inventar coisas agora, Paulo? – ele tenta falar, porém é interrompido por ela – Eu que dei atenção, cuidado, carinho e amor na maioria das vezes. Tudo isso porquê você saia pra qualquer canto, a qualquer hora e não dava a mínima pra ele.

PAULO: (gritando) Na maioria das vezes, não quer dizer que foram todas, todas as vezes. (T) Quantas e inúmeras foram as vezes que você saiu com suas amigas pra ir no shopping, no SPA, no restaurante mais famoso da cidade e ficou diversas horas sem dar nenhuma notícia de onde estava. E quase sempre, a sua desculpa era que o celular ficou sem bateria, estava no silencioso e não viu ligação, muito barulho... Tudo um monte de desculpa esfarrapada, inventada.

BÁRBARA: (gritando) Amigas que por sinal, também são suas ou esqueceu? Sabe muito bem o número de contato de cada uma delas, podia ligar.

PAULO: (gritando) Sempre que eu liguei pra elas, ficavam dando desculpas nada convincentes. Diziam que você não estava com elas, que não se falavam desde manhã ou há um bom tempo. Tudo sobre ordem sua, como se eu não soubesse.

Paulo se afasta dela bufando de raiva, dando voltas em meio ao centro de vidro da sala. Seu olhar fixa diversas vezes em Bárbara.

PAULO: (gritando) Eu só sei de uma coisa, Bárbara. Essa briga não é por causa do nosso filho, mas sim por causa da sua loucura, dos seus atos sem controle. Todo dia é uma coisa diferente, uma revolta que você faz. (...) E o que eu tenho haver com isso? Porra nenhuma! Você que tem seus surtos e vem colocar tudo em cima de mim, já cansei.

BÁRBARA: (cortando) Por causa sua, sim, não inventa desculpa. Eu tento me manter plena, em paz, mas parece que você vive tramando pra me fazer perder as estribeiras e surtar que nem uma maluca tendo um surto psicótico que só um tranquilizante, um sedativo possa resolver.

PAULO: (gritando) Não, não é por minha causa, você que já perdeu o controle de tudo. Acha que por tudo, tô traindo você, mas essa não é a verdade. Pois se eu quisesse te trair, já tinha largado os dois, ele e você, pra ficar com uma amante.

BÁRBARA: (por cima) Olha aí, tá vendo, assumiu. Vai em frente, me larga com seu filho e fica com a primeira vagabunda que aparecer na sua frente.

PAULO: (gritando) Desisto, você não sabe interpretar nada!

Paulo bufa de raiva, se afastando do centro e indo em direção às escadas.

BÁRBARA: (alterada) Onde você vai?

PAULO: (gritando irritado) Será que eu posso ao menos tomar a porra de um banho? Caramba. – em tom baixo e leve alterado - Ah, e se isso te interessar, os novos moradores da mansão Barcelar chegaram agora pouco, vi quando eu estava descendo do carro.

BÁRBARA: (alterada) E por quê isso me interessaria?

PAULO: (tom pouco alterado) Não é você que gosta de saber de tudo e de visitar os novos moradores de qualquer mansão daqui com suas amigas, Dona Vilar? Então, tá aí, em primeira mão.

Ele termina de falar e sobe em direção ao quarto, enquanto Bárbara fica parada na sala. Em sua cabeça, passam várias coisas.

BÁRBARA: (curiosa) Novos moradores, depois de tanto tempo chegaram... (bufando) Vou conferir algo pra ver se eu paro de pensar nesse filho da puta, não vou morrer de ódio por causa dele.

Ela caminha até a escada, subindo até o andar de cima.

CORTA PARA:
CENA 02: CURITIBA - PARANÁ/EXTERNAS
O clima da cidade muda, fica ameno e a temperatura que fazia na cidade de 26° reduz à 19°. Transição da ensolarada tarde para o pôr do sol, em poucos minutos.

CENA 03: MANSÃO BARCELAR/SALA DE ESTAR/INTERIOR/FIM DE TARDE
Mariana está deitada em uma poltrona curva que há em meio aos estofados e móveis da sala. Olhos fechados, corpo relaxado, descansando a viagem.
Pedro no sofá, sentado e vidrado no celular. Henrique vem da sala de jantar.

HENRIQUE: (sorridente) O jantar estará pronto até às seis e meia. A empregada teve que ir comprar uns ingredientes.

Mariana abre os olhos e olha de relance pra ele.

MARIANA: Você sempre tem que inventar alguma coisa só pra nos agradar, né? Isso que eu admiro em você.

HENRIQUE: (sorridente) Claro, eu prometi amar você e cuidar. Então, tô fazendo meu serviço.

MARIANA: (rindo) Seu bobo, assim só me deixa encantada mais ainda.

HENRIQUE: (sorridente) Eu sei que... - se senta ao seu lado na poltrona - (cont.) sou seu príncipe encantado. Qualquer dia, eu apareço aqui com um cavalo branco, vestido da realeza e te levo pra dar uma volta pelo palácio real.

MARIANA: (rindo) Isso saiu meio cafona, parece que somos um casal de adolescentes.

Eles riem juntos, se olhando.

HENRIQUE: Mas então... (sorrindo) O príncipe encantado estava sentindo muita falta de você.

MARIANA: Sério? Pensei que ele estava ocupado, construindo nosso castelo.

HENRIQUE: (sorrindo) Sim, contava as horas pra te ver de novo. (T) Parece que eu consegui.

MARIANA: Deixa de enrolação e fala logo o que você quer, isso tá ridículo (rindo).

HENRIQUE: (malicioso) Acho que tá na hora do príncipe e da princesa irem ter um momento a sós, não acha? Foi tanto tempo que eles passaram distantes.

MARIANA: (sorrindo) O que tá querendo dizer com isso, príncipe encantado? A princesa tá tão fora de área que não faz a menor ideia.

HENRIQUE: (sorrindo) A princesa sabe o que eu tô querendo dizer, ela tá se fazendo de desentendida. Pensa que sou besta e que caio na conversa dela.

MARIANA: (sorrindo) Então, me fala, quero saber se o que você tá falando é o mesmo que tô pensando.

HENRIQUE: (malicioso) Isso eu só mostro se você vier comigo pra onde eu quero.

MARIANA: (sorrindo) Como eu vou à um lugar se não me diz? Vai que o príncipe é o lobo disfarçado, seja eu, a chapeuzinho vermelho nas garras de um homem mau.

Os seus rostos se contagiam por risadas incessantes.
Henrique sorri enquanto passa os dedos de maneira carinhosa no rosto de Mariana, que sorri olhando em seus olhos.

MARIANA: (sorrindo) Mas falando sério, agora, onde você quer ir?

HENRIQUE: (carinhoso) Vai me dizer que não sabe? Não se faz de desentendida, que você sabe o que eu tô falando.

MARIANA: (calma) Eu já disse que não faço a menor ideia, são tantas coisas na minha mente relacionadas à você, que eu não penso nada, não ligo os pontos direito.

Ele abaixa a mão, se aproximando do rosto dela, encostando os lábios próximos à seu ouvido do lado direito.

HENRIQUE: (sussurrando) Eu queria ir com você pra nosso quarto, agora, nos trancafiarmos lá e só sair quando o dia clarear. – (T) – Seria algo bem carinhoso, gostoso, que dê pra matar a saudade que eu estava sentindo de você.

Ela sorri enquanto ele fala aquilo.

HENRIQUE: (sussurrando) Prometo que se você deixar, eu te faço relaxar, nada que não queira.

MARIANA: (por cima) Eu concordo, vou com você, desde que seja de maneira formal. Ninguém pode desconfiar de nada.

HENRIQUE: (sussurrando) Pra quê disfarçar se irão nos escutar quando estivermos no quarto?

Mariana fica surpreendida com o que foi dito.

HENRIQUE: (rindo) Tô brincando, sua boba. Vamos acabar logo com isso e subir, não quero esperar.

MARIANA: (rindo) Só estava esperando você terminar de dizer essas saliências e vir me mostrar elas.

Ele se levanta junto com ela e se entreolham maliciosamente indo em direção à escada da mansão que fica bem atrás deles.
Mariana sobre os degraus na frente, vindo Henrique logo atrás sorrindo.

CORTE RÁPIDO PARA:

CENA 04: MANSÃO BARCELAR/SUÍTE DO CASAL/INTERIOR/FIM DE TARDE
A porta do quarto se abre, o casal entra, fechando ela rapidamente e se beijando intensamente.
O beijo intenso toma conta do clima, fazendo com que eles tratem de se desfazer das roupas da maneira mais rápida possível.

Toca: Hymn For The Weekend – Coldplay

Em um close já no casal despido, em meio à escuridão do quarto onde só o brilho intenso da lua que toma conta da noite, ilumina o cômodo.
A mão esquerda de Henrique sobe pela coxa de Mariana, enquanto a direita segura-a pelas costas em divisão com o longo cabelo dela.
Beijos de desejo são distribuídos em meio ao pescoço dela, fazendo com que a mocinha se renda ao momento.

Num movimento rápido, Henrique pega Mariana em seu colo, que entrelaça as pernas no quadril dele. Os lábios de ambos se encontram, selando um beijo quente.
Foco no casal que agora se deita na cama.

Em uma cômoda ao lado do móvel, Henrique pega uma camisinha em uma caixa, deslizando-a em seguida por seu membro.

HENRIQUE: (com desejo) Apenas relaxa e pensa em mim. Você é só minha, eu sou só seu e nada mais importa do que isso.

Aos poucos, ele penetra, rendendo gemidos de prazer à Mariana. Em seu rosto, um olhar prazeroso se forma. Os corpos agora se colam e os dois se rendem ao ato em meio aos lençóis que cobrem a linda cama.
O foco da cena embaça.

Take 01: As mãos dos dois se encontram, colando-se e se apertando em um gesto de amor e prazer. Os lençóis sendo amassados pelo encontro.

Take 02: Os corpos enlaçados e cobertos no ápice do ato, gemidos de puro prazer invadem em cena, se juntando à trilha que toca de fundo.

Take 03: A cama treme com a intensidade do desejo quente do casal, os corpos nus sendo revelados ao fundo, onde Mariana agora está por cima de Henrique.

Close nas roupas de ambos espalhadas pelo chão.

Trilha Off.

CENA 05: MANSÃO VILAR/SALA DE JANTAR/INTERIOR/ANOITECER
Bárbara e Paulo estão sentados à mesa, ela na cadeira da cabeceira esquerda e ele sentado na cabeceira direita. O silêncio invade a cena, onde apenas os talheres fazem poucos barulhos em alguns movimentos.
Uma vasilha de vidro está no centro da mesa, destampada.
Paulo levanta a cabeça após engolir uma colher do jantar e olha para Bárbara.

PAULO: (embargado) Pode me passar o frasco com azeite, por favor.

Bárbara que engolia uma porção da comida, olha para ele com desprezo e ignora o pedido, voltando a atenção para o prato. Paulo olha pra ela e fica esperando.

PAULO: (embargado) Eu pedi o frasco de azeite, você pode me passar, por favor.

O pedido é novamente ignorado, como se nada estivesse acontecendo, fazendo com que ele suspire em busca de paciência, já que está sem nenhuma.

PAULO: (embargado e impaciente) Poderia me passar o azeite, por favor, pela última vez que eu/

BÁRBARA: (cortando calmamente) Quer o azeite, se levanta e pega, tem pernas mais não? Ora, quando eu preciso, você me retribui ignorância.

Paulo fica calado diante das palavras de Bárbara, sem reação alguma.

BÁRBARA: (calmamente) Semana passada, eu pedi que me passasse a jarra de suco nessa mesma mesa, nessa mesma cadeira, de frente para o Bernardo e você mandou eu pegar, estava comendo e não iria fazer nada se não fosse por si próprio.

Ele continua calado, dessa vez, voltando a atenção para o prato e colocando uma colher do jantar na boca.

BÁRBARA: (calma) Acho que não tive sorte quando assinei aquele bendito papel na justiça, foram dezenove anos sendo jogados fora para ficar ao lado de uma pessoa que só me despreza.

O desprezo vem de Paulo, agora, que ignora a existência da esposa e coloca colheres de comida na boca de maneira calma.
Bárbara percebe a ação dele e fica o encarando com raiva, enquanto ele continua fazendo o que estava.

BÁRBARA: (raiva) O que foi agora? Vai ficar com esse joguinho de me desprezar só pra ver se eu me humilho aos seus pés e paro de falar?

Paulo termina o jantar, colocando a colher no prato, limpando os lábios que estavam sujos, se levantando e saindo da mesa com passos leves e calmos. Um ato de completa pirraça.
Ela acompanha com o olhar, até o momento que ele deixa o cômodo, largando os talheres de uma vez no prato e se levantando furiosa, indo atrás dele.

BÁRBARA: (alterada) Me ignorar, é isso? Certo, nunca pensei que fosse agir como uma criança. Faz seus atos de ignorante e depois vem com isso, querendo que eu me renda, como se fosse um patinho sem qualquer chance.

Ele se encaminha à escada da mansão, sem dar ouvidos às palavras dela.

BÁRBARA: (alterada) Eu tô falando contigo, seu porra.

Paulo para quando está prestes à subir o primeiro degrau.

PAULO: (irônico) Acho que vai ficar falando só, porquê tô me retirando, indo para o quarto descansar enquanto falo ao celular. – (T) – Não quero ignorar ninguém, apenas fazer o mesmo que uma certa pessoa estava fazendo comigo. Nada mais que o justo! – solta uma leve risada e sobe calmamente os degraus, sumindo de cena.

BÁRBARA: (gritando) Seu idiota infantil, que coisa mais ridícula, ódio de você.

Ela fica parada em meio alguns móveis, bufando. Sua expressão é de raiva.

BÁRBARA: Eu não suporto mais ele aqui dentro, peguei ódio, vou morrer se passar mais um segundo nesse local junto com ele. Vai ter que sair, por bem ou por mal. Eu ou ele, é isso.

Saindo de onde estava, ela vai em direção à escada, subindo com raiva e decisão.

CENA 06: MANSÃO VILAR/QUARTO DO CASAL/INTERIOR/NOITE
Bárbara abre a porta de uma vez e entra, Paulo está sentado na cama enquanto mexe ao celular. Ela o encara com raiva.

PAULO
: (off.) Agora que comprei outro celular, falei com o Bernardo, ele tá na casa do Kauã, filho dos Montenegro. Só volta quando nós pararmos de brigar, ou seja, nunca.

Ele se cala, ela continua o encarando, até que ele percebe e levanta a cabeça.

PAULO: O que foi? Por quê tá olhando assim pra mim?

BÁRBARA: (raiva) Quero que você saia desse quarto, agora, dessa casa se possível. Eu não vou te deixar dormir aqui por mais nenhuma noite, se não, eu vou morrer de tanto ódio.

PAULO: (curioso) Como? O que eu fiz agora? Agora que fodeu tudo.

BÁRBARA: (raiva) Você sabe muito bem o que fez, aliás, o que faz. Fica com essas pirraças, me provocando de propósito só pra ver até onde aguento e estouro. Não sou besta.

PAULO: (chocado) Eu? Eu que fico com pirraça dentro dessa casa? Tem certeza? Você não faz nada disso do que falou, é a santa? – (T) – Me poupe desses seus escândalos.

BÁRBARA: (raiva) Faço? Que eu saiba a única coisa que faço é colocar você na parede pra ver se toma vergonha na cara.

PAULO: (chocado) Não consegue nem me colocar na cama pra ter algo contigo, tomara na parede. É cada uma (rindo).

BÁRBARA: (raiva e chocada) Como é? Fala isso novamente que eu só posso estar com problemas de audição pra ter escutado isso.

PAULO: (irônico) Vai bancar a sonsa, agora? – (...) – É isso mesmo que escutou, escutou muito bem. Quer bancar a dona de tudo, esperta, manda e desmanda, mas nem na cama consegue me colocar, que diria numa cama. O amor que tinha por mim, acabou há tempos e o meu continua vivo.

BÁRBARA: (raiva) A discussão é sobre nós dois e suas ações ou sobre nossa vida amorosa e sexual? Não distorce tudo que está ridículo.

PAULO: (por cima) É sobre tudo, tudo que possa imaginar! – levanta da cama – Eu tento ocultar, mas quando foi hoje, eu vi que não tem outra. Definitivamente, cansei de você, cansei de suas palhaçadas, escândalos. (T) – Fica achando que tenho amante, não te amo mais, vivo com uma e outra, mas tá completamente enganada. Eu nunca te traí, nunca/

BÁRBARA: (cortando) Para de falar asneiras que poupa seu/

PAULO: (alto) Cala a boca, eu estou falando nesse momento! – ela se cala e fica se corroendo de ódio – Sempre foi isso, esses anos todos desde que você engravidou naquela vez que viajamos pra casa de praia no fim de ano, sempre. Eu me casei com você, não somente para assumir o Bernardo, mas por amor... Apesar do que fizemos lá, eu amo você, um par perfeito pra mim em tudo. Mas parece que esse sentimento ficou jogado na lixeira no ralo.

Paulo sai rapidamente, indo até a porta do quarto e fechando, passando a chave.

PAULO: (cont.) Fomos evoluindo como casal. Primeiro, ficamos noivos, cuidamos de arranjar uma casa, um trabalho, meios pra podermos evoluir. Nos presentearam com essa mansão, viemos morar aqui e assim foi. – engolindo seco – Quando estava tudo bem, eu trabalhando o dobro pra chegarmos onde estamos agora, você começa com essa história de que eu te traio, não ligo pra você, nem para o Bernardo, mas isso é mentira! Sempre me empenhei para conseguir o melhor tanto para os dois, tanto pra mim.

Bárbara, agora, está com lágrimas nos olhos.

PAULO: Desde então, sempre é isso. Eu estou te traindo, trago amantes aqui pra dentro, não sinto mais nada por você... Mas tudo não passa de loucura sua e obsessão por mim. – (T) – Loucura! Você não é mais a mesma, Bárbara, não é. Desde quando nós aprontamos aquilo tudo com a Mariana, ela comeu o pão que o Diabo amassou. Foi ótimo? Sim, pra nós que arquitetamos tudo aquilo foi, eu fico rindo até hoje só de lembrar. Mas você, mudou, não é mais a mesma. Passou meses se perguntando como é que aquela vaca estava, se havia morrido, ficou fora de si. Algo inexplicável. – as lágrimas escorrem e Bárbara chora de raiva – Sua mente ficou perturbada, só falta matar quem vai contra você, principalmente a Juliana e a Verônica. Elas se tornaram alvos de esculacho.

BÁRBARA: (chorando de raiva) Então que se foda, problema seu se não me aguenta mais, me larga. Faz isso, cai fora daqui, me deixa viver só enquanto morro afogada na loucura.

PAULO: (falando alto) Não faz drama que fica mais ridículo ainda, pelo amor de Deus, quanto drama. Isso já tá fora dos limites, se controla, põe algo na sua mente.

BÁRBARA: (chorando de raiva) A verdade é que ninguém me ama, nunca fui amada, nem por meus pais. Tudo sempre foi dinheiro.

PAULO: (falando alto) Escutar a verdade dói, né? É, eu sei, por isso, você faz todo esse drama de ficar dizendo que ninguém te ama, que eu tô te traindo... O problema é que você quer tudo do seu jeito.

Bárbara se cala e rompe em um choro intenso com raiva, segurando o impulso pra não quebrar tudo.

PAULO: (falando alto) Para com isso, reconheça seus limites e veja que isso está fora das barreiras.

BÁRBARA: (gritando repetidamente) Cala a boca, cala a boca, cala a boca! – enxugando as lágrimas – Eu tenho ódio de você, de tudo seu. Cai fora daqui, eu não quero mais saber de desculpas, pega tudo seu e vaza. Não quero me ver obrigada à te expulsar debaixo de tapas e ter que jogar suas coisas pela merda da janela.

Paulo fica impressionado com a fúria de Bárbara, que agora joga várias roupas dele no chão, depois de ter aberto a gaveta de uma cômoda ao lado.

PAULO: (impressionado) Fica calma, se contém, para!

Ele se agarra com ela, tentando a conter. Ela se debate de raiva, querendo continuar o que fazia.

BÁRBARA: (gritando) Sai daqui, eu te odeio!

Paulo se afasta dela, diante de tudo, bufando.

PAULO: (gritando) Não, eu não vou sair daqui, para com isso. Eu vou ficar nessa mansão, ela é minha também, enquanto eu for casado contigo, não saio dela. – (T) – Trate de se controlar, porquê desse jeito, eu vou te pôr em um manicômio. (apontando para ela) Não adianta, tá me ouvindo, não adianta querer me tirar daqui, eu não vou sair. De hoje em diante, você vai parar com isso.

BÁRBARA: (gritando) Você não pode fazer merda nenhuma/

PAULO: (gritando por cima) Já disse e repito, não vou sair daqui. Eu vou ficar e se você quiser ficar aqui, vai ter que parar com isso, se controlar.

Ele caminha e senta na cama do casal, cansado.

PAULO: (falando alto) Quem manda aqui, agora, sou eu, eu! Vou tomar conta de tudo, até da sua vida. Não vai ter bobeira aqui, eu que mando, agora.

BÁRBARA: (gritando) Não, não vai.

PAULO: (alterado) Vou sim, já chega!

A situação para, um clima constrangedor fica, Paulo tenta se acalmar.
Ele suspira, enquanto ela fica bufando de raiva.

PAULO: Por mim, já deu, vou tentar dormir. Ver se isso, me deixa calmo.

Paulo se levanta, vai até o closet, fechando a porta.

Toca: Chandelier – Sia

No closet, ele tira sua camisa, mostrando seu abdômen pouco definido. A CAM foca nele, descendo cada centímetro.
O foco agora é em uma bermuda que ele vestia, sendo tirada até atingir o chão, mostrando ele apenas de cueca box preta.
Logo em seguida, ele sai.

No quarto, Paulo caminha em direção à cama, enquanto Bárbara o encara.

BÁRBARA: (embargada) Eu vou dormir também, ver se consigo relaxar, quero me acalmar.

Ela olha para ele e começa à tirar sua roupa. Primeiro, a blusa que vestia.
Logo após, sua calça jeans, que vai ao chão em instantes, ficando somente de calcinha e sutiã.
Devagar, ela caminha até a cama.

Paulo se deita na cama, suspirando leve. Em seguida, vem ela.

PAULO: O que foi? Por quê tá aqui?

Bárbara fica confusa com as palavras.

PAULO: Não, não, se levanta. Hoje, você não dorme aqui.

Ela olha para ele, impressionada e de boca aberta, permanecendo ainda na cama.

PAULO: Você não escutou? Levanta!

BÁRBARA: Por quê você tá fazendo isso, Paulo? Eu só quero dormir, estou querendo relaxar, me acalmar.

PAULO: Isso eu não tiro, é direito seu, mas nessa cama, você não dorme. Não mesmo.

BÁRBARA: (impressionada) Como?

PAULO: Levanta, ou eu vou ter que te tirar?

Ela fica impressionada com a forma que é dita, se levantando da cama. De pé, ela o observa, sem saber o que fazer.

PAULO: Tá olhando o quê? Eu quero dormir também.

Ele se vira, cobrindo com o lençol e se acomodando na cama.

PAULO: Ah, aí no closet, tem um colchonete. É só você pegar, forrar no chão e deitar.

BÁRBARA: (impressionada) Por quê isso agora?

PAULO: Se quiser continuar nessa casa e quiser ficar bem, tem que fazer o que eu quero. Eu quero que você deite e durma aí, não estou louco, é capaz de você me matar se dormir comigo.

Ele se cala, suspirando, fechando os olhos. Ela fica parada ali, foco no rosto com expressão de raiva.
Bárbara caminha até o closet, entrando e procurando pelo colchonete furiosa.

CENA 07: CURITIBA – PARANÁ/EXTERNAS
Transição da noite para o dia.
Amanhece na cidade, depois de uma noite que parece ter sido curta.
Foco nos carros que tomam conta das avenidas, caminhões, ônibus, um trânsito congestionado. Nas calçadas, pessoas esperando a vez para cruzarem as vias.
Take no termômetro da cidade, que marca 27ºC.

CENA 08: MANSÃO BARCELAR/SUÍTE DO CASAL/INTERIOR/DIA
Silêncio. O quarto permanece em um silêncio calmo, revelando Mariana e Henrique, que dormem abraçados. Ela dorme com a cabeça sobre o peito dele, que está com as pernas enroscadas na dela.
Apenas alguns lençóis cobrem suas partes, deixando o resto dos corpos descobertos por completos.

Som de batidas são escutados, vindo da porta, mas eles continuam dormindo.
As batidas cessam por um instante e voltam, dessa vez mais fortes.
Os dois se mexem, despertando do sono aos poucos.

MARIANA: (sonolenta) Quem bate?

PEDRO: (off.) Sou eu, mãe, vim dizer que tô saindo, vou sair. Preciso colocar créditos no meu chip.

MARIANA: (sonolenta) Vai sair? Mas você não conhece nada por aqui.

PEDRO: (off.) Não se preocupa, eu peço um Uber e vou. Irei no shopping mais próximo, volto depois.

MARIANA: (sonolenta) Tem certeza que é isso que vai fazer?

PEDRO: (off.) Sim, mãe, eu vou sair.

MARIANA: (sonolenta) Tá certo, vai com Deus e toma cuidado no que faz.

A voz de Pedro some e o silêncio volta. Mariana se senta na cama, coberta pelos lençóis. Henrique a abraça por trás, sonolento, beijando seu pescoço algumas vezes.

HENRIQUE: (sonolento) Pra quem vai meu bom dia, hoje?

MARIANA: (sorrindo) Pra mim, pra você, nós dois.

HENRIQUE: (sonolento) Acertou. – (T) – Como foi a noite, dormiu bem depois de ontem? Gostou?

MARIANA: (sorrindo) Foi ótima, dormi bem e leve como uma pena.

HENRIQUE: (sonolento) Hum, fico feliz que tenha gostado, busco sempre te agradar.

MARIANA: (rindo) Nada que eu não possa gostar, tudo em você me agrada, meu amor.

HENRIQUE: (sorrindo) É mesmo? – ela concorda com a cabeça – Sabe que eu gosto quando você me diz isso, faz eu me sentir o maior, gostoso, moral.

Os dois riem, ainda abraçados.

MARIANA: (sorrindo) Como não se achar, sendo que você é tudo isso e muito mais?

HENRIQUE: Sou? É isso mesmo? Pois não acho.


MARIANA: (sorrindo) Não banca o sonso, você é.

Ela se afasta dele, levantando e ficando nua, sendo mostrado apenas de costas. Se espreguiçando, ela começa à pegar suas roupas no chão.

MARIANA: Vou tomar um banho pra despertar, me arrumar e em seguida, descer, o café já deve estar na mesa. (T) Você vem?

HENRIQUE: Vai lá, depois eu vou, ainda tô com sono.

MARIANA: Eu estava pensando em deixar você tomar banho comigo, agora que estamos juntos, mas não quer...

Ele arqueia as sobrancelhas, ficando agitado. Mariana sorri.

HENRIQUE: (impressionado) O quê? Eu não disse isso, só não queria descer agora.

MARIANA: (sorrindo) Você disse sim, aliás, vai dormir já que ainda tá com sono.

HENRIQUE: (impressionado) Não, tô bem despertado e disposto, sem algum sono.

MARIANA: (rindo) Olha, você é alguém difícil de se encontrar, porquê é uma graça.

HENRIQUE: (rindo) É difícil de me encontrar, sim, até porquê o único que tem já tá ocupado, é totalmente seu.

Eles riem, agora, se olhando carinhosos. Ela caminha até a cama e fica de frente pra ele, que se aproxima dela ainda sentado na cama.

MARIANA: Mas então, quer ir comigo para o banheiro? Vai rejeitar a oportunidade?

HENRIQUE: (sorrindo) Quero sim, vamos, não posso perder mais nenhum minuto sequer.

Henrique se levanta, ficando sem roupa também. Foco no rosto dos dois, que se olham ao ponto de selarem um beijo. Ela começa à se afastar, indo em direção ao banheiro. Sorrindo maliciosamente, ele vai logo atrás.
A cena escurece.

CENA 09: MANSÃO BARCELAR/QUARTO DO CASAL/INTERIOR/DIA
De primeira vista, o quarto é mostrado pelas janelas. Pode se ver as cortinas semi-abertas. Aos poucos, a câmera vai entrando cômodo a dentro, revelando Bárbara dormindo sobre o colchonete. Ela está toda bagunçada, dormindo coberta por um lençol fino.
A cama de casal está toda bagunçada, lençóis revirados, travesseiros espalhados.

Num susto, Bárbara acorda, sentando-se de umz vez no colconhete, suspirando assustada. Sua respiração está afobada, como se tivesse acabado de ter um pesadelo.

BÁRBARA: (afobada) Misericórdia, o que foi isso? Pensei ter morrido.

Suspirando, ela se levanta, calçando sandálias simples e olhando o quarto de canto a canto.

BÁRBARA: (bufando) Se bem que morrer agora, não seria nada ruim.

Ela vai até o closet, dirigindo-se à sua gaveta e puxando-a, pegando uma roupa leve para vestir: uma saia de seda na cor dourada e pouco chamativa, uma blusa de manga curta na cor verde água – trocando as sandálias por sapatos de salto 15 com estampa listrada em preto e branco.

Em seguida, ela sai, indo em direção ao banheiro.

BÁRBARA: (falando sozinha) Tô toda doída, que ódio daquele filho da puta, me fez dormir no chão. Isso não se faz, ainda mais com a própria esposa. – (T) – Deixa só meu pai ficar sabendo disso, ele vem acabar com o desgraçado.

Foco nela tirando as roupas que havia dormido, revelando seu sutiã que dá um ar sensual à ela, ressaltando seus seios. Bufando, a porta é fechada com raiva por ela.

CORTA RÁPIDO PARA:

CENA 10: MANSÃO VILAR/SALA DE JANTAR/INTERIOR/DIA
Na mesa de jantar, Paulo está sentado tomando o café da manhã com calma e em sua companhia, estão Verônica e Juliana, amigas do casal. Eles conversam e riem, a cena é silenciosa de modo rápido. No corredor curto que dá acesso ao cômodo, Bárbara se aproxima com passos moderados.
O silêncio é cortado.

PAULO: (rindo) Ah, mas aquela menina puxou você, isso não pode se negar. A vaidade, o jeito, até os olhos são seus.

JULIANA: (irônica) Por isso tem cara de ser rapariga que pega todos num baile só em uma noite.

VERÔNICA: (surpresa) Mas como? Repete que minha mão vai te mostrar a rapariga, sua louca. – empinando o nariz – Minha filha puxou uma pessoa pura, calma, elegante... Claro, eu.

PAULO: (rindo) É, sabemos disso. Tanto que não se pode negar que o nariz vai até a lua de tão empinado que é.

JULIANA: (rindo) Quando ela nasceu, o tapinha que o médico deu no bumbum foi tão forte, que afetou o nariz.

Paulo e Juliana riem, enquanto Verônica com um ar de riso no rosto, balança a cabeça em gesto negativo.
Bárbara adentra no local, vendo a cena na mesa, olhando surpresa para as amigas.

BÁRBARA: (sorrindo) Mas olha só quem estão por aqui, Tico e Teco. – as atenções dos três se voltam pra ela – Pensei que estivem se engalfinhando por aí que nem duas galinhas quando vêem um galo forte.

PAULO: (irônico) Finalmente, achei que tivesse de ir te colocar pra baixo da cama, perdeu a hora. – sorrindo – Como foi a noite? Dormiu bem depois de ontem?

Ela olha pra ele, lançando um olhar fuminante, bufando pelo nariz.

VERÕNICA: (curiosa) Noite de ontem? Hum, ontem... Pelo visto foi boa, né?

JULIANA: (curiosa) Do jeito que você falou, parece que fizeram loucuras até altas horas, tudo da maneira mais desconhecida possível.

PAULO: (sorrindo) E foi, foi extremamente ótima. Uma coisa que me deixa sem ar só de pensar. – olhando pra Bárbara – Ela me pegou de um jeito que vocês ficariam molhadas só de escutarem.

Bárbara revira os olhos diante das palavras. As duas amigas ficam boquiabertas, surpresas.

JULIANA: (afobada) Jesus amado, pula isso, pula, pula. Não conta nada que o fogo sobe só de pensar.

VERÕNICA: (rindo) Nem parece que acabou de vir da missa, contou os pecados e agora tá se deixando possuir por mais.

JULIANA: (soltando) Pelo menos, eu não contei ao padre, quantas foram as posições que transei na última noite.

Paulo gargalha diante das palavras, levando as duas ao riso, fazendo Bárbara revirar os olhos.

BÁRBARA: (interrompendo) Paulo, você pode nos deixar a sós? Quero falar com elas, faz tanto tempo que não as vejo.

Paulo olha pra ela, se levantando da mesa, limpando a boca.

PAULO: (sorrindo) Claro, amor, fiquem à vontade. – olhando para as duas – Sintam-se em casa, meninas.

Elas sorriem, Paulo se despede delas, saindo do cômodo. Bárbara trata de urgente ir até o lugar onde ele estava sentado, ficando em frente delas.

BÁRBARA: (direta) Não me dêem bom dia, será uma perda de tempo, meu humor está para poucos, hoje. E venham comigo até o jardim dos fundos, quero falar com as duas.

Ela sai de junto da mesa, indo em direção ao fundo da casa, deixando as duas amigas paradas e sem ação alguma. Dando de ombros, elas se levantam e vão atrás da amiga.

CENA 11: MANSÃO VILAR/JARDIM DOS FUNDOS/EXTERIOR/DIA
Bárbara está sentada em uma cadeira ao redor de uma pequena mesa, debaixo de uma coberta. As duas se aproximam, puxando algumas cadeiras ali e sentando junto a mesa.

JULIANA: (observando) Já vejo que não é boa coisa, sua cara está péssima, Barb. Dormiu mal pela noite de ontem, né?

VERÔNICA: (cortando) Cala a boca, Juliana, ela nem sequer abriu a boca pra dizer alguma coisa.

Ambas se calam, deixando Bárbara ficar em um tom de silêncio. Ela encara o jardim, com um olhar baixo.

BÁRBARA: (calma) Não teve nada na noite de ontem, garotas, se deixaram levar pelo papo daquele miserável. Uma verdadeira pena. – voltando a atenção pra conversa – Posso dizer que nunca dormi tão mal como ontem, mas não foi por causa de sexo algum, que adianto logo que não ocorreu.

Elas olham desentendida, Bárbara continua.

BÁRBARA: (cont.) Ele mentiu, não dormimos juntos, estamos sem nos falar direito. – (T) – O Bernardo saiu de casa por conta das nossas discussões e pra piorar, brigamos mais ainda. Aí, ficou algo tão descontrolado, quase acabei com o quarto e em compensação, ele me colocou pra dormir no colchonete. – suspirando – Disse que se eu quiser ficar aqui e não ir pra um hospício, vou ter que fazer o que ele quiser.

JULIANA: (chocada) Como? Sério isso, Barb? – ela concorda com a cabeça – Meu Deus do Céu, mas o que deu nele? Você é uma dama e não se trata uma pessoa como ti, assim.

VERÔNICA: (chocada) Faço das minhas palavras, as suas, pelo amor de Jesus Cristo... Eu não tenho mais nada à dizer.

BÁRBARA: (cortando) Eu não quis deixá-las assim, desculpem-me, apenas agi de cabeça quente e soltei tudo. Deviam aprender a ouvir os dois lados de uma história, principalmente dessa.

Elas ficam caladas, um clima de choque fica no ar. Bárbara corta.

BÁRBARA: (calma) Ah, ouvi falar que os novos moradores da mansão Barcelar chegaram ontem mesmo. Não tive tempo de ir lá, diante disso tudo aqui.

VERÔNICA: (curiosa) Mas já? Nossa, preciso ir lá.

JULIANA: (curiosa) Você viu eles? Quem viu te falou como são?

BÁRBARA: (calma) Não, não, quem viu foi o cafajeste lá. Ele estava chegando em casa quando viu, não falou mais nada depois disso.



VERÔNICA: (curiosa) Ah, compreendo, minha querida. Você pensou em ir lá já? Ao menos, dar as boas-vindas.

BÁRBARA: (por cima) Não, não pensei em nada, mal pensei em mim. Tomara nos novos moradores, que devem estar descansando ou passeando.

JULIANA: Vamos lá, já que estamos aqui, fazemos logo isso. Cê precisa sair, esquecer que ele existe, amiga.

BÁRBARA: (por cima) Obrigada mas não quero, apesar dele me fazer inferno, prefiro ficar aqui. Vai que quando eu volte, ele tenha feito algo com minhas coisas.

As três se calam, apenas ficam se olhando. Juliana e Verônica se levantam.

VERÔNICA: (sem jeito) Nós vamos indo. Temos que ir ao shopping, chegaram novas coleções da Louis Vuitton e precisamos ir correndo ver os preços, está na época de promoções.

JULIANA: (cont.) E vamos aproveitar pra ir na mansão Barcelar, falar com os moradores, o que fazemos sempre. Qualquer novidade, nós viremos te contar.

Bárbara também se levanta.

VERÔNICA: (cont.) Saiba também que estamos aqui, qualquer coisa é só nos ligar que nós corremos pra cá.

Elas vão até a amiga, se despedindo com beijos e abraçando ela. Tudo na maneira mais falsa e sem graça possível.

BÁRBARA: (impaciente) Vão pela sombra e até mais!

Verônica sai na frente, Juliana logo em seguida, deixando Bárbara sozinha no jardim.
Ela senta novamente na cadeira, encarando o jardim vazio, suspirando.


CENA 12: MANSÃO BARCELAR/SALA DE ESTAR/INTERIOR/DIA
Sala enorme, móveis estampados de diferentes estilos, quadros chamativos e uma televisão que toma conta de quase um terço da parede. Ao fundo, uma escada caracol levando ao andar de cima da mansão.

Eunice está sentada no sofá, folheando uma revista de moda, entretida. Carlos dorme na poltrona.
Foco em Mariana que vem da cozinha com Henrique, ambos sorrindo e conversando.

MARIANA: (sorrindo) Mas e depois disso, como você chegou em casa?

HENRIQUE: (sorrindo) Todo molhado, a chuva estava intensa, quase peguei um resfriado.

MARIANA: (sorrindo) O carro ficou no ponto alagado ou conseguiu chegar aqui? Porquê já passei por algo parecido e quase saí boiando.

HENRIQUE: (rindo) Eu consegui chegar, mas o carro morreu depois disso e foi para o conserto, apesar de que não saiu de lá nunca mais.

Eunice observa a conversa dos dois que agora se sentam no sofá.

EUNICE: Vejo que o casal já voltou à ativa, estão com um lindo sorriso no rosto. – observando – Eu escutei algumas coisas vindas do quarto dos dois, ontem.

O sorriso de ambos desaparece, um clima cômico de tensão fica no ar.

EUNICE: Batidas, gemidos, sons que nem eu conheço quando fazia o mesmo.

Eles se olham, envergonhados. Eunice percebe o clima, soltando uma gargalhada, que acorda Carlos.

MARIANA: (rindo) Mãe, acordou até o pai (rindo).

De repente, a campainha toca, atraindo a atenção deles. Uma empregada vem da cozinha, aproximando-se e indo até a porta, que é aberta.

EMPREGADA: Bom dia, senhoritas.

Duas vozes femininas soam em resposta.

EMPREGADA: O que desejam?

VOZ FEMININA 01: Somos das mansões vizinhas, viemos visitar os moradores recém-chegados.

VOZ FEMININA 02: Inclusive, nós somos da direção das reuniões que temos aqui no nosso, como eu poderia dizer, condomínio.

EMPREGADA: Ah, claro, aguardem só um minuto.

Ela se afasta da porta, chegando junto ao sofá.

EMPREGADA: Seu Henrique, visitas pra vocês, são duas mulheres que moram em mansões vizinhas.

HENRIQUE: (curioso) Visita à essas horas? Já? – (T) – Mandem entrar, vamos recebê-las.


A empregada concorda, voltando a porta e abrindo-a pra que as duas visitantes entrem. Foco no rosto delas: Verônica e Juliana, que sorriem.

MARIANA: (sorrindo) Bom dia, sejam bem-vindas.

JULIANA: (sorrindo) Igualmente à vocês, sejam bem-vindos ao condomínio.

MARIANA: (sorrindo) Agradeço por todos.

VERÔNICA: (sorrindo) Nós ainda não nos apresentamos, desculpa. – (T) – Prazer, eu me chamo Verônica, esposa do Lucas Godoy e essa é Juliana, esposa do Ulisses Taveira, minha amiga.

Corta para o rosto de Mariana, surpresa, reconhecendo os nomes. Closes alternados nos rostos das duas.


FIM DO CAPÍTULO UM TOM VERMELHO SOBE, PREENCHENDO E FOCANDO NO ROSTO DAS TRÊS DIVIDINDO A TELA.


Elenco Adicional
No capítulo de hoje, reaparecem na trama, duas personagens importantes.

Débora Falabella como: Verônica (interpretada na primeira fase por Marina Moschen)

Vanessa Giácomo como: Juliana (interpretada na primeira fase por Agatha Moreira)

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