A Arte de Amar - Capítulo 7 (Retorno)

terça-feira, fevereiro 19, 2019



Elenco principal  deste capítulo:

Deborah Secco como: Mariana (a mocinha)

Juliana Paes como: Bárbara (a vilã principal)

Reynaldo Gianecchini  como: Paulo (o vilão principal – por momento)



Capítulo 07: “A Fim de Voltar”
Maceió – Alagoas, 22 de fevereiro de 2019

CONTINUAÇÃO IMEDIATA DA ÚLTIMA CENA DO CAPÍTULO ANTERIOR
CENA 01: ELEVADOR DO EDIFÍCIO/MACEIÓ – ALAGOAS/INTERIOR/DIA
O foco da cena continua em Mariana e seus pais no elevador.
O silêncio se faz presente e com os olhos, acompanham os andares à medida que eles se acendem no painel, em direção ao térreo.

MARIANA: Vocês sabem onde tá o Pedro? Não vejo ele desde manhã cedo. Depois do café, ele saiu, disse que iria surfar um pouco na praia com os amigos e até agora não voltou. Não responde minhas mensagens, não atende as ligações... Nada.

EUNICE: (olhando para a filha) Vi ele assim que voltei das compras que tinha ido fazer, ele tava na entrada conversando com os amigos, depois falou comigo e saiu de novo com eles. E salvo engano, ele tá lá fora aos beijos com a namorada, estão se despedindo.

MARIANA: Ainda bem, não queria nem ver se ele sumisse logo hoje, no dia da nossa volta para casa.

CARLOS: Minha filha, relaxa, ele já sabe o que faz.

MARIANA: Mas tem horas que parece que o juízo dele fica embaixo dos pés, ele anda, pisa nele e não sabe o que tá fazendo. (T) Principalmente quando passou dois dias sem vir aqui uma vez.

Eles riem, aguardando o elevador chegar ao último andar antes do térreo.

EUNICE: Estou ansiosa, nossa cidade deve ter mudado muito, faz quase vinte e um anos que nós saímos de lá.

CARLOS: Já eu estou ansioso para rever nossa casa, saudades da comodidade dela.

Eles se calam, permanecem observando o painel do elevador, que por fim chega ao térreo. A porta se abre e eles saem do elevador, carregando as malas e indo em direção à portaria do edifício, onde fica a sala do síndico e o porteiro.
Chegando perto aos poucos, eles avistam o síndico, um homem de aproximadamente cinquenta anos, nem tão alto nem tão baixo, estatura média, alguns cabelos brancos, que conversa com o porteiro.

SÍNDICO: Seu Carlos, Dona Eunice, Mariana.

Ele deixa o local onde estava, ao lado do porteiro e vai em direção à eles, apertando suas mãos, os abraçando e se despedindo.

SÍNDICO: Eu irei sentir saudades de vocês, estão indo para o estado de onde vieram depois de quase vinte anos. Foi um prazer conviver esse tempo todo com pessoas tão legais, gentis.

MARIANA: Seu Ulisses, você vai fazer tanta falta, gosto muito do senhor.

SÍNDICO: O que dirá eu de vocês e do Pedro, esse eu vi crescer, desde que nasceu, pequeno e até agora.

MARIANA: (sorrindo) Por falar nele, o senhor sabe onde ele tá? Aquele danado saiu cedo e não deu as caras aqui desde então.

EUNICE: Ela ainda morre por conta dele, veja só o que digo, não estou exagerando.


ULISSES: É normal sentir isso, sempre somos apegados à tais coisas. (T) Mas então, precisam de ajuda com as malas? Com alguma coisa?

CARLOS: Poderia chamar um táxi para nós? É que com isso tudo pra carregar, ficar difícil estender a mão sem derrubar nada.

ULISSES: Claro, claro, vamos indo lá pra fora.

Eles acenam com a cabeça e se despedem do porteiro, que retribui acenando com as mãos o gesto de despedida.
Descendo as escadas, eles param no jardim enquanto Seu Ulisses vai até a frente do local e procura um táxi. Mariana olha por todos os lados, procurando Pedro.

MARIANA: (observando) Vocês me disseram que ele estava aqui fora, mas eu não estou vendo esse garoto em lugar nenhum.

EUNICE: Como? (T) Ah, entendi, olha ele bem aqui atrás de nós.

Mariana se vira e olha para Pedro que está abraçado com a namorada, Vanessa e se despedindo dela com beijos.
Eunice e Carlos sorriem da situação. Ela vira de volta e fica olhando o mar logo a frente, o calçadão, a beleza da cidade.

PEDRO: (ao fundo) Eu vou dar um jeito de vir pra cá sempre que puder, vou sentir saudades de você.

VANESSA: (ao fundo) Vou ficar te esperando, amo seu abraço, seu cheiro, seu beijo.

PEDRO: (ao fundo) Não me amola que eu preciso ir pra lá, é a terra natal da minha família e eu diria que a minha também. Desse jeito, eu vou acabar ficando aqui contigo.

VANESSA: (ao fundo) Eu posso ir na mala, ficar longe de você depois de três anos vai ser difícil.

PEDRO: (ao fundo e rindo) Eu sei, eu sei, se pudesse te levaria no meu colo.

VANESSA: (ao fundo e rindo) Seu colo... Aquela noite foi a melhor de todas, inesquecível pra mim.

PEDRO: (ao fundo e meloso) Não só para você, pra mim também foi a melhor noite de todas. Logo mais, vamos poder ter mais tempo juntos. (T) É o tempo que eles resolvem algumas coisas por lá e eu volto.

VANESSA: (ao fundo) Cê promete que vai voltar mesmo? Não vai me deixar esperando que nem uma boba por você, todo dia. Promete?

PEDRO: E alguma vez eu quebrei alguma promessa ou não cumpri? (T) Eu vou voltar, meu amor.

Eles se abraçam, um aconchegado no outro e se beijam. O táxi chega e Seu Ulisses entra no local.

ULISSES: Pronto, aqui está o táxi como pediram. (T) Vão fazer muita falta, depois de tantos anos, vai ser estranho não ver vocês descerem pelo elevador para irem à praia, comprar pão na padaria aqui do lado quase toda manhã. Enfim, deixarão saudades.

Mariana sorri enquanto uma lágrima desce pelo seu rosto. Eunice e Carlos abraçados.

CARLOS: Eu te garanto que você também fará falta, meu amigo, todo dia vamos lembrar de você. Ligaremos quando puder.

MARIANA: Acho melhor irmos antes que eu brote em lágrimas aqui. (rindo) Você é um segundo pai pra mim, Seu Ulisses.

ULISSES: Não há de quê, fiz meu trabalho, meu dever é ser gentil e estabelecer ordem aqui no edifício.

EUNICE: Mas então, vamos? Já já o táxi parte sem nós.

Eles acenam com a cabeça e Mariana se vira de novo. Ela olha Pedro e a namorada abraçados e se beijando.

MARIANA: (interrompendo) Pedro?

Pedro para de beijar a namorada e olha pra Mariana.

MARIANA: Vamos? O táxi chegou, o vôo é em uma hora e precisamos chegar cedo no aeroporto pra garantir tudo.

PEDRO: Ah, sim, vamos. Me dá só um minuto.

MARIANA: Certo, estamos indo para o táxi.

Ele acena com a cabeça, Mariana vai até Vanessa e dá um abraço nela, se despedindo. Ela então deixa o local, indo em direção ao táxi.

PEDRO: Então... Eu vou indo, amor, chegou minha hora.

VANESSA: (um pouco triste) Você tem certeza que você precisa ir?

PEDRO: (sem graça) Sim, infelizmente sim, mas eu já falei que vou voltar.

VANESSA: Está bem, te amo muito, tá? Quando chegar lá, me manda mensagem, me liga... Faz alguma coisa mas não deixa de me dizer que chegou.

PEDRO: Certo, vou fazer isso, sim. Fica tranquila.

Eles se beijam, se abraçam mais uma vez e caminham em direção ao táxi.
Ele vem na frente carregando algumas malas e ela vem logo atrás com uma bolsa dele. Pedro entrega as malas, uma por uma, ao taxista que vai guardando-as no porta malas.
Vanessa dá a bolsa de Pedro, ele olha pra ela. Pedro entra no táxi, que estava com a porta aberta.

VANESSA: (receosa) Pedro, antes de você ir, eu tenho uma coisa a te dizer.

PEDRO: Pode falar, amor, eu mando o taxista aguardar.

VANESSA: (receosa) Eu não sei como te dizer isso... Deixa pra lá, falo contigo depois, quando você chegar lá.

PEDRO: Diz, meu amor, pode falar.

VANESSA: (receosa) Não, não, deixa. (T) Enfim, faça boa viagem.

PEDRO: Está bem, não esquece que te amo muito.

Ela acena com a cabeça, Pedro volta a atenção pra dentro do carro.

PEDRO: Podemos ir, moço.

O taxista concorda, liga, dá a partida e o carro começa à deixar o local.
Vanessa junto com Seu Ulisses acenam em despedida. O carro deixa a frente do edifício lentamente.
Vanessa então, pega seu celular no bolso de seu short. O desbloqueia, indo em direção ao aplicativo de mensagens, clicando na conversa com o nome de Pedro.

APLICATIVO - CONVERSA - ON

VANESSA: Amor, eu não quis te dizer na hora para não impedir sua viagem, é importante para você e sua família. Mas, eu estou grávida.

Ela envia a mensagem, com algumas lágrimas escorrendo por seu rosto.

VANESSA: Eu estou esperando um filho seu, aliás, nosso.

No táxi, o celular de Pedro toca o sinal de mensagens do aplicativo. Ele o pega dentro da bolsa, desbloqueia e clica na mensagem.
Pedro agora, lê a mensagem enviada por Vanessa, que olha o carro deixar o local. Atônito, ele fica sem saber o que responder.

MARIANA: (olhando) Pedro, o que houve? Porquê você está assim? Aconteceu algo grave?

PEDRO: (sem reação) Eu... Eu... Para esse carro, agora.

EUNICE: (sem saber) Como assim? O que houve?

O carro para encostado à uma calçada.

PEDRO: (sem reação) A Vanessa... Ela...

MARIANA: Ela o quê, Pedro? Fala, o carro tá parado e você não falou nada até agora.

PEDRO: Ela tá grávida...

Mariana fica sem reação também, Eunice e Carlos se impressionam.

PEDRO: A Vanessa tá esperando um filho, eu vou ser pai, um bebê.

MARIANA: Você tá falando sério? Vai ser pai?

Pedro concorda com a cabeça, põe a cabeça, um pouco do corpo pra fora do carro pela janela e acena para Vanessa, que chora de emoção.
Com as mãos, ele faz um gesto de coração e solta um beijo.
Ela solta um beijo também, em meio às lágrimas. Pedro volta para dentro do carro.

PEDRO: Agora sim, pode ir, moço. Se não, vamos perder a hora do vôo.

MARIANA: (emocionada) Você não vai ficar? Pensei que fosse ficar agora que ela está grávida.

PEDRO: Ela falou que não quer que isso atrapalhe nossa viagem, é algo importante para nós. (T) Vou sentir saudades, mas continuarei com eles de longe.

O carro, finalmente, deixa o local e segue para o aeroporto.

MARIANA: Agora você vai ser pai, sua vida vai mudar, mas saiba que estamos do seu lado.

CARLOS: Um grande homem sempre avança, não desiste e nem tampouco, abaixa a cabeça.

Pedro sorri, feliz enquanto olha para eles.

MARIANA: Você é meu filho e pode contar comigo. Amor de mãe não se mede, ele abrange tudo.

Pedro abraça a mãe, com lágrimas de felicidade.

CORTE
Agora as cenas mostram as paisagens da cidade enquanto o táxi com a família se direciona ao aeroporto.


CENA 02: MACEIÓ - FORTALEZA/CIDADE/EXTERNAS/DIA

De dentro do carro, a família olha pela última vez, as inúmeras paisagens do estado. Diversos pontos turísticos, de praias até grandes construções.

O sol refletindo na água e as pessoas tomando banho, algumas na areia em seus assentos. Mariana olha para tudo e suspira com uma mescla de pesar e saudade desde já.



MARIANA: (em pensamento) Será que é esse o momento, o momento certo de voltar para o meu estado? Ai, tem horas que me bate uma aflição, uma dor no peito...



Ela continua olhando tudo. Pedro percebe que a mãe não está bem, olha para ela e sorri fracamente, tentando falar com ela.



PEDRO: (baixo) O que houve, mãe? Você tá se sentindo bem? Tá passando mal?

MARIANA: (baixo) Tá tudo bem, nada demais, só algumas lembranças.

PEDRO: (baixo) Vai sentir saudades daqui né?

MARIANA: (baixo) Sim, meu filho, vou sentir muita falta. Passei vinte anos da minha vida aqui, mudando meu jeito de ser, trilhando novos caminhos... E claro, cuidando de você.

PEDRO: (sorrindo e baixo) Eu também vou sentir falta, me apeguei muito à viver aqui. Nunca conheci o Paraná e nem sei como é lá, vai ser difícil mas eu vou conseguir.

MARIANA: (baixo) Eu pensei que você ficar agora que soube que a Vanessa tá grávida. (T) Ela disse que não quis que isso interrompesse a nossa viagem, mas é algo tão bom, algo feliz, que merece ser comemorado.

PEDRO: (baixo) Eu pensei em ficar, mas aí eu lembrei que você já tinha organizado tudo por lá e eu já tinha feito minha papelada do colégio, colocado tudo pra lá... Então, seria meio que um recuo, algo bem precipitado. (T) Mas isso não quer dizer que eu não venha ver ela.

MARIANA: (baixo) Entendo, você quis pensar nas duas coisas, mas optou pela segunda por questão de família. (T) Eu diria que isso é um pensamento maduro, meu filho, uma decisão difícil de tomar.

PEDRO: (baixo) Mãe, já que estamos falando nisso, nesse assunto... Eu queria te fazer uma pergunta.

MARIANA: (baixo) Sim, pode fazer. Fique à vontade.

PEDRO: (baixo) Bom, primeiro me desculpa ser tão invasivo na sua privacidade, é só curiosidade mesmo... Mas/

MARIANA: (baixo) Do que você tá falando, Pedro? Você nunca é invasivo, é sempre bem gentil, sincero, verdadeiro. (T) Agora, fala logo.

PEDRO: (baixo) É que é algo tão... Tão constrangedor tanto pra mim, tanto pra você que chega à me causar vergonha de perguntar.

Mariana fica sem saber de nada e sem entender o que filho pergunta, com um ar de curiosa e um pouco assustada.

PEDRO: (cont. e baixo) Mas agora que vou voltar, ou melhor, nós vamos voltar para nosso estado de origem, eu queria saber se tem alguma chance de me encontrar com meu verdadeiro pai.

Mariana escuta toda a questão e pergunta do filho, ficando por fim, espantada com a pergunta e sem saber o que dizer.
Sua boca se abre, ela tenta falar, mas nada sai. Ele olha para a mãe, que está sem palavras.

PEDRO: (baixo) Mãe? Tá aí? (T) Mãe, tá tudo bem?

O silêncio permanece e Pedro continua olhando para a mãe que continua sem falar alguma palavra. Eunice que estava admirando a vista com Carlos, percebe a cena entre os dois e resolve interferir.

EUNICE: (curiosa) Pedro? Tá tudo bem com vocês? Por quê sua mãe tá espantada assim?

PEDRO: Comigo tá tudo ótimo, já com a minha mãe, eu não sei. Fiz uma pergunta para ela e depois disso, ela ficou assim. Não me responde, não fala nada.

EUNICE: (curiosa) Pergunta? Que pergunta você fez à ela?

PEDRO: Sim, eu fiz uma pergunta para ela. Perguntei se agora que estamos voltando para o nosso estado, tem alguma chance de eu me encontrar com o meu verdadeiro pai. O pai que mora lá, que me deu origem.

Eunice escuta a fala do neto, ficando calada também.

EUNICE: Então foi essa a sua pergunta para ela ter ficado assim?

PEDRO: Sim, a única. Não fiz mais nenhuma, até porquê ela não me responde.

Eunice suspira pensativa, balançando a cabeça negativamente.

EUNICE: Meu neto, eu quero falar com você quando chegarmos no aeroporto, pode ser? É algo relacionado à isso.

PEDRO: (sem entender) Certo, vó, sem problemas. Mas a senhora sabe como tirar ela desse "transe"?

EUNICE: Claro, é algo comum da sua mãe, desde jovem.

Eunice se aproxima da filha, encosta a mão no seu rosto, de leve nas suas bochechas. Ela vira a cabeça de Mariana para si, colocando-a em sua frente. Agora, ela olha nos olhos da filha.

EUNICE: Mariana, sou eu, a sua mãe. Desperta desse transe bendito.

Ela chacoalha devagar a cabeça da filha enquanto olha em seus olhos. Novamente, ela repete esse gesto e fala as mesmas palavras. O taxista olha pelo espelho do carro e fica encabulado, parando o carro devagar.

EUNICE: Filha, acorda disso, eu sei que você está aí. Foi só uma pergunta boba que ele fez, o garoto não sabe de nada.

Mariana continua calada.

EUNICE: Eu estou te dizendo, tá tudo bem, foi só uma pergunta que pode se responder com uma simples conversa com ele.

Mas nada feito, Mariana continua parada, enquanto o taxista, Pedro e Carlos voltam sua atenção para aquela cena.

EUNICE: Mariana, dá para você despertar? Eu sei que é assim mas coopera, olha que horas são. (T) Será que eu vou ter que encostar minha mão com força no seu rosto?

Eunice respira fundo e chacoalha a cabeça de Mariana mais forte, fazendo com que ela por fim, desperte daquele transe que se encontrava. Ela balança a cabeça e percebe onde está, pisca os olhos algumas vezes até se recompor.

TAXISTA: Nós podemos ir? O taxímetro tá rodando e a hora tá se passando, se vocês querem chegar ao aeroporto cedo, tem que cooperarem.

CARLOS: Desculpa, foi uma questão de família, pode seguir sim. Vai o mais rápido que você puder, só não provoque nenhum acidente.

O taxista concorda com a cabeça e o carro volta à se movimentar.
Um silêncio se instaurou dentro do carro após o ocorrido. Pedro e Carlos se olham como se estivessem tentando falar algo um com o outro. Mariana fica desconfiada e Eunice reflete.

EUNICE: (baixo) Mariana, o que foi isso? Por quê você ficou daquele jeito?

MARIANA: (baixo) Nada demais, mãe, depois falo com a senhora. Já estou bem, foi algo passageiro.

EUNICE: (baixo) Você pensou naquele desgraçado, não foi? Além dele, aposto que também veio aquela garota medíocre na sua mente, acertei?

Mariana olha para a mãe, com um semblante em tom de resposta e pouco angustiado.

CORTE DE CENA
O foco agora vai de Maceió para Curitiba, onde a cena escurece e clareia de maneira ágil.
De fundo

Toca: Say Something - Justin Timberlake

CENA 03: CURITIBA - PARANÁ/CIDADE/EXTERIOR/DIA
O clima da cidade agora mostra uma cidade bem avançada, pouco tecnológica e mais abrangente que vinte anos atrás. Os carros, agora de modelos novos, passam de maneira rápida pela via principal da cidade.
Pontos de ônibus cheios com pessoas vestindo roupas frescas e outras se abanando.
Foco num relógio digital que marca as horas exatas e indica que no momento a temperatura marca trinta e seis graus.

CORTA PARA:

CENA 04: CASA DESCONHECIDA/CIDADE/EXTERIOR/DIA
Uma casa de bom porte, situada em meio à diversas outras em uma espécie de condomínio de luxo. Grama baixa, cores atraentes e alguns empregados cuidando do jardim principal.

INTERIOR DA CASA
A cena vai rapidamente para o interior da casa.
Foco no interior da casa. Uma sala imensamente luxuosa pode ser vista, com um enorme sofá estampado em seda, uma televisão de, ao menos, cinquenta polegadas, uma poltrona estampada de um vermelho básico, paredes e piso revestidos de mármore fino e no meio, um centro de vidro enorme com as iniciais F e V em prata, estampadas.
Logo atrás do cômodo, fica a escada principal da mansão, uma estrutura de madeira de luxo. O silêncio toma conta do local.
A câmera vai adentrando pelo cômodo devagar. Até que então, um som de um vidro quebrando ecoa pela casa, rompendo o silêncio.
Foco na escada com barulho de passos apressados descendo por ela, a câmera se virando e revelando um homem descendo os degraus.
Atrás dele, vem uma mulher que grita por ele.

VOZ FEMININA: (gritando) Volta aqui, seu desgraçado, onde você vai. (T) Eu já disse pra você parar, Paulo, eu quero falar contigo.

O homem se vira na descida da escada e seu rosto é revelado.
A mulher que gritava vem logo em seguida, revelando seu rosto também. Ele está com uma roupa simples: bermuda, camisa de manga curta, sapato mocassim cor de vinho e segurando um óculos escuro junto com um celular e chaves, em mãos.
Ele se vira com tédio e revirando os olhos.

PAULO: O que você quer? (...) Não tá cansada de ficar atrás de mim, não, Bárbara? Eu já estou cansado, farto disso, de você sempre tá assim.

O foco da cena ainda fica nele, que parado, espera uma resposta.

BÁRBARA: (off) Por quê você está fazendo isso comigo, amor? Por quê? Você não me ama mais?

Paulo lança um olhar de desentendido e fica raciocinando o que ela está falando.

BÁRBARA: (off) Me diz, Paulo, por quê? Eu não sei o que fiz pra merecer tanto mau trato.

PAULO: (por cima) Do que você está falando, Bárbara? Sinceramente, eu não estou entendendo nada.

BÁRBARA: (off) Você sabe sim, não somente sabe, como faz isso. (T) Eu já sei, Paulo, tira essa máscara que mais parece de um palhaço de um circo de horrores.

PAULO: (por cima) Bárbara, pelo amor do bom Deus, seja direta. Eu odeio enrolar, você sabe como eu sou agitado.

Ela fica calada, sem palavras, apenas olha para ele. Paulo fica em expressão de impaciência. O foco da cena muda.
Diante dele está Bárbara, vestida com um babydoll rosê curto e coberta por um longo roupão de seda branca básico. Ela o encara furiosa e com o rosto borrado de rímel.

PAULO: (impaciente) Cadê a resposta? Eu estou esperando, fiz uma pergunta à você.

BÁRBARA: (furiosa e gritando) Não precisa de merda nenhuma de resposta, seu nojento, você me estuprou ontem à noite.

PAULO: (falando alto e alterado) Eu? Como? (T) Você tem certeza do que tá falando, Bárbara, eu lhe estuprei?

BÁRBARA: (furiosa e gritando) Vai se fazer de idiota, agora? Fez sim, fez e muito pior do que pensei que fosse. Até onde chegou, Paulo, precisar humilhar alguém para se satisfazer.

PAULO: (falando alto) Do que você tá pensando, Bárbara, me fala. (T) Me diz em que momento da maldita noite de ontem, eu encostei um dedo em você contra sua própria vontade e arranquei sua roupa à força.

BÁRBARA: (gritando) Em que momento? Não se lembra? Ah, claro, estava bebendo com seus amigos e quis fazer aquilo. Essas marcas te lembram algo?

Ela aponta para o próprio braço, que está com um machucão vermelho grande.

BÁRBARA: (gritando) E isso aqui, também te lembra algo de ontem?

Ela aponta para uma marca roxa na coxa, coberta pelo babydoll.

PAULO: (falando alto) É para se mostrar? Isso? (T) Então que tal essa marca aqui que você me fez, (alterado) ontem?

Ele arranca a camisa de uma vez e mostra uma marca roxa no seu abdômen, semelhante à uma ferida arranhada.

PAULO: Isso você não nega que fez, ou nega na maior cara dura?

O silêncio agora fica na cena, foco rápido no rosto de Bárbara e de Paulo.

PAULO: (alterado) Agora, se eu puder ao menos pôr meus pés pra fora dessa maldita casa nesse clima infernal que faz nessa cidade, eu agradeço.

Ele olha para ela que abaixa a cabeça, suspirando, ele se vira e respira fundo e indo em direção à porta com a camisa na mão.

PAULO: (de costas) E antes que você possa falar, meu celular vai estar desligado e seu número bloqueado, não adianta pegar o celular do Bernardo para ligar que esse é outro que eu bloqueio.

Bárbara levanta a cabeça, enfurecida, ela pega um jarro e grita enfurecida. Paulo olha para trás e se desvia por pouco.

BÁRBARA: (gritando) Anda, corre até os pés daquela prostituta de esquina que você tem e vai comer ela quantas vezes quiser. (T) Eu odeio ter me casado com você, tudo por causa de uma porra de gravidez.

PAULO: (alterado) Do que você tá falando, Bárbara, ficou louca? Perdeu a noção de espaço, tempo e vida? Onde que eu tenho uma amante e ainda por cima, prostituta?

BÁRBARA: (furiosa e gritando) Não me chama de louça, seu idiota, você sabe muito bem do que eu estou falando. (T) Eu não vi pessoalmente, mas o seu celular que me mostrou isso.

Ela aponta para o aparelho que está nas mãos de Paulo que olha para ele, confuso.

PAULO: O que meu celular tem a ver com seus chiliques, agora? Ele que tem dormido comigo?

BÁRBARA: (furiosa) Não adianta esconder porquê isso tá ridículo mais do que esse casamento que nós temos. Eu vi suas conversas com uma tal de Larissa, li tudo e vi claramente quando ela falou sobre hotel, noite, amor e sexo.

Paulo olha para a cara de Bárbara, sem reação diante daquela cena que está acontecendo. Ele solta um riso fraco com ar sarcástico.

PAULO: Quer saber, deixa eu ir porquê a coisa tá séria aqui e não quero mais ficar um segundo compartilhando essa loucura que você tá sentindo.

Ele sorri mais uma vez, se vira e vai em direção à porta. Ele abre-a, Bárbara vem de uma vez correndo furiosa e começa à puxar ele.

BÁRBARA: (gritando escandalosa e furiosa) Me mostra, eu quero ver o rosto dessa vagabunda, Paulo. (T) Acaba com isso e mostra essa porra, mostra essa puta sem honra.

Paulo fica confuso e empurra Bárbara. Ela vai em cima dele de novo e tenta puxar seu celular.

PAULO: (confuso) Meu Deus do céu, Bárbara, para com isso. O que deu em você hoje? Volta para o quarto e se deita, agora.

Ela insiste e agora puxa com força o celular do marido. Ele retribui e tentar se esquivar.

BÁRBARA: (furiosa) Me mostra a cara dela que eu vou encher de tapa, encerro com esse caso de merda de vocês.

PAULO: (alterado) Eu já mandei você parar, Bárbara, que coisa desnecessária. Não tenho nenhuma amante! (T) Vou ter que repetir? (gritando) Bernardo, Bernardo.

BÁRBARA: (furiosa) Deixa ele de fora da sua canalhice, seu inútil, estúpido.

Ela puxa de uma vez o celular de Paulo, que escapa da mão de ambos e voa. Em câmera lenta, o celular vai indo em direção ao ar.
A cena volta ao normal e o celular cai no chão de uma vez, com a tela para baixo, fazendo um barulho de quebra. Paulo fica incrédulo daquilo, olhando para Bárbara, que olha com um olhar sarcástico para o aparelho quebrado no chão.

PAULO: (gritando) Merda, droga, tá vendo que porra você fez, sua idiota?

Ele sai de junto dela e caminha até o celular, se ajoelha e gira o aparelho que está com a tela totalmente rachada.

PAULO: (gritando) Inferno de vida, que ódio eu tenho disso.

BÁRBARA: (sarcástica) Pensa bem, agora nem eu, nem o Bernardo e nem aquela vagabunda podemos ligar para você. Xeque-Mate para os dois lados, não fomos só nós dois que saímos perdendo.

Paulo levanta a cabeça, furioso, encarando a esposa com raiva.

PAULO: (gritando) A única vagabunda que eu estou vendo ultimamente é você, canalha idiota. (T) Eu já cansei definitivamente de você, Bárbara, cansei. Sempre querendo interferir na minha vida, nas minhas coisas, nos meus planos e ainda por cima onde eu vou e deixo de ir.

Ela olha para ele, incrédula.

PAULO: (gritando) Todo santo dia é essa mesma coisa, não tem um dia que eu esteja em paz nessa porra de mansão enorme. Você sempre faz questão de fazer inferno, eu não sei onde estava com a cabeça quando aceitei me casar com uma desastrada e ainda por cima, desequilibrada. (T) Poderia muito bem, ter apenas assumido o menino, mas não, eu fui idiota e me casei. Apenas dezoito anos e já estava casado com uma louca.

Bárbara se aproxima dele.

PAULO: (gritando) Agora, me diz, você vai pagar um aparelho novo ou vai encaminhar esse para a assistência técnica? Ficar sem celular por conta de você, eu não vou, tenho uma ligação daqueles ingleses filhos da puta que só querem saber de dinheiro no bolso.

BÁRBARA: (furiosa) Escuta bem, eu já disse à você para nunca mexer com minha paciência e comigo. Não admito que me chame de vagabunda, me humilhe e me faça de lixo como agora. Eu não tenho culpa se você é um merda, um frouxo, inútil. (T) Nunca mais.

Ela pega o rosto dele e acerta um tapa.

BÁRBARA: (furiosa) Eu sou a sua esposa, você é meu marido, meu. Se quiser ficar bem de vida, se manter e ter grana, cala essa porra de boca e fica pianinho comigo, me trata bem.

Paulo se levanta, encarando ela com ódio, possesso.

BÁRBARA: (furiosa) E na próxima vez que tentar me trair, eu acabo, com a vagabunda que for e ainda terei o prazer de destruir sua virilidade.

PAULO: (impaciente e gritando) Eu já disse que não tenho puta nenhuma, eu não tenho amante, merda. Só tenho você, você e mais ninguém.

Bárbara se afasta, incrédula e inspirando raiva. Paulo fica furioso, ao ponto de perder os limites.

BÁRBARA: (gritando) Então quem era aquela meretriz que estava no seu celular, nas mensagens, falando aquilo que eu te disse. Quem? Fala na minha cara?

Ela se aproxima de Paulo e segura-o pelos braços, balançando ele.

BÁRBARA: (gritando) Me diz e para de esconder, eu não sou idiota, sei muito bem que não te satisfaço, Paulo.

Sem paciência, Paulo não aguenta e empurra Bárbara de uma vez, acertando um tapa no seu rosto. Ela olha para ele com a mão no rosto, incrédula.

BÁRBARA: (incrédula) Paulo, você me bateu, como você pode fazer/

PAULO: (interrompendo e gritando furioso) Já chega... (bufando) Por mim, já deu!
Ele se vira furioso, passa pela porta da casa, fecha-a com fúria e vai em direção ao carro. Bárbara se levanta correndo, ela se recompõe e corre em direção a porta da casa.
A porta é aberta com rapidez e Bárbara passa com ar de louca, se jogando em seguida na frente do carro de Paulo, que deixava o local.

BÁRBARA: (gritando) Me escuta, Paulo, eu ainda não terminei. Para esse carro e desce, eu não terminei, seu filho da puta.

Paulo fica assustado dentro do carro diante daquela situação. Bárbara grita pelo vidro do carro o encarando. Algumas pessoas moradoras do lugar passando pelo local, presenciam a cena e olham para o carro.

BÁRBARA: (gritando) Desce, seu idiota, estúpido. Eu odeio você, maldito canalha, cafajeste.

Paulo fica envergonhado diante daquilo e abre a porta do carro, saindo e fechando-a com raiva. Do lado de fora, ele chega e pega Bárbara pelo braço com força.

PAULO: (gritando) Qual é o seu problema, me diz, Bárbara? Você ficou louca? Eu não fiz porra nenhuma com você, nem tenho merda de amante nenhuma. (T) Será que não percebe que você própria está vendo coisas onde não tem? Perdeu a noção da vida?

BÁRBARA: (gritando por cima) Cala essa boca, seu maldito, você fez sim. Me traiu esses anos todos bem na minha cara, na minha casa, me estuprou ontem de noite ainda por cima.

PAULO: (gritando) Eu o quê? Onde que botei a porra de uma vagabunda dentro desse inferno de casa? Para ela queimar no fogo da sua ira? Me poupe! (T) E é melhor você parar com essa história de que eu fiz algo com você. Posso ir agora mesmo na delegacia, denunciar você pelo que fez e te internar numa clínica, num hospício!

BÁRBARA: (gritando) Eu sei que você colocou uma vagabunda de quinta dentro dessa casa. (T) E que merda eu fiz contigo, o que eu fiz?

PAULO: (gritando por cima) Já disse que não coloquei merda nenhuma, nenhuma dentro de casa. E agora vai se fazer de desentendida?

BÁRBARA: (gritando) Do que você tá falando?

PAULO: (gritando) Sério que não lembra do que fez ontem para estar cheia de marcas e eu com meu abdômen arranhado?

Bárbara se cala, Paulo a encara com fúria diante das pessoas que assistem a cena chocadas.



PAULO: (gritando) Não lembra? Pois eu vou refrescar muito bem a sua memória... Você, chegou em casa ontem, transtornada depois de ter saído com as suas colegas. Chegou em ponto de bala, a fim de matar o primeiro que visse em sua frente. (T) Além do mais, estava com ares de louca, fora de si, igual está nesse momento. Subiu para o quarto em fúria, saiu quebrando tudo por lá como se fosse a dona da porra toda.

FLASHBACK ON
Bárbara está no quarto, sua expressão é de fúria, quebrando tudo e gritando de ódio. No andar de baixo, Paulo abre a porta, entra e a fecha.

Vem correndo em sua direção, a empregada da casa, Rogéria, com uma expressão de medo e assustada.



ROGÉRIA: (apressada) Paulo, ainda bem que você chegou, preciso de você.


PAULO: (estabilizado) O que houve, Rogéria, por quê você tá assim? Aconteceu algo com o Bernardo, com a Bárbara?

ROGÉRIA: (apressada) O Bernardo está bem, na escola, mas a dona Bárbara não está nada/

A fala é interrompida por um barulho de vidro quebrando. Paulo se assusta. Ele sai de perto de Rogéria e vai em direção à escada.

PAULO: (eufórico) O que está acontecendo? Ela está assim por qual motivo?

Rogéria puxa ele assim que o mesmo põe o pé num degrau.

ROGÉRIA: Não suba lá, ela chegou louca, descontrolada, foi para o quarto de uma maneira que nem bala perdida pegava e começou a destruir tudo. Está gritando de raiva, se você for lá pode ser pior, pode até mesmo tentar algo contra você.

PAULO: (eufórico) Meu Deus do céu, eu preciso ir lá, ela vai acabar com tudo.

ROGÉRIA: (nervosa) Você ficou louco, ela vai acabar com você, está em fúria total.

Ele se solta, indo em direção à escada olhando para Rogéria e sobe os degraus.

PAULO: (eufórico) Se eu não descer em poucos minutos e o barulho parar, chama a polícia, o número está na mesa que fica na copa.

Rogéria fica aflita olhando ele subir cada vez mais a escada. No último degrau no andar de cima, Paulo para e se vira rapidamente.

PAULO: (eufórico) Não fica nervosa, eu sei lidar com ela, vai ficar tudo bem, mãe.

Ele sai do degrau e vai em direção ao quarto. Rogéria fica parada diante da casa, foco nela.
Ocorre um corte de cena e agora, vemos Paulo se aproximando da porta do quarto do casal e abrindo-a aos poucos. Ele põe uma parte de seu rosto no espaço que ficou entreaberto e fica olhando para o interior do cômodo, que está visivelmente destruído.
Seu rosto forma uma expressão de choque diante do estado que Bárbara está. Ela, destrói tudo, chorando de maneira descontrolada com o rosto borrado de rímel. Devagar, Paulo abre mais a porta do quarto e põe uma parte de seu corpo pra dentro.
Bárbara para o que estava fazendo e fica parada de costas, suspirando de maneira compassada. O foco fica em Paulo entrando no cômodo aos poucos.

BÁRBARA: (off) Eu sabia que estava demorando pra você vir aqui, aquela velha idiota não sabe ficar de bico calado, tenho mais é que pôr um ovo quente na boca dela.

Paulo para após a porta, assustado com Bárbara que permanece do mesmo jeito que estava.

BÁRBARA: (off) Na verdade, eu devia colocar um ovo quente na boca de todo mundo aqui nessa casa, porquê nunca vi um lugar com tanta gente fofoqueira.

PAULO: (apreensivo) Bárbara, tenha calma, o que houve pra você estar assim? Fala pra mim.

BÁRBARA: (off) Falar o quê? Explicar com quem você tá se encontrando à torta e à direita por aí?

PAULO: (apreensivo) Como? Quê você tá falando, amor? (T) Eu cheguei agora e fiquei preocupado quando ouvi os barulhos daqui.

BÁRBARA: (off) Exatamente o que estou falando... Eu saí agora pela manhã, fui me encontrar com algumas amigas no shopping, o Palladium.

PAULO: (por cima) Certo, mas o que isso tem haver com o motivo pelo qual você tá quebrando/

BÁRBARA: (cortando) Cala a boca, eu não terminei de falar.

Paulo se cala e observa Bárbara que agora vira de frente pra ele, o encarando.

BÁRBARA: (seca) Quando eu estava no Palladium, as minhas amigas estavam falando sobre casais, bem na hora que cheguei. (T) Depois de algum tempo conversando, elas decidiram me contar algo à respeito de você...

Paulo estranha o tom e o que Bárbara fala, fazendo cara de desentendido.

PAULO: (desentendido) Falando sobre mim? O quê? (T) Por quê eu fui assunto delas? O que eu fiz?

BÁRBARA: (seca) É isso que eu me pergunto exatamente, Paulo... Mas dessa é pra você a pergunta. (T) Por quê você fez isso comigo? O que não te agrada que tem em mim? (...) É meu modo de agir, de falar?

PAULO: (desentendido e por cima) Bárbara, direto ao ponto, você sabe minhas manias.

BÁRBARA: (seca) Elas me disseram que você... Você/ (nervosa) Droga, é tão difícil de falar. (T) Você tá me traindo.

Agora, o silêncio fica entre os dois em meio ao barulho de carros e outras coisas que invade o ambiente vindo da rua que passa em frente à casa, passando pela janela.

PAULO
: (incrédulo) O que você tá falando, meu amor? Eu te traindo? (T) Isso é impossível... Não tenho ninguém além de você.

BÁRBARA: Elas até me mostraram uma foto sua com outra, em plena praça central.

PAULO: (incrédulo) Foto? Mas que foto? Eu posso ver? Você tem ela aí?

BÁRBARA: (seca) Sim, eu tenho, pedi para enviar.

PAULO: (incrédulo) Então me mostra, por favor, quero ver essa tal outra.

Bárbara lança um olhar de raiva e mágoa para ele, seguindo até uma cômoda que fica do lado da cama do casal e pega seu celular que estava em cima dela.
Ela pega o aparelho, desbloqueia e na galeria de fotos, clica na foto em que pode se ver Paulo abraçado à uma moça de, ao menos, vinte anos.
Uma fúria sobe à sua cabeça ao ver aquela foto.

BÁRBARA: (seca) Aqui está...

Paulo vai se aproximando dela para ver a foto.
Quando Bárbara vai virar o aparelho pra que Paulo possa ver a foto, uma raiva toma conta dela, fazendo-a arremessar o aparelho na direção dele.
Ele se abaixa e o aparelho pega na quina da porta e cai no chão, agora com a tela trincada.

PAULO: (assustado) Mas o que é isso, Bárbara, o que deu em você?

BÁRBARA: (alterada e em fúria) Eu sei, eu sei que você tem outra, seu cafajeste. Não adianta me enganar, eu sei que você não se sente satisfeito comigo e que não ama à mim como amava cerca de quase vinte anos atrás.

PAULO: (assustado) Calma, eu não tenho ninguém, já te falei. Se eu quisesse ter outra, já teria deixado você de mão.

BÁRBARA: (alterada e em fúria) Você tem sim, para de mentir, seu imundo. (T) Tá achando que eu sou besta? Quem não quer se sustentar em cima da riqueza que minha família tem? (...) Por riqueza, até um mendigo seria capaz de se ajeitar e prometer amor à uma pessoa como eu.

PAULO: (cortando) Deixa eu ver se entendi... Você sai com suas amigas que amam fazer fofoca e inferno da vida dos outros, elas te mostram uma foto minha com uma mulher, dizem que estou te traindo e cê acredita assim, de primeira?

BÁRBARA: (alterada) Lava sua boca pra falar das minhas amigas, seu desgraçado, elas que mantiveram ao meu lado quando passei por diversas coisas.

PAULO: (por cima) Amigas? Onde que elas são suas amigas? Aquelas galinhas só estão com você por dinheiro, elas sim, eu não. Eu estou com você porquê te amo.

BÁRBARA: (alterada) Você não me ama, senão, teria pensado em mim antes de ficar com qualquer outra.

PAULO: (alterado) Eu já disse que não tenho ninguém, ninguém, é difícil de entender?

BÁRBARA: E o que significa isso?

Ela vai novamente até a cômoda e abre uma gaveta, pega um celular e segura o com raiva.

BÁRBARA: (seca) Põe a porra da senha, põe, eu não quero saber de um "a" diferente vindo de você.

Paulo pega o celular com cuidado e desbloqueia ele, entregando de novo para ela.
Bárbara acessa o aplicativo de mensagens do celular com rapidez e furiosa, clicando em uma mensagem de uma mulher para ele.

BÁRBARA: (em voz alta) Lindinho, eu peço que quando vier aqui, traga um pacote de preservativo na farmácia mais próxima, vou fazer uma loucura hoje.

Paulo escuta a mensagem, a expressão que estava em seu rosto, desaparece e ele fica olhando para ela. Aos poucos, um sorriso se abre no rosto dele, que dá uma risada sarcástica. Ele ri bastante, olhando pra Bárbara que permanece séria.

PAULO: (rindo) Ai meu Deus, sério que você acreditou no que leu, com esses olhos cheios de ódio?

BÁRBARA: (séria) Eu estou procurando a graça que isso tem, seu idiota.

PAULO: (rindo) A graça tá em você, na sua cara de tola - ele para de rir - Isso não é mensagem de amante nenhuma, mas sim da minha irmã. Aquela que viajou para o Espírito Santo e voltou agora pouco. (T) Ela tem um namorado e queria que eu levasse o pacote, já que ela tava louca pra transar com ele. 
Além de que eu iria visitar ela.

BÁRBARA: (séria) E você acha que sou burra o suficiente pra acreditar nisso? (T) Eu te conheço muito.

PAULO: (revirando os olhos) Santo Jesus, já te falei que não tenho, quanta teimosia.

Bárbara fica calada olhando para ele, que se aproxima devagar e a abraça, encostando a cabeça dela em seu peito.

PAULO: Eu já te disse, te amo e nunca vou te trocar por ninguém.

As palavras de Paulo são o mesmo que nada. Bárbara está cheia de ódio, sua cabeça maquina várias coisas, seus olhos parecem de louca.

BÁRBARA: (gritando furiosa) Me larga, não encosta um dedo seu em mim, eu tenho nojo de você.

Ela o empurra para longe de si. Paulo fica incrédulo do que acaba de acontecer.

BÁRBARA: (gritando) Sai desse quarto agora, some daqui, eu não quero ver seu rosto.

PAULO: (incrédulo) Bárbara, quero conversar com você, fica calma.

BÁRBARA: (gritando) Sai daqui, sai, agora.

PAULO: (incrédulo) Não precisa disso, é só uma conversa entre casal, nada demais.

BÁRBARA: (gritando) Eu já disse pra você sair daqui, não quero te ver na minha frente. Você não sabe do que eu sou capaz, Paulo.

PAULO: (incrédulo) Vai fazer o quê? Disse que eu não sei do que você é capaz, mas vai fazer o quê? Vai me bater, me matar, me empurrar daqui escada abaixo?

BÁRBARA: (gritando furiosa) Quantas vezes vou ter que repetir, sai da minha frente!

PAULO: (falando alto) Não, não, eu não vou sair daqui. Se acalma, eu vou ficar nesse quarto com você e nada vai me tirar.

BÁRBARA: (gritando) Seu idiota, eu te odeio. Traíra, vagabundo!

Bárbara, furiosa, vai em cima dele gritando. Paulo fica assustado e cai no chão, ela fica em cima dele, batendo o quanto pode nele.

PAULO: (gritando) Bárbara, Bárbara, para com isso. Chega, o que deu em você!

Descontrolada, ela bate com fúria, ao mesmo tempo que ele tenta se defender.
Sem solução, Paulo se levanta de uma vez, empurrando ela.

BÁRBARA: (gritando) Você tem que aprender que eu não fui feita pra ser vagabunda, nem tão pouco otária por ninguém. Sou sua mulher, sua esposa. Não admito ser traída!

Paulo se afasta, mas ela vai em cima dele, fazendo com que ele tropece em um móvel e bate com abdômen na borda de uma escrivaninha que tem no local.

PAULO: (gritando de dor) Droga, o que deu em você, porra. Se controla, você ficou louca.

Ele fica bufando de dor, enquanto se afasta dela que está com ódio.

BÁRBARA: (gritando) Aproveita e se manda daqui, eu não quero mais te ver.

Paulo sai do quarto com dor, enquanto ela rompe em um choro sem motivo.

Nas escadas, Paulo se sustenta nos corrimões e vai descendo devagar.
Rogéria vê o filho e corre para ajudá-lo.

FLASHBACK OFF

Bárbara escuta toda a cena dita pelo marido em silêncio. As pessoas ao redor apenas observam.

PAULO: (alterado) Agora lembra de tudo que fez ou não? Ainda se faz de esquecida?

O tom de pergunta sobe e Bárbara não responde nada.

PAULO: (alterado) Responde, ainda se esquece? Depois de tudo que falei aqui em frente dessas pessoas todas? (T) Fala, eu tô fazendo uma pergunta.

BÁRBARA: (fraquejando) Não, eu... (engole seco) Eu lembro parcialmente, ainda não recordo de tudo.

PAULO: (alterado) Claro, encheu a cara ontem e chegou arrastada em casa, não lembraria. Como fui besta de fazer a pergunta justamente pra você...

BÁRBARA: (sem jeito) Eu quero (...) Quero pedir desculpas, não tive/

PAULO: (interrompendo) Não precisa pedir desculpas, tô farto de escutar sempre as mesmas palavras vindas de você, que sempre pede, pede, pede e no final, acaba fazendo a mesma... A mesma coisa! (T) Agora, se me dá licença, eu preciso sair para resolver alguns assuntos.

Ele solta o braço dela ainda a encarando com olhares que fuzilam.

PAULO: (tentando acalmar) Vai subir na calçada ou vou ter que passar com o carro por cima? Não quero ir no hospital com ninguém, porquê o próximo a ir, serei eu se bobear.

Bárbara caminha e sobe na calçada, sem graça e cabisbaixa diante do espetáculo que fez.

PAULO: (cont.) Se eu demorar, não fique em ponto de cortar os pulsos, eu volto pra almoçar.

Paulo abre a porta da carro, entra e fecha. Suspirando ainda atônito com tudo que houve, Paulo dá a partida e sai com o veículo.
Bárbara fica olhando o carro se afastar com lágrimas, rompendo em um choro.
O veículo some de vista e Bárbara fica sem reação, decidindo voltar pra dentro da mansão. Até que ela percebe a quantidade de pessoas que ainda estava parada ali observando ela.

BÁRBARA: (chorando) O que estão olhando? Por acaso reparando que eu tô louca? (T) Sumam daqui e voltem para suas casas, do inferno de onde vieram...

Ela sai com pressa, entrando na mansão e batendo a porta.

CORTE
Cinco Horas Depois

CENA 05: AEROPORTO INTERNACIONAL AFONSO PENA/CURITIBA – PARANÁ/INTERIOR/TARDE
Local movimentado, um espaço bastante agitado como qualquer outro aeroporto. O foco é no imenso piso do local e na movimentação que há, pessoas indo e vindo, malas sendo puxadas, carrinhos empurrando bagagens.
A CAM vai subindo e o foco ganhando amplitude, ares maiores, mostrando agora o local. Foco nos televisores pequenos ligados, alguns anunciando o horário dos vôos e o destino.
Um toque de chamada ecoa pelo local.

NARRADOR: Senhores passageiros do vôo Maceió-Curitiba da Azul Linhas Aéreas Brasileiras, desembarcar pelo portão número cinco, por favor. Em seguida, dirigir-se ao guichê para buscar as bagagens. Tenham uma boa tarde.

A narração se encerra com um corte direto para o portão informado pelo narrador do aeroporto. Diversas pessoas vem em direção, as portas automáticas se abrem, dando lugar ao grande movimento de passageiros.
A CAM vai se aproximando dos passageiros e passando em meio à eles,.
Até que então, revela Pedro, puxando sua mala e com sua bolsa nas costas. Logo atrás dele vêm Eunice e Carlos carregando algumas bolsas de pequeno porte e outras bagagens em carrinhos. Foco nos dois.

CARLOS: (baixo) Eunice, você conversou com o Pedro e com ela sobre a situação que aconteceu no táxi?

EUNICE: (baixo) Sim, conversei. (T) Eu sentei aquela hora ao lado do Pedro justamente pra falar sobre isso.

CARLOS: (baixo) Mas e então, qual foi a resposta dele? Como reagiu?

EUNICE: (baixo) Ah, meu amor, foi algo bem chocante para ele. Não sabia o que responder, ficou sem palavras, quis falar com ela mas não deixei. Melhor evitar uma confusão em pleno público, se quiser falar sobre isso, que seja em casa.

CARLOS: (baixo) Ele disse acaso se vai atrás daquele nojento? Vai buscar a verdade?

EUNICE: (baixo) Não, ele ainda não sabe disso. Apenas falei com ele que não fizesse aquela pergunta pra ela novamente. (T) Eu falei com ela, cortei o barato, disse que ela tem que contar isso pra ele logo. Não dá mais pra sustentar essa história por muito tempo, ele já tem dezenove anos, precisa saber de tudo sobre a vida dele.

CARLOS: (baixo) Ótimo, pois agora que estamos de volta, não duvido que demore muito para aqueles dois virem atrás dela.

O foco sai deles e agora passa pra Mariana, que vem logo atrás deles. Ela empurra suas bagagens com um belo sorriso no rosto.

MARIANA: Finalmente, eu voltei, minha querida cidade. Quanto tempo, saudades desse clima.

Ela continua empurrando as bagagens e agora parece procurar alguém em meio aquela multidão no local.

EUNICE: Mas onde será que ele está? A Mariana falou que ele estaria aqui nos esperando.

Eles param de andar, se ajuntando, agora olhando por todos os lados.

MARIANA: Ele já deve estar chegando aqui, onde vamos morar, não fica muito distante daqui.

PEDRO: (por cima) Olha ele ali.

Pedro aponta para um homem de trajes finos e ao mesmo tempo, simples, que estava esperando por eles. Mariana sorri.
As bagagens voltam à ser empurradas, enquanto caminham em direção.
Mariana vai frente, se aproximando do homem, o abraçando e em seguida, o beijando.

MARIANA: (ao fundo) Meu amor, que saudade de você, estava contando as horas para chegar aqui e te ver novamente.

HOMEM: (ao fundo e sorrindo) Eu saí de casa desde cedo, não via a hora de te ver também.

Eles continuam abraçados, Eunice, Carlos e Pedro se aproximam também.

EUNICE: Enfim, chegamos.

HOMEM: Dona Eunice, que saudade do seu humor, ele contagia.

EUNICE: Você também, Henrique, gosto muito de você.

HENRIQUE: Mas então, vamos indo? Essa viagem deve ter os deixado exaustos, precisam descansar.

CARLOS: É pra já, minha coluna está acabada na fase dos cinquenta anos, saudades dos trinta.

Eles riem e começam à deixar o local em direção ao exterior.

CORTA PARA:

CENA 06: CARRO DE HENRIQUE/INTERIOR/CIDADE/TARDE
A família acomodada nos bancos do veículo, admira a cidade evoluída desde a última vez que a viram.

CARLOS: A cidade cresceu muito nesse período, hein, foram vinte anos que fizeram ela crescer como nunca.

HENRIQUE: Ah, o número de empresas e dos monopólios subiram que nem foguete, metade dos negócios por aqui são privatizados. O custo de moradia subiu muito e o IDH também.

CARLOS: Deus me livre, quanto é o IDH ultimamente?

HENRIQUE: Em número, eu não sei, mas dizem que é muito alto. Isso foi na última vez que mediram, por volta de dois mil e dez.

CARLOS: Ave maria, a população aqui cresce muito ao ano, né?

HENRIQUE: (rindo) Prefiro não dizer, deixaria o senhor impactado.

EUNICE: (irônica) Vai crescer mais junto com a nossa família, daqui há alguns meses.

HENRIQUE: (rindo) Como assim? A nossa família vai crescer mais? É isso mesmo que eu tô pensando? (olhando para Mariana pelo retrovisor).

MARIANA: (rindo) Não, houve um engano, o foco tá errado.

Ela se aproxima e vira o retrovisor, parando-o em frente a Pedro.

HENRIQUE: (olhando e rindo) O Pedro? (T) Cê vai ser pai, garoto?

PEDRO: (sem graça) Sim, descobri isso hoje, justamente na hora da viagem.

HENRIQUE: (rindo) Mas que surpresa, alegria, hein? Cadê a sortuda?

PEDRO: Ficou lá, não quis vir conosco e nem quis me impedir.

HENRIQUE: Mas ora bolas, uma pessoa nova sempre é bem vinda à família.

MARIANA: É uma pessoa conhecida, amor, nada de novo.

HENRIQUE: Conhecida é? Olha, Pedro, conta logo que eu sou péssimo com adivinhações.

Ele sorri, o respondendo em seguida.

PEDRO: Aquela morena dos olhos claros, cabelo cacheado, se chama Vanessa.

HENRIQUE: (por cima) A Vanessa? Ué, mas eu pensei que fosse sua amiga, nunca vi nada demais entre vocês.

PEDRO: (sem graça) Ah, rolou, né. Aconteceu entre nós, surgiu um clima e deu no resultado. Mas é isso... Tô feliz, nunca esperava receber uma notícia dessa agora.

HENRIQUE: Desejo tudo de bom pra vocês desde já e que venha com saúde.

PEDRO: Valeu, Henrique, cê sabe que é como um pai pra mim, né? Gosto muito do seu apoio.

Eles sorriem e o carro segue. O foco corta do carro e vai para a longa via que o veículo se encontra, uma avenida enorme, a principal da cidade. Nela se encontram diversas lojas, carros de pequeno e grande porte. Um trânsito intenso e um tráfego fluido de pedestres.

CENA 07: MANSÃO DESCONHECIDA/FACHADA/EXTERIOR/TARDE
O carro de Henrique estaciona diante da enorme mansão. As portas se abrem, eles descem e descarregam suas malas que estavam no porta-malas.
Em seguida, ficam admirando o local impressionados.

EUNICE: (admirada) Mas isso é enorme, uma mansão que nem mais de dez filhos preencheriam todos os quartos. Deve dar muito trabalho cuidar disso tudo.

HENRIQUE: Possui mais de quinze quartos, cada um com uma vista privilegiada e um banheiro em cada um. Se por fora já parece ser enorme, deixa só vocês entrarem e verem como é por dentro.

Ele sobe as pequenas escadas que existem na entrada, vindo todos em seguida.

CARLOS: Prefiro minha casa, é pequena e confortável. Não que essa mansão não seja confortável, mas quando é uma casa pequena, dá uma impressão de conforto maior.

HENRIQUE: Não tiro suas razões e nem as suas palavras, Seu Carlos, realmente é muito mais confortável.

Henrique se aproxima da grande porta da mansão e a abre, ficando diante dela. Pedro se impressiona, Eunice arregala os olhos e Mariana sorri.

MARIANA: (alegre) Bem-vindos à nossa nova casa, família, é aqui onde vamos morar agora.

CORTE PRÓXIMO
A CAM se distancia da entrada da mansão e agora foca em um carro que chega na calçada vizinha à mansão e estaciona.
Um instrumental contido preenche o fundo da cena.
A porta do lado do motorista é aberta e Paulo desce, fechando-a em seguida e caminhando em direção à calçada. Ele para ao ver os moradores novos da mansão ao lado.

PAULO: (curioso) Os tão falados moradores novos da mansão Barcelar, até que enfim eles chegaram. (T) Será que eu vou lá falar com eles? (...) Não, não, deixa pra amanhã ou outro dia. Devem estar cansados da viagem.

Ele olha por alguns segundos e vai em direção a porta de entrada.

CENA 08: MANSÃO VILAR/SALA/INTERIOR/TARDE
Paulo adentra na sala, fechando a porta e se deparando com o filho, Bernardo, de corpo atlético, branco, de dezenove anos, sentado no sofá com uma bolsa nos braços. Ele encara o pai, que vai chegando perto do centro de vidro que há no local.

PAULO: Filho, já chegou? Como foi o dia?

Bernardo olha o pai com olhos baixos de raiva. Paulo percebe e o encara desentendido.

BERNARDO: Eu tava esperando o senhor chegar pra falar antes de sair.

PAULO: Como pode ver eu já cheguei, fala tudo, garotão. Vai sair? Onde vai, filho?

BERNARDO: Pai, não dá mais, eu tô caindo fora daqui. Não dá (...)

PAULO: O que não dá mais? Do que você tá falando?

BERNARDO: Pra viver aqui, isso que não dá mais, tô dando o fora. Não suporto mais viver nessa mansão diante de tanta briga. (T) A mamãe tá surtando ultimamente, impossível.

Paulo suspira diante das palavras do filho, se aproximando do sofá e sentando ao lado dele.

PAULO: Olha, filho, sendo sincero contigo, nem eu aguento mais viver em meio a tanta briga. Mas pensa bem, você é o único bem mais precioso que eu tenho. (T) Não vai embora, garotão, fica aqui. Pelo menos, você tem à mim pra poder falar algo, dizer o que tá acontecendo na sua vida. (...) Sei que não é fácil, mas fica, compreendo o que sente porquê dá sim, vontade de arrumar as malas e sair daqui. Mas fica, pensa no pai aqui, afinal/

A conversa é interrompida, quando uma voz em tom alto surge. As atenções dos dois se voltam para trás e a CAM vira, mostrando Bárbara nas escadas da mansão olhando-os.

BÁRBARA: (interrompendo) Se essa é a sua vontade, por quê não pega suas malas e sai por aquela porta, se manda de uma vez daqui?

O foco é divido, mostrando em um take o rosto de Paulo e no outro, o rosto de Bárbara.


FIM DO CAPÍTULO FOCANDO EM BÁRBARA, ESPERANDO UMA RESPOSTA.



E no próximo capítulo...

Começam novos rumos, mas ainda presos à mesma história do passado que vem para atormentar uns e acerto de contas para outros.


Elenco adicional
O capítulo de hoje, marca uma nova fase na web, apresentando uma mudança de quase 21 anos na história. Com isso, novos personagens de teor importante foram adicionados à trama.
São eles:

Carlos Casagrande como: Henrique (marido de Mariana na nova fase, sua origem na vida da mocinha será mostrada nos próximos capítulos)

André Luiz Frambach como: Bernardo (filho de Bárbara com Paulo, origem mostrada nos capítulos próximos ao desfecho)

Hall Mendes como: Pedro (filho de Mariana com pai de origem desconhecida por enquanto, sua história será mostrada da mesma maneira que a de Bernardo)


Elenco secundário
Susana Vieira como: Eunice (mãe de Mariana)

José Mayer como: Carlos (pai de Mariana)



Obs: Na primeira fase, passada em 1998, o elenco era constituído por:

Bruna Hamú como Mariana (jovem)

Bruna Marquezine como Bárbara (jovem)

Guilherme Leicam como Paulo (jovem)

Flávio Tolezani como Carlos (possuía 38 anos)


Paolla Oliveira como Eunice (possuía 36 anos)

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