Vale Reler: Tesouros Perdidos Capítulo 11 (reprise)

segunda-feira, janeiro 28, 2019






apresenta:



uma novela de
FELIPE ROCHA


Edição Capítulo 11 (reprise) = restante do capítulo 24 original + todo capítulo 25 original + início do capítulo 26 original


CENA 01 / MINA DE OURO / INTERIOR / DIA
O Rei e Saulo chegam na mina. Há muitos feridos no local. O rei entra lá dentro, percebe o estado do desmoronamento e começa a salvar os que ficaram prendidos. Ele encontra outra carta nas profundezas.
Rei Bernardo – Para Capitão Kidd!
Saulo – Posso saber o que Vossa Majestade encontrou?
Rei Bernardo – Outra carta, Saulo. Olhe a aparência dessa carta. Estes enigmas estão tão estranho que não estou conseguindo decifrar.
Saulo – Não vai abrir a carta, Majestade?
Rei Bernardo – Ainda não. Vou levar para abrir no Palácio e discretamente, sem que ninguém veja!
CORTA PARA:

CENA 02 / CASA DE COSTURA DE MARIA CHIQUINHA / INTERIOR / DIA
Na casa de Maria Chiquinha, ela ajuda a vestir a roupa de grávida.
Gumercindo – Ah, meu Deus, eu não sei onde estava com a cabeça de vestir de grávida. O que vão pensar de mim? Um homem macho como eu.
Maria Chiquinha – Não reclama Gumercindo. Só estamos tentando. Se nenhum disfarce der certo, aí que você será preso mesmo.
Gumercindo – Sua velha maluca! Pare de me fazer absorver esses seus pensamentos negativos, eu tenho que pensar positivo, vai dar certo. Eu não posso ser preso!
Maria Chiquinha – Mas é a pura verdade Gumercindo. Se fosse eu no lugar de você, seria uma atriz interpretando esses personagens. Ah, com essas fantasias, me faz lembrar dos tempos que eu atuava no teatro... Quando eu era aplaudida por todos, eu era linda, cheia de vida.
Gumercindo – Mas agora ficou uma velha encardida desse jeito, e maluca viu! Queria ver você atuando no teatro. A roupa deve ter até rasgado de tão gorda que era.
Neno – Gumercindo será que você não sabe conversar direito? Pare de repetir essas coisas!
Gumercindo – E agora vai ficar me corrigindo é? Pois saiba que eu sou mais velho e eu exijo respeito!
Maria Chiquinha penteia o cabelo de Gumercindo.
Gumercindo – Ah, tá doendo!
Maria Chiquinha – Isso é para você aprender a ser educado.
Neno – Hoje vamos à taberna do Wagner.
Gumercindo – Ah, será que você é tão burro assim? Vão me descobrir de novo.
Neno – Não se você interpretar os personagens direito.
Gumercindo – Mas eu estou fazendo isso... Por causa de vocês, eu aceitei a fazer parte desse plano usando essas fantasias dessa velha maluca.
Neno – Gumercindo, a Maria Chiquinha está certa. Falta mais ação, mais emoção! Interprete os personagens direito e ninguém te descobrirá. E tente não engrossar a voz, ouviu?
Gumercindo – O que você acha que eu sou? Um ator de teatro? Ah, era só o que faltava... Eu quero ver, o que vão colocar na minha barriga?
Maria Chiquinha – Uma bola!
Gumercindo – Uma bola? Assim vai crescer mais meu barrigão!
Maria Chiquinha – Pensando bem, acho que não vai dar para colocar uma bola. Com essa sua barriga estufada desse jeito, tá precisando emagrecer viu? Daqui a pouco as suas roupas não vão servir mais!
Gumercindo – Eu não vou emagrecer nunca! Retire essas palavras, velha!
Maria Chiquinha – Pois então, quero ver quando o balão estourar. E suas roupas vão rasgar e terá que comprar outras.
Gumercindo – Mal tenho dinheiro para comprar roupas...
Maria Chiquinha – Você só pensa em comer, é por isso que o dinheiro não sobra! Se fosse mais vaidoso, andasse cheiroso, até eu me interessaria por você!
Gumercindo – De você eu passo longe! Deus me livre eu ficar com você! Só se fosse a minha única alternativa. Eu preferia morrer do que beijar você, viu?... Mas e aí? Está pronto?
Neno – Enquanto não fica pronto, eu vou contar quanto ganhou com os disfarces.
Gumercindo – Um mísero centavo. Eu vou ter que ser preso mesmo. Ah, meu Deus.
Neno – Calma você vai conseguir dinheiro!
Maria Chiquinha – Está pronto!
Gumercindo olha-se no espelho.
Gumercindo – Mas o que é isso? Eu estou parecendo um barril.
Maria Chiquinha – Mais barril que você é Gumercindo!
Gumercindo – Então tá.
Gumercindo se aproxima de Neno.
Gumercindo – Mas e aí Neno? Falou com a Luana?
Neno – Não consegui Gumercindo. O pai dela, Geremias, não aceita minhas desculpas e não vê que estou arrependido. Mas eu ainda vou conquistar ela, tenho certeza.
Gumercindo – É assim que se fala amigo!
CORTA PARA:

CENA 03 / CARRUAGEM / INTERIOR / DIA
A Princesa e a Rainha viajam na carruagem... As duas permanecem caladas e a Princesa olha para as paisagens, triste, pensa nos momentos que passou com Igor. Até que a Rainha intervém:
Rainha Georgia – Está planejando alguma coisa Aurora? Ficou calada sem pronunciar nenhuma palavra sequer durante essa longa viagem.
Princesa Aurora – A senhora pode depositar confiança em mim, planos eu não tenho! Só estou pensativa no passado.
Rainha Georgia – Solicito que pare de pensar no passado e comece a focar na sua nova vida que vem por agora, certo?
Princesa Aurora – Perfeitamente mamãe!
CORTA PARA:

CENA 04 / PALÁCIO REAL / INTERIOR / DIA
No Palácio Real, o Rei abre a carta do Capitão Kidd.
Rei Bernardo – Estranho, essa carta não foi datada!
Saulo – Certamente o autor dessa carta esqueceu de colocar a data, Majestade.
Rei Bernardo – Sim, pode ser isso. Mas que eu saiba, todas as cartas tem que ser datadas! É obrigatório. Mas eu vou ler...
O rei começa a ler.
Saulo – E aí? O que diz Vossa Majestade?
Rei Bernardo – Estamos perto de encontrar o tesouro, Saulo. Esta carta diz que há um mapa do tesouro escondido nas minas de ouro. Só resta encontra-lo e ficaremos ricos.
Saulo – Ainda bem que Vossa Majestade encontrou essa carta, se fosse outra pessoa, iríamos perder o tesouro todo.
Rei Bernardo – Irei guardar essa carta para que ninguém suspeite e em breve acharemos esse tesouro Saulo!
CORTA PARA:

CENA 05 / TABERNA DA FAMÍLIA ELIZALDE / INTERIOR / DIA
Valdirene 05varre o chão da taberna da Família Elizalde enquanto Wagner prepara a comida.
Wagner – Ultimamente essa taberna tem ficado sem movimento nenhum, ninguém vem mais aqui.
Valdirene – É a crise. Onde vamos parar sem nenhum mísero centavo? Mas ô Wagner... Você esqueceu do Gumercindo?
Wagner – Se bem que ele nunca mais tem aparecido aqui, mas eu não esqueci dele não!
Valdirene – É bom mesmo, porque ele tem que pagar a dívida ou será preso.
Wagner – Dei o prazo de uma semana. Faltam três dias.
Valdirene – Quero ver como ele vai arrumar dinheiro.
Wagner – Ele nem conseguirá Valdirene, ele não tem alternativas com o pouco dinheiro que ganha no trabalho das minas. E se eu te falar quantas bebidas que ele já tomou aqui, ficará arrasada.
Valdirene – Será que ele vai arrumar outro disfarce para nos enganar?
Wagner – Acho que não.  Depois daquele, ele não tem chances. De qualquer jeito, a gente vai descobrir.
Em seguida, Gumercindo, disfarçado de grávida finge passar mal.
Grávida – Ah, meu Deus! Ah Meu Deus! Eu tô passando mal. Onde tem um filho de Deus aqui para me acudir? Meu Deus!
Wagner e Valdirene veem a grávida e ajudam ela.
Wagner – A senhora quer sentar?
Grávida – Seria um favor meu filho. Ah, me ajude, aqui.
Valdirene – Uma grávida com bengala?
Grávida – Sim, minha filha. Há pouco tempo fraturei o osso. O médico disse que eu não preciso de cadeira de rodas, mas a bengala ajuda para eu não escorregar.
Wagner ajuda a grávida a se sentar no banco.
Valdirene – A barriga da senhora está tão grande. Já era para ter nascido o bebê. Será que vem gêmeos aí?
Grávida – Mais que gêmeos! Trigêmeos. Ah, sabe menina, fui abandonada pelo meu marido cedo, como hei de criar, três? Três! Três cabritinhos gritando na minha cabeça: mamãe quero comida, quero comida mamãe!
Wagner – A senhora não pensa em arrumar um marido?
Grávida – Não quero mais ninguém na minha vida. Vou ter que criar meus filhos sozinha mesmo. E eu não trabalho. Sou dona de casa, só faço faxina. Estou passando por uma situação difícil, precária. Um complicado momento para a minha vida. Quando meus trigêmeos nascer, o que será de mim?
Wagner – A senhora não conseguiu nenhum serviço, nem na mina de ouro?
Grávida – Não sou mulher para trabalhar nas minas, não quero ficar suja. Vou ficar parecendo uma mendiga.  Me desculpe em estar falando das dificuldades da vida para vocês, mas eu já pedi esmola... Eu já enxergo meu futuro: irei passar fome. Ainda por cima, com os altos impostos da Coroa, como hei de pagar? Até quanto eu tinha meu marido, era tudo fácil, ele trabalhava nas minas e dava para pagar tudo...  Mas agora tudo piorou para mim.
Wagner – Se a senhora quiser, pode trabalhar aqui.
Valdirene – Wagner, nem conhece essa mulher direito. Pode ser um vigarista disfarçado.
Wagner – Será que você não tem um pingo de solidariedade com as pessoas?
Valdirene – Bom eu...
Grávida – Eu não quero incomodar, vou procurar outro lugar...
Valdirene – Não, já que está decidido, você trabalha aqui agora.
CORTA PARA:

CENA 06 / CASA DE MARIA CHIQUINHA / INTERIOR / DIA
Gumercindo, nervoso, tira os pertences que usou para disfarçar de grávida.
Gumercindo – Ah, meu Deus do céu! Vocês não vão acreditar, eles querem que eu trabalhe na taberna. Estou perdido, agora mesmo que o disfarce vai por água a baixo.  Velha maluca! Culpa sua!
Maria Chiquinha – Culpa minha. Eu não tenho culpa se você não sabe interpretar bem, você é muito manoteiro Gumercindo! Nessa cabeça só tem burrice!
Gumercindo – Ah, meu Deus. Maldita hora em que fui aceitar esse disfarce, maldita hora!
Neno – Agora resta você aceitar esse trabalho.
Gumercindo – Mas eu não posso aceitar.
Neno – Ah, Gumercindo, você também. Eu concordo com a Maria Chiquinha, desta vez você não tem opção, vai consertar a burrice que fez, trabalhando na taberna, nem que seja amarrado! Ouviu?
Neno – Ah, e Maria Chiquinha, acho que precisamos ensinar ao Gumercindo como ser ator.
Gumercindo – Só faltava essa!
CORTA PARA:
CENA 07 / CASA DE GEREMIAS / INTERIOR / DIA
Luana e Geremias jantam.
Geremias – Graças a Deus, você comeu minha filha. Está melhor?
Luana – Não meu pai! Estou muito magoada com as palavras do rei, ainda. Eu não consigo entender...
Geremias – Essa gente é assim mesmo, não se preocupe minha filha.
Luana – Resta saber como vou explicar isso para o Príncipe. Vou tomar um ar fresco minha filha.
Geremias – Vai filha, você precisa sair de casa. Mas não converse com estranhos viu?
Luana – Pode deixar, já tenho juízo e o senhor me conhece bem para afirmar essa hipótese.
CORTA PARA:

CENA 08 / FRENTE DA CASA DE GEREMIAS / INTERIOR / DIA
Céu limpo... Clima quente... Observam-se algumas estrelas e a Lua cheia, claridade alta... Luana sai de casa e dá uma volta. Até que encontra Neno.
Luana – Neno?
Neno – Luana! Nós temos muito que conversar.
Luana – Não, não posso! Você já me magoou muito no passado!
Neno – Todos merecem uma chance, certo? Por favor, deixe me explicar.
Os dois se entreolham.
Luana – Vai ficar tarde, eu não posso! Meu pai vai desconfiar.
Neno – Eu acredito que todos um dia merecem uma chance para explicar e se arrepender os erros que cometeram no passado, e chegou a minha hora! Por favor, me ouça.
Luana – Está bem, mas seja breve e rápido.
Neno – Eu sempre te amei, até então, éramos almas gêmeas.
Luana – Perfeitamente, até você me abandonar.
Neno – Eu fui proibido de me casar com você devido a opinião do meu pai se diferir da minha. Ele sempre queria que eu casasse com uma mulher rica, para a gente crescer na vida, mas eu não me interessava pelo dinheiro. E quando ele arrumou uma mulher rica para mim, eu nem me interessei por ela. Eu sentia que o que faltava para completar aquilo era os sentimentos, e você tinha algo de especial que me encantava. A mulher era dura, fria, tinha vários terrenos e alguns, até então, eram improdutivos para a criação de animais e açúcar, ela tinha muitas terras mesmo. Sendo assim, fui obrigado a formar uma aliança com ela e nos casamos, mas eu nunca, em qualquer momento algum, nunca esqueci de você! Porque eu te amava e te amo até hoje! E nos separamos, percebemos que aquela relação não teria resultados e não iria até o fim como bem planejado pelo meu pai.
Luana – Não é homem para falar dos seus sentimentos para o teu pai? Sabe, devia colocar todos eles para fora. Podia ter me avisado antes... Ser traída e abandonada por você foi a maior tristeza que tive em minha vida...
Neno – Naquela época, a maneira como os pais tratavam os filhos era rigoroso. Mas, eu sei que errei no passado, e podemos consertar isso, podemos até nos casar se você quiser.
Luana – Casar não! Depois de tanta coisa que passei com você, casar era a última coisa que eu queria.
Neno – Então deixe-me ser somente seu amigo, não fará mal.
Luana – Certo, então, seremos só amigos.
Neno – Por favor, explique para o seu pai o que eu acabei de te falar, eu quero uma chance com ele! Amanhã eu te visito aqui novamente.
Luana e Neno se abraçam.
Luana – Está bem, admiro a sua atitude em explicar todo o ocorrido, percebo que mudaste de opinião mesmo.
Neno – Nunca é tarde para consertar os erros, só basta assumir! Boa noite.
Luana – Boa noite!
Neno vai embora.
Luana olha para uma estrela no céu que pisca para ela.
Luana – O Neno está parecendo um cavalheiro com essas palavras.
CORTA PARA:
CENA 09 / NAVIO / INTERIOR / NOITE
O Príncipe Fábio pensativo. O capitão conduz o navio. O duque se aproxima do Príncipe.
Duque – Logo, logo vamos chegar Alteza. Alteza?
Príncipe Fábio – Certo.
Duque – Está tão calado...
Príncipe Fábio – Eu já te disse saudades do meu amor.
Duque – Vejo que o senhor está apaixonado mesmo, hein?
Príncipe Fábio – Tenho medo de que alguém descubra e acabe...
Duque – Quem é?
Príncipe Fábio – No momento não posso contar, mas saberá na volta.
CORTA PARA:

CENA 10 / CASA DE GUMERCINDO / INTERIOR / NOITE
No palácio, a Rainha conversa com Saulo.
Rainha Iracema – Descobriu alguma coisa sobre o paradeiro do rei durante as noites, Saulo?
Saulo – Perdoe-me, madame. Mas não descobri nada.
Rainha Iracema – Mas eu te disse para seguir o rei e ficar na cola dele...
Saulo – O rei é muito esperto, madame. E muito sigiloso, por sinal. Acho que teremos que usar um disfarce.
Rainha Iracema – Vejo que ele saiu hoje de novo. Pois se você não fizer nada, eu vou.
Saulo – Espera o que vossa Majestade vai fazer?
Rainha Iracema – Vou até a casa da mulher.
Saulo – Que mulher, madame?
Rainha Iracema – Você é tão burro assim Saulo? Certamente o rei deve estar se encontrando com uma mulher, é claro.
Saulo – Vossa Majestade está muito enganada... Quem sabe ele está resolvendo assuntos da Coroa Real?
Rainha Iracema – Claro que não! Estou achando isso muito suspeito...
Saulo – Espere, espere!
Rainha Iracema – O que foi agora?
Saulo – É melhor a senhora ficar aqui, está muito frio lá fora, e o rei pode se enfurecer a ver que está saindo essa hora. Por favor, fique aqui. Eu tenho certeza que o rei não está te traindo.
Rainha Iracema – Está bem, está bem. Está muito tarde. Pois eu fico aqui! Mas amanhã eu vou seguir o rei e descobrir com quem ele anda se encontrando e onde ele está!
Saulo teme.
CORTE PARA:
FIM DE CAPÍTULO

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