Vale Reler: Tesouros Perdidos Capítulo 11 (reprise)
segunda-feira, janeiro 28, 2019
Edição
Capítulo 11 (reprise) = restante do capítulo 24 original + todo capítulo 25
original + início do capítulo 26 original
CENA 01 / MINA DE OURO / INTERIOR / DIA
O Rei e Saulo chegam na mina. Há muitos feridos no local. O rei entra lá
dentro, percebe o estado do desmoronamento e começa a salvar os que ficaram
prendidos. Ele encontra outra carta nas profundezas.
Rei Bernardo – Para Capitão Kidd!
Saulo – Posso saber o que Vossa Majestade encontrou?
Rei Bernardo – Outra carta, Saulo. Olhe a aparência dessa carta. Estes
enigmas estão tão estranho que não estou conseguindo decifrar.
Saulo – Não vai abrir a carta, Majestade?
Rei Bernardo – Ainda não. Vou levar para abrir no Palácio e discretamente,
sem que ninguém veja!
CORTA PARA:
CENA 02 / CASA DE COSTURA DE MARIA CHIQUINHA / INTERIOR / DIA
Na casa de Maria Chiquinha, ela ajuda a vestir a roupa de grávida.
Gumercindo – Ah, meu Deus, eu não sei onde estava com a cabeça de vestir
de grávida. O que vão pensar de mim? Um homem macho como eu.
Maria Chiquinha – Não reclama Gumercindo. Só estamos tentando. Se nenhum
disfarce der certo, aí que você será preso mesmo.
Gumercindo – Sua velha maluca! Pare de me fazer absorver esses seus
pensamentos negativos, eu tenho que pensar positivo, vai dar certo. Eu não
posso ser preso!
Maria Chiquinha – Mas é a pura verdade Gumercindo. Se fosse eu no lugar
de você, seria uma atriz interpretando esses personagens. Ah, com essas
fantasias, me faz lembrar dos tempos que eu atuava no teatro... Quando eu era
aplaudida por todos, eu era linda, cheia de vida.
Gumercindo – Mas agora ficou uma velha encardida desse jeito, e maluca
viu! Queria ver você atuando no teatro. A roupa deve ter até rasgado de tão
gorda que era.
Neno – Gumercindo será que você não sabe conversar direito? Pare de
repetir essas coisas!
Gumercindo – E agora vai ficar me corrigindo é? Pois saiba que eu sou
mais velho e eu exijo respeito!
Maria Chiquinha penteia o cabelo de Gumercindo.
Gumercindo – Ah, tá doendo!
Maria Chiquinha – Isso é para você aprender a ser educado.
Neno – Hoje vamos à taberna do Wagner.
Gumercindo – Ah, será que você é tão burro assim? Vão me descobrir de
novo.
Neno – Não se você interpretar os personagens direito.
Gumercindo – Mas eu estou fazendo isso... Por causa de vocês, eu aceitei
a fazer parte desse plano usando essas fantasias dessa velha maluca.
Neno – Gumercindo, a Maria Chiquinha está certa. Falta mais ação, mais
emoção! Interprete os personagens direito e ninguém te descobrirá. E tente não
engrossar a voz, ouviu?
Gumercindo – O que você acha que eu sou? Um ator de teatro? Ah, era só o
que faltava... Eu quero ver, o que vão colocar na minha barriga?
Maria Chiquinha – Uma bola!
Gumercindo – Uma bola? Assim vai crescer mais meu barrigão!
Maria Chiquinha – Pensando bem, acho que não vai dar para colocar uma
bola. Com essa sua barriga estufada desse jeito, tá precisando emagrecer viu?
Daqui a pouco as suas roupas não vão servir mais!
Gumercindo – Eu não vou emagrecer nunca! Retire essas palavras, velha!
Maria Chiquinha – Pois então, quero ver quando o balão estourar. E suas
roupas vão rasgar e terá que comprar outras.
Gumercindo – Mal tenho dinheiro para comprar roupas...
Maria Chiquinha – Você só pensa em comer, é por isso que o dinheiro não
sobra! Se fosse mais vaidoso, andasse cheiroso, até eu me interessaria por
você!
Gumercindo – De você eu passo longe! Deus me livre eu ficar com você! Só
se fosse a minha única alternativa. Eu preferia morrer do que beijar você,
viu?... Mas e aí? Está pronto?
Neno – Enquanto não fica pronto, eu vou contar quanto ganhou com os
disfarces.
Gumercindo – Um mísero centavo. Eu vou ter que ser preso mesmo. Ah, meu
Deus.
Neno – Calma você vai conseguir dinheiro!
Maria Chiquinha – Está pronto!
Gumercindo olha-se no espelho.
Gumercindo – Mas o que é isso? Eu estou parecendo um barril.
Maria Chiquinha – Mais barril que você é Gumercindo!
Gumercindo – Então tá.
Gumercindo se aproxima de Neno.
Gumercindo – Mas e aí Neno? Falou com a Luana?
Neno – Não consegui Gumercindo. O pai dela, Geremias, não aceita minhas
desculpas e não vê que estou arrependido. Mas eu ainda vou conquistar ela,
tenho certeza.
Gumercindo – É assim que se fala amigo!
CORTA PARA:
CENA 03 / CARRUAGEM / INTERIOR / DIA
A Princesa e a Rainha viajam na carruagem... As duas permanecem caladas
e a Princesa olha para as paisagens, triste, pensa nos momentos que passou com
Igor. Até que a Rainha intervém:
Rainha Georgia – Está planejando alguma coisa Aurora? Ficou calada sem
pronunciar nenhuma palavra sequer durante essa longa viagem.
Princesa Aurora – A senhora pode depositar confiança em mim, planos eu
não tenho! Só estou pensativa no passado.
Rainha Georgia – Solicito que pare de pensar no passado e comece a focar
na sua nova vida que vem por agora, certo?
Princesa Aurora – Perfeitamente mamãe!
CORTA PARA:
CENA 04 / PALÁCIO REAL / INTERIOR / DIA
No Palácio Real, o Rei abre a carta do Capitão Kidd.
Rei Bernardo – Estranho, essa carta não foi datada!
Saulo – Certamente o autor dessa carta esqueceu de colocar a data,
Majestade.
Rei Bernardo – Sim, pode ser isso. Mas que eu saiba, todas as cartas tem
que ser datadas! É obrigatório. Mas eu vou ler...
O rei começa a ler.
Saulo – E aí? O que diz Vossa Majestade?
Rei Bernardo – Estamos perto de encontrar o tesouro, Saulo. Esta carta
diz que há um mapa do tesouro escondido nas minas de ouro. Só resta encontra-lo
e ficaremos ricos.
Saulo – Ainda bem que Vossa Majestade encontrou essa carta, se fosse
outra pessoa, iríamos perder o tesouro todo.
Rei Bernardo – Irei guardar essa carta para que ninguém suspeite e em
breve acharemos esse tesouro Saulo!
CORTA PARA:
CENA 05 / TABERNA DA FAMÍLIA ELIZALDE / INTERIOR / DIA
Valdirene 05varre o chão da taberna da Família Elizalde enquanto Wagner
prepara a comida.
Wagner – Ultimamente essa taberna tem ficado sem movimento nenhum,
ninguém vem mais aqui.
Valdirene – É a crise. Onde vamos parar sem nenhum mísero centavo? Mas ô
Wagner... Você esqueceu do Gumercindo?
Wagner – Se bem que ele nunca mais tem aparecido aqui, mas eu não
esqueci dele não!
Valdirene – É bom mesmo, porque ele tem que pagar a dívida ou será
preso.
Wagner – Dei o prazo de uma semana. Faltam três dias.
Valdirene – Quero ver como ele vai arrumar dinheiro.
Wagner – Ele nem conseguirá Valdirene, ele não tem alternativas com o
pouco dinheiro que ganha no trabalho das minas. E se eu te falar quantas
bebidas que ele já tomou aqui, ficará arrasada.
Valdirene – Será que ele vai arrumar outro disfarce para nos enganar?
Wagner – Acho que não. Depois daquele, ele não tem chances.
De qualquer jeito, a gente vai descobrir.
Em seguida, Gumercindo, disfarçado de grávida finge passar mal.
Grávida – Ah, meu Deus! Ah Meu Deus! Eu tô passando mal. Onde tem um
filho de Deus aqui para me acudir? Meu Deus!
Wagner e Valdirene veem a grávida e ajudam ela.
Wagner – A senhora quer sentar?
Grávida – Seria um favor meu filho. Ah, me ajude, aqui.
Valdirene – Uma grávida com bengala?
Grávida – Sim, minha filha. Há pouco tempo fraturei o osso. O médico
disse que eu não preciso de cadeira de rodas, mas a bengala ajuda para eu não
escorregar.
Wagner ajuda a grávida a se sentar no banco.
Valdirene – A barriga da senhora está tão grande. Já era para ter
nascido o bebê. Será que vem gêmeos aí?
Grávida – Mais que gêmeos! Trigêmeos. Ah, sabe menina, fui abandonada
pelo meu marido cedo, como hei de criar, três? Três! Três cabritinhos gritando
na minha cabeça: mamãe quero comida, quero comida mamãe!
Wagner – A senhora não pensa em arrumar um marido?
Grávida – Não quero mais ninguém na minha vida. Vou ter que criar meus
filhos sozinha mesmo. E eu não trabalho. Sou dona de casa, só faço faxina.
Estou passando por uma situação difícil, precária. Um complicado momento para a
minha vida. Quando meus trigêmeos nascer, o que será de mim?
Wagner – A senhora não conseguiu nenhum serviço, nem na mina de ouro?
Grávida – Não sou mulher para trabalhar nas minas, não quero ficar suja.
Vou ficar parecendo uma mendiga. Me desculpe em estar falando das
dificuldades da vida para vocês, mas eu já pedi esmola... Eu já enxergo meu
futuro: irei passar fome. Ainda por cima, com os altos impostos da Coroa, como
hei de pagar? Até quanto eu tinha meu marido, era tudo fácil, ele trabalhava
nas minas e dava para pagar tudo... Mas agora tudo piorou para mim.
Wagner – Se a senhora quiser, pode trabalhar aqui.
Valdirene – Wagner, nem conhece essa mulher direito. Pode ser um
vigarista disfarçado.
Wagner – Será que você não tem um pingo de solidariedade com as pessoas?
Valdirene – Bom eu...
Grávida – Eu não quero incomodar, vou procurar outro lugar...
Valdirene – Não, já que está decidido, você trabalha aqui agora.
CORTA PARA:
CENA 06 / CASA DE MARIA CHIQUINHA / INTERIOR / DIA
Gumercindo, nervoso, tira os pertences que usou para disfarçar de
grávida.
Gumercindo – Ah, meu Deus do céu! Vocês não vão acreditar, eles querem
que eu trabalhe na taberna. Estou perdido, agora mesmo que o disfarce vai por
água a baixo. Velha maluca! Culpa sua!
Maria Chiquinha – Culpa minha. Eu não tenho culpa se você não sabe
interpretar bem, você é muito manoteiro Gumercindo! Nessa cabeça só tem
burrice!
Gumercindo – Ah, meu Deus. Maldita hora em que fui aceitar esse
disfarce, maldita hora!
Neno – Agora resta você aceitar esse trabalho.
Gumercindo – Mas eu não posso aceitar.
Neno – Ah, Gumercindo, você também. Eu concordo com a Maria Chiquinha,
desta vez você não tem opção, vai consertar a burrice que fez, trabalhando na
taberna, nem que seja amarrado! Ouviu?
Neno – Ah, e Maria Chiquinha, acho que precisamos ensinar ao Gumercindo
como ser ator.
Gumercindo – Só faltava essa!
CORTA PARA:
CENA 07 / CASA DE GEREMIAS / INTERIOR / DIA
Luana e Geremias jantam.
Geremias – Graças a Deus, você comeu minha filha. Está melhor?
Luana – Não meu pai! Estou muito magoada com as palavras do rei, ainda.
Eu não consigo entender...
Geremias – Essa gente é assim mesmo, não se preocupe minha filha.
Luana – Resta saber como vou explicar isso para o Príncipe. Vou tomar um
ar fresco minha filha.
Geremias – Vai filha, você precisa sair de casa. Mas não converse com
estranhos viu?
Luana – Pode deixar, já tenho juízo e o senhor me conhece bem para
afirmar essa hipótese.
CORTA PARA:
CENA 08 / FRENTE DA CASA DE GEREMIAS / INTERIOR / DIA
Céu limpo... Clima quente... Observam-se algumas estrelas e a Lua cheia,
claridade alta... Luana sai de casa e dá uma volta. Até que encontra Neno.
Luana – Neno?
Neno – Luana! Nós temos muito que conversar.
Luana – Não, não posso! Você já me magoou muito no passado!
Neno – Todos merecem uma chance, certo? Por favor, deixe me explicar.
Os dois se entreolham.
Luana – Vai
ficar tarde, eu não posso! Meu pai vai desconfiar.
Neno – Eu acredito
que todos um dia merecem uma chance para explicar e se arrepender os erros que
cometeram no passado, e chegou a minha hora! Por favor, me ouça.
Luana – Está
bem, mas seja breve e rápido.
Neno – Eu sempre
te amei, até então, éramos almas gêmeas.
Luana –
Perfeitamente, até você me abandonar.
Neno – Eu fui
proibido de me casar com você devido a opinião do meu pai se diferir da minha.
Ele sempre queria que eu casasse com uma mulher rica, para a gente crescer na
vida, mas eu não me interessava pelo dinheiro. E quando ele arrumou uma mulher
rica para mim, eu nem me interessei por ela. Eu sentia que o que faltava para
completar aquilo era os sentimentos, e você tinha algo de especial que me
encantava. A mulher era dura, fria, tinha vários terrenos e alguns, até então,
eram improdutivos para a criação de animais e açúcar, ela tinha muitas terras
mesmo. Sendo assim, fui obrigado a formar uma aliança com ela e nos casamos,
mas eu nunca, em qualquer momento algum, nunca esqueci de você! Porque eu te
amava e te amo até hoje! E nos separamos, percebemos que aquela relação não
teria resultados e não iria até o fim como bem planejado pelo meu pai.
Luana – Não é
homem para falar dos seus sentimentos para o teu pai? Sabe, devia colocar todos
eles para fora. Podia ter me avisado antes... Ser traída e abandonada por você
foi a maior tristeza que tive em minha vida...
Neno – Naquela
época, a maneira como os pais tratavam os filhos era rigoroso. Mas, eu sei que
errei no passado, e podemos consertar isso, podemos até nos casar se você
quiser.
Luana – Casar
não! Depois de tanta coisa que passei com você, casar era a última coisa que eu
queria.
Neno – Então
deixe-me ser somente seu amigo, não fará mal.
Luana – Certo,
então, seremos só amigos.
Neno – Por
favor, explique para o seu pai o que eu acabei de te falar, eu quero uma chance
com ele! Amanhã eu te visito aqui novamente.
Luana e Neno se
abraçam.
Luana – Está
bem, admiro a sua atitude em explicar todo o ocorrido, percebo que mudaste de
opinião mesmo.
Neno – Nunca é
tarde para consertar os erros, só basta assumir! Boa noite.
Luana – Boa
noite!
Neno vai embora.
Luana olha para
uma estrela no céu que pisca para ela.
Luana – O Neno
está parecendo um cavalheiro com essas palavras.
CORTA
PARA:
CENA
09 / NAVIO / INTERIOR / NOITE
O Príncipe Fábio
pensativo. O capitão conduz o navio. O duque se aproxima do Príncipe.
Duque – Logo,
logo vamos chegar Alteza. Alteza?
Príncipe Fábio –
Certo.
Duque – Está tão
calado...
Príncipe Fábio –
Eu já te disse saudades do meu amor.
Duque – Vejo que
o senhor está apaixonado mesmo, hein?
Príncipe Fábio –
Tenho medo de que alguém descubra e acabe...
Duque – Quem é?
Príncipe Fábio –
No momento não posso contar, mas saberá na volta.
CORTA PARA:
CENA
10 / CASA DE GUMERCINDO / INTERIOR / NOITE
No palácio, a
Rainha conversa com Saulo.
Rainha Iracema –
Descobriu alguma coisa sobre o paradeiro do rei durante as noites, Saulo?
Saulo – Perdoe-me, madame. Mas não descobri nada.
Saulo – Perdoe-me, madame. Mas não descobri nada.
Rainha Iracema –
Mas eu te disse para seguir o rei e ficar na cola dele...
Saulo – O rei é
muito esperto, madame. E muito sigiloso, por sinal. Acho que teremos que usar
um disfarce.
Rainha Iracema –
Vejo que ele saiu hoje de novo. Pois se você não fizer nada, eu vou.
Saulo – Espera o
que vossa Majestade vai fazer?
Rainha Iracema –
Vou até a casa da mulher.
Saulo – Que
mulher, madame?
Rainha Iracema –
Você é tão burro assim Saulo? Certamente o rei deve estar se encontrando com
uma mulher, é claro.
Saulo – Vossa
Majestade está muito enganada... Quem sabe ele está resolvendo assuntos da
Coroa Real?
Rainha Iracema –
Claro que não! Estou achando isso muito suspeito...
Saulo – Espere,
espere!
Rainha Iracema –
O que foi agora?
Saulo – É melhor
a senhora ficar aqui, está muito frio lá fora, e o rei pode se enfurecer a ver
que está saindo essa hora. Por favor, fique aqui. Eu tenho certeza que o rei
não está te traindo.
Rainha Iracema –
Está bem, está bem. Está muito tarde. Pois eu fico aqui! Mas amanhã eu vou
seguir o rei e descobrir com quem ele anda se encontrando e onde ele está!
Saulo teme.
CORTE PARA:
FIM DE CAPÍTULO
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