Herói Nacional - Capítulo 36
terça-feira, julho 24, 2018
CENA 01. PENITENCIÁRIA. CELA 35. INTERIOR.
DIA
Atenção Edição: Continuação da penúltima cena
do capítulo anterior. Pérola vai visitar Téo na cela da
penitenciária. Ele se surpreende.
PÉROLA — Mas e aí Téo Dellacourt? Não vai
falar nada não? Não gostou da vida que eu te dei? Esse é o melhor lugar para
racistas como você. (irônica) Tudo um luxo, né? Como tá sendo a estadia? A
comida? Tá gostando de tudo, queridinho? Você merece!
TÉO — Quê que você tá fazendo aqui
hein? Não quero visitas suas! Ainda mais de você, você me dá vergonha, só nojo
de olhar para sua cara. Devia me esquecer.
PÉROLA — Ah! Sabia que eu sinto o mesmo com
você? Chega até ser estranho... mas para mim não é.
TÉO — Acho que seu horário de visitas já
terminou. (grita) Carcereiro! Carcereiro! Leve essa louca daqui, já!
PÉROLA — Calma, bebê. Não precisa gritar não.
Vamos conversar. Quer um copo d’água? Vi falar que é muito bem para a saúde.
Pérola segura um copo d’água e dá a Téo, mas
não passa na grade.
PÉROLA — Ops... Não passou na grade. Então
vai ficar para a próxima mesmo. Mas calma Téo... eu tô aqui só para apreciar a
sua decadência! Com o maior prazer! Tá vendo eu? Belíssima! Enquanto você, com
roupa de preso. Oh? Como foi acontecer isso.
TÉO — Você continua do jeito que está, uma
negra horrível!
PÉROLA — Vai continuar me humilhando desse jeito
é? Sabe o que eu acho? Eu acho que você deve estar se sentindo um fracassado.
Houve uma quebra de expectativas. Pois é isso o que você é, são raros os
adjetivos que podem descrevê-lo, pois bem. Eu voltei a vida, não tá vendo? E
melhor que eu estou. Você tentou me matar e não conseguiu. Agora eu tenho
vários aliados. Você é um idiota e retardado! Pensou que nada aconteceria a
você? Ah claro, coitado! Se acha importante. Cometeu o maior papelão da festa.
Enquanto eu viverei meus dias de glória pegando uma prainha, onda e sol, você
tá aí, ver o sol nascer quadrado. Eu trouxe até um docinho aqui para você, a
nova empregada fez. Aceita?
TÉO — Você pensa que pode pisar assim em mim?
Está se sentindo importante por me colocar da cadeia! Eu só dou um aviso:
cuidado com o que você fala! Eu vou sair o mais rápido daqui e eu vou te
destruir Pérola, pedaço por pedaço, eu vou destruir você e toda sua família!
PÉROLA — Boas tentativas, mas espero que não
se iluda acreditando nisso, por que até lá queridinho você vai virar pó e eu me
mudarei para o Espírito Santo com Luigi, oficialmente casados!
TÉO — Lembre-se! Nós vamos encontrar no
paraíso, no paraíso que você nem me imagina! Eu sou capaz de mover tudo contra
você, céus, terras e raios. Você não será feliz em nenhum lugar.
Pérola dá gargalhadas malignas. Téo irritado.
Ela vai embora.
CORTA PARA:
CENA 02. ESTRADA NORTE-SUL. INTERIOR. DIA
Atenção Edição: Continuação da última cena do
capítulo anterior.
Eusébio se mantém atrás do caminhão. As viaturas
da polícia estão atrás, se colocam estrategicamente e cortam os carros. Eusébio
tenta ultrapassar o caminhão e consegue. As duas viaturas da polícia também. E
a perseguição continua. Céu limpo. A estrada se mantém molhada, pela chuva que
começara, formando uma poça de lama. Eusébio joga lama no para-brisas das duas
viaturas que se confundem, não enxergam nada e eles o perdem de vista. Nas duas
viaturas o delegado informa:
DELEGADO — Ele fugiu! Avisem a polícia
britânica e do Aeroporto, nós precisamos alcança-lo de qualquer forma.
MELISSA — Ah, meu Deus! Vamos delegado,
acelera esse carro aí.
DELEGADO — Não dá, não dá! Deve estar, a essa
altura, a grande distância daqui.
CORTA PARA:
CENA 03. CASA DE GUTO. INTERIOR. DIA
Olímpia e Diva.
OLÍMPIA — Mas eu não estou entendendo ela não
está em nenhum lugar. Procuramos pela casa, nos lugares onde costuma ficar. O
que tá acontecendo, Meu Deus?
DIVA — Já tentou no celular dela?
OLÍMPIA — Ela deixou o celular aqui. E tá
descarregado.
Diva vê um bilhete em cima da mesa.
DIVA — Olha, Olímpia! Um bilhete. Certamente
ela deixou aqui.
OLÍMPIA — Leia, por favor Diva!
DIVA — Olímpia, você é analfabeta?
OLÍMPIA — Não, não. É que eu tô nervosa, não
vou conseguir.
DIVA — Está bem. Está bem.
Diva pega o bilhete e lê.
“Mãe, não se preocupe comigo,
se não me encontrar em casa e vagando pelas ruas, apenas espere o momento certo
até que eu resolva toda a situação. Sinto que lhe devo partilhar do problema,
mas a verdade é que o Guto está correndo perigo. Descobrimos que o Eusébio não
é quem ele é na verdade. Mas por favor, ao ler esse bilhete, não responda com
ligações, pois deixei o meu celular em casa, nem mesmo tomando remédios para se
acalmar e espere a reposta definitiva. Um beijo da sua filha que te ama muito.
Melissa”.
Olímpia desesperada, se assusta.
OLÍMPIA — Ah meu Deus! Eu não consigo
acreditar numa coisa dessas! Como eles me privam disso? Eu que sou a mãe Diva!
Eu sou a mãe. E nessas horas o meu filho tá correndo perigo nas mãos de um
farsante! Eu nunca pude imaginar que o Eusébio era um covarde, fazer isso,
deixar uma mãe desesperada como eu, já na idade... é muito cruel!
DIVA — Mas que história é essa Olímpia? Quem
é Eusébio?
OLÍMPIA — (séria, rápida) Eusébio é o homem
que veio até a minha casa dizendo que iria substituir o novo prefeito da
cidade. Mas como que ninguém notou nada? E a polícia! Que caos. Não é possível.
A prefeitura? Quando ele veio morar aqui perto de casa.
DIVA — Olha Olímpia, que eu me lembre... meu
marido leu o noticiário essa semana. Você não está atualizada?
OLÍMPIA — Não comprei o jornal ainda. E o que
diz no jornal?
CORTANDO RÁPIDO PARA:
CENA 04. CASA DE BARTOLOMEU. INTERIOR. DIA
Atenção Edição: ligar pelo áudio com a cena
anterior. (É A CENA 03) emendando a fala de Horácio lendo a manchete da página
9.
HORÁCIO — “Prefeito Márcio irá comandar a
metrópole de São Paulo até 2022, segundo vereadores”.
CORTA PARA:
CENA 05. MANSÃO DELLACOURT. QUARTO CASAL.
INTERIOR. DIA
Ivonete entra silenciosamente no quarto do
casal Lígia e Téo na Mansão Dellacourt e fecha a porta. Não há ninguém. Tudo
escuro. Cortinas fechadas. Ivonete/Marilda acende as luzes, abre as cortinas,
tranca a porta do quarto e começa a vasculhar os objetos, ela abre a porta do
guarda roupa, tira algumas roupas, olha entre os cabides, entre as joias, os
pertences de Téo, o criado. E não acha nada! Impaciente. Lígia bate na porta.
LÍGIA — Quem está aí? Ivonete?
Closes alternados em Ivonete desesperada.
FIM DO CAPÍTULO
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