Herói Nacional - Capítulo 31
quinta-feira, julho 19, 2018
CENA 01. PENITENCIÁRIA. CELA 35. INTERIOR. DIA
Na
Penitenciária, os presos almoçam no pátio. Um deles rouba a comida de Téo.
TÉO
― Quê
isso? É minha comida! O que estão fazendo? Vão comer a de vocês!
PRESO
1 ―
Agora ficou sem...
Eles
vão embora com a comida de Téo.
TÉO
― Merda de
prisão! Espero que a Lígia me tire daqui logo, esse lugar é um nojo! Se ela não
me tirar, vou ter que encontrar um jeito de fugir daqui.
Um
dos presos chama Téo.
PRESO
2 ― Ô
Tio, recém-chegado, estão precisando de você lá na cela.
TÉO
― Para
quê? Diga a eles que vão plantar batatas! Vou ficar aqui mesmo!
PRESO
2 ― Vai?
Então eu vou ter que te carregar?
TÉO
se
irrita.
CORTA
PARA:
CENA 02. PENITENCIÁRIA. CELA 35. INTERIOR. NOITE
Os
presos entregam o material de limpeza para Téo.
PRESO
1 ― Bom,
como nós não somos empregados, aqui está tudo pronto!
TÉO
― Quê
que significa isso? Cadê o faxineiro? Esse lugar tá um horror! Tudo caindo aos
pedaços. Ainda bem que não vou ficar muito tempo aqui, irei apodrecer.
PRESO
1 ― Nós não
temos empregados domésticos como lá na sua mordomia... aqui todo mundo
trabalha! E você será o primeiro a começar.
TÉO
― O quê?
Você acha mesmo que eu vou fazer isso tudo? Presta atenção, você sabe com quem
está se dirigindo a palavra? Com um dos maiores empresários deste país, Téo
Dellacourt.
Os
demais presos riem.
TÉO
― Do que
vocês tão rindo? Pensam que é mentira? Eu tenho todos os meus documentos.
Um
dos presos parte para cima de Téo, apertando seu pescoço.
PRESO
2 ― Cara,
você é tão irritante. Nem se fosse o prefeito, eu me ajoelharia nunca! Você
agora é um cara como nós, e vai ter que aprender, nós vamos te colocar na fita!
Agora vamos, lave isso tudo, limpe o lavabo, as grades! Vai lavar agora, ou eu
te mato!
TÉO
― (sem
ar) Dá... dá... pra... pra... soltar?
Téo
fica sem ar, o preso 2 o solta.
TÉO
― Vocês
vão ficar aí observando? Ou vão me ajudar?
PRESO
1 ― Observando
a princesinha! Molenga! Vamos ver homens, se ela sabe fazer alguma coisa que
preste a não ser ficar resmungando igual maritaca: “ah, eu sou importante, eu
sou empresário”. Vá te catar! Aqui você é um presidiário, agora! Ninguém vai
lembrar que você foi o inventor de tal coisa.
Todos
ridicularizam Téo.
CORTA
PARA:
CENA 03. MANSÃO DELLACOURT. SALA. INTERIOR. DIA
LÍGIA
CONVERSA COM LUIGI.
LUIGI
― Mas
como assim? Você vai falar com o advogado?
LÍGIA
― Sim, é
meu dever de esposa.
LUIGI
― Meu pai
é um racista! Ele mereceu.
LÍGIA
― Seja
lá o que ele for, racista ou não, ele é da nossa família! Foi ele que te
sustentou, tá? Te ajudou a criar!
LUIGI
― Ajudou
a criar? Ah, conta outra! Você não enxerga mesmo né? Meu pai sempre foi
rancoroso, nunca gostou de ninguém, só vivia aí nesse escritório, enfiado,
nunca teve diálogo, sempre maltratava a Pérola, tanto é que deu um tiro nela, e
agora por culpa dele... a coitadinha está lá! Não se sabe se ela vai sobreviver!
Mãe, presta atenção... o papai merece passar a sua vida na cadeia, o resto da
sua vida! Ele tem que aprender a não ter preconceito, racismo!
LÍGIA
― Eu sei
Luigi, eu sei... Mas eu nunca abandonaria uma pessoa da minha família, me
coloco no mesmo lugar. É muito triste e ruim uma pessoa sofrer desse jeito! Eu
vou falar com o advogado, podemos esperar até o julgamento, ou eu pago a
fiança!
Em
seguida, o celular de Luigi toca. Ele atende.
LUIGI
―
(ligação) Alô! Sim, eu mesmo, Luigi Dellacourt, sobrenome que vai ser
modificado em breve... (alegre, radiante, comemorando) O quê? Você tá falando
sério? Calma, eu tô indo para aí agora.
LÍGIA
― O que
foi?
Luigi
comemora.
LUIGI
― A
Pérola, mãe! Ela acordou! Acordou!
LÍGIA
―
Acordou?
LUIGI
― Sim.
Os
dois comemoram.
LUIGI
― Ah, eu
nem consigo acreditar numa coisa dessas, eu preciso ir para o hospital rápido!
Antes vou me arrumar.
Ivonete
chega a sala.
IVONETE
― E Dona
Manuela, também vai sair com a senhora?
LÍGIA
― Não,
Ivonete. Manuela vai ficar em casa, com você. Cuide bem dela. Não deixe a sair.
Só com minha permissão.
IVONETE
― Está
bem, dona Lígia! Não se preocupe. Estará tudo sob controle quando a senhora
voltar.
LUIGI
―
Ivonete, a Pérola! A Pérola! Ela acordou!
IVONETE
―
Acordou? Ah, meu Deus do céu! Que notícia maravilhosa.
Os
dois comemoram.
LUIGI ― Eu tô indo para o hospital agora! Vamos, mãe, eu te dou uma
carona para a advocacia. Tchau, Ivonete.
LÍGIA ― Tchau, Ivonete!
IVONETE ― Vão com Deus!
Os dois vão embora.
IVONETE ― Ah, graças a Deus, eu estou livre nessa casa! e pronta para
procurar a papelada! Vou aproveitar que a Manuela está dormindo e vasculhar
tudo!
CORTA PARA:
CENA 04. CASA DE GUTO. INTERIOR. DIA
Eusébio e Guto já com as malas prontas.
EUSÉBIO ― Bom, dona Olímpia, para que a senhora não fique sozinha, o meu
amigo passará aqui para busca-los. Como combinado, ele as levará para Aparecida
do Norte.
OLÍMPIA ― Certo, certo! Ah, Eusébio! Eu nem sei como agradecer. Quanto
custa essa viagem? Foi sempre o meu sonho ir para Aparecida do Norte, eu fiz
uma promessa e não pude cumprir! Agora sim, com as graças de Nossa Senhora
Aparecida, eu vou cumprir!
EUSÉBIO ― Torço para isso dar certo.
MELISSA ― Eu vou ficar aqui mesmo!
EUSÉBIO ― Certo... Certo! Eu vou levar o Guto! Ele vai adorar a pista de
kart, quem sabe, com a sua autorização, até inscrevemos ele na Fórmula 1.
OLÍMPIA ― Bom, eu não sei... Eu não tenho dinheiro para isso! Vamos ver
como tudo vai andar, né Sr. Prefeito? Se eu ganhar na Mega-Sena, a gente
inscreve ele sim.
EUSÉBIO ― Dona Olímpia, mas eu já disse para que a senhora não se
preocupe com dinheiro. Eu pago tudo, eu quero ver esse menino crescer na vida,
ele precisa realizar o sonho dele, e nós vamos analisar, se ele tiver
potencial, para isso, você tem que me provar que merece, Guto.
GUTO ― Prometo que não vou decepcioná-los.
EUSÉBIO ― Bem, acho que já está na hora... se não vamos perder o voo!
Voltamos no próximo mês, com várias novidades!
Olímpia, Guto e Melissa choram e se despedem, se abraçam.
MELISSA ― (abraçando Guto) Tchau meu irmão! Vá com Deus! Tomara que você
vire o piloto da família, o piloto que sempre quis ser. Faça por merecer!
GUTO ― (abraçando Melissa) Obrigado! Eu vou sentir saudades.
OLÍMPIA ― (abraçando Guto) Tchau meu filho! Eu vou sentir muitas saudade
de você! Eu te amo, onde quer que esteja, eu sempre vou te amar.
GUTO ― (abraçando Olímpia) Eu também te amo mãe! Obrigado por tudo.
Todos
se despedem chorando.
CORTA PARA:
CENA 05. UNIDADE DE TERAPIA
INTENSIVA. INTERIOR. DIA
Luigi chega na Unidade de Terapia Intensiva emocionado,
alegre e radiante e procura por Pérola, ela a vê e Luigi corre para abraça-la.
LUIGI ― Pérola, meu amor.
PÉROLA ― Ai... Ai! Peraí... Luigi, é você
mesmo, meu amor?
LUIGI ― Sim, eu mesmo Pérola! Ah, eu estava tão
preocupado com você! Como é que ela tá doutor?
DOUTOR ― Está bem. Já passou por processos
cirúrgicos, tiramos a bala, mas ela fez um grande estrago... O coração não está
recebendo sangue o suficiente! Mas mesmo assim, ela só permanecerá no hospital
por mais um dia para que completemos o eletrocardiograma e tiremos as devidas
conclusões. Suponho que sairá da UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA daqui uma hora e
cinco minutos, a ser transferida para o quarto 22, no 5°Andar, sob o comando
dos enfermeiros e medicamentos que devem ser aplicados mais vezes! Está certo?
LUIGI ― Isso é tudo, Doutor?
DOUTOR ― Sim, isso é tudo!
CORTA PARA:
CENA 06. SÃO PAULO. DIA/NOITE
Planos de arquivos aéreos do
anoitecer em São Paulo, vista dos arranha-céus, e o trânsito
congestionado. Noite movimentada.
CORTA PARA:
CENA 07. CINEMA. RECEPÇÃO.
INTERIOR. NOITE
Melissa e Lorenzo estão na recepção do cinema,
assistindo o filme de romance que acabara de chegar.
LORENZO ― Então, quer dizer que seu irmão viajou,
né?
MELISSA ― Sim. Mas eu não fui.
LORENZO ― Ainda bem. Mas sabe? Novo prefeito da
cidade? Pelo que eu sei, meu pai não me falou sobre isso, ele tem contato com
várias pessoas importantes, se não ele me notificasse! Você não acha isso
estranho?
MELISSA ― Podemos até dizer que achei umas
atitudes estranhas do novo Prefeito, olhar de lagarto, sabe? Mas não! Ele disse
que em breve iria assumir o gabinete, e agora não tô duvidando nada! Mas eu só
acho que essa ideia de levar meu irmão para se inscrever na Fórmula 1 vai
desencadear uma história mal contada, sabe? Onde já se viu? De uma hora para
outra assim, será que esse cara tem tanto dinheiro assim?
LORENZO ― Olha eu não sei. Mas tomara que não
aconteça nada ao seu irmão.
MELISSA ― Tomara mesmo!
LORENZO ― E aí vamos assistir o filme? Vamos agora ter um tempinho só para nós dois?
LORENZO ― E aí vamos assistir o filme? Vamos agora ter um tempinho só para nós dois?
MELISSA ― Com certeza!
CORTA PARA:
CENA 08. CASA DE EUSÉBIO. QUARTO.
INTERIOR. NOITE
Eusébio está no quarto fazendo uma ligação.
EUSÉBIO ― Alô! Eu já tenho tudo planejado! Não
é que eles acreditaram na história de novo prefeito na cidade? Também eu, né,
consigo convencer qualquer um! Nem passam pela cabeça deles que eu sou um
vigarista, de primeira! Até que sua ideia não foi ruim não... pois é, eu tô
levando o garoto! Nós vamos investir nele e ganhar muito dinheiro com ele sabe?
Aí nós vamos fugir desse país, largar ele lá, para uma vida melhor... passe
amanhã na casa deles! Eles terão uma surpresinha! Quero a mãe e a filha longe
da cidade. Se a filha falou que não vai, eu quero ir! Aparecida do Norte, uma
ova! Vamos para a Fórmula 1!
Eusébio dá uma gargalhada maligna e desliga a
ligação, olhando se pra o espelho e dizendo:
EUSÉBIO ― Aguardem a cartada final!
CORTA PARA:
CORTA PARA:
FIM DO
CAPÍTULO
0 Comments