HEROI NACIONAL - CAPÍTULO 23

segunda-feira, julho 09, 2018






escrita por Felipe Rocha


CENA 01. CASA DE MARILDA/TIANÁ. INT. DIA
Marilda sentada em frente a uma penteadeira com venda nos olhos, com Tia Ná e Isabela no quarto. O cabelereiro ajuda-a a se disfarçar.
TIA NÁ — Eu sabia que isso não ia dar certo. Tá parecendo uma perua, Marilda! Ou palhaça de circo. O povo vai é rir de você minha filha.
ISABELA — Até que está engraçada, impossível de se identificar.
TIA NÁ — Tá parecendo roupas dos anos 80. Tudo velho, maltrapilho, antiquado...
MARILDA — Roupas que você vestia né, mãe? Tá criticando suas próprias roupas?  
TIA NÁ — Mas agora eu deixei meu lado clássico... sou moderna e contemporânea! Aprenda a reconhecer, minha filha! 
MARILDA — Quero só ver como está...
O celular de Marilda toca. Ela se esquiva, mexendo-se e o cabelereiro se irrita.
CABELEREIRO — Minha flor, será que você poderia parar de mexer? Vai estragar tudo aqui, baby!
MARILDA — Estou inquieta, quando irá tirar a venda nos olhos?
CABELEREIRO — Logo que ficar pronto. Falta alguns retoques. Vamos te deixar a estrela da noite! Pisadora! Seu patrão trairá você com a esposa.
MARILDA — Mas a ideia não era descer o nível?
CABELEREIRO — Você merece mais beleza interior.
MARILDA — Lisonjeada estou. Tá vendo, mãe, aprenda a ser gentil com os outros. E vá olhar a mensagem que acabou chegar, já que você é tão afiada a tecnologia.
TIA NÁ — Tá tirando onda com a minha cara, é? Sou sua escrava, não! E deixe de ficar viciada nessas tecnologias.
MARILDA — Em casos de urgência?
TIA NÁ — Sem estratégias argumentativas não convincentes.     
ISABELA — Se algum dia você me pedir para sair junto com você, espere uma resposta negativa, Marilda!
CABELEREIRO — Ai gente, não tá tão ruim assim! Assim vocês me deixam triste, como se uma flor estivesse despedaçada. A trágica separação entre a Lua e o Sol.
TIA NÁ — Dramático, esse aí! Olha, meu filho, nessa semana eu vi que em alguma parte da vida, a gente deve ser verdadeiro, realista!
CABELEREIRO — Ai gente, mas não tão realista assim! Vocês estão acabando com o meu brilho, eu sou um profissional de qualidade, um dos melhores que tem. Não foi à toa que o senhor Luigi me contratou. Se estiverem insatisfeitas, vão reclamar com ele! Ele que me deu essas ordens.   
TIA NÁ — (irritada) Tá, Tá, tá! Só podia ser o Luigi mesmo!
CORTA PARA:

CENA 02. MANSÃO DELLACCOURT. SALA. INTERIOR. DIA       
TÉO, LUIGI, LÍGIA E MANUELA.
MANUELA — Gente, isso é impossível. A Pérola ficou rica da noite para o dia?
LÍGIA — Sorte dela, né? Uma hora dessas várias pessoas pobres queriam estar nessa situação.
LUIGI — (apaixonado) Nas minhas sinceras palavras de um coração tão aguçado pelos sentimentos amorosos, ela estava deslumbrante!

MANUELA — Que declaração hein? Quem dera se alguém fosse apaixonado por mim assim!
TÉO — Onde já se viu? Ela vem aqui só para me provocar, não é possível, uma pobretona, negra dessas, de quinta categoria, ter ficado rica da noite para o dia! Não duvido nada que essa aí deu o golpe do baú. Abre os olhos, meu filho.
LUIGI — A Pérola nunca faria isso. Ela age com honestidade.
TÉO — Você não acha esquisito ela perder o avô de uma hora para outra? Ela nem falava com você nisso! Sei não viu, mas ela deve estar escondendo alguma coisa que eu não sei! E eu vou descobrir o que é.
LÍGIA — Ah Téo, para de preconceito com a menina.
MANUELA — Agora que ela tá rica, você deixará o Luigi namorar com ela, né pai? Você não queria isso. Então?
TÉO — Nem por cima do meu cadáver. Existem mulheres de mais classe e porte do que a Pérola... Família, em vez de falarmos de lixo, vamos falar da festa da empresa! Daqui há dois dias, vamos fazer marketing! Reunirá os membros mais importantes.
CORTA PARA:

CENA 03. CASA DE PÉROLA. SALA. INTERIOR. DIA
Pérola e a mãe, Benedita.
PÉROLA — Sim, e pisei, pisei nele! Ele viu o que é bom para tosse, mas coisas melhores virão. Ele não sabe o que o espera. Sabe que eu podia até denunciar? Já combinei tudo com meu advogado! Ele não vai se safar rápido, não! Lugar de racista é na cadeia! Direito meu, direito de se manifestar contra minha cor, de posicionar a voz, eu sou mulher!
BENEDITA — Isso não vai cair bem...
PÉROLA — Grave a palavra Justiça analisando sua interpretação. Vai dar certo. Quero ver aquele miserável mofando na cadeia, e a esposa vai junto. Já viu o jeito que ela me olha? Parecendo que tá com nojo! E a festa dele vai ser arrombar. Ele vai ver, me aguarde Téo Dellacourt!

CORTA PARA:
CENA 04. MANSÃO DELEGADO. SALA. INTERIOR. DIA
Lorenzo LIGA para MELISSA que atende. (LIGAÇÃO)
MELISSA — Alô?
LORENZO — Oi, é o Lorenzo. Eu tava pensando. Aceitaria sair comigo na pizzaria, eu já te mandei o endereço. Te espero às 19h. Sua presença é essencial.
MELISSA — Tá, agradeço pelo convite! Farei o possível para cumprir o pedido.
LORENZO — Até lá!
MELISSA — Até.
Os dois sorriem.
LORENZO DESLIGA A LIGAÇÃO. O DELEGADO SE APROXIMA DELE.
RENATO — Acho que alguém aqui está se dando bem com as mulheres?
LORENZO — Não serei pegador igual a você, que pega um monte de mulheres por uma só noite! Quero só ter uma, para não abusarem de mim e nem me ousarem pedir dinheiro! Acho que você, você mesmo, deveria seguir o conselho. Ter menos amantes. Ah, se a mamãe ficar sabendo disso... que tragédia! Você tá ferrado, Doutor Renato.
Lorenzo ri e Renato se irrita.
RENATO — Tá me chamando de safado, é?
LORENZO — Se a carapuça serviu...
RENATO — Eu ainda prefiro o meu método! Não ouse contar para Rafaela.
LORENZO — Não vou perder meu tempo como MARIA FOFOQUEIRA, aliás, eu tenho um encontro.
RENATO — Um encontro, hein? Acho que você está bem rápido! Mais rápido do que eu, que por enquanto, falta o combustível para tocar o carro! Mas fala aí, moleque. É um encontro romântico?
Os dois riem.
LORENZO — Digamos que sim, estou prestes a colocar um anel de noivado! Eu estou sendo o homem mais feliz do mundo, achei um espírito que me completaria.
RENATO — Filosófico, apaixonante... desde que conheceu essa menina, você tá muito inspirado, não para de fazer essas frases. Eu preciso conhecê-la.
LORENZO — Ah não, não! Não precisa! Eu não sou mais bebê.
RENATO — Calma, eu não sou igual certas pessoas chamadas Rafaela, que coloca defeito em qualquer coisa! Só quero conhecer a namorado do meu filho.
LORENZO — Para você pegar para você? Não muito obrigado! Prefiro continuar assim mesmo!    
Os dois riem.
CORTA PARA:

CENA 05. CASA DE GUTO. SALA. INTERIOR. DIA
MELISSA, OLÍMPIA E GUTO.
OLÍMPIA — Ele convidou você? Ah, que ótimo! Você precisa de roupas novas!
MELISSA — Um encontro mamãe! Imagina, um encontro com o filho do delegado, um homem bonito!
OLÍMPIA —  Ah, minha filha! Você não sabe o quanto estou torcendo para isso dar certo.  
GUTO — Você está parecendo mais apaixonado por ele do que a Melissa, mãe. Tá babando.
MELISSA — É verdade, eu nem tinha percebido.
GUTO — Aliança só cai na Melissa, dona Olímpia!
OLÍMPIA — Claro que eu sei disso, estão doidos? Ele nem vai me querer! Uma velha como eu! Eu só tô enaltecendo ele, encantada pela educação que deram a esse menino! Um verdadeiro anjo!

MELISSA — Tá mãe! Você já disse isso, eu...
A campainha toca. Olímpia vai atender e se depara com Eusébio.
EUSÉBIO — A mulher da casa ao lado! Minha memória pelo menos guarda boas lembranças de uma recepção tão agradável!
Os dois sorriem um para o outro.
FIM DO CAPÍTULO



OBS: FONTE NÃO DEFINE TAMANHO! NÚMERO SIM! A FONTE COURIER NEW, USADA NESSE CAPÍTULO, NÃO DEFINE QUALIDADE. SÓ É A FORMATAÇÃO TEXTUAL.

Para que não haja reclamações, a fonte usada é COURIER NEW, número 11/12, portanto se fosse usada 14/15/16 gastaria mais páginas, mas não definiria se o capítulo fosse grande ou não! Ok?

Agradecimentos
Felipe Rocha

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