Herói Nacional - Capítulo 20
quarta-feira, julho 04, 2018
CENA 01. MANSÃO DELLACOURT.
ESCRITÓRIO. INT.NOITE
Atenção Edição: Continuação
da cena 05 do capítulo anterior.
Lígia e Téo conversam sobre
Marilda.
LÍGIA — Ela não pode
descobrir! Não! Imagina? A casa cai! Podemos ficar até na cadeia. Eu não quero.
Mas podemos afirmar que a parcela de culpa sua é máxima. Eu não vou presa. Vou
entregar você.
TÉO — Ah, agora eu que sou o
culpado, é? Eu tenho culpa de tudo nessa casa! Tudo que acontece sou eu! Ah,
Lígia, Lígia! Faça me o favor. Não dê uma de santinha, que não sabe nada da
situação. Você participou sim, e ainda assinou junto comigo o papel da adoção
ilegal. Quem não te conhece que te compre, Lígia! Portanto, se acontecer alguma
coisa, a gente afunda no mesmo barco! Por mais que você não queira, eu vou
puxar você.
LÍGIA — Olha, mas vamos
levar a sério... nós temos que apagar isso da memória do Luigi. Ele precisa
esquecer dessa mulher, não pode nem manter o contato. Ela é esperta, tá
querendo se aproximar do filho. Mas eu não vou deixar barato, não! Se ela
abandonou na porta do orfanato, agora ele pertence a nós, que somos os pais.
TÉO — Concordo plenamente
com você! O problema é dela! Se ela abandonou o Luigi na porta do orfanato, foi
feito. Agora não tem como voltar atrás. Devemos ser cautelosos, guardar esse
segredo.
LÍGIA — O problema é se essa
mulher aparecer aqui.
TÉO — E já apareceu! Já
apareceu! No dia que você estava no hospital com o Luigi, ela veio aqui. Disse
que estava disposta a conseguir o Luigi de volta, faria de tudo. Mas duvido!
Duvido que ela consiga! Você vai ver. O problema nessa situação é que ela pode
entrar na Justiça... aí sim... aí sim, nossa decadência!
LÍGIA — Eu vou impedir
qualquer contato dela com o Luigi. Amanhã vou lá na casa dela. Tem que ficar de
bico calado. Agora, eu tô querendo descobrir uma coisa. Como eles se
conheceram, assim tão rápido? Ela mora lá naquele bairro afastado, e nós nesse edifício
chique. Não é caso de se cruzarem na rua, certamente houve alguma situação! E
eu vou descobrir. Pode deixar que eu cuido dessa situação, ficarei de olhos bem
abertos.
CORTA PARA:
CENA 02. CASA DE GUTO. SALA.
INTERIOR.NOITE
Olímpia, Lorenzo, Melissa e
Guto jantando, sentando-se à mesa.
OLÍMPIA — Eu só espero que
você não faça mais isso meu filho! Deixou todos preocupados, em choque. Deve
aprender a esperar. Você é muito novo para ir para o exterior. Não está vendo
os noticiários anunciando o perigo... e outra! O sonho vem. Ele não vai fugir.
Ainda conseguirá conquistar o que tanto quer... mas para conquistar isso deve
esperar. O tempo. O tempo é precioso, é o “arché” das coisas, ele manda em
tudo! E outra, eu nem sei nem por onde começar. Não temos dinheiro para construir
uma pista de kart, não! E só peço uma coisa: não se iluda com a fama, não vale
a pena. Algumas celebridades são lembradas, outras não. Aquelas que fizeram
nomes na história, como Martin Luther King, Dalai Lama, entre outras. Queira realizar
o seu sonho, mostrar o seu talento para o mundo. Enquanto uma porta fecha,
várias outras se abrirão.
GUTO — Eu não sei não... Mas
tomara que eu cresça logo, como você tá dizendo.
OLÍMPIA — Nós temos mais é
que ganhar na MEGA SENA, para eu comprar uma cobertura melhor, com melhores
condições de vida, melhores roupas, tudo chique, de luxo. Aí sim teremos
dinheiro para investir nessa carreira. As probabilidades são pequenas,
complexas!
GUTO — É logicamente que
pode ser comprovado o que foi pronunciado. Senti saudades de vocês, minha
família. E eu só tenho agradecer ao Lorenzo, se não fosse por ele ter levado
vocês de carro lá, nessas horas eu já estava cometendo uma loucura, num país
onde eu nem conheço, com pessoas que não falam a minha língua, a maioria.
Alguns imigrantes. Mas é muito difícil! De inglês eu só sei, Olá, quero ir ao
banheiro (risos). Eu amo vocês, minha família.
OLÍMPIA — Eu também tenho muito
que agradecer ao Lorenzo. (a Lorenzo) Meu filho, Deus colocou você na nossa
vida, para iluminar nossos passos, deve ser um anjo da guarda da família.
LORENZO — Imagina Dona
Olímpia, sei que com minha ajuda, serei retribuído em dobro, em triplo. É tão
bom você deitar tranquilo no travesseiro ao final do dia e: “eu tenho caráter,
eu dei apoio a muita gente”. Afinal, todos somos irmãos.
MELISSA — Concordo. Palavras
Lindas. (a Guto) Ô cabeção, agora vê se dá um tempo dessa história de Herói
Nacional, até você chegar lá, tem muito chão para percorrer.
GUTO — Pode deixar.
OLÍMPIA — (a Lorenzo e
Melissa) Mas e aí, vocês? Quando vai começar o namoro? Saiba que eu apoio viu,
até casamento! Se quiser pedir agora, tem problema nenhum.
MELISSA — (repreende) Mãe! O
Lorenzo deve ter noiva, não o deixe sem graça! Afinal, está muito cedo.
LORENZO — (ri) Não tenho
não, mas confesso que tô a procura de um novo amor... (olha para Melissa) Mas
tem hora que eu sei mesmo que encontrei minha alma gêmea. Eu não sei quem é,
mas eu sinto que ela tá pertinho de amor. Implorando, pedindo para que sejamos
um só corpo, e um só espírito!
OLÍMPIA — Entendo. E veio
para a capital paulista com esse objetivo?
LORENZO — Também. Mas como o
Guto disse, eu estava num país, onde não me adaptei a Língua Inglesa, não
conclui o curso de direito. O meu pai é delegado, não sei a senhora já o
conheceu, chama Renato.
GUTO — Ah, a delegacia onde
fui preso.
Lorenzo estranha.
CORTA PARA:
CENA 03. CASA DE BARTOLOMEU.
SALA. INTERIOR. NOITE
Na casa de Bartolomeu, Diva
e Horácio conversam na sala.
DIVA — Ó meu amor, a cada
hora, a cada dia que passa, eu fico em dúvida. Naquele questionamento da
diretora. Indecisa. Ainda persistindo na minha cabeça, latejando, tipo aquela
dor de cabeça, que nem remédio resolve, sabe?
HORÁCIO — Perfeitamente.
Também. Dúvida constante. Nem os mais sábios podem ajudar. O que faremos Diva?
DIVA — Sabe que tem até hora
que eu estou me submetendo a uma análise racional, profunda, ver pelas
entrelinhas... as duas versão da história! Tem hora que tem que concordar com
as argumentações da diretora! Nós não podemos manter o Bartolomeu muito tempo
assim, pode desencadear até uma depressão, ele precisa ver pessoas. Se não daqui
a pouco, ele vai ficar com medo de contagiar doenças no ar, não vai viver, não
vai brincar com os amiguinhos, e terá com medo de ser contagiado pelo simples
toque de uma pessoa. Lembro-me que há alguns dias atrás noticiaram depoimentos
na Internet... depoimentos do convívio social, relações de permanência e
mudanças.
HORÁCIO — Por um lado, eu
tenho até que concordar. A gente tá privando a vida do menino, né? É a mesma
coisa de colocar um passarinho na gaiola e não deixar nunca mais ele sair,
cobrir com um manto, sem o deixar ver a luz do dia. Eu sinto que devemos tentar
Diva, esquecer essa situação de uma vez por todas, e se acontecer alguma coisa,
comunicaremos aos orientadores.
DIVA — Está bem, está bem.
Diva e Horácio se
entreolham.
CORTA PARA:
CENA 04. CASA DE BARTOLOMEU.
QTO. INTERIOR. NOITE
Em seu quarto, Bartolomeu,
conversa com Tangerina, amigo imaginário e outra amiga imaginária, Maracujá.
BARTOLOMEU— Olha aqui...
Esse é meu amigo Tangerina. Ele gosta de pintar, ele conversa comigo, até
desenha. Fala para ela, Tangerina! Fala! Ele estuda junto comigo em casa. É meu
irmão. Me faz companhia quando estou solitário! Tangerina quer ser amigo de
Maracujá!
CORTA PARA:
CENA 05. CASA DE GUTO. SALA.
INTERIOR. NOITE
Continuação da cena 02 deste
capítulo.
LORENZO — Como assim? Foi
preso? Mas pela sua aparência, você não...
GUTO — (corta) Não, não foi
culpa minha. Tudo não passou de um mal entendido né mãe?
OLÍMPIA — Perfeitamente. (a
Lorenzo) Lorenzo, se você soubesse o aperto que a gente passou no dia que esse menino
tinha vestido o xadrez. O amigo dele de muitos anos / quer dizer, o colega /
ofereceu drogas! Vê se pode uma coisa dessas. Mas infelizmente a realidade é
essa.
LORENZO — Nossa, isso é
muito sério!
GUTO — Ainda bem que eu fui
esperto e não aceitei.
OLÍMPIA — Se você tivesse
aceitado, seu pai nem te deixaria passar por aquela porta! Nunca mais iria
entrar aqui, só para pegar as suas coisas. E eu seria obrigada a concordar com ele.
LORENZO — (levanta-se) Bom,
dona Olímpia! Essa comida tá divina! Nunca comi melhor na minha vida, nem em
restaurante, dá para montar uma lanchonete viu? A senhora cozinha muito bem.
OLÍMPIA — Muito Obrigada
Lorenzo! É tão agradável receber um elogio desses, você não sabe quanto.
LORENZO — E digo mais. Pode
até fazer quentinhas. Eu falarei com seus amigos. Ajudarei você a vender.
OLÍMPIA — Faria isso por
mim?
LORENZO — Sem dúvida. Presta
atenção, já passei meu telefone para a Melissa, ela dará a vocês, se precisarem
de qualquer coisa, qualquer alimento que faltar, para completar a geladeira, me
liguem. Não será amolação, ainda mais que o Ricardo morreu, acredito que a
situação financeira não cairá bem. Vocês vão superar sim, e eu estarei. A gente
nunca esquece dos melhores amigos.
OLÍMPIA — Lorenzo, seria
muito se eu te pedir um abraço? Eu não tenho palavras para expressar minha
felicidade. Muito Obrigada, muito obrigada mesmo. O que eu faço por você?
LORENZO — Pode abraçar dona
Olímpia!
Os dois se abraçam.
LORENZO — (completa) Reze
pela minha alma, Dona Olímpia! Para que ela esteja guardada com o Pai Santo
junto com as boas almas!
MELISSA — Antes de você ir,
vamos tirar uma selfie! Quero deixar registrado esse momento.
Eles posam para a foto.
Melissa aproxima a câmera.
Efeito na foto.
CORTA PARA:
CENA 06. SÃO PAULO.
INTERIOR. NOITE/DIA
Amanhecer.
CENA 07. MANSÃO 49. INT. DIA
Um homem alto, bonito, de
cabelos pintados, descarrega suas malas à mansão. Em seguida, alguém bate na
porta.
CORTA PARA:
FIM DO CAPÍTULO
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