Herói Nacional - Capítulo 16
sexta-feira, junho 29, 2018
uma novela de
FELIPE ROCHA
DESCRITORES:
1. Inferir efeitos de sentido decorrentes do uso de coesão sequencial: conjunções e articuladores textuais. 2. Identificar a finalidade comunicativa. 3. Inferir o contexto do texto. 4. Relacionar o texto ao seu conteúdo de produção ( histórico ,político e social) |
CENA 01. CRP. DIRETORIA. INT. DIA
Continuação da cena 08 do capítulo anterior.
Diva repreende a diretora.
DIVA — Senhora, mas com todo respeito, o que nós
achamos certo é isso! O Bartolomeu não pode ser mais exposto! E não será por
muito tempo, em breve, ele voltará as tarefas escolares.
HORÁCIO — A decisão cabe a nós, senhora diretora.
DIRETORIA — Bem, neste caso, suponho que com a
ausência do Bartolomeu nas atividades escolares causará um prejuízo! Ele já tem
18 faltas! As notas só tendem a abaixarem, mesmo que o conteúdo do componente
curricular, seja diferente dos demais alunos! É isso que vocês querem para ele?
DIVA — Não, isso não.
DIRETORIA — Então sugiro que repensem o que estão
fazendo com a vida dele. Essa escola já ofereceu boas condições para o
Bartolomeu. Vocês sabem muito bem que aqui é um lugar de excelente qualidade,
aqui não é qualquer lugar, um que pode ser avaliado com 5 estrelas. Sempre
estamos atentos as dificuldades dos alunos, dentro da escola. Agora, qualquer
situação ocorrida fora desse ambiente, não caberá a responsabilidade dos
orientadores, mas sim dos pais. Se fizeram exposições do Bartolomeu na Internet
fora da escola, alguma coisa deve ter acontecido! Vocês deveriam ter ficado
mais atentos! Ele não pode continuar nessa. Ele tem que superar a aparência e
encontrar a essência, viver a diferença. Imagine quando ele tomar rumo na vida,
decidir ir embora para trabalhar em algum emprego que atende síndromes de
downs, ele manterá o convívio social com algumas pessoas. Ou vocês decidem
agora ou o Bartolomeu ficará atrasado no ano escolar!
HORÁCIO — Está bem diretora! Nós analisaremos a
situação, e comunicaremos a resposta.
DIRETORA — Eu só peço que pensem com carinho. O
Bartolomeu é muito bom em leitura, adora as aulas de Redação. Bastante
criativo. Parece até índigo. Talento fora do comum. Hoje em dia, os
adolescentes estão tudo assim. Com capacidade, mas ainda não descobriram ela e
ficam perdendo o seu tempo em coisas ridículas, em vez de pegar um livro,
estudar, descobrir seu talento. A nova geração de hoje é capaz!
HORÁCIO — Isso é verdade.
DIVA — Bom, de qualquer forma, você garante que alguém
acompanhará o Bartolomeu?
DIRETORA — Claro! Nessa escola, há profissionais
qualificados. Aqueles que ajudam os alunos com necessidades especiais. Fique
tranquila. Os professores estarão atentos e se ocorrer qualquer coisa, o vilão
será punido!
DIVA — Está bem...
Diva sorri para a diretora e Horácio também.
CORTA PARA:
CENA 02. CASA DE TIA NÁ. SALA. INTERIOR. DIA
Marilda e Isabela continuam a conversa, continuação
da cena 04 do capítulo anterior.
ISABELA — Não vá fazer bobagem, Marilda.
MARILDA — Calma, eu não disse nada. Eu já tenho uma
ideia. Pagarei um segurança para monitorar o Téo. Aí, nas horas que ele não estiver
em casa, eu posso entrar lá, dar uma desculpinha e me aproximar da Manu e do
Luigi, saber das informações deles, onde ele frequenta...
ISABELA — Detetive?
MARILDA — Talvez... mas convenhamos que é uma
estratégia que precisa ser executada de forma cautelosa.
ISABELA — Admirei! Tenho certeza que o resultado
será bem sucedido.
Nesse momento, Ná acorda.
TIA NÁ — Do que vocês estão falando? Eu ouvi a
palavra “segurança”?
CORTA PARA:
CENA 03. MANSÃO DELLACOURT. ESCRITÓRIO. INT. DIA
Téo conversa com Luigi no escritório.
TÉO — Se a sua namorada gostasse de você, estaria
aqui nesse exato momento... Ou então, faria até uma visita... Ia ao hospital,
para ver como você está. Ou então até ligar né.
LUIGI — Você não consegue imaginar as discrepâncias
e os problemas nessa história... A Pérola está viajando, e além disso, falta
dinheiro para colocar crédito no celular!
TÉO — Ah sim, a classe inferior pobre! Percebeu
agora né meu filho? Namorar com pobre não é vantagem... (ri) Mal tem dinheiro
para colocar um pouco de crédito. É o cúmulo!
LUIGI — Olha, se você está tentando me convencer com
esses argumentos inválidos... é melhor parar...
não conseguirá, meu pai! Aliás, se o senhor estivesse na mesma situação,
iria acontecer a mesma coisa. Se quer então que ela ligue para mim, ajude ela!
Coloque crédito no celular dela, ou então... não só ela... mas os pobres, que
nesse frio necessitam de agasalho... Doe roupas!
TÉO — Eu? Doar roupas! Para eles venderem, fazer o
que quiser? Não, eu não! O que eu não preciso mais, boto no caminhão de lixo.
LUIGI — Eu não consigo te convencer mesmo...
TÉO — Ninguém... agora, toma, o dinheiro da
mensalidade!
LUIGI — O quê? Você mesmo deveria pagar e assinar!
TÉO — Quê que é? Tá parecendo bebê! Olha que eu compro
uma fralda, uma mamadeira e boto em você. Você mesmo sabe pagar. Eu tenho mais
o que fazer menino, presta atenção.
Luigi reage, agressivo, gritando:
LUIGI — (agressivo) Você nunca vai ser um pai
presente, nunca! Eu odeio você, eu tenho nojo de você!
Téo se irrita. Luigi salta da sala de Téo.
TÉO — É assim! Tá vendo? A gente só leva patada,
agora quando quer dinheiro vem com a maior cara de pau... Parece que eu sou
banco!
CORTA PARA:
CENA 04. CASA DE TIA NÁ. SALA. INTERIOR. DIA
Tia Ná questiona Marilda e Isabela.
TIA NÁ — Vocês vão me falar ou vão ficar me olhando
com essas caras?
MARILDA — Não é nada não, é que a Isabela disse para
eu ter mais atenção... E talvez até contratar um segurança para me acompanhar,
né?
TIA NÁ — Aqueles homens de preto? Deus me livre!
Fica mais parado do que um boneco! É só você ter cuidado minha filha, não aproximar
dessa família mais! Fica longe.
MARILDA — Está bem... Agora tenho que ir... Vou ao
mercado.
TIA NÁ — Ao mercado? Fazer o quê?
MARILDA — Comprar verduras...
TIA NÁ — Comprei ontem...
MARILDA — Não, é para levar para uma amiga minha,
que tá doente...
TIA NÁ — Você não falou disso não...
MARILDA — Olha, eu tenho que ir, se não vou chegar
atrasada.
Marilda vai embora.
TIA NÁ—(impaciente) Ô Marilda! Marilda! Marilda!
Volta aqui. Ô menina atentada, gente!
Isabela pega uma maçã e come.
TIA NÁ — Quê que é? Vai ficar me olhando? Vê se arruma
alguma coisa para fazer, procure algum homem que preste e lhe dê casa!
ISABELA — Eu não quero ninguém por agora... mas se
bem, que tô interessado em alguém sim.
CORTA PARA:
CENA 05. CRP. GINÁSIO. INT. DIA
No Ginásio, o treinador comunica aos demais jogadores.
Entre eles, está Luigi.
TREINADOR — Bom, o basquete teve que dar um tempo...
mas estamos de volta... prontos, fortes! Tenho uma notícia a contar. Vamos
disputar um campeonato na Argentina.
Todos comemoram.
FIGURANTE 1 — Aeeeee velho!
LUIGI — Nem tô acreditando! É a nossa chance, passar
na TV!
TREINADOR — A intenção também é essa... vocês serão
fotografados, filmados pela TV argentina. Quase uma celebridade! Mas galera, o
importante é que temos que treinar bastante... vamos entrar na Argentina com o
pé direito! Ganhando as competições! Precisamos treinar bastante. E aí quem tá
comigo?
Todos juntam as mãos e comemoram.
O treino de basquete começa... Luigi, nervoso com o
que acabara, de ouvir da boca de Téo, inicia com a bola. Um jogador o marca.
Luigi faz a finta, corre com a bola e arremessa dentro do garrafão, mas erra.
Ele se irrita, e outros do time também. O treinador apita.
TREINADOR — Pô, véi! Dentro do garrafão! Presta
atenção, Luigi.
O outro time está com a bola. Luigi marca. Porém,
encosta no braço de um dos jogadores. O treinador apita novamente.
TREINADOR — Ô, foi falta aí!
O treino retorna. O outro time está com a bola
novamente. Luigi marca e a tira da mão dele. Porém, ele dupla. O treinador
apita.
TREINADOR — Duplou, duplou!
Após alguns minutos, todos começam a irritar Luigi.
FIGURANTE 1 — Vacilão!
FIGURANTE 2 — Pô, vei! Quê que tem nessa cabeça? Zé,
você errou tudo! Falta, duplou, arremessou dentro do garrafão! Vê se presta
mais atenção.
FIGURANTE 3 — Burro!
TREINADOR — Ô! Vamos parar com isso aí. Luigi, venha
cá.
Luigi, irritado, se aproxima do treinador.
TREINADOR — Quê que aconteceu hoje, cara? Aquele
Luigi campeão sumiu de você? Aquele que era concentrado no jogo, fazia várias
cestas consecutivas, atento às regras.
LUIGI — Eu sou péssimo, treinador! Eu sou péssimo!
Um fracassado, vacilão! Talvez eles estejam certos.
TREINADOR — Posso te ajudar em alguma coisa? Não
liga para eles não, só querem te derrubar. Escute a voz interior. Treine
bastante em casa, surpreenda novamente.
LUIGI — Está bem, está bem. Vou tentar. Mas não
prometo.
TREINADOR — É assim que se fala.
CORTA PARA:
CENA 06. SHOPPING. INTERIOR. DIA
Manuela anda pelo shopping com as amigas... Olha para
as vitrines, realiza várias compras... Passa pelo corredor do banheiro, até que
avista Sérgio. Os dois sorriem um para o outro.
SÉRGIO — (feliz, sorri) Manuela!
MANUELA — (feliz, sorri) Sérgio!
CORTA PARA:
CENA 07. CASA DE GUTO. INTERIOR. DIA
Olímpia, Guto, Gigi e Melissa chegam em casa.
OLÍMPIA — Ah, estou cansada! Gente, não é para
qualquer um... O enterro foi muito triste.
GUTO — Triste mesmo. Pensar que a gente não vai ver o
papai nunca mais nessa casa. É uma dor profunda no peito. Ter que desfazer das
coisas dele, eu só sei que eu quero ter algumas lembranças... principalmente os
broches dele do exército, o violão que ele gostava de tocar.
OLÍMPIA — É muito cedo para decidir isso! Tenho que
focar agora na papelada do cartório! Certidão de óbito.
GIGI — Eu estou com vocês nessa... eu te ajudo, eu
pago tudo o que for Olímpia!
MELISSA — Se eu soubesse que iria acontecer isso, eu
tinha conversado mais com ele... das vezes que eu briguei, que eu chegava de
mau humor da escola... Ele nunca vai se lembrar de mim.
OLÍMPIA — Oh minha filha, não se culpe por isso. É
coisa da idade mesmo! De adolescente. Ele sabia muito bem disso... Seu pai
sempre estará no nosso coração. E onde ele estiver, ele sempre se lembrará da
gente, eu tenho certeza! (a Gigi) Gigi, minha amiga, se não importa, pode ficar
comigo aqui hoje? Só por uma noite!
GIGI — Claro minha amiga! Eu vou dormir com você!
Nessas horas a gente tem que se unir, deixar o trabalho de lado.
MELISSA — Gente, eu não aguento mais... Não me levem
a mal. Eu preciso sair, arejar a cabeça.
OLÍMPIA — Vá, minha família. Mas por favor, não faça
nada de errado. É melhor respeitar esse dia de luto.
MELISSA — Confie em mim.
Melissa sai de casa.
GUTO — Mãe, eu queria te falar uma coisa. Há muito
tempo! Acredito que esse é o melhor momento... eu não quero mais estudar! Eu quero
sair dessa cidade, agora é para valer, eu quero ir para outro país, eu já começarei
o meu sonho de competir na Fórmula 1.
Olímpia e Gigi perplexas.
CORTA PARA:
CENA 08.FRENTE MANSÃO DELLACOURT.CALÇADA.INT. DIA
Marilda vem caminhando perto da mansão Dellacourt.
Luigi olha para o celular, escutando música, com auscultadores. Os dois
esbarram um no outro. Os dois sorriem um para o outro.
CORTA PARA:
CENA 09. PRAÇA. INTERIOR. DIA
Melissa senta no banco da praça... Ouve uma música.
Coloca o fone de ouvidos... Ela, pensativa, quieta. Logo, na outra direção, vêm
Lorenzo, de bicicleta, que se aproxima dela e diz:
LORENZO — Sozinha nesta praça? Uma menina tão bonita
dessa? Posso te fazer companhia?
Melissa tira os auscultadores e sorri.
MELISSA — (feliz, sorri) Pode sim.
LORENZO — O que está ouvindo?
MELISSA — Shakira! Waka Waka!
LORENZO — Adoro essa música... mas...
Nesse momento, dois rapazes barra pesada e o grupo
de meninas que havia tirado foto de Bartolomeu, observam os dois atrás da
árvore. O rapaz pergunta a uma das meninas.
FIGURANTE 1 — É aquela ali? Confere?
GAROTA 1 — Essa mesma! Confere. Só que eu não lembro
do cara que está sentado com ela não. Mas de qualquer forma, pode fazer o que
quiser com ela! Se ela não quiser pagar o dinheiro por ter jogado meu celular
no banheiro, elimine-a!
FIGURANTE 2 — E o nosso dinheiro, patroa? Não vamos
fazer nada de graça não!
GAROTA 1 — Claro que não! Eu darei depois, primeiro
completem o serviço. Vamos, vamos!
Em seguida, os dois rapazes atravessam a rua e se
aproximam de Melissa, arrancam os auscultadores do ouvido dela, a ameaçam com a
arma:
FIGURANTE 1 — Se você não passar o dinheiro que deve
por ter jogado o celular no bueiro, eu te mato! E ele também vai junto!
Melissa e Lorenzo desesperados. Lorenzo questiona
Melissa.
LORENZO — O que significa isso? Ele é seu amigo?
FIGURANTE 2 — (agressivo) Nem mais uma palavra!
Agora passa o dinheiro aí!
Melissa sem responder nada, trêmula.
CORTA PARA:
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